Finanças

Investigado na Lava Jato, José Dirceu fecha firma de consultoria

Investigado em um inquérito sigiloso na operação Lava Jato, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu encerrou suas atividades como consultor de grandes grupos empresariais.

Em um ofício enviado ao juiz Sergio Moro, o advogado do petista, Roberto Podval, informou que a empresa da JD Assessoria e Consultoria Ltda demitiu os seus funcionários e pôs à venda o prédio na rua República do Líbano, no Ibirapuera, onde funcionava.

Todas as linhas telefônicas da empresa já foram desativadas.

A firma foi aberta em 1998, mas Dirceu só começou a trabalhar como consultor em 2006, logo depois de ser abatido pelo escândalo do mensalão. Conforme a Folha de S.Paulo revelou no início de abril, a JD Consultoria teve receitas brutas de R$ 39,1 milhões entre 2006 e 2013.

No ofício ao juiz Moro, o advogado de Dirceu afirma que a JD está “inoperante”, mas ainda não foi formalmente encerrada porque ainda tem débitos tributários em parcelamento. “A empresa peticionária já cessou todas as suas atividades e não tem nenhum pagamento a receber”.

Segundo ele, a empresa chegou a ter 15 empregados em 2013, oito no ano passado e “recentemente demitiu todos os funcionários restantes, com exceção de uma, por razões de preservação de direitos trabalhistas”.

O defensor também pede que o ex-ministro seja chamado a depor em um inquérito policial que corre em segredo de Justiça e apura se Dirceu recebeu propina de pelo menos duas empreiteiras suspeitas de integrar o cartel que agia na Petrobras: a Toyo Setal e a Engevix. Em ocasiões anteriores, Dirceu negou que as atividades de consultoria envolvessem a estatal e que todos os pagamentos se referiam a serviços prestados.

YOUSSEF

O ex-ministro entrou no radar da investigação sobre o esquema de corrupção na Petrobras depois que o doleiro Alberto Youssef afirmou que o petista recebia pagamentos do empresário Júlio Camargo, da Toyo Setal. Nas planilhas que controlavam pagamentos de suborno, segundo Youssef, Dirceu era associado à sigla “Bob”.

A quebra de sigilo bancário e fiscal da JD Consultoria mostrou que recebeu R$ 10 milhões de empreiteiras e firmas suspeitas de pagar propinas em troca de contratos com a estatal -entre as receitas, R$ 1,45 milhão vieram da Jamp Engenheiros Associados, de Milton Pascowitch, apontado como um dos onze operadores da propina na Diretoria de Serviços, comandada por Renato Duque (indicado pelo PT). Pascowitch era ligado à Engevix.

Tanto a Engevix quanto Dirceu negam que os pagamentos sejam propina disfarçada. O executivo Gerson Almada, preso em novembro, afirmou que Dirceu prestou serviços à Engevix prospectando negócios no exterior.

Folha Press

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