A Petrobras anunciou em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) financiamentos com Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Bradesco. Somando todas as linhas, a estatal soma recursos disponíveis de R$ 9,5 bilhões. Fez ainda acordo com banco Standard Chartered para vender plataformas no valor de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 9,12 bilhões). A informação sobre um novo empréstimo foi antecipada nesta semana pelo colunista Ancelmo Gois.
Segundo a Petrobras, a companhia obteve um financiamento de R$ 4,5 bilhões com o Banco do Brasil (BB). Segundo a estatal, os recursos são na “modalidade de nota de crédito à exportação, através da subsidiária BR Distribuidora, pelo prazo de seis anos”. Além disso, obteve um financiamento pré-aprovado de R$ 2 bilhões e prazo de cinco anos com a Caixa e de outros R$ 3 bilhões com o Bradesco.
A Petrobras informou ainda um acordo de cooperação com o banco Standard Chartered, para uma operação de “Venda com Arrendamento e Opção de Recompra” (sale and leaseback) de plataformas de produção, no valor de até US$ 3 bilhões e prazo de 10 anos. Com base na cotação do dólar de hoje, o acordo soma cerca de R$ 9,112 bilhões. É como se a Petrobras vendesse esses ativos e passasse a alugá-los, dizem especialistas.
A companhia anunciou, recentemente, financiamento de US$ 3,5 bilhões (cerca de R$ 10,64 bilhões) com o China Development Bank (CDB). Assim, os empréstimos somam ao todo cerca de R$ 20,14 bilhões, além do acordo financeiro de R$ 9,112 bilhões com o Standard Chartered.
“Essas operações, somadas a outras já executadas neste ano, atendem às necessidades de financiamento da Companhia para 2015. A Petrobras continuará avaliando oportunidades de financiamento visando antecipar parte das necessidades de 2016. Adicionalmente, conforme anunciado em 02/03/2015, a Petrobras aprovou um plano de desinvestimento de US$ 13,7 bilhões para o biênio 2015 e 2016”.
PARA ANALISTAS, DECISÃO É EMINENTEMENTE POLÍTICA
Para o analista João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho & Associados, a decisão de conceder novas linhas de financiamento à Petrobras, que ainda não publicou balanços auditados e está no centro das investigações da Operação lava Jato, é eminentemente política. Para ele, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal têm o o governo federal como principal acionista, o que facilita as coisas. E o Bradesco também é próximo ao governo. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, era superintendente da Bradesco Asset Management (Bram) antes de assumir o posto.
Conceder novos empréstimos à Petrobras é uma decisão política, que dá menos peso aos critério técnicos que levam em conta o risco da operação – avalia Salles.
Além disso, lembra o analista, a Petrobras produz um efeito de ‘arrasto’ na economia, movimentando outros setores, como construção civil, gás, energia, petroquímico. Injetar capital novo na estatal, diz o analista, significa dar fôlego também a estes setores.
Luiz Miguel Santacreu, analista de bancos da Austin Rating, lembra que para uma análise mais precisa sobre o risco que os bancos estão correndo com a aprovação de novos empréstimos para a Petrobras depende das condições dessas operações. No entanto, em linhas gerais, o especialista afirma que as instituições financeiras, na ausência de um balanço financeiro auditado, devem ter levado em conta os dados operacionais da empresa.
— A Petrobras é uma empresa que tem produção e ativos. A empresa com certeza vai ter uma redução de lucro por conta das fraudes ocorridas, mas não vai deixar de existir. É diferente das empresas do Eike Batista, que não eram operacionais — avaliou.
O analista lembrou ainda que, ao conceder o empréstimo, os bancos precisam cumprir as determinações do Banco Central, que impõe limites de exposição de crédito por grupo econômico.
— O BC tem uma regra em relação à exposição por grupo econômico e, se os bancos aprovaram o empréstimo, era porque ainda havia margem – acrescentou.
O Bradesco é um dos bancos que têm interesse em assessorar a Petrobras no processo de venda de ativos da estatal — o que costuma render comissões significativas às instituições financeiras. Na semana passada, em evento promovido pelo banco para investidores, o vice-presidente do Bradesco, Sergio Clemente, disse que a instituição poderia ter um papel relevante nesses negócios.
— Os ativos que a Petrobras tem e que podem ser colocados à venda são de muito valor. Queremos ser assessores relevantes da Petrobras nesse processo — afirmou o executivo.
Um dia antes, Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco, ao confirmar que o banco assessorava a estatal na formulação de possibilidades de negócio para a venda de parte do capital da BR Distribuidora à iniciativa privada, descartou a possibilidade de compra desses ativos, mas justificou:
— Somos banqueiros da Petrobras e estamos avaliando (opções para a BR Distribuidora) para ajudar a Petrobras. Como ativo para o Bradesco, não interessa.
O Globo
Eu não entendo como é que a Petrobras distribui "participação nos LUCROS", a desejada PL, que segundo informação de funcionários varia de 03 a 04 salários , todos os anos aos seus funcionários, sem dar lucro. Pelo que sabemos só dá lucro no "papel", contabilmente, no "martelo". Acho que os órgãos de fiscalização deveriam investigar estes balanços, aparentemente, fajutos.