A notícia de que a “Playboy” americana vai parar de publicar imagens de mulheres nuas correu tão rápido quanto vazamento de fotos íntimas de famosos, nesta terça-feira. Tudo indica que a decisão foi tomada no mês passado em uma reunião da qual participou o fundador da revista e atual editor-chefe, Hugh Hefner, de 89 anos. Mas, para os brasileiros que torceram o nariz para o fato, vai um aviso: não há qualquer previsão de que o mesmo possa acontecer com a edição nacional.
Quem deu o recado foi o diretor da publicação brasileira, Sérgio Xavier, apesar de afirmar que a questão do nu “precisa ser melhor pensada”.
– Mas precisaremos pensar no “como fazer a transição”. Teremos muito o que pensar e debater, posso te garantir que agora não há nada decidido – disse ele, mencionando que esse novo formato não seria necessariamente uma novidade no Brasil. – Lembra que nos anos 1970 não tinha nu frontal nem dois seios ao mesmo tempo nas fotos da ‘Playboy’ Brasil? Coisas da censura… Acho, pessoalmente, que faz todo sentido o que o Hefner faz, estamos gradativamente perdendo com o nu.
A revista americana, de acordo com a reportagem do “Times”, ainda contará com fotos de mulheres em poses provocantes. Mas elas não estarão totalmente peladas. A decisão faz parte de uma reformulação editorial que será anunciada em março de 2016. Um dos principais fatores por trás da mudança seriam a queda nas vendas em função da disponibilidade gratuita de conteúdo erótico na internet.
Xavier também afirmou que não sabe como será, de fato, o processo nos Estados Unidos. De acordo com ele, ainda não foi emitido qualquer comunicado entre os parceiros.
– Mas a ‘Playboy’ tem a tradição de respeitar muito os mercados locais, deixar que cada país decida o que é melhor e como fazer – ponderou. – Mais do que uma “revista de nu”, é uma publicação que discute o comportamento masculino. Fala de moda, bebidas, viagens e tem nas entrevistas longas e profundas uma marca importante. A ‘Playboy’, nos Estados Unidos e no Brasil, sempre discutiu direitos civis, racismo, liberdade. Isso não mudou nem mudará. A questão do nu, porém, precisa ser melhor pensada.
O Globo
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