Por Josias de Souza
Desde que foi recolhido à Superintendência da Polícia Federal em Brasília, na última quarta-feira (25), o senador Delcídio Amaral dedica-se com método a sinalizar o estrago que pode produzir no conglomerado governamental caso resolva aderir à delação premiada. É como se Delcídio quisesse recordar aos seus parceiros de jornada que abandoná-lo pode ser um mau negócio. Num instante em que a oposição prepara o pedido de cassação do seu mandato, Delcídio decidiu levar ao baralho uma carta estratégica: Renan Calheiros.
Em depoimento formal, o senador preso já havia declarado que Dilma Rousseff conhece Nestor Cerveró desde os tempos em que exerceu, entre 1999 e 2002, a função de secretária estadual de Minas e Energia no Rio Grande do Sul. Em privado, Delcídio recordou a pelo menos uma pessoa que o visitou na cadeia que foi Renan Calheiros, presidente do Senado, quem apadrinhou, em 2003, a nomeação de Cerveró, hoje um temido delator da Lava Jato, para o posto de diretor da área Internacional da Petrobras.
Nessa versão, Delcídio teria apenas avalizado, a pedido de Dilma, então ministra de Minas e Energia de Lula, a indicação feita por Renan. Ele diz que se sentiu à vontade para dar o seu aval porque trabalhara com Cerveró. Convivera com ele entre 2000 e 2001, quando comandou, no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, a diretoria de Gás e Energia da Petrobras.
Delcídio já havia insinuado que Cerveró era afilhado político de Renan em março do ano passado, quando o personagem tornou-se tóxico. Naquela ocasião, respondendo a uma pergunta da repórter Andreza Matais, Dilma redigiu de próprio punho uma nota dizendo que, como presidente do Conselho de Administração da Petrobras, aprovara a compra da refinaria de Pasadena escorada em “informações incompletas” de um parecer “técnica e juridicamente falho”. O autor do parecer era Cerveró. Hoje, sabe-se que o negócio do Texas produziu apenas prejuízos à Petrobras e propinas para a gangue político-empresarial que pilhou a estatal.
Em março de 2014, quando foi alvejado pelas insinuações de Delcídio, Renan deu o troco com ironia. “O Delcídio deve estar preocupado com relação à indicação, mas eu queria, de antemão, dizer que o Delcídio não deve ficar preocupado. O Delcídio certamente não indicou o Cerveró para roubar a Petrobras”, disse Renan, lamentando que, àquela altura, Cerveró ainda estivesse na folha da estatal, atuando como diretor financeiro da subsidiária BR Distribuidora. “Ele ter ficado na Petrobras é imperdoável. O Delcídio tem de pedir a saída dele.”
Delcídio não se deu por achado. “O PMDB participou, era representado na diretoria internacional pelo Nestor Cerveró, isso é fato sabido. O Renan tinha toda ascendência sobre o Cerveró.” Comparou Renan ao comandante do navio Costa Concordia, Francesco Schettino, aquele italiano que abandonou a embarcação em meio a um naufrágio, em janeiro de 2012.
“O senador Renan está um pouco nervoso, mas é um homem pragmático. Sabe que é hora de tirar o pé do acelerador porque tinha ascendência sobre a diretoria internacional da Petrobras. Está na hora de baixar o espírito Schettino. Rei morto, rei posto. Mas esse modelito é bem conhecido dele.”
Depois dessa troca de farpas, Delcídio e Renan celebraram um armistício. Pararam de se torcer o braço um do outro em público. Na última quarta-feira, na sessão em que o Senado teve de deliberar sobre a prisão de Delcício, Renan tentou articular a libertação do colega. Derrotado por 59 votos a 13, lamentou:
“Não é democrático nós permitirmos que se possa prender um congressista no exercício do seu mandato sem culpa formada. Compreendo a decisão do plenário, respeito a maioria. Mas eu, como presidente, não posso concordar com ela. Eu tenho que defender a prerrogativa do Congresso Nacional. Talvez um dia nós possamos avaliar o que significou esse dia triste para o Legislativo brasileiro.”
Por ora, a decisão de manter Delcídio preso resultou em risco apenas para o detido, que pode perder o mandato, e para os potenciais delatados, qiue perderam o sono.
O pai eu não sei….porém a mãe desconfio q seja Dilma…são muito parecidos…..
Essa foto é histórica com os pais da lava jato.
É INCRÍVEL. OS POLÍTICOS CHEFES DAS CASAS BRASILEIRAS SÃO TODOS BANDIDOS DO MESMO QUILATE. QUE TRISTEZA.
Pelo que sabemos, indicar alguém para um cargo qualquer ainda não se configura crime. As vezes somos surpreendidos e decepcionados até por pessoas de nossa própria família e intimidade, sendo os últimos a saber quando a traição é feita até pelo nosso cônjuge.
É claro que há "indicações" plantadas para objetivos específicos, como espionar, bisbilhotar, abrigar um apadrinhado ou amante, desviar recursos, etc.
Mas também há casos onde as indicações são feitas baseadas em uma reputação anterior ou a recomendação de um amigo, aliado ou coisa do tipo, e logo depois, no decorrer do exercício a pessoa indicada se revela outra, decepciona e/ou se torna um problema sério.
Assim, essa coisa de quem indicou quem, é algo que não pode ser encarado e visto com simplicidade, mas com critério e análise apurada para ver o que realmente aconteceu, pois isso parece ter vindo de longe, já de um Governo Tucano onde nada foi sequer investigado e perdurou até os dias hodiernos.
Porém, parece que quando um nome Tucano é ventilado, as investigações tomam outros rumos e a lentidão naquela área é instalada instantaneamente, como o caso da CEMIG, da ZELOTE, da CASTELO DE AREIA e DO BANESTADO.
dEPOISAINDA DIZEM QUE ESSA GUERRA CONTRA A CORRUPÇÃO NÃO É PRETEXTO…