Nem mesmo a televisão que ficava no gabinete de Luciano Mota (PSDB), afastado por decisão judicial da prefeitura de Itaguaí, sobrou para contar a história. Menos de 24 horas após o anunciou do afastamento do político, acusado de desvio de verbas públicas, televisões, computadores e até aparelhos de ar-condiconado desapareceram do Hospital Municipal São Francisco Xavier. A denúncia foi feita por Weslei Pereira, que assumiu a prefeitura. Ex-vice na chapa de Luciano Motta, Pereira afirmou que já solicitou uma revisão patrimonial da municipalidade.
O novo prefeito de Itaguaí também já solicitou ao Tribunal de Contas do Estado uma vistoria extraordinária nas contas da cidade. Weslei Pereira afirmou ainda que irá contratar uma empresa de auditoria privada para tentar dimensionar o tamanho do rombo no cofre da prefeitura.
– Tomamos posse durante uma situação grave. Parte do funcionalismo está em greve há dois meses. Eu preciso dimensionar o problema para tentar saná-lo – explica.
O atual prefeito já exonerou dez secretários ligados ao ex-prefeito, entre eles a secretaria de saúde, que era fotógrafa. Ela é irmã de Amaro Ferreira Gagliardi, assessor de assuntos extraordinários e um dos indiciados na investigação que afastou o prefeito na terça-feira, junto com o então secretário de Transporte e Trânsito Alex Lucena Barboza. Também foi afastado o secretário de Turismo Ricardo Luiz Rosa Soares e os policiais militares Márcio Soares de Oliveira e Silvio Siqueira Silva.
A decisão de afastar o prefeito foi tomada pelo desembargador federal Paulo Espirito Santo, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região, a partir de uma medida cautelar impetrada pela Polícia Federal (PF). A PF deflagrou uma operação no município, que fica na Região Metropolitana do Rio, para apurar irregularidades em licitações e desvio de verbas públicas. O objetivo do afastamento do prefeito é garantir o andamento das investigações e impedir mais prejuízos aos cofres públicos.
Luciano Carvalho é apontado pela PF como suspeito de chefiar um esquema que pode ter desviado até R$ 30 milhões por mês — um terço da receita mensal do município. Em grande parte, o montante teria origem nos recursos dos royalties do petróleo e do Sistema Único de Saúde (SUS), repassados pelo governo federal. Uma Ferrari, avaliada em R$ 1,7 milhão, que era usada pelo prefeito de Itaguaí, estava em nome do auxiliar de contabilidade Marcos José dos Santos, que mora numa casa de fundos, simples, em São Gonçalo. Ele é suspeito de ser “laranja” de Luciano Carvalho no esquema de desvio de verbas do município.
O Globo
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