O Brasil é o país com o maior corte no crescimento econômico projetado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) no relatório semestral do organismo, divulgado nesta terça (6). A previsão é de que o país termine 2015 com contração econômica de 3%, o dobro da estimativa anterior, feita em julho.
Para o próximo ano a projeção do FMI para o Brasil é de contração de 1%, uma piora de 1,7 ponto percentual na comparação com o relatório anterior. Esta é a oitava revisão para baixo seguida do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro feita pelo FMI.
“Os negócios e a confiança do consumidor continuaram a recuar em grande parte devido à deterioração das condições políticas, o investimento está em rápido declínio e o necessário aperto da política macroeconômica está colocando pressão na demanda doméstica”, diz o relatório Panorama Econômico Mundial.
A tendência global também é de queda, segundo o estudo. O FMI reduziu sua projeção de crescimento da economia mundial em 2015 para 3,1%, contra 3,3%. Para o próximo ano também houve corte de 0,2 ponto percentual, para 3,6%. No ano passado, a economia do planeta cresceu 3,4%.
Em comunicado, o novo economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld, afirma que o mundo está numa “encruzilhada entre três forças poderosas”: a transformação da economia chinesa, menos centrada em exportações e investimentos e mais em consumo; a queda dos preços das commodities, ligada à desaceleração da China; e a iminente “normalização” da política monetária dos Estados Unidos, que deve voltar a subir os juros.
“Diante desses desdobramentos, nossa projeção é de que o crescimento global no curto prazo continuará moderado e desigual, com mais riscos de baixa do que eram aparentes em julho. O `Santo Graal’ de uma expansão global robusta e sincronizada permanece elusivo”, disse o economista.
Apesar das turbulências dos últimos meses no mercado financeiro da China e a incerteza causada pela desvalorização de sua moeda, o FMI manteve inalterada a projeção de crescimento econômico chinês para 2015, em 6,8%. É uma estimativa dentro da meta estipulada pelas autoridades de Pequim, de expansão em torno de 7% neste ano.
Obstfeld ressalta que embora o FMI tenha cortado a projeção de crescimento da economia global como um todo, há diferenças consideráveis entre os países desenvolvidos e os emergentes. Nas economias avançadas há previsão de recuperação moderada neste ano, sobretudo nos EUA e na zona do euro. Já os emergentes vivem o quinto ano seguido de queda no PIB, puxada pelo declínio nos preços das commodities.
“Claro que, enquanto as commodities são grande parte da história, elas não são toda a história. Em alguns casos, instabilidade política pode ser um fator maior, ou uma dependência excessiva em dívida após a entrada de capitais e o excesso de investimento no início da década”, diz o economista.
Brasil cai e é nona maior economia global, prevê FMI
Com a recessão e a valorização do dólar, o Brasil vai terminar o ano como a nona maior economia mundial, prevê o FMI (Fundo Monetário Internacional).
O país, que tinha o sétimo maior PIB global no ano passado, não apenas será ultrapassado pela Índia, como o próprio Fundo previa em suas projeções de abril, como também ficará atrás da Itália.
A última vez que o Brasil não ficou entre as oito maiores economias mundiais foi em 2007. Naquele ano, o país tinha o décimo PIB global, mas a crise americana veio logo a seguir, arrastando a economia europeia e derrubando os PIBs de Espanha e Itália, que antes estavam à frente do brasileiro.
Pelos cálculos do FMI, o PIB brasileiro será de US$ 1,8 trilhão neste ano, o menor, em valores correntes, desde 2009. No ano passado, ele ficou em US$ 2,3 trilhões.
O declínio do Brasil no ranking das maiores economias globais deve-se em parte à recessão atual. O Fundo prevê que a economia brasileira vai encolher 3% neste ano, dois pontos percentuais mais que na sua estimativa de abril (quando solta relatório global semestral) e 1,5 ponto percentual mais que na projeção mais recente, de julho.
Outra parte importante deve-se ao dólar, que subiu mais de 50% em relação ao real neste ano, chegando a ultrapassar recentemente a casa dos R$ 4, em meio a tensões externas (expectativa de aumento dos juros nos EUA) e principalmente internas (dificuldades do governo nas suas relações com o Congresso e dúvidas sobre o cumprimento da meta fiscal).
Como os cálculos do FMI para comparação global são feitos em dólar, variações bruscas na cotação da moeda americana têm impacto na medição do PIB de cada país.
Folha Press
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