A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse na manhã deste sábado que o governo pode tomar medidas disciplinares, após o erro cometido pelo IBGE nos cálculos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2013. Segundo a ministra, as possíveis ações só serão definidas após a conclusão de uma comissão de sindicância, a ser criada para apurar a falha.
Miriam participa de coletiva de imprensa com outros três ministros: Henrique Paim, da Educação; Marcelo Néri, da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) e Teresa Campelo, de Desenvolvimento Social.
— O governo ficou chocado com esse erro. É um erro gravíssimo que foi cometido — disse Belchior.
Segundo a ministra, a presidente Dilma Rousseff foi comunicada do erro logo após do alerta do IBGE e ficou perplexa:
— Ela ficou absolutamente perplexa de como o IBGE pode cometer um erro tão básico.
PERMANÊNCIA DE PRESIDENTE DO IBGE NÃO DEFINIDA
Miriam Belchior falou novamente sobre as medidas que o governo adotará para evitar que esse tipo de problema se repita. Além do grupo que investigará o erro de cálculo, ela disse que será criada uma comissão de especialistas para “avaliar a consistência da Pnad”.
Sobre a permanência da presidente do IBGE, Wasmália Bivar, à frente do cargo diante da gravidade do erro, Belchior disse que não há nada definido. Na sexta-feira, Wasmália afirmou não estar confortável no cargo, após a falha.
— Eu gostaria de não fazer juízos antecipadamente.
NOVOS DADOS MOSTRAM QUEDA DA DESIGUALDADE
Na quinta-feira o governo minimizou os dados originais, que mostravam um leve aumento do nível de desigualdade no país. Pelos novos cálculos, a desigualdade no Brasil caiu, conforme havia dito o ministro Marcelo Néri na semana passada.
Segundo o IBGE, um problema na chamada expansão de amostra — procedimento estatístico para extrapolar os dados coletados para o total da população brasileira — foi a causa da falha. O órgão descartou a existência de pressões políticas no episódio. Além da revisão sobre a desigualdade, os novos números mostram que o analfabetismo caiu menos do que o estimado anteriormente (para 8,5%) e a renda da população cresceu a um ritmo menor, 3,5%.
A ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, avaliou como positiva a rapidez do IBGE em corrigir o erro. Também destacou que é preciso analisar tendências de longo prazo:
— Tem que olhar uma tendência longa. Todo mundo que se apegou a microvariações para tirar consequências dramáticas acabou errando. Quais são as grandes tendências? A renda cresce, para todos os brasileiros, o mundo em crise e o Brasil continua mantendo o crescimento da renda.
O Globo
Comente aqui