A Representação Regional Nordeste despede-se hoje de seu gestor, o potiguar Fábio Henrique Lima. Após um ano e nove meses à frente do MinC Nordeste, Fábio avalia sua passagem pelo órgão como uma experiência enriquecedora, tanto no lado pessoal quanto no profissional. Lima é militante cultural de longa data no seu estado, e entre suas ações, integrou as comissões responsáveis pela elaboração dos programas de governo para as campanhas presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Roussef, além de coordenar a criação das câmaras setoriais de cultura no Rio Grande do Norte, durante sua gestão como diretor adjunto da Fundação José Augusto, entre 2007 e 2010.
Em entrevista à Assessoria de Comunicação do MinC Nordeste, Fábio faz uma avaliação de sua atuação e revela quais serão os seus próximos passos.
Ascom: O senhor vem de um longo caminho de atuação no segmento cultural de seu estado, como foi ampliar esta visão a um patamar regional?
Fábio Henrique Lima: Eu encarei esta experiência como um desafio. E tive de vir com uma boa bagagem e um pouco de cautela, afinal, eu fui o primeiro gestor não pernambucano da RRNE, e sei o quanto os prenambucanos prezam seus valores culturais. Foi fundamental manter a mente aberta às ações e iniciativas particulares de cada estado onde atuamos. Neste período, pude ampliar minha visão a respeito das riquezas e demandas culturais deste povo tão rico que é o nordestino. Além disso, cheguei em um período onde o próprio ministério estava arrumando a casa, com a ex-ministra Ana de Hollanda revendo estratégias e implantando ações de integração entre o poder público e a sociedade civil. Resumindo tudo, foi um ano e nove meses de aprendizado.
Ascom: Neste período, ao entrar em contato com diversas realidades culturais, qual ação foi mais marcante para o senhor?
Fábio Henrique Lima: Decididamente, a adesão coletiva dos municípios do cariri paraibano ao Sistema Nacional de Cultura, em maio do ano passado. Fizemos um trabalho árduo de conscientização e capacitação, e conseguimos de uma só vez, que 40 cidades estivessem alinhadas à esta nova política de repasse e administração dos recursos destinados ao setor cultural. Foi muito bonito ver uma região que luta para continuar caminhando em meio a um cenário de seca e escassez, florescendo iniciativas favoráveis à construção das políticas públicas.
Outro ponto importante que me me deixou tranquilo foi a própria formação da equipe da RRNE, que é composta de colaboradores de vários estados da região garantindo assim, a diversidade tão necessária no planejamento das iniciativas para a nossa região. A coesão, sintonia e dedicação destes profissionais contribuiu de maneira bastante significativa na visão que trago desta experiência.
Ascom: A respeito dos movimentos e representantes culturais, de que forma você otimizou sua experiência anterior na construção de parcerias durante a sua gestão?
Fábio Henrique Lima: Isto é algo que eu carrego comigo desde muito pequeno. Minha mãe, Marlucia Lima de Almeida, era professora de acordeon, então, sempre estive rodeado de muita música e pude conhecer grandes nomes da cultura popular. Eu sei como é a vida de quem produz cultura, de quem deseja atuar e viver com sua arte. Este aspecto me deu uma maior flexibilidade na hora de me relacionar com os gestores e os agentes culturais que pude conhecer em minhas viagens. Não existe movimento cultural sem conflito. A expressão da cultura é por si só, um ato que liberta, e ao mesmo tempo político, de afirmação. Isto me fez exercitar cada vez mais o diálogo, a paciência, e a ser mais objetivo com as idéias, pois o meio cultural é muito dinâmico e intenso, exige agilidade e sagacidade.
Ascom: De posse de tantas experiências, o que o senhor levará em sua bagagem de gestor?
Fábio Henrique Lima: A visão macro a respeito da cultura nordestina foi algo muito forte neste caminho trilhado. Quando você ajuda a tocar adiante a cultura de várias comunidades, adquire uma posição mais consciente e metódica a respeito da elaboração, da aplicação, das consequências e variáveis incutidas na construção de políticas públicas. É assim que vejo: A Regional Nordeste se despede de um gestor, enquanto o Rio Grande do Norte recebe um Fábio com mais conhecimento e novas idéias, que mal podem esperar para serem executadas. À princípio, meus planos a curto prazo incluem retomar minhas atividades na prefeitura de Natal e continuar a movimentar o cenário cultural do estado. Desejo muita sorte e tranquilidade ao próximo chefe da RRNE, e seja quem for o escolhido para ocupar o cargo, me mantenho à disposição para mantê-lo a par de toda a nossa dinâmica, a fim de manter o ritmo das nossas atividades.
O próximo nome a assumir o cargo da RRNE ainda não foi definido e continua sem previsão de divulgação. Com a saída de Fábio Henrique Lima, a chefia será assumida de forma interina por Lúcio Rodrigues, até então o chefe substituto da representação regional do MinC.
A gestão de Fábio Henrique Lima durante o ano de 2012 comprova o direcionamento tomado pela RRNE no sentido de integrar a região e capilarizar as ações do Ministério da Cultura, com a realização de ações de capacitação e disseminação da informação por meios digitais.
O ponto alto das atividades do ano passado encontra-se na promoção de um maior estreitamento de laços com os cidadãos e os agentes culturais da região, através da participação em seminários, festivais, debates e eventos voltados à formação, capacitação e democratização cultural.
Entre as atividades de formação e capacitação, destacam-se a prestação de apoio logístico e operacional aos fóruns de política cultural, as oficinas e videoconferências sobre os programas, projetos e atividades do MinC, e os trabalhos realizados em conjunto com a consultoria para a implantação do Sistema Nacional de Cultura, através de viagens às mesorregiões nordestinas, concentrando vários municípios em polos estratégicos, otimizando o repasse de informação.
Ao todo, a equipe da Regional Nordeste do Ministério da Cultura alcançou 1375 municípios cobertos, com 53 viagens a serviço, 13 missões de adesão e conferências sobre o PNC e o SNC, 84 reuniões com gestores e/ou produtores culturais, 43 participações em eventos, 12 conselhos culturais, 19 capacitações para gestores, artistas e produtores culturais, com destaque para o primeiro curso de especialização em gestão cultural, parceria entre a SAI e a Fundação Joaquim Nabuco, que contemplou 40 gestores culturais de todos os estados do nordeste, além de reuniões periódicas internas de acompanhamento e planejamento do MinC e Funarte e ações de acompanhamento para pontos e redes de cultura.
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