Foto: Givaldo Barbosa / Agência O Globo
Ao chegar ao Ministério da Fazenda na manhã desta segunda-feira, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse que o país precisa repensar o financiamento a longo prazo e que “acabou o dinheiro”. Segundo ele, há outras partes a serem levadas em conta, até mais estruturantes, como as novas concessões. Ele citou como desafio a obtenção de recursos para financiar os projetos de infraestrutura. O ministro chamou de ainda “adequado” o corte de R$ 69,9 bilhões no Orçamento de 2015, anunciado na última sexta-feira por seu colega do Planejamento, Nelson Barbosa.
— Vamos ver como reorganizamos o financiamento de longo prazo, agora que acabou o dinheiro e aquele modelo mais baseado em recursos públicos. Esses recursos acabaram.
No último fim de semana, o que se comentava no governo era que Levy havia ficado insatisfeito com o tamanho do corte no Orçamento, por ter defendido um contingenciamento maior, em torno de R$ 80 bilhões. No dia do anúncio, por exemplo, ele não compareceu ao evento, como era esperado.
— Acho o contingenciamento foi no valor adequado. Esta é uma das parte das políticas que estão sendo postas em prática — afirmou.
Levy afirmou que o Brasil tem de fazer um ajuste estrutural. Frisou que mudaram as condições da economia brasileira. As indústrias, apesar dos incentivos fiscais, não tiveram o desempenho necessário para se fortalecer.
— São questões estruturais e têm a ver com a economia com mais vitalidade, não necessariamente botando mais dinheiro publico.
Ainda sobre o contingenciamento e as demais medidas de ajuste fiscal que tramitam no Congresso, o ministro argumentou que tudo isso é fundamental para o cumprimento da meta de superávit primário, de 1,13% do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano. Ele mencionou a evolução da arrecadação que, nos últimos anos, não tem atendido às necessidades de governo.
— É preciso uma situação um pouquinho mais equilibrada. As receitas não têm sido muito significativas. Tivemos um déficit primário forte, que nos colocou em risco na questão do rating, o PIB não foi muito grande, as empresas não investiram. O contingenciamento é importante. O governo cortou na carne. Tentamos chegar ao mais próximo de 2013, mas a gente sabe muito bem que a maior parte do gasto é determinado por lei, é obrigatório.
Perguntado se o governo planejava aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), ele respondeu:
— Não tenho calculado nada de IOF. A gente tem que ir com calma na parte de imposto. Não adianta imaginar que os impostos vão salvar a economia brasileira. Não é por aí. A gente tem uma coisa mais profunda, que não se resolve com coisas fáceis, por mais emocionantes que possam ser. Foi dado um passo importante, porque o anúncio que o ministro do Planejamento fez foi muito claro.
Levy voltou a afirmar que o contingenciamento é uma parte da estratégia. Acrescentou que as receitas previstas no Orçamento aprovado há um mês não têm conexão com a realidade da arrecadação. Como o Orçamento autoriza despesas, faz-se necessário que o governo corte esses gastos, “com cautela e equilíbrio, sem mo menor risco ao crescimento.
Indagado sobre sua expectativa em relação ao PIB no primeiro trimestre, o ministro lembrou que, no início do ano, havia grandes temores em relação à economia. Muitos agentes se retraíram. Segundo Levy, boa parte dos receios desapareceu. Destacou que está discutindo com o Ministério da Agricultura um plano de safra extremamente realista, mas com volumes que atendem às necessidades do setor agrícola, apesar da queda dos preços das commodities.
— O que interessa é que vem pela frente. Se a gente fizer os ajustes a gente consegue botar a economia crescendo outra vez — concluiu.
O Globo
É muita cara de pau e mais fácil dizer que acabou o dinheiro, do que dizer que roubaram o dinheiro. Os políticos do Brasil roubaram trilhões dos cofres públicos. E agora ficam se lamentando com um pires nas mãos, atrás de mais dinheiro para continuares roubando mais. confiante na impunidade das nossas leis que não são cumpridas.
EU ACHO QUE NÃO ACABOU SO O DINHEIRO, CREIO QUE CONSEGUIRAM ACABAR COM TUDO EM APENAS TRES MANDATOS E ALGUNS MESES(4)
Segundo Marcio Pochmann: 'Na época de FHC, medidas recessivas eram regra'.
Economista diz que oposição critica hoje o ajuste fiscal, acusando a presidente Dilma de ter mentido durante a campanha, mas lembra do ano de 1999, o primeiro do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso; "Imediatamente ao encerramento das eleições, o Brasil foi surpreendido com o pacote econômico ortodoxo anunciado a partir de novembro de 1998", diz ele.