A Petrobras recebeu em 2005 denúncia de fraudes promovidas pela empresa Sanko-Sider no fornecimento de materiais para a estatal. A acusação, à qual O GLOBO teve acesso, foi feita à Ouvidoria da Petrobras por uma pessoa que se identificou como funcionária da empresa. Mesmo assim, a Sanko-Sider não foi excluída do cadastro de fornecedores da estatal.
Laudo da Polícia Federal na Operação Lava-Jato mostra que a Sanko-Sider repassou R$ 40,9 milhões para consultorias de fachada do doleiro Alberto Youssef, após receber esse mesmo valor do consórcio chefiado pela Construtora Camargo Corrêa na refinaria de Abreu e Lima (Pernambuco).
A denúncia diz que a Sanko-Sider entregou 3.250 metros de tubos de aço carbono falsificados na obra da refinaria de Paulínea em 2005. Segundo o relato, a suspeita foi levantada por técnicos da Petrobras. A falsificação teria sido atestada pela fabricante dos tubos e informada à Petrobras por carta.
“O fabricante Confab Industrial S/A foi convocado a analisar a suspeita da Petrobras e ao inspecionar o material entregue pela Sanko-Sider, imediatamente confirmou a falsificação dos produtos (fraude esta para compensar o baixo preço unitário ofertado)”, escreveu a denunciante à Ouvidoria.
Há no relato a citação de outra licitação no qual a Sanko-Sider ficou na quinta posição, mas acabou contratada após a desqualificação das concorrentes e se comprometer a cobrir o preço da vencedora. A denúncia diz que em outra concorrência o preço oferecido era 16% abaixo do que o próprio fabricante cobrava. Segundo a denunciante, só era possível apresentar esse preço porque os produtos eram fraudados. A funcionária dizia que pediria demissão em breve e estaria disposta a apresentar os documentos à Petrobras.
A Sanko-Sider continua no cadastro de fornecedores da Petrobras e foi subcontratada pelo consórcio liderado pela Camargo Corrêa na Abreu e Lima. Foi com a justificativa deste contrato que repassou recursos a título de “consultoria” para as empresas MO Consultoria e GFD Investimentos.
O doleiro Alberto Yousseff já reconheceu que essas empresas não prestavam serviço algum e eram usadas apenas para recebimento de recursos. Laudo da PF atestou que a Sanko-Sider repassou integralmente R$ 40,9 milhões recebidos do consórcio entre 2010 e 2013. Procuradas, Petrobras, Sanko-Sider e Camargo Corrêa não responderam os questionamentos.
O Globo
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