O Exército de Israel convocou nesta quinta-feira mais de 16 mil reservistas, uma medida que dá aos militares a possibilidade de ampliar substancialmente sua ofensiva na Faixa de Gaza. Com a “Operação Limite Protetor” entrando em seu 24º dia nesta quinta-feira, o gabinete de segurança ordenou aos militares que avancem em Gaza com foco na destruição da rede de túneis do Hamas. O premier Benjamin Netanyahu, que enfrenta pressão internacional devido ao aumento do número de morte de civis na guerra, afirmou que Israel está determinado a completar sua missão, com ou sem cessar-fogo.
— O Exército emitiu 16 mil ordens adicionais de mobilização para permitir um período maior de descanso para as tropas que combatem em terra, o que eleva o número de reservistas para 86 mil — disse uma porta-voz militar.
Em declarações no início de uma reunião de seu gabinete em Tel Aviv, Netanyahu afirmou que não aceitaria qualquer trégua que impediria Israel de finalizar a destruição de túneis de infiltração de militantes no território israelense. O Exército estimou que precisaria de mais alguns dias para concluir a tarefa.
— Estamos determinados a completar esta missão, com ou sem um cessar-fogo — ressaltou o primeiro-ministro. — Eu não vou concordar com qualquer proposta que não vai permitir que os militares israelenses concluam esta importante tarefa, por uma questão de segurança de Israel.
O anúncio da convocação de reservistas acontece após outra jornada de intensos combates. Na quarta-feira, morreram 116 palestinos e três soldados israelenses. Quase 1.400 palestinos foram mortos e sete mil ficarem feridos desde que começaram os combates em 8 de julho, enquanto 56 soldados e três civis morreram no lado israelense.
Os EUA confirmaram na quarta-feira que haviam reabastecido suprimentos de munição de Israel, horas depois de terem condenado fortemente um ataque a uma escola da ONU em Gaza, no qual as Nações Unidas culpam as forças israelenses.
O Exército de Israel pediu a munição adicional em 20 de julho, informou o Pentágono. O Departamento de Defesa dos EUA aprovou a venda três dias depois.
“Os Estados Unidos estão comprometidos com a segurança de Israel e é vital para os interesses nacionais dos EUA ajudar o país a desenvolver e manter uma forte capacidade de defesa”, disse o porta-voz do Pentágono, almirante John Kirby em um comunicado.
Duas das munições solicitadas vieram de um estoque pouco conhecido de munição armazenada pelos militares dos EUA em terreno de Israel para uso de emergência pelo Estado judeu. A reserva de munição para Israel é avaliada em US$ 1 bilhão. Kirby destacou que essas munições estavam disponíveis há poucos anos, muito antes da atual crise.
ABBAS DECLARA ZONA DE CATÁSTROFE EM GAZA
Enquanto isso, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, declarou a Faixa de Gaza como uma área de desastre na quarta-feira. Em uma carta, o líder palestino pediu ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, para tomar as medidas necessárias para o estabelecimento de corredores humanitários, a fim de “facilitar a entrega e acesso de ajuda humanitária e criar um espaço onde famílias deslocadas possam ter segurança diante do bombardeio israelense’.
O gabinete de segurança de Netanyahu aprovou na quarta-feira a continuação das operações em Gaza, em resposta, segundo o governo israelense, a uma onda de ataques com foguetes palestinos. Israel também enviou uma delegação ao Egito, que vem tentando, com o apoio dos EUA, mediar um cessar-fogo.
Ban Ki-moon condenou fortemente a morte de pelo menos 15 palestinos abrigados em uma escola da ONU na quarta-feira. As Nações Unidas disseram que sua avaliação inicial apontava para um ataque israelense.
— É ultrajante. É injustificável. E exige responsabilização e justiça — afirmou o secretário-geral.
Israel alegou que suas forças foram atacadas por militantes perto da escola, no norte do campo de refugiados palestino de Jabalya, e tinha contra-atacado. Em outro incidente na quarta-feira, 17 pessoas foram mortas na cidade vizinha de Shejaia no que autoridades palestinas disseram ter sido um bombardeio israelense a um mercado. O Exército de Israel disse que estava investigando o ataque.
O Globo
Guerra? Que guerra? O que está em movimento é um genocídio, um massacre de proporções gigantescos. É algo como se usássemos de um míssil para matar um formigueiro, quando precisávamos apenas de um inseticida.