O déficit em transações correntes somou US$ 23,5 bilhões em 2016, informou o Banco Central nesta terça-feira (24). Esse rombo é 60% menor que o registrado no ano anterior, quando totalizou US$ 58,88 bilhões.
De acordo com BC, é o melhor resultado para um ano fechado desde 2007, quando foi registrado um superávit de US$ 408 milhões, ou seja, em nove anos.
A conta de transações correntes é formada pela balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), pelos serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e pelas rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior). Trata-se de um dos principais indicadores do setor externo brasileiro.
Recessão e dólar mais alto
A principal explicação para a melhora nas contas externas neste ano é a recessão na economia brasileira, que reduziu a importação de produtos e serviços. Além disso, o dólar ainda relativamente alto, que apesar de encarecer os importados barateia os produtos brasileiros, favorecendo as exportações, contribui para melhorar o saldo da balança comercial brasileira.
Em 2016, a cotação média do dólar ficou em torno de R$ 3,50, enquanto em 2015 esteve mais próxima de R$ 3,30, segundo números do Banco Central considerando o fechamento de cada dia.
“O ajuste [nas contas externas] responde à atividade econômica. Tivemos o país em recessão desde meados de 2014, uma atividade econômica muito fraca, o que reduz a demanda dos brasileiros em geral. E também reduz a demanda por produtos ou serviços importados. Além disso, essa redução também mostra o papel desempenhado pela taxa de câmbio flutuante, que foi respondendo a esses fluxos e permitindo esse ajuste”, avaliou Fernando Rocha, chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC.
Para todo o ano de 2017, o Banco Central estima um déficit em transações correntes de US$ 22 bilhões, o que, se confirmado, será o menor resultado negativo para um ano fechado desde 2007.
Investimento direto
O Banco Central informou ainda que os investimentos diretos na economia brasileira somaram US$ 78,92 bilhões em todo ano passado, valor maior que o verificado no ano anterior, quando totalizaram US$ 74,47 bilhões.
Com isso, os investimentos diretos foram suficientes para cobrir o rombo das contas externas brasileiras no período, que foi de US$ 23,5 bilhões.
Para 2017, o Banco Central estima o ingresso de US$ 70 bilhões em investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira.
Deste modo, os investimentos continuariam suficientes para “financiar” em sua totalidade o déficit das contas externas do período – cuja estimativa do BC é de US$ 22 bilhões neste ano.
Componentes das contas externas
Em 2016, o Banco Central informou que a balança comercial registrou um superávit (exportações maiores que importações) de US$ 45 bilhões, contra um saldo positivo de US$ 17,67 bilhões no ano anterior.
Com isso, a balança foi o principal fator que contribuiu para a melhora das contas externas no ano passado. A metodologia do BC para o resultado da balança é diferente da utilizada pelo Ministério da Indústria.
Para a conta de serviços, que abrange viagens de brasileiros ao exterior, seguros e aluguel de equipamentos, entre outros, o Banco Central informou que foi registrado um déficit de US$ 30,44 bilhões em 2016 (o menor valor para um ano fechado desde 2010). Em 2015, o resultado negativo foi de US$ 36,9 bilhões.
No caso das rendas primárias, o BC informou que houve um déficit de US$ 41,05 bilhões no último ano, contra um resultado negativo de US$ 42,35 bilhões em 2015.
G1
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