Na véspera do anúncio oficial do novo técnico da seleção brasileiro, Dunga não quis falar sobre a possibilidade de retornar ao cargo.
Na tarde desta segunda (21), o capitão do tetra deixou a sua residência em Porto Alegre, a pé, quando foi abordado por repórteres. Entretanto, o treinador preferiu não dar pistas sobre a contratação da CBF. “Não sei de nada. Vocês é que falam”, respondeu Dunga, segundo o jornal “Zero Hora”.
O treinador gaúcho ganhou força na CBF após Gilmar Rinaldi ser contratado como coordenador da seleção, na terça passada (15). No dia seguinte, as negociações com a cúpula da CBF tiveram início.
O acerto foi concretizado no fim de semana, em São Paulo, onde Dunga se reuniu pelo menos duas vezes com o presidente da CBF, José Maria Marin, e seu sucessor, Marco Polo Del Nero.
Em entrevista à agência alemã de notícias DPA e publicada no site oficial do treinador no dia 1º de julho, pouco antes do início da segunda fase da Copa do Mundo no Brasil, Dunga falou sobre as mudanças no futebol mundial nos últimos anos.
“Passou o tempo em que um jogador da Costa Rica olhava para um jogador da Argentina ou do Brasil e admirava sua camisa. Hoje em dia, eles saem para ganhar”, disse Dunga,
Para ele, as grandes seleções não vão mais vencer seus jogos apenas com o peso simbólico de suas camisas. “As equipes que não se prepararem adequadamente vão encontrar dificuldades. O intercâmbio de jogadores e treinadores de país para país significa que todas as equipes estão bem preparadas. É óbvio que algumas equipes são mais conhecidas do que outras, mas isso não é mais suficiente para ganhar.”
O treinador também criticou seleções que dependem exclusivamente de um jogador para irem bem em uma competição. “As equipes precisam de estrelas para ganhar jogos, mas as estrelas precisam das equipes para apoiá-las. Para ganhar a Copa do Mundo, você precisa de uma equipe adequada. Sem isso, será difícil”, afirmou.
“Muitas pessoas que trabalham no futebol, por vezes, constroem suas esperanças em torno de um jogador, muitas vezes por razões de marketing, e elas acreditam que este jogador vai resolver todos os problemas. Isso não é verdade. Sem trabalho adequado em equipe, você não pode ganhar”, declarou.
Antes de os jogadores brasileiros chorarem nos jogos contra o Chile (oitavas de final) e da pane diante da Alemanha, Dunga havia alertado que o equilíbrio emocional seria um fator decisivo na Copa. “A partir de agora, na fase de mata-mata, o fator emocional vai ter muita importância. Vamos ver que equipes estão mais bem preparadas nesse sentido.”
Dunga, que jogou pelo Stuttgart entre 1993 e 1995, também elogiou o futebol alemão, que acabou conquistando a Copa. “Eu gosto de seu estilo, que é altamente competitivo e eficiente. É inútil ter, como se diz no Brasil, muita fumaça, mas pouco fogo. Você tem que ser eficiente”, disse.
Sobre a derrota por 2 a 1 para a Holanda, de virada, nas quartas de final da Copa de 2010, na África do Sul -resultado que encerrou sua primeira passagem na seleção-, Dunga disse que ainda sente dor pela eliminação. “Sim, dói, mas eu prefiro não pensar sobre isso.”
Esse técnico o Brasil todo já conhece, tampão é o seu nome, mas não serve para tampar uma peneira.