Cerca de 65% dos potiguares consomem água mineral em suas residências, e o parecer do especialista alemão Ingo Ernst, que esteve em Natal neste ano para uma consultoria nas empresas de água mineral, comprova que a nossa água é de grande qualidade. No entanto, com o surgimento no mercado potiguar de empresas que prometem outras opções de água com novos benefícios, é importante ficar de olho na hora de escolher o produto que o consumidor vai levar para casa. A doutora em Microbiologia pela Universidade de São Paulo (USP), Petra Sanchez, também especialista em saúde pública, professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie e autora de vários livros na área ambiental, esclarece as diferenças entre os produtos ofertados e os cuidados que o cidadão deve adotar para garantir que consume água de qualidade.
Como pode ser avaliada a qualidade da água mineral consumida no Rio Grande do Norte?
As empresas associadas ao Sicramirn possuem sistemas de autocontrole de qualidade e programas periódicos de capacitação, visando a produção de uma água segura. Algumas também realizam análises mensais em laboratório de água do SENAI de Natal, para uma maior transparência e maior controle sobre a sua qualidade e potabilidade.
Qual a diferença entre a água alcalina, que tem se inserido no comércio potiguar, e água mineral?
As empresas que vendem filtros prometendo alcalinizar a água oferecem como vantagem o pH acima de sete. A água mineral, por outro lado, é um produto natural obtido diretamente de fontes naturais potáveis e se caracteriza por ter um conteúdo definido e constante de sais minerais e oligoelementos, sendo um dos produtos mais seguros e controlados do mercado de alimentos. Seu pH varia de acordo com a fonte e a passagem por rochas naturais de diferentes composições, e frequentemente é possível encontrar águas minerais com pH entre 4 e 9. Também não há evidência científica que demonstre os benefícios da ingestão de água alcalina, principalmente porque o pH do estômago humano é fortemente ácido – na faixa de pH 1 a pH 3 – e torná-lo alcalino poderá prejudicar o seu funcionamento natural.
Também existem marcas que comercializam água adicionada de sais. Como é esse produto?
O produto é preparado a partir de diferentes procedências, como água da rede pública e do poço, submetida a processos físicos e químicos com vista em atender ao padrão de potabilidade e adição de sais. As águas adicionadas de sais, muitas delas, não atendem aos critérios exigidos pela atual legislação. O ideal é que a água adicionada de sais fosse distribuída em garrafões diferentes para não confundir o consumidor, hoje o que as diferenciam no mercado é o selo do garrafão que é azul quando a água é mineral e verde nas adicionadas de sais.
De que forma o cidadão pode saber se consome água de qualidade?
É muito importante que o consumidor esteja atento à qualidade da água que consome e exija das autoridades sanitárias e dos empresários a realização de exames microbiológicos para avaliação. O controle de qualidade constitui atividade de fundamental importância, dadas as possíveis implicações em termos de saúde pública na eventual ocorrência de contaminação. O selo hoje exigido no lacre, é uma garantia de que o consumidor está bebendo uma água fiscalizada.
Então, esses filtros que são vendidos a preços exorbitantes não resolvem coisa nenhuma? É melhor consumir a água mineral natural? Alguém sabe esclarecer isso? Fiquei na dúvida.