Durou 22 minutos o primeiro encontro oficial entre o papa Francisco e o novo presidente da Argentina, Mauricio Macri, neste sábado (27) no Vaticano. Na pauta das conversas, os líderes argentinos falaram sobre pobreza, narcotráfico e dificuldades econômicas no país-natal de ambos.
“Foram abordados temas de mútuo interesse, como a ajuda ao desenvolvimento integral, o respeito aos direitos humanos, a luta contra a pobreza e o narcotráfico, a justiça, a paz e a reconciliação social. Em tal contexto, foi ressaltada a contribuição positiva, sobretudo no âmbito da promoção humana e da formação de novas gerações, oferecida pelo Episcopado e pelas instituições católicas na sociedade argentina”, emitiu em nota a Santa Sé.
O encontro marca a retomada de uma relação “mais oficial” entre a política argentina e o líder da Igreja Católica. Macri não quer aparentar “usar” a influência de Jorge Mario Bergoglio para atingir objetivos políticos em sua nação, fato que fez o Pontífice reclamar publicamente em uma entrevista – indiretamente – da antecessora Cristina Kirchner.
Após a reunião, o presidente apresentou sua esposa, Juliana Awada, e sua filha, Atonia, para o líder católico. Macri presenteou o Papa com um típico poncho argentino e 12 álbuns de música – incluindo cds de tango e milonga, os ritmos preferidos do Pontífice. Além disso, entregou uma cruz de madeira de Matarà, das mais tradicionais usadas pelos colonizadores no país.
Francisco, por sua vez, entregou uma cópia do “Evangelii Gaudium” e da encíclica “Laudato Sì”, além de uma medalha com um símbolo de oliveira. Segundo fontes presentes no momento da entrega, o Sumo Sacerdote afirmou que gostava de dar essa medalha aos chefes de Estado porque é uma “oliveira com dois ramos que se ligam, mesmo que no meio da imagem há algo que não funciona direito”.
Depois de se reunir com o Santo Padre, Macri teve um encontro com o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, e com o chanceler da Santa Sé, monsenhor Paul Richard Gallagher.
A delegação argentina contou com mais 10 representantes, incluindo o chefe do Gabinete Presidencial, Marco Pena, o secretário para Assuntos Estratégicos, Fulvio Pompeo, e diversos governadores da província de Buenos Aires.
Ao sair dos encontros, Macri deu uma entrevista coletiva na Embaixada argentina no Vaticano e afirmou que “estava muito feliz” pelo encontro de “dois velhos conhecidos”.
Segundo o mandatário, houve a vontade de fazer uma “cooperação” entre as duas nações e o pedido do Papa para que seu governo não tenham medo de combater “a pobreza e o narcotráfico” e para que “dê educação para as crianças”. Ele ainda convidou o Pontífice para uma visita ao seu país, mas Bergoglio afirmou que não irá este ano.
O mais provável é que o Santo Padre vá para seu país-natal em 2017, quando visitará a Colômbia e, provavelmente, o Brasil.
Os meios de comunicação da Argentina classificaram como “sóbrio” o encontro entre o presidente nacional e o sucessor de Bento XVI e consideraram a reunião “curta” com seu compatriota.
Para comparar, Bergoglio teve reuniões a portas fechadas com a presidente brasileira, Dilma Rousseff, por mais de meia hora e chegou, em uma das cinco reuniões que teve com Kirchner, ficar 1h45 reunido com ela.
Ansa
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