Política

Bolsonaro atribui derrota do voto impresso a medo de retaliação e chantagem

Foto: Reprodução/YouTube

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje que a rejeição à proposta da PEC do voto impresso (Proposta de Emenda à Constituição 135/19) na Câmara dos Deputados foi reflexo de chantagem e medo de deputados sofrerem retaliações. Com a derrota da proposta que era defendida pelo governo, Bolsonaro reforçou seu discurso de questionamento à lisura das eleições, sem apresentar qualquer indício ou prova.

A PEC do voto impresso teve 218 votos contra, 229 votos a favor e uma abstenção. Para que a tramitação avançasse, eram necessários votos favoráveis de 308 dos 513 congressistas.

Sem apresentar provas, Bolsonaro falou em “chantagem” contra quem rejeitou a proposta e não era de “partido de esquerda” e medo de retaliações para quem se absteve. Ele ainda repetiu o discurso de que o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, teria agido dentro do Congresso para barrar a PEC.

“Quero agradecer à metade do parlamento que votou de forma favorável ao voto impresso, parte da outra metade que votou contra, que entendo que votou chantageada. Uma outra parte que absteve, não todos, mas alguns lá não votaram por medo de retaliação”, disse.

Em entrevista no começo desta semana, Bolsonaro já havia ensaiado o discurso da derrota afirmando que Barroso tinha “apavorado parlamentares” para que a PEC fosse derrotada. Hoje, ele repetiu indiretamente a sua teoria, que não tem qualquer indício, para explicar a falta de votos para a aprovação do voto impresso.

“Em números redondos, 450 deputados votaram ontem, foi dividido. Então é sinal que metade não acredita 100% da lisura dos trabalhos do TSE, não acredita que o resultado seja confiável. Dessa outra metade que votou contra, você tira PT, PCdo B, PSOL, e para eles é melhor voto eletrônico como esta aí”, disse.

“Desses outros que votaram contra, muita gente votou preocupado. Com problemas, essas pessoas resolveram votar com o ministro, presidente do TSE. Os que se abstiveram numa votação online, abstenção é muito difícil acontecer. Sinal que ficaram preocupados com retaliações”, afirmou.

“Mácula da desconfiança”

Assim como vem repetindo nos últimos discursos, Bolsonaro voltou a citar suspeitas infundadas sobre o voto eletrônico e já lançou dúvidas sobre o resultado das eleições de 2022, quando deverá tentar a reeleição.

“Sinalizamos uma eleição, não que está dividida, mas de eleições onde não vão se confiar nos resultados”, disse Bolsonaro.

“Perguntaria agora para aqueles que estão trabalhando por interesses pessoais se eles querem enfrentar eleições ano que vem com a mácula da desconfiança”, completou em outro trecho.

Apesar de questionadas por Bolsonaro, as urnas eletrônicas são auditáveis e testadas com regularidade sobre sua segurança. Já foi constatado que os dados principais são invioláveis e não podem ser infectados por vírus que roubem informações. O TSE afirma que não há indícios de fraude em eleições desde 1996, quando as urnas eletrônicas foram adotadas.

Ao afirmar que não tinha provas do que iria falar, o presidente Bolsonaro também acusou o PT de “receber dinheiro do narcotráfico” e recursos “de fora do Brasil”.

UOL

Opinião dos leitores

  1. O mentiroso acusa os outros do que ele próprio tenta fazer, mas como ninguém mais dá bola pra esse desocupado. Ele fica só alimentando sua claque e colocando sal pro gado sentir sedw e inchar de beber bobagem.

  2. O mundo desse cagão é miliciano. O seu pensamento, as suas versões, os acontecimentos, tudo está ligado a ameaça e a chantagem.

  3. Pura verdade. O STF fez. Chantagem os deputados. Todos foram visitados, Ou falta no dia da votação ou pedi para tirar. Que foi a favor do voto impresso vai ter seu processo no STF agilizado sua condenação. O mau exemplo no Rio Grande do Norte, foi o deputado federal Beto Rosado 🌹 ele foi ameaçado, por causa dos processos que o dono do partido ao qual ele pertence tem na caverta do STF. É uma tristeza ter 60% dos políticos no Brasil tá no bolso do STF. A onde 11 membros com formação duvidosa no trato da Advogacia ter um poder que está a serviço de um partido de formação guerrilheira, trasvesitido de trabalhadores terem objetivos de delapidar o herario público no intuito de forma uma ditadura como a de Cuba. Aonde não existe a liberdade nem para cobrar água mineral.

    1. É isso mesmo, Pedro. Quem tem um pouco de raciocínio consegue ler de forma correta esse episódio. A oposicão, incluindo esses ministros do STF, vai sendo desnudada lenta e constantemente. Antes, agiam nas sombras, posando de bons moços. Agora, vieram pro claro, pra debaixo do sol. E a exposição demorada ao sol queima.

  4. Ganhamos de 229 X 218, mesmo com toda a mobilização de ministros do STF contra o voto auditável, amedrontado os deputados em reuniões e encontros secretos. Na verdade, essa votação mostrou a força do presidente. E o povo está com ele.

    1. Conhecerás a verdade, mas mesmo assim continuarás a mentir. A mentira é tua profissao de fé e supera em muito sua vergonha. Acabou, agora são só palavras vazias. Não haverá voto impresso, nem que a vaca (os eleitores mentirosos e desonestos que se dizem de direita), tussa. Comemore a vitória, direita sem escrúpulos e sem honra.

    2. Quanto ódio no “coraçãozinho” esquerdopata de vcs! Pelo visto, não gostaram do resultado dessa votação. Por que terá sido? E ainda teve vários deputados que não foram votar para não afrontar os ministros do STF. Será que finalmente entenderam quem saiu vitorioso desse episódio? Posso explicar mais um pouco. Rsrsrs

  5. O voto impresso foi sepultado. Mas o discurso de Bozo, não. Afinal, ele vive disso e é disso que o gado se alimenta. Das mentiras e ataques. Se cortarem seu discurso, não sobra mais nada.

  6. Na verdade, A MAIORIA dos deputados votou a favor da PEC. Porém, não foi atingido o quórum privilegiado para aprovar uma Emenda à Constituição. Segue o jogo.

  7. Acertou de novo.
    A galera aí é mais suja que puleiro de pato.
    Tá precisando voltar tudo de novo, uma nova constituição é a melhor opção.
    Agora tem que varrer esse congresso e o STF.
    Urgente.
    Ninguém aguenta mais esses caras corruptos votando contra o Brasil.
    Faxina urgente.
    Tranca tudo.
    Esse vírus é letal.

  8. E o que o frouxo doo Bozo vai fazer????
    So resta a choradeira de sempre.
    Acabou a palhacada de voto impresso, quem não gostou pode chorar em baiixo da cama abraçado com uma foto do Genocida Miliciano.
    Na proxima micareta Militar, bote pelo menos um trio eletrico com chiclete com banana pra animar o gado, e não esqueca do tanque fumacê.

  9. Vitória do bom senso e da democracia. Se Bolsonaro sofre uma derrota o Brasil tem uma vitória.
    Se Bolsonaro ganha o Brasil perde, simples assim.

    1. Aguardemos a esquerda vai usar do mesmo discurso quando perder a eleiçao novamente

  10. Indícios de fraudes há muitos. Ele só não apresentou uma prova cabal. Qual o problema no eleitor votar e ver o seu voto realmente confirmado? É difícil acabar com a corrupção no Brasil com os políticos, quase todos, com esse vício (da corrupção). Quando aparece algum querendo exterminar com os atos corruptos, o “bando” se junta e é contrário.

    1. O seu raciocínio é o mesmo do cara que pegou a mulher saindo do motel com outro homem. Mas aí ele diz que não houve prova cabal de que eles transaram. O próprio TSE pede investigava pela PF da invasão de um hacker nas eleições de 2018 e você diz que não há prova cabal, quando foi “apagado” o rastro deixado pelo invasor pelo mesmo TSE.

    2. Ou seja, o pé-de-lã introduziu e “brincou” lá dentro. Como apagaram os “logs” (?!?!?!) que registravam os rastros do que foi feito, não dá nem prá saber se o cara “gozou”. Mas insistem na mentira de que a urna é “inviolável”. É brincadeira!

  11. Pense num homem de palavra esse tal de bolsonaro. Até entendo a raiva que sentem da esquerda, mas confiar nesse idiota é compactuar com a mentira: Bolsonaro descumpre promessa a Lira e volta a atacar: ‘Eleições não serão confiáveis’. Moro 22

    1. Né isso! O gado tem que diariamente aumentar a cloroquina no capim pra poder continuar acreditando no MINTOmaníaco das rachadinhas… O cara mente o tempo todo e ainda fala em transparência quando decreta sigilo de 100 anos do cartão corporativo dele, das visitas da família rachadinha ao Planalto, do cartão de vacinação dele…

    2. Ou vc é incapaz de entender uma mensagem simples ou age de má fé (aposto nas duas opções). Ele disse ao Lira que respeitaria a decisão da Câmara. E fará isso. Porém, há outros caminhos possíveis para evitar que o Brasil seja vítima de uma eleição fraudada. Aguardemos.

    3. Caro Direita Honesta. Vá se tratar! Comece a se preparar pois senão vc vai ter um piripaque. Teu ídolo é bandido, tanto quanto Lula. Aliás vc já admitiu que só faz escolhas erradas. Prepare-se para mais uma decepção. Quem apoia o que não presta, também não vale um centavo. É teu caso. Gosta de chafurdar na lama da mentira é da inconsequência. Felizmente gente como você é ampla minoria nesse nosso país. Arranje um balcão de botequim pra continuar fazendo teu discurso de ódio e maniqueísmo. As pessoas normais não engolem tua conversinha de safado. Procure se lembrar do exemplo dos teus pais, se é que você teve peça perdão pelos seus pecados.

    4. Um sujeito como vc cria um pseudônimo a partir do meu, faz um textão VAZIO apenas para atacar a honra de alguém que nem sequer conhece (a minha pessoa) e sou eu que faço discurso de ódio e tenho que me tratar? Comece procurando um espelho, “cumpanhero”. Depois, aplique seu discurso patético a si próprio. E procura no dicionário o que significa “maniqueismo”, talkey? Tenho certeza que vc só está repetindo o que alguém mandou. Gente como vc não pensa. Kķkkkkk

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Política

Medo do comunismo fez EUA criarem clã político do Rio Grande do Norte a partir de Aluízio Alves durante Guerra Fria, destaca reportagem

Foto: Reprodução/The Intercept

O presidente americano John F. Kennedy ligou o sistema de gravação instalado no Salão Oval da Casa Branca na manhã daquela segunda-feira, 30 de julho de 1962. A fita registrou a conversa entre o presidente e Lincoln Gordon, embaixador dos EUA no Brasil. Ao longo de 28 minutos, eles trataram do presidente João Goulart, de um possível golpe militar e de quantos milhões de dólares os EUA estavam dispostos a torrar para interferir na política brasileira.

Na conversa, um nome chama a atenção. Trata-se de Aluízio Alves, à época governador do Rio Grande do Norte. O centenário de nascimento dele será lembrado na quarta, 11 de agosto. Alves é citado por Gordon como uma figura que merece apoio naquele Brasil tumultuado e polarizado. Aquela conversa ratificaria o estado governado pelo político potiguar como destinatário de uma bolada de milhões de dólares que os EUA passariam a negar a Goulart.

Lincoln Gordon: Um dos projetos, [no] Nordeste, por exemplo, acho que deveríamos fazer avançar. Existem alguns governadores: governador do Rio Grande do Norte. . . Eu não acho que ele encontrou você, Aluízio Alves, mas ele viu todo mundo na cidade. Ele esteve aqui há cerca de três semanas. É um grande companheiro.

John F. Kennedy: Este é o Vicento… não é o Rio, é?

Gordon: Rio Grande do Norte.

Kennedy: Este é o Rio?

Gordon: É um pequeno estado no Nordeste.

Kennedy: Oh, entendo. Não, eu não o vi.

Gordon: É um pequeno estado no Nordeste. É um cara de 40 anos, enérgico como pode ser, não é um demagogo, honesto. Ele é…

Kennedy: Quão fortes são os comunistas lá?

Gordon: Como tal, o partido é fraco.

Segundos depois, Gordon voltou a insistir com o chefe sobre quão importante Alves poderia se tornar para os Estados Unidos:

Kennedy: Existe um grande desânimo no Brasil [entre] todos os moderados?

Gordon: Ah, eles não estão desanimados a ponto de desistir. Eles estão muito infelizes. A forma como esta crise política foi tratada foi extremamente ruim. Não, um sujeito como Aluízio Alves quer organizar um centro forte, ligeiramente à esquerda. E, eu acho, devemos apoiar isso absolutamente, ao máximo.

O apoio chegou, e em tal quantidade que ajudaria a cimentar um novo clã político no estado. Alves recebeu dos americanos, em pouco mais de três anos, um montante superior à receita do estado para um ano todo. Durante a Segunda Guerra Mundial, dez mil americanos viveram no Rio Grande do Norte e deixaram ali uma marca cultural histórica. Décadas depois, o dinheiro de Washington ajudou a moldar o futuro político do estado.

Os americanos relatam que o Rio Grande do Norte recebeu, em 30 repasses, 3,46 bilhões de cruzeiros entre outubro de 1962 e janeiro de 1966. A soma está em um documento enviado pela diplomacia americana à ditadura brasileira em novembro de 1969. Tratou-se de dinheiro a fundo perdido, entregue ao governo do estado como doação direta. Para efeitos de comparação, em mensagem à Assembleia Legislativa em 1963, o governo potiguar informou que a receita geral do estado no ano anterior havia sido de 2,5 bilhões de cruzeiros.

Eu corrigi a soma pela inflação, usando uma ferramenta disponível no site do Banco Central. Em valores atuais, a bolada doada pelos EUA equivale a R$ 179,1 milhões.

Graças ao dinheiro dos EUA, as estruturas estaduais de saúde, educação, abastecimento de água, habitação, malha viária e assistência social cresceram a olhos vistos. A ideia era apresentar o estado como um modelo do que o capitalismo poderia fazer pelo Brasil. Assim foi, e a Casa Branca acompanhou cada passo dado por Alves, como registram mais de 70 documentos da Biblioteca JFK, da Universidade Brown e do Arquivo Público do Estado do RN, analisados por mim.

O dinheiro americano permitiu a construção de uma estrada de 51 quilômetros de extensão que liga a cidade de São José de Mipibu à fronteira com a Paraíba – sozinha, a obra consumiu 1 milhão de dólares. Uma outra fonte de recursos, um programa assistencialista dos EUA chamado Food for Peace, ou Comida pela Paz, fez jorrar doações estimadas em 950 mil dólares entre 1963 e 1965 nos cofres do governo Alves.

O resultado não intencional e mais duradouro da dinheirama foi sedimentar Aluízio Alves e seus descendentes na política. O clã produziu três ministros, um presidente da Câmara dos Deputados e outro do Senado Federal. Seu representante mais conhecido, atualmente, é o advogado Henrique Eduardo Alves, deputado federal por 11 mandatos, ex-presidente da Câmara e ex-ministro do Turismo que terminou preso nos desdobramentos da operação Lava Jato – Henrique foi liberado da prisão em julho de 2018.

No auge, os Alves estenderam seu poder para além da política. Foram donos de empresas de comunicação – inclusive das emissoras afiliadas à Rede Globo no estado, como a TV Cabugi e a Rádio Cabugi, além do jornal impresso Tribuna do Norte.

Aliança para o Progresso

Boa parte da montanha de dólares que inundou o Rio Grande do Norte tem uma mesma origem: o programa Aliança para o Progresso. Ele foi moldado pelo governo Kennedy como instrumento de apoio ao desenvolvimento e combate à influência comunista na América Latina. No Brasil, não demorou a virar ferramenta política.

O professor Felipe Pereira Loureiro, da Universidade de São Paulo, a USP, detalha esse viés político no livro “A Aliança para o Progresso e o governo João Goulart (1961-1964)”. A obra apresenta um índice montado pela embaixada dos EUA para classificar os governadores brasileiros e selecionar os que seriam beneficiados.

O extinto estado da Guanabara, que corresponde ao que hoje é o município do Rio de Janeiro, governado por Carlos Lacerda, principal opositor de João Goulart e do seu mentor, Getúlio Vargas, ficou com a maior fatia do bolo. Mas o Rio Grande do Norte foi escolhido com carinho para ser o contraponto ao Pernambuco do “extremista” Miguel Arraes. “O Rio Grande do Norte foi claramente privilegiado. Os documentos americanos mostram que Aluízio era o político modelo, que deveria receber apoio por ser um democrata reformista e anticomunista”, me disse Loureiro.

“Os Estados Unidos estavam apavorados com o Nordeste. O semiárido nordestino era uma das áreas mais pobres da América Latina, e a pobreza era vista pelos norte-americanos como campo fértil para a proliferação de ideias ditas contra a ordem, pois um povo na miséria absoluta não teria nada a perder. Nesse contexto, o Rio Grande do Norte foi escolhido para ser a principal ‘Ilha de Sanidade’ da região, recebendo a maior quantidade de recursos per capita da Aliança”, avaliou o professor Henrique Alonso, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a UFRN, pesquisador e autor de artigos e livros sobre as relações entre EUA e Brasil.

“Ilha de Sanidade” é um conceito criado pelo embaixador Lincoln Gordon, um dos formuladores da Aliança. Economista e professor da Universidade de Harvard, ele atuou no Plano Marshall, gestado por Washington para financiar a reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial. Gordon acreditava que as tais ilhas deveriam ser vitrines do poder americano e contrapontos ao mundo socialista.

“O primeiro beneficiário da política das Ilhas [de Sanidade] foi Aluízio Alves, o governador pró-EUA do Rio Grande do Norte. Ele estava entre os governadores de estado mais ambiciosos no desenvolvimento de planos de desenvolvimento econômico e social e em cortejar os formuladores de políticas dos EUA envolvidos na tomada de decisões de financiamento da Aliança para o Progresso”, corroborou Jeffrey F. Taffet, autor do livro “Foreign aid as foreign policy – The Alliance for Progress in Latin America” (“Ajuda externa como política externa: a Aliança para o Progresso na América Latina”, em tradução livre).

O medo de que a situação nordestina descambasse numa revolução como a cubana era forte na Casa Branca. Em julho de 1961, um ano antes da conversa que selou o destino de Alves, Kennedy recebeu Celso Furtado, que chefiava a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, a Sudene, em Washington. O presidente dos EUA não fez rodeios ao dizer que a região despertava grande interesse de seu governo, segundo o memorando do Departamento de Estado que registrou a reunião.

Em abril do ano seguinte, Brasil e EUA assinariam um acordo milionário de ajuda para o Nordeste. A primeira parte do plano levaria, imediatamente, 33 milhões de dólares à região. E, a médio e longo prazo, mais 98 milhões de dólares para obras de saneamento, saúde, energia, educação, abastecimento de água e fomento da agricultura.

‘Porta-voz dos governadores’

Tanto dinheiro assim não seria entregue sem que o uso fosse vigiado de perto por Washington. Mais um trunfo para Alves: na visão de Gordon, ele inspirava confiança. Em informações enviadas para municiar Kennedy em uma visita que ele faria ao Brasil, o embaixador aponta o governador potiguar como um “tipo que devemos encorajar”. Alves se esforçou para merecer o apoio. Em julho de 1963, entregou a João Goulart um manifesto assinado por quase todos os governadores nordestinos e intitulado “Resposta ao desafio do Nordeste”. Nele, cobrava-se uma definição do governo federal a respeito da Aliança para o Progresso. Para Alves, Brasília colocava entraves e impedia que o dinheiro de Washington chegasse ao seu destino.

Um resumo do texto foi encaminhado da embaixada dos EUA em Recife para Washington, indo parar em um relatório especial da Agência Central de Inteligência, a CIA. Nos bastidores do governo Goulart, dizia-se que o manifesto era obra dos americanos. Na Casa Branca, ele soou como música. “O articulado governador do Rio Grande do Norte Aluízio Alves parece, ultimamente, estar despontando como porta-voz para os governadores nordestinos em questões regionais”, resume o telegrama diplomático.

Autor do livro “The Politics of Foreign Aid in the Brazilian Northeast” (“As políticas de ajuda externa no Nordeste brasileiro”, em tradução livre), publicado em 1973, Riordan Roett, professor e diretor emérito da Universidade Johns Hopkins, entrevistou Alves e outros governadores ainda durante o funcionamento da Aliança. “Eu perguntei se ele acreditava que existia uma ameaça vermelha. Ele nunca respondeu a questão diretamente, mas falou sobre Fidel Castro, Miguel Arraes, o governo Goulart, etc. Charmoso de um jeito nordestino, desconfiado, ele quis enviar sua mensagem de que era uma ‘Ilha de Sanidade’ confiável”, lembrou o professor, em conversa comigo.

Siga o dinheiro

Aluízio Alves foi eleito governador em 1960, após quatro mandatos consecutivos na Câmara dos Deputados, onde foi vice-líder da oposição e secretário-geral da UDN, a União Democrática Nacional, partido de direita da época. Montou uma coalizão que tinha de integralistas e setores conservadores da Igreja Católica a comunistas e sindicalistas, a Cruzada da Esperança. Com ela, derrotou Djalma Marinho, avô do hoje ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, com uma diferença de mais de 10% dos votos.

Mas o sucesso eleitoral não assegurou um início de governo tranquilo. Entronado no Palácio Potengi, que em seu mandato passou a ser chamado de Palácio da Esperança, Alves encontrou os cofres praticamente vazios, pagamentos em atraso e uma Assembleia Legislativa oposicionista e hostil. O governador montou uma equipe de jovens formados pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, a Cepal. Reunidos no Conselho Estadual de Desenvolvimento, esses assessores planejaram a modernização do estado com projetos de eletrificação, redes de telefonia, poços e açudes no semiárido, moradia popular e infraestrutura.

Faltava o principal: dinheiro. Sem conseguir os dólares em casa, Alves resolveu ir bater à porta dos americanos e desembarcou em Washington no fim de junho de 1962. Sentou-se para conversas com diplomatas e assessores da Aliança, dos quais ouviu que não havia acordo possível sem a Sudene envolvida. Tentando uma cartada final, visitou o embaixador brasileiro, o economista liberal Roberto Campos. Foi a decisão certa.

Apesar de Kennedy afirmar ao embaixador Lincoln Gordon que não encontrou Alves, o governador potiguar escreveu em suas memórias que Campos conseguiu que o presidente americano saísse de uma agenda política interna no interior dos EUA apenas para atendê-los. Acompanhado da esposa, Jacqueline Kennedy, o presidente recebeu os brasileiros na sede do Departamento de Estado. De acordo com as lembranças de Alves, o encontro teve o seguinte diálogo:

Kennedy: Como vai a Aliança para o Progresso?

Alves: Presidente, falando francamente, só existe nos jornais. Nem uma providência foi dada, além da assinatura de um convênio, guardado na gaveta da Sudene.

A partir daí, Alves daria sua versão – obviamente interessada – da situação, que incluiu as Ligas Camponesas e a já conturbada situação política do Brasil. Jânio Quadros já havia chegado à metade do que seria seu mandato, abreviado pela renúncia que levaria João Goulart à presidência. JFK então disse que na manhã seguinte o chefe da Aliança estaria em Washington pronto para ouvi-lo, pois havia ordenado o retorno dele das férias.

Ao final, Alves voou para casa com a promessa de 20 milhões de dólares em investimentos. A quantia, segundo reportagem do Diário de Natal, era “alucinante”. Em 12 de agosto, Teodoro Moscoso, coordenador-geral da Aliança, e mais sete assessores desembarcaram em Natal para tratar da parceria.

Com o dinheiro americano, o governo Alves fez obras como o Sistema Jiqui, responsável pelo abastecimento de água de parte da zona sul de Natal até hoje, o Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy, o IFESP, para formação de professores, inaugurado com a presença do senador Robert Kennedy, e a Cidade da Esperança, o primeiro programa habitacional do estado destinado ao público de baixa renda que construiu 400 casas, financiadas pela Aliança, e deu origem a um bairro na zona oeste da capital.

Se Carlos Lacerda homenageou os financiadores americanos ao batizar os conjuntos habitacionais construídos na Guanabara com os nomes de Vila Aliança e Vila Kennedy, Aluízio resolveu colocar a sua marca. “A Cidade da Esperança foi entregue já no fechamento do governo. O nome foi ideia dele, ligando a Cruzada da Esperança, o Governo da Esperança”, relembrou o deputado estadual José Dias, hoje no PSDB, que presidia a fundação habitacional.

Paulo Freire alfabetiza – e com dinheiro dos EUA

O maior e mais caro dos projetos financiados pela Aliança para o Progresso no Rio Grande do Norte foi para a educação. Não à toa. O censo de 1960 do IBGE apontava que 61,64% dos potiguares acima dos 5 anos de idade não sabiam ler e escrever, um contingente de 586.688 pessoas. Em junho de 1961, uma missão americana apontou o estado como a melhor vitrine para seu primeiro projeto educacional no Nordeste.

Assim, Washington concordou em entregar 2,5 bilhões de cruzeiros ao Rio Grande do Norte. Em sua mensagem especial ao Congresso em 2 de abril de 1963, JFK citou a parceria: “No problemático Nordeste do Brasil, em acordo com o estado do Rio Grande do Norte, está em andamento um programa para treinar três mil professores, construir mil salas de aula, dez escolas vocacionais, oito escolas normais e quatro centros de treinamento de professores”.

O acerto feito diretamente entre os potiguares e os americanos incomodou o governo brasileiro, mas terminou aprovado e assinado em dezembro de 1962.

Se o analfabetismo era o grande problema, era necessário enfrentá-lo com coragem. Ainda antes da verba americana, Aluízio Alves e seus assessores ouviram falar de um professor da Universidade Federal de Pernambuco, que inventara um método rápido e barato para ensinar a ler e escrever. Era Paulo Freire.

O governo acertou com Freire um convênio para um projeto-piloto, que se bem-sucedido, seria ampliado para todo o estado para alfabetizar pelo menos 100 mil pessoas em três anos. Faltava dinheiro até a Aliança para o Progresso aparecer. A contradição em receber financiamento americano não passou ao largo das discussões do grupo que executaria o programa.

“O clima era duro. Mas, no fim das contas, não tivemos medo da contradição, pois tínhamos convicções arraigadas”, relembrou o advogado Marcos Guerra, então um jovem estudante que coordenaria a ação. O educador pernambucano foi quem bateu o martelo. “Eu não tenho medo da Aliança, ela que tenha medo de mim”, disse Freire, em uma das reuniões preparatórias.

“Paulo Freire encontrou aqui, como não encontrou mais em nenhum outro local, o apoio para colocar em prática, em larga escala, sua tese”, resumiu o jornalista Cassiano Arruda Câmara, que era repórter à época.

A escolha pelo município de Angicos não foi gratuita: era a terra natal dos Alves. Aluízio queria mostrar que, se a emancipadora experiência de alfabetização – numa época em que analfabetos não votavam – fosse feita na sua cidade, poderia ser levada a qualquer lugar. Ainda no fim de 1962, o grupo chega ao município para não só alfabetizar, mas conscientizar 300 pessoas sobre seus direitos. Era a experiência que ficou conhecida como As 40 Horas de Angicos.

As aulas de janelas e portas abertas, lembra Guerra, eram sempre assistidas por pessoas não identificadas. Em dia de visita dos consultores da Aliança, tudo parava: dava-se folga aos professores, e as aulas eram suspensas. Mas a experiência foi bem-sucedida e começou a se espalhar pelo estado. Em uma mensagem enviada aos deputados estaduais, o governo de Alves defendeu o Método Paulo Freire por habilitar “ao exercício da cidadania, como eleitor, como membro de uma nação livre e como participante ativo do regime democrático”.

A aula de encerramento, em 2 de abril de 1963, atraiu o presidente João Goulart, que assistiria ao recém-alfabetizado Antônio Ferreira ler um discurso escrito de próprio punho: “Em outra hora, nós era massa, hoje já não somos massa, estamos sendo povo”. Ali, Jango anunciou que o Ministério da Educação levaria o método para todo o Brasil.

Após uma visita ao Rio Grande do Norte em maio de 1963, Lincoln Gordon recomendou que outros governadores copiassem o modelo. Três meses depois, o secretário de Educação Calazans Fernandes seria recebido na Casa Branca pelo presidente JFK.

Um episódio, porém, dava o tom da mudança que viria. Ao fim da solenidade, o general Castelo Branco, que comandava o 4º Exército, atual Comando Militar do Nordeste, no Recife, abordou Calazans Fernandes. “Meu jovem, você está engordando cascavéis nesses sertões”, disse o futuro ditador. “Depende do calcanhar onde elas mordam, general”, retrucou o secretário. Exatamente um ano depois, o golpe militar desmantelaria a experiência. Paulo Freire e Marcos Guerra, entre outros envolvidos, seriam presos por “subversão”.

Nasce um clã

Aluízio Alves não foi primeiro político da família – o patriarca Manoel Alves foi prefeito de Angicos no início da década de 1930. Mas foi Aluízio quem sedimentou o clã na política potiguar.

“Aluízio sabia que não tinha recursos e teve a inteligência de perceber a realidade. Teve a compreensão do governo de Kennedy, do embaixador Gordon e se aproveitou muito bem”, afirmou o deputado estadual José Dias.

“Pode gostar-se ou não, mas Aluízio fez um governo inovador em um estado que era uma merda, onde o primeiro escândalo que gerou manchetes de jornal foi a compra de um ar condicionado para o gabinete do governador. Ele pegou carona na Aliança para o Progresso e virou um dos melhores exemplos do programa que terminou sendo um fracasso”, avaliou Cassiano Arruda.

Entre 1960 e 2018, cada episódio político local teve um Alves ou um aliado como protagonistas. Já em 1962, o grupo fez maioria no legislativo estadual, cinco das sete cadeiras da Câmara, e só não levou as duas do Senado por falta de 7,6 mil votos. Naquele mesmo ano, o governador, que já possuía a Tribuna do Norte, comprou a Rádio Cabugi. Dez anos depois, viria a Rádio Difusora, em Mossoró, e, em 1987, a TV Cabugi, retransmissora da TV Globo.

Em 1965, nova vitória. Aluízio fez governador o Monsenhor Walfredo Gurgel, senador e ex-vice-governador. Também elegeu prefeito de Natal o irmão, Agnelo Alves.

Em 1966, quatro irmãos Alves estavam na política: Agnelo era prefeito de Natal; Garibaldi, deputado estadual; Expedito, prefeito de Angicos; e Aluízio, o líder, governador. Mas o poder lhes seria tomado pela ditadura militar.

O governador não era bem quisto entre os militares, mesmo tendo emplacado o almirante Tertius Rebelo, membro do seu governo, no lugar de Djalma Maranhão, prefeito deposto de Natal, lançado uma comissão estadual de investigação da “subversão” no Rio Grande do Norte e escolhido a Arena, partido dos ditadores, para se abrigar. Os fardados gostavam era do senador Dinarte Mariz, ex-padrinho e então maior rival de Aluízio.

Um telegrama do Departamento de Estado dos EUA, de 1967, era sombrio sobre o futuro de Alves. “Por sua cordialidade com João Goulart, uma relação de trabalho de longa data com Carlos Lacerda e sua reputação de vigarista, a estrutura de poder pós-Revolução passou a encarar Aluízio com desconfiança”.

Em fevereiro de 1969, Aluízio e o irmão Garibaldi Alves foram cassados. Três meses depois, Agnelo perdeu o cargo de prefeito e foi preso. Escaparia apenas Expedito, assassinado em 1983 quando exercia o terceiro mandato como prefeito de Angicos.

Os irmãos Alves acabariam absolvidos. Mesmo com os direitos políticos suspensos, trocaram a Arena pelo MDB. Em 1970, Aluízio e Garibaldi lançam os filhos na política. Henrique Eduardo foi eleito deputado federal, e Garibaldi Alves Filho, estadual. Pelos 15 anos seguintes, os Alves ficariam distantes do poder central, ocupado por governadores indicados pelos militares.

A dupla da terceira geração seria responsável por alçar os maiores voos políticos do clã após Aluízio. Henrique comandou a Câmara dos Deputados e foi ministro do Turismo nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer, sendo alijado pelas acusações da operação Lava Jato.

Já Garibaldi Filho, além de ser governador do Rio Grande do Norte por dois mandatos, foi senador por 20 anos, comandou o Senado por dois anos e foi ministro da Previdência Social de Dilma entre 2011 e 2015. Mas o primeiro dos Alves na Esplanada foi o velho Aluízio, ministro da Administração de José Sarney e da Integração Regional de Itamar Franco. Àquela altura, o veterano ainda teve ânimo para disputar e vencer a última eleição em 1990, quando ganhou o sexto mandato de deputado federal.

Graças à notoriedade garantida pelos dólares da Aliança para o Progresso, os Alves saíram do sertão potiguar para transitar com desenvoltura pelos corredores de Brasília. Herdeiros de um patrimônio modesto, chegaram a comandar parte substancial da comunicação potiguar e vivem confortavelmente em apartamentos de alto padrão em bairros nobres da capital.

A dinheirama dos americanos chegou a Natal para combater uma ameaça comunista imaginária no Nordeste brasileiro. Ironicamente, mas de forma alguma surpreendentemente, ela terminou por ajudar a concentrar poder nas mãos de um clã que até hoje influencia os rumos políticos do Rio Grande do Norte, assim como fazem outras dinastias espalhadas pelo Brasil.

E, se hoje os Alves andam afastados dos palácios, a reinvenção ao longo dos anos diz que nunca é bom desconfiar da capacidade de um grupo político tradicional farejar as oportunidades de retomar o poder.

Paulo Nascimento

The Intercept_

https://theintercept.com/2021/08/07/comunismo-guerra-fria-dolares-nordeste-aluizio-alves/

Opinião dos leitores

  1. Os EUA sempre invadindo e interferindo nas nações supostamente livres e independentes, para manter seu domínio e exploração, da mesma forma que fizeram agora novamente coordenando todo o golpe que derrubou uma Presidente honesta eleita democraticamente e apoiou um Presidente completa e evidentemente despreparado, mal intencionado e incompetente.
    Até quando vamos continuar sendo manipulados e submissos, entregando nossas riquezas (Petróleo) a preço de banana aos EUA?

  2. Obrigado, Presidente Kennedy!

    E agora essa negação nos governando… Que tristeza. A “obra” é pagar salário em dia e deixas as escolas públicas fechadas aparentemente para sempre.

  3. Atenção paladinos da liberdade, fiscais da democracia: Arábia Saudita, Iêmen, Kwait, Turquia, Egito etc. Tudo ditadura e sem eleições. Apoiados pelos EUA. Alguns onde vc nem pode portar uma Bíblia. Vamos adicionar à lista. Ou só conta Cuba, Venezuela e Coreia?????

  4. Acho que tudo isto relatado foi verdade graças à Deus, senão já estaríamos com o Comunismo oficializado e estaríamos como cuba, venezuela, Coreia do norte, dentre outros países ditos como socialistas. Até as eleições de outubro de 2022, passaremos por uma revolução civil neste Brasil e morrerão milhares de otários esquerdistas e o clero da Igreja do Falso papa chico comunista, maçom e satanista, querendo que o presidiário volte a Presidência para tirar a nossa bandeira e hastear a bandeira da china em Brasília, só assim haverá progresso e paz nesta nação.

    1. Também acredito na proteção Divina. E digo mais, esse presidente “louco” e diferente de quase todos os outros políticos brasileiros (como o cara não gosta de dinheiro “fácil” rsrsrs), faz parte dessa ajuda. Mas, como já sabem os que entendem um pouco de religião, além da ajuda Divina, as pessoas precisam fazer sua parte.

  5. Resumindo: Nunca houve esse perigo comunista. O dinheiro americano só serviu pra criar mais um coronel no Nordeste. No final pagamos caro por Henrique e cia. (vide aeroporto) no comando do RN. E os EUA gastaram à-toa.
    Obs: ainda tem gente, em pleno século XXI, que acha que os comunistas podem voltar, e lucram em cima disso…

    1. Sergio, vc é inocente demais, vc não estuda Geopolítica não? estude amigo, sem parcialidade, se não fosse pelos EUA já estaríamos comendo cães e gatos nas ruas

    2. Ou vc é muito ignorante ou movido por extrema má fé. Essa ideologia nefasta se “modernizou”, por assim dizer. O marxismo deixou de ser a antítese do capitalismo e se manteve “apenas” como inimigo da liberdade e dos direitos dos indivíduos. Vide a China, politicamente uma ditadura comunista, mas adepta do capitalismo selvagem na economia, em nível pré revolução industrial, sob o rigido comando do Partido Comunista (um tal capitalismo de Estado). Via marxismo cultural, o comunismo tornou-se muito mais perigoso, alienando mentes incautas e/ou mal intencionadas. Pela sua razoável escrita, creio que vc não é apenas um ignorante.

    1. Se não fosse a verdadeira direita neste país que é formada apenas pelos maiores empresários honestos e cristãos de verdade e os Militares das Forças Armadas que amam este País de verdade, já estaríamos com o comunismo oficializado no poder com uma nova constituição.

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Comportamento

QUER VIVER SEM MEDO? A emoção é, na verdade, essencial para nos manter seguros, dizem novos estudos

PAVOR – Ponto de equilíbrio: é preciso ficar alerta às ameaças, mas não a ponto de abdicar de todas as experiências – //Shutterstock

Pupilas dilatadas, mãos suadas, sensação de frio na barriga. Essas são manifestações orgânicas típicas de medo — emoção que, apesar de rejeitada e associada à covardia, tem uma importância evolutiva que salvou nossa espécie da extinção. Trabalhos acadêmicos e um novo livro jogam agora luz sobre uma das mais sombrias reações humanas, suscitando debates entre cientistas. “Trata-se de um mecanismo de sobrevivência universal”, define a professora de psicologia Elizabeth Phelps, da Universidade de Nova York. Segundo a especialista, passamos boa parte da vida aprendendo a diferenciar o que representa ou não perigo. A psicóloga clínica Neuza Corassa, diretora do Centro de Psicologia Especializado em Medos, de Curitiba, afirma que o sentimento é, de fato, inerente à espécie humana, mas ressalta que cada indivíduo reage a sua maneira: “Alguns precisam de terapia para lidar com isso, outros, não. Na última década, aprendemos a respeitar os temores de cada um”.

Para além das fobias sociais, experimentos recentes comprovam que certas aversões nascem implantadas em nós, como um chip de computador, na forma de instinto. Tome-se, por exemplo, o pavor que muitas pessoas têm de aranhas e cobras. Um estudo conduzido pelas universidades de Leipzig, na Alemanha, e de Uppsala, na Suécia, chegou à conclusão de que até mesmo bebês apresentam uma reação de stress ao ver esses animais. Ou seja, mesmo sendo o primeiro contato, eles já sabem instintivamente o perigo que os bichos podem representar.

No livro The Nature of Fear: Survival Lessons from the Wild (A essência do medo: lições de sobrevivência da natureza, ainda sem edição brasileira), Daniel T. Blumstein, estudioso do comportamento animal, debruça-se sobre a história natural do medo, exemplificando, com casos da vida selvagem, como ele tem sido benéfico para todos os seres vivos, especialmente o homem. “É uma ferramenta que, acima de tudo, nos mantém seguros”, disse Blumstein a VEJA. “O mundo é um lugar perigoso, e cabe a nós lidarmos com esses riscos, já que eliminá-­los por completo é impossível.”

O medo tem papel fundamental na evolução humana, mas funciona melhor longe dos extremismos. O Homo sapiens, ao longo de milhares de anos, não teria escapado se partisse para cima de qualquer animal que encontrasse pela frente. E tampouco duraria se ficasse paralisado a ponto de não conseguir fugir quando necessário. O mesmo valeria no convívio com a própria espécie. Afinal, deixar o pavor atingir um nível debilitante poderia fazer com que um indivíduo se isolasse de seus pares, reduzindo sua capacidade de se proteger. Nenhum dos extremos permitiria que ele sobrevivesse por muito tempo.

Quando se fala em evolução, é preciso lembrar que a função biológica do ser vivo é justamente sobreviver, ao menos até se multiplicar, passando adiante as suas características por meio do DNA. No mundo animal, já foi comprovado que a habilidade de identificar as coisas a se temer é um traço que pode ser geneticamente herdado. Ou seja: o indivíduo perseverante passa a sua prole o recurso instintivo de discernir entre uma situação perigosa e uma situação normal — como contatou-se no experimento com os bebês. Assumindo que nem o exageradamente corajoso nem o excessivamente covarde teriam vivido o suficiente para gerar descendentes, conclui-se que nossos ancestrais foram aqueles que ficaram alertas em relação às ameaças, mas não a ponto de abdicar da vida. Nós seríamos, portanto, fruto desses indivíduos, medrosos apenas quando as situações, de fato, exigiam.

Graças ao componente social do ser humano, nosso rol de fobias costuma aumentar ao longo da vida. Um sintoma disso é que, em tempos de Covid-19, novos medos parecem aflorar de todos os lados. Na Austrália, relatos de avistamento de morcegos — primeiro animal relacionado à disseminação do novo coronavírus — cresceram de forma expressiva, não necessariamente porque mais morcegos começaram a aparecer, mas porque as pessoas passaram a enxergar nesse animal um perigo que antes não viam — temor que, por sinal, talvez nem se justifique. A história mostra que o pânico em algumas sociedades já levou várias espécies locais à extinção, causando danos irreparáveis ao meio ambiente.

Como então reagir adequadamente aos temores que, de um maneira ou de outra, estarão presentes na vida de todos? “Não há um número mágico quando o assunto é a medida certa do medo — tudo depende da circunstância”, responde Blumstein. “Se eu tivesse que deixar um recado para a sociedade sobre o tema, seria ligado à política: cuidado com o candidato que usa o medo para levá-los a votar nele. Se ele diz que é o único capaz de acabar com o risco, vote em outro. O risco não pode ser eliminado, só administrado.” Sábio conselho do escritor.

Publicado em VEJA de 21 de outubro de 2020, edição nº 2709

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Comportamento

TOC pode se agravar com medo de ficar doente imposto pela pandemia

FOTO: Freepik

A pandemia de covid-19 pode agravar o quadro de pessoas com TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), segundo o psiquiatra e doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP), Ivan Braun. “Como há maior risco de contaminação nesse período, a pessoa que tem o ritual de lavar as mãos pode realizá-lo ainda mais frequentemente. Além disso, todo o estresse causado pela pandemia, desde o medo de ficar doente até o receio de perder o emprego, pode provocar uma piora dos rituais, sejam eles quais forem”, afirma.

O psiquiatra afirma ainda que de, modo geral, situações de estresse podem desencadear o aparecimento de diversos transtornos psiquiátricos, mas que não há, por enquanto, evidências científicas de que pessoas sem TOC venham a desenvolver o transtorno em decorrência da pandemia. “Transtornos psiquiátricos pressupõe uma vulnerabilidade biológica, de modo que pessoas que venham a desenvolver TOC, mesmo na pandemia, possivelmente tinham algum grau de predisposição.”

Há cerca de quatro anos, Clara (nome fictício), 18, começou a desenvolver alguns hábitos incomuns. “Chegava atrasada nos lugares porque fazia questão de voltar duas, três vezes para garantir que tinha trancado a porta ou desligado o fogão, sendo que muitas vezes eu nem tinha usado o utensílio naquele dia”, conta. Após a consulta com um psiquiatra, ela descobriu ser portadora do transtorno.

O médico explica que o TOC se caracteriza por pensamentos de natureza desagradável que, apesar de reconhecidos como exagerados e até absurdos pelos pacientes, os levam a realizar os chamados “rituais”, que, momentaneamente, serviriam de alívio para eles.

No TOC, hábitos como os desenvolvidos por Clara são chamados “rituais de checagem”. “A pessoa sai de casa e aí vem à cabeça: ‘será que fechei a porta?’. Se você perguntar para ela, ela até sabe que fechou, mas a dúvida persiste. Aí ela volta, verifica, sai de novo e o pensamento reaparece”, explica o psiquiatra.

De forma geral, no entanto, os rituais podem se manifestar de muitas outras maneiras. “Podem ser públicos, ou seja, visíveis para outras pessoas, como lavar as mãos, andar para trás ou fazer algum gesto específico, ou podem ser rituais encobertos, nos quais o paciente tem que rezar ou ficar repetindo alguma coisa para si mesmo, por exemplo.”

Em decorrência da quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus, Clara afirma que, no caso dela, os rituais de checagem saíram de cena. Mas, devido ao medo de contrair covid-19, ela conta que tem lavado as mãos excessivamente.

“Sempre lavei as mãos muitas vezes por dia, pois achava que se não fizesse isso, poderia ficar doente. Antes da pandemia, eu conseguia parar e raciocinar: ‘eu não vou ficar doente, é só um pensamento.’ Agora não tem como. Na minha cabeça, se eu não lavar as mãos, vou morrer”, afirma.

O especialista explica que não existe, necessariamente, uma relação de causa e efeito entre atravessar uma pandemia e desenvolver outros rituais. “Tanto em situações de pandemia quanto em situações ‘normais’, os rituais podem variar ao longo da vida. A pessoa pode melhorar de uma coisa e piorar de outra. Mas não é uma regra. Eu tenho pacientes que durante o período de pandemia, pelo fato de não estarem se expondo a determinadas situações, apresentaram uma melhora do quadro. Isso é muito subjetivo.”

Devido à piora do quadro, Clara afirma que se consultou com seu psiquiatra, que aumentou a dosagem do remédio. Braun ressalta que se o paciente sentir que está piorando, a recomendação é que procure um profissional para uma nova avaliação. “Se a pessoa tem uma piora de um dia é uma coisa, se ela tem uma piora de um mês é outra. Cada situação precisa ser analisada individualmente.”

Segundo o psiquiatra, em princípio, o TOC pode ser tratado exclusivamente com terapia comportamental, mas pode ser também associado a medicamentos antidepressivos e ansiolíticos. “O TOC tem dois componentes: o biológico, no qual o medicamento atua, que é como o cérebro do paciente funciona, e o de aprendizado. O ato de realizar ou não realizar os rituais é um mecanismo de aprendizado. A terapia força a pessoa a não realizar os rituais, mesmo que venham os pensamentos obsessivos, então é como se você criasse um aprendizado para o seu organismo de que esse pensamento não representa nenhum perigo, e com isso, os pensamentos vão enfraquecendo.”

No artigo “Why the OCD Community Holds the Key to Coping with covid-19 Anxiety” (em tradução livre para o português, “Por que a comunidade portadora de TOC detém a chave para lidar com a ansiedade da covid-19”), publicada em 24 de março no site da International Obsessive-Compulsive Disorder Foundation (IOCDF), a fundação afirma que, embora os pacientes com transtornos de ansiedade (sobretudo TOC) que não estejam em tratamento tendam a lidar pior com a pandemia, “há os que gerenciam o TOC com sucesso para aprender habilidades eficazes para lidar com a ansiedade e manter a saúde mental” durante esse período.

O médico concorda. “É válido estimular os pacientes a se utilizarem do aprendizado que tiveram ao longo do tratamento do TOC para lidar com as incertezas da pandemia. A incerteza é um dos focos do tratamento comportamental. O paciente é orientado a não verificar por diversas vezes se trancou a porta, e com isso, ele aprende a lidar com essa dúvida.”

Clara, no entanto, não acredita que os aprendizados adquiridos durante o tratamento estejam a ajudando a lidar melhor com a pandemia. “Não vejo dessa forma. Minha ansiedade aumentou muito.”

Ela faz terapia uma vez por semana. As sessões, que antes eram realizadas presencialmente, agora estão sendo feitas por chamada de vídeo. “No começo foi meio estranho, porque quando você está em casa, você não quer muito compromisso. Mas, no final das contas, acabei me acostumando e agora estou gostando até mais.”

R7

 

Opinião dos leitores

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Saúde

“EMERGÊNCIAS DESAPARECERAM”: Assim como fora do país, pacientes com câncer e cardíacos deixam de buscar atendimento por medo da Covid-19, alertam médicos

Internações hospitalares com doença associada por país — Foto: Carolina Dantas/G1

O medo de ir ao hospital devido ao coronavírus Sars CoV-2 está afetando o tratamento de pacientes cardíacos e com câncer. A comunidade médica aponta números: houve alta no número de mortes por ataque cardíaco em casa em Nova York e, em São Paulo, uma queda de 45% nos atendimentos do Instituto do Coração (Incor).

Dados da da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, com base em registros próprios, apontam a mesma tendência: uma queda de 50% nos atendimentos a pacientes com infarto em comparação com o mesmo mês em 2019.

Os médicos alertam que é consenso científico que o isolamento social reduz a disseminação do coronavírus. Entretanto, o grupo mais vulnerável à Covid-19 (pacientes cardíacos, com câncer, diabéticos, imunodeprimidos, entre outros) não pode deixar de lado o cuidado com doenças já existentes.

Decisão compartilhada

O oncologista Paulo Hoff, diretor-geral do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), não indica o relaxamento nas medidas de isolamento. Mas alerta que, dependendo do tipo e do estágio do câncer, há mais risco de morrer ao deixar o tratamento do que ao ser infectado pelo coronavírus.

Os pacientes com câncer, de acordo com o oncologista, geralmente se enquadram em mais de uma comorbidade com risco maior para o coronavírus. São frequentemente idosos, que podem ter câncer, problemas do coração e diabetes ao mesmo tempo.

“Além disso, 30% dos tumores estão associados ao uso prévio do tabaco e esses pacientes também costumam somar problemas pulmonares e cardíacos. É uma população com muitos fatores de risco”, explica Hoff.

Hoff, no entanto, disse que há uma resistência dos pacientes em continuar o tratamento contra o tumor por medo de sair de casa. Ele explica que, em tipos mais leves, é possível remarcar as consultas, cirurgias e a quimioterapia, mas existem situações e estágios em que a interrupção do tratamento tem um risco maior de vida do que pegar o coronavírus.

“Muitos tumores não esperam o final da pandemia para fazer a evolução”, disse. O médico diz que pacientes com tumores de progressão rápida e em processo de cura precisam continuar as consultas e o acompanhamento. É importante comparecer ao hospital com no máximo um acompanhante e, se possível, ir sozinho.

Quem já está na fase pós-tratamento ou tem um tumor com progressão mais lenta pode tentar remarcar as idas ao hospital ou médico. Então, qual é o primeiro passo para uma pessoa com câncer? De acordo com Hoff, consultar o médico para ver a solução para o caso individualmente.

“A recomendação é que o paciente não tome a decisão sozinho. Por isso, acho que as consultas por vídeo são extremamente importantes. Para o tratamento em si não é possível, mas para acompanhamento e aconselhamento, sim”. – Paulo Hoff, diretor-geral do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo

Isolamento responsável

Em Nova York, o número de mortes em casa por infarto aumentou 8 vezes, de acordo com levantamento feito pela comunidade de cardiologistas “Anglioplast.org”. São pessoas que ligaram para o Corpo de Bombeiros, mas não puderam ser reanimadas. Uma das hipóteses é que os pacientes estão com medo de sair de casa quando começam a apresentar os sintomas no coração por medo do vírus, e assim a situação se agrava.

Em texto publicado no “The New York Times”, Harlan Krumholz, professor e diretor do Yale New Haven Hospital, diz que os “hospitais estão assustadoramente silenciosos, exceto pela Covid-19”.

“O que é surpreendente é que muitas emergências desapareceram. As equipes de ataque cardíaco e derrame, sempre preparadas para entrar em ação e salvar vidas, estão praticamente inativas. Isto não acontece apenas em meu hospital”, escreveu.

Diretor da divisão de Cardiologia Clínica do Instituto do Coração (InCor), o cardiologista Roberto Kalil afirma que os atendimentos em São Paulo também reduziram em comparação com o ano passado. Em levantamento feito a pedido do G1, ele mostra uma média de 25 pacientes por mês com infarto no instituto em 2019.

Média de atendimentos por infarto de pacientes/mês do Incor de infarto em 2019: 25

Atendimentos de pacientes com infarto em março de 2019: 31

Atendimentos de pacientes com infarto em março de 2020: 16

Redução de 45% na comparação entre os dois meses

De acordo com o diretor do instituto, o atendimento nas primeiras duas semanas de abril continua mais baixo: foram 8 pacientes.

“Tem que ficar em isolamento, mas é o que eu chamo de isolamento responsável. A pessoa que está infartando em casa tem muito mais risco de morrer”, disse Kalil.

Há 29 anos no Incor, Paulo Soares é diretor do pronto-socorro há 1 ano e meio, mas já passou em diversos outros momentos no setor de emergência de doenças cardíacas. Ele diz que nunca viu uma redução no atendimento como a vista durante esta pandemia.

“Não tenho nenhuma dúvida de que há uma redução nos atendimentos. Desde que começou o período de quarentena, tivemos uma redução de pacientes com diversos problemas cardíacos. Isso está descrito em vários lugares do mundo onde tem a pandemia. As pessoas têm medo e acabam segurando sem saber quando precisam sair”, disse Soares.

O médico é a favor de todas as políticas de combate ao coronavírus: isolamento social, uso da máscara, evitar tocar o rosto, lavar as mãos. Ele pontua, no entanto, que alguns sintomas são mais urgentes e os pacientes precisam correr para o hospital, mesmo com o risco de pegar o Sars-CoV-2.

Sinais de infarto: dor no peito, falta de ar, suor excessivo em repouso, desmaio e até perda de consciência

Sintomas das arritmias: palpitações, coração acelerado, dor no peito

G1

 

Opinião dos leitores

  1. Diante desse quadro, um governo responsável e com dever social, deveria ter um esquema de atendimento domiciliar. Isso é justificável, haja vista os profissionais de saúde estarem em suas unidades relativamente ociosos, e nesse atípico emergencial, e de rico de contágio, poderiam montar um atendimento domiciliar a esses pacientes que precisam de atendimento continuado, dessa forma, diminuindo os riscos de evoluções dessas doenças.

    1. Boa Luis, como posso levar uma parelho de tomografia ou um aparelho de rádio terapia pra sua casa?

    2. Grande ideia pensador Luis, mas explica como poderia a classe hospitalar fazer exames em casa?
      Qual o problema de ir aos hospitais QUE ESTÃO VAZIOS?
      O Fato é que se fizerem tudo será pouco, se resolverem o caos, não será aceito, só existe um objetivo com essa situação, tirar o governo, o resto é consequência que o povo vai pagar, e será muito pior se o preço for o mesmo que os cubanos e venezuelanos estão pagando.

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Saúde

Medo do coronavírus pode causar transtornos psicológicos: de reações de pânico, ansiedade a outras patologias

Foto: Divulgação

Manter-se sereno dentro do turbilhão de informações e emoções que envolvem a pandemia do novo coronavírus está sendo um desafio intenso para a população mundial. Ficar isolado do convívio social por prazo indeterminado enquanto as informações chegam ao redor como uma avalanche – a maioria delas negativas, diga-se de passagem – está mexendo com as estruturas psicológicas de muita gente. É por isso que especialistas estão alertando para as consequências graves à saúde que o momento impõe, independentemente de contrair ou não o novo coronavírus.

Segundo o filósofo, psicanalista e especialista em estudos da mente humana Fabiano de Abreu, “o pânico cria realidades alternativas que dificultam a racionalidade e, embora não estejamos por enquanto a viver uma situação de pânico generalizado, essa situação pode vir a acontecer. Tal cenário pode resultar em efeitos adversos tanto num modo global quanto de um modo muito pessoal”.

Ele aponta que o cenário atual pode ser, por exemplo, um gatilho para desencadear transtornos importantes. “Por essa razão, a síndrome do pânico será uma doença que irá afetar muitas pessoas dada a realidade atual. A ideia de isolamento causa transtorno e mais ainda se nós depararmos com a incerteza de quando terminará.”

Crises de choro, de pânico, taquicardia, dor de barriga, calafrios… São muitos os sinais que o corpo dá como resposta ao estresse. E são muitos os relatos atuais de pessoas que estão vivendo esses sintomas. A psicóloga Nathalia Millet explica que para considerar tais reações como transtornos elas têm que se repetir e afetar o sujeito de forma que ele não tenha vida normal. “Quando você escuta o nome do que afeta, você fica angustiado, os pensamentos não param, principalmente os catastróficos, e você começa a passar mal, sem conseguir controlar, tem algo errado aí. Mas quando você vê, escuta, pensa e quando mudam de assunto você fica bem, não te afeta, então está tudo certo”, diz ela, listando os tipos de transtornos que a não administração de um estresse desse nível pode acarretar. “Transtornos de ansiedade, estresse pós-traumático, depressão, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno do pânico, fobias sociais…”, elenca.

A forma como cada um responderá perante esta situação está relacionada com a personalidade e percurso de vida como nos explica Fabiano. “Cada um tem o comportamento reflexivo de acordo com a sua personalidade, resultado da sua história de vida, experiências e nuances psicológicas. Existirão pessoas que quando confrontadas com algo alarmante o seu nível de fobia e pânico é tal que chegam mesmo a experienciar sintomas físicos de doenças. Pessoas que tendem a ficar com náuseas mesmo sem chegar ao vômito, que sentem dormência nos membros, dificuldade de locomoção, formigueiro, entre outras. Convém relembrar que mesmo que os sintomas não estejam relacionados com uma doença mais séria e concreta eles estão de facto a acontecer naquele indivíduo. É o pânico a tomar conta dele, a ganhar terreno à racionalidade. Já estou a receber inúmeros casos de pessoas que chegaram a desmaiar nesta semana.”

O Centro de Valorização à Vida (CVV) também já registra aumento na procura por auxílio relacionado ao tema. Segundo o voluntário Roberto Maia, das dez ligações recebidas por ele em seu último plantão, nove citaram temores pelo coronavírus. Os voluntários, mais de quatro mil em todo o País, receberam instruções para enfrentar esse momento. No Recife, são cerca de 70 pessoas que se revezam em turnos de cinco horas para atender as ligações. Quem precisar do auxílio, pode discar o número 188, gratuito em telefones fixos e móveis.

Para ajudar a manter o equilíbrio, Nathalia indica preencher o dia com atividades. “O ideal seria fazer uma rotina diária, pegar uma folhinha anotar de segunda a sexta, manhã, tarde e noite. E desenvolver atividades diárias, leituras leves, arrumar a casa, o guarda-roupa, assistir séries, filmes, se tiver crianças e adolescentes em casa fazer atividades lúdicas com eles e colocá-los para ajudar em casa também. E não esquecer de colocar estudos para eles também. Trabalhos manuais também ajudam.” Ela faz um alerta ainda para o volume constante de notícias, o que pode ser prejudicial se não houver um filtro. A questão das redes sociais está muito complicada, a quantidade de fake news são absurdas. Então, se quer ter notícias, pesquisa fontes seguras, de jornais e revistas sérias, blogs e Instagrams também. Não se deixa influenciar pelos grupos e pelo desespero e angústia do outro. Vejo as redes sociais como um excelente meio de ajuda, mas as pessoas que usam precisam ter uma maturidade e um bom senso”, ressalta.

Terapia virtual

Para quem faz acompanhamento psicológico, os atendimentos online são uma forma de não interromper esse essencial suporte. O Conselho Federal de Psicologia já autoriza esse modelo de atendimento há algum tempo, mediante liberação do órgão para aqueles profissionais que têm interesse em ofertar o serviço. Nathalia fez a sua solicitação e aguarda o aval para poder dar suporte aos seus pacientes mesmo sem tempos de afastamento físico. “É algo novo, mas necessário, e sempre deixando claro ao paciente o sigilo, que é um dos pontos mais impactantes da função do psicólogo. Fora isso, buscar atender em um espaço silencioso, sigiloso e com uma boa internet”, explica a psicóloga.

Folha de Pernambuco

 

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Diversos

Medo do coronavírus adia shows, cancela gravações e altera rota de artistas pelo mundo

Grupo BTS. Foto: AMY SUSSMAN / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP

Desde o início desse ano, o novo coronavírus assombra países do mundo todo. O cotidiano nas cidades foi alterado e a economia sofreu um baque. Da mesma forma, a cultura também foi contaminada.

Artistas e produtores estão alterando suas rotas para evitar o avanço do Covid-19 – a doença causada pela nova forma do vírus.

Na Coreia do Sul, enquanto a população vibrava pela vitória de “Parasita” no Oscar, também assistia à multiplicação dos casos de pessoas doentes.

O país já registrou mais 5 mil casos da doença, 31 pessoas morreram. O governo tem pedido à população que evite aglomerações e permaneça em casa diante de sintomas como febre ou dificuldades respiratórias.

O próprio diretor de “Parasita”, Bong Joon-ho, recebido como heroi pelos sul-coreanos após a vitória no Oscar, falou sobre a epidemia ao chegar ao aeroporto de Incheon.

“Obrigado pelos aplausos, gostaria de enviar aplausos de volta a vocês por lidarem tão bem com o coronavírus”, disse Bong. “Vou me juntar aos esforços para superar o corona lavando minhas mãos cuidadosamente.”

Fãs de k-pop, a música pop sul-coreana que é fenômeno mundial, ficaram preocupados com um alerta do grupo BTS.

Os membros pediram aos próprios fãs pra não aparecerem em apresentações que eles iam fazer em programas de TV.

Os shows foram mantidos, mas sem plateia nos estúdios e com toda a comunicação com jornalistas e fãs feita por videoconferência.

As emissoras de TV sul-coreanas, que muitas vezes convidam os fãs pra verem de perto os astro do k-pop nos programas, estão deixando de fazer isso desde janeiro e optando por apresentações gravadas.

Outros grupos de k-pop preferiram adiar shows que já estavam marcados. O Got7, por exemplo, estava com ingressos esgotados pra duas apresentações na Tailândia em fevereiro, mas transferiu os shows pra maio.

A banda Green Day também anunciou o cancelamento de sua turnê na Ásia por causa da preocupação com o vírus.

Impacto no cinema

O medo do coronavírus também infectou o cinema. O medo do contágio derrubou as bilheterias sul-coreanas em fevereiro.

Na Itália, as filmagens do novo filme “Missão Impossível” foram interrompidas. O país é o maior foco do Covid-19 na Europa.

Os planos de rodar cenas em Veneza foram suspensos, sem previsão de uma nova data para a gravação. A imprensa internacional diz que Tom Cruise, astro de “Missão Impossível”, não tava no país, e que o restante da equipe de produção foi mandado para casa.

Em Veneza, as autoridades interromperam até o carnaval, que também é tradicional por lá – as pessoas saem às ruas fantasiadas. Os dois últimos dias da festa foram cancelados.

Mercado de luxo preocupado

Na moda, a explosão do coronavírus na Itália coincidiu com a Semana de Moda de Milão, uma das mais importantes do mercado. Isso levou ao cancelamento de vários eventos e desfiles.

A Armani, uma das grifes mais aguardadas do evento, desistiu de fazer um desfile público e filmou modelos desfilando num teatro vazio.

As marcas do mercado de luxo já estão falando na previsão de um ano complicado.

Isso porque a China, que tem o maior número de casos de coronavírus, representa boa parte do faturamento dessas empresas. E, lá, por causa da epidemia, várias lojas tiveram o horário de funcionamento reduzido ou até foram fechadas.

No Brasil, dois casos de Covid-19 foram confirmados. Os infectados são brasileiros que estiveram recentemente na Itália. Eles estão em isolamento domiciliar.

A Organização Mundial da Saúde já afirmou que não há motivo para pânico por causa da doença. O que dá para fazer é se proteger. Lavar as mãos é uma das principais formas de prevenção.

G1

 

Opinião dos leitores

  1. Fizeram certo.
    Aqui no BRASIL, mesmo com o vírus Corona chegando diariamente nos aeroportos, desde janeiro, o governo federal nada fez para impedir as multidões que brincavam o carnaval. Só no show de Anita, depois do carnaval havia 370 mil pessoas. A conta vai chegar. E a dona foice vai ter muito trabalho. Parabéns ao poder público !

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Diversos

Boato de arrastões em trecho no litoral norte provoca caos, medo e diversos veículos parados a partir da entrada da praia de Muriú

Um boato de arrastões em trecho da BR-101 norte provocou um verdadeiro caos na noite dessa terça-feira(01), que se estendeu a partir da Praia de Muriú.

A notícia que circulava era de uma série de ações criminosas a partir da entrada de Pitangui.

Com a velocidade “super sônica das redes sociais”, com direito a vídeos, quem voltava de Barra de Maxaranguape, Muriú ou Jacumã, acabou em sua maioria parando nas imediações da entrada da praia de Muriú.

No local, aflição, medo e incertezas até um posicionamento oficial de autoridades policiais. Em decorrência, para chegada em Natal, o motorista teve que enfrentar um congestionamento de 1h30.

 Reprodução: Redes sociais

Opinião dos leitores

  1. Infelizmente dezenas de pessoas tiveram que ficar no posto pois a insegurança é um fato concreto e ninguém quer arriscar a integridade da sua família

  2. Preocupante: um BOATO de arrastão faz mais efeito na população, que uma PROMESSA de transferência de recurso para segurança.

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Diversos

Casais muito ligados conseguem sentir o cheiro de felicidade, medo e até excitação sexual no suor um do outro

Foto: Ilustrativa

Os resultados de um estudo conduzido pela psicóloga Denise Chen na Rice University, em Houston (EUA), mostram que casais muito ligados conseguem sentir o cheiro de felicidade, medo e até excitação sexual no suor um do outro. Bacana, né?

Para fazer o experimento, a doutora Chen e seus colegas escolheram 20 casais (todos heterossexuais) que viviam juntos por entre um e sete anos. Enquanto os voluntários assistiam a vídeos que induziam diferentes emoções (ou nenhuma emoção), almofadinhas estrategicamente colocadas embaixo de seus braços coletavam o suor que eles produziam.

Coletado todo o suor, os participantes tiveram que cheirar quatro recipientes. Na primeira fase, por exemplo, um deles continha o suor do parceiro no momento em que ele estava feliz; os outros três, suor de gente estranha do sexo oposto, em momento neutro.

Aí vinha a pergunta: “e aí, qual desses é o suor feliz?”. E assim foi também com as outras emoções.

Em 70% do tempo, os participantes identificaram o sentimento no suor dos parceiros de primeira. E os casais que viviam juntos há mais tempo foram os que se saíram melhor. Já na hora de identificar o sentimento no suor de estranhos, o sucesso caiu para menos de 50%.

O porém é que, apesar de identificarem o que o parceiro sentia pelo cheio do suor, ninguém soube apontar que aquele suor pertencia, de fato, à sua cara-metade. Ou seja: a gente até sabe, mas não sabe que sabe.

Super Interessante

 

Opinião dos leitores

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Esporte

CBF: Com medo, José Maria Marin faz apelo à Portuguesa

ÍndiceO presidente da CBF, José Maria Marin, começa a apelar à diretoria da Portuguesa que não entre na Justiça comum e não incentive torcedores/consumidores a fazê-lo caso o clube perca recurso que será julgado no próximo 27, ainda no âmbito da Justiça Desportiva.

O temor é que o caso, parando na Justiça comum, atrapalhe o campeonato do ano que vem e ganhe repercussões internacionais, inclusive por possível punição da Fifa, bem no ano da Copa do Mundo no Brasil.

Não é o único temor. O outro é de que atrapalhe a candidatura de Marco Polo Del Nero, que quer suceder Marin vencendo as eleições de abril na CBF.

A situação ficou ainda mais complicada para a entidade já que o BID (Boletim Informativo Diário) da CBF informava que o meia Héverton tinha condições de jogo contra o Grêmio e não estava suspenso. A alteração no boletim, comunicando da suspensão, só foi feita segunda-feira, um dia após a partida, quando o clube também foi notificado oficialmente de que o atleta não poderia jogar.

Na Portuguesa é dado como certo que na esfera esportiva o clube sofrerá novo revés e a partir daí torcedores/consumidores, inclusive de outros clubes, entrarão na Justiça comum, acionando a própria CBF como organizadora do campeonato e também por não ter atualizado o BID a tempo. Fora que a notificação oficial, repito, só foi feita segunda-feira, quando a competição já tinha encerrado.

Com ou sem BID, CBF e STJD deveriam entrar no século 21 e informar todas as partes, inclusive árbitros e delegados de jogos, quem tem condições de jogo ou não. Não é difícil. Basta disponibilizar a informação no site oficial.

Que a Fifa não vai punir o Brasil, certamente não vai, entrando torcedores ou não na Justiça comum. Até porque a Copa do ano que vem já vem lhe rendendo dores de cabeça suficientes para ter que encarar novo imbróglio nos bastidores. Mas que o imbróglio ainda deve durar muito tempo, deve.

Lancenet

Opinião dos leitores

  1. Espero que entrem e paralisem esse campeonato, pra mim perdeu o pouco do brilho que ainda tinha. Se esse caso da Portuguesa fosse contra um Sao Paulo, Corinthians, Palmeiras, não daria em nada. Como foi contra a "fraca" Portuguesa….

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Saúde

Pesquisadores descobrem como eliminar do cérebro o sentimento de medo

Pesquisadores da Universidade de Uppsala, na Suécia, descobriram que é possível eliminar do cérebro o medo. E o método é relativamente simples.

Tomas Ågren, doutorando no Departamento de Psicologia – supervisionado pelos professores Mats Fredrikson e Tomas Furmark – mostrou como isso é feito.

Quando uma pessoa aprende algo, uma memória de curto prazo é criada com ajuda de um processo de consolidação, que é baseado na formação de proteínas. Ao lembrar daquilo, a memória se torna instável por um tempo e só volta ao normal após outro processo de consolidação.

Isso significa que não nos lembramos do que aconteceu originalmente, mas sim da última vez em que havíamos lembrado daquilo. Portanto, interrompendo a reconsolidação após a lembrança, pode-se afetar o conteúdo da memória.

No estudo, pesquisadores mostraram imagens neutras a candidatos e simultaneamente aplicavam cargas elétricas, associando a imagem ao medo da dor. Para ativar essa percepção, a imagem era mostrada sem a carga.

Em um grupo experimental, o processo de reconsolidação foi interrompido com ajuda de uma apresentação repetida da mesma imagem. Neste grupo, o medo associado àquilo desapareceu.

Fonte: Olhar Digital

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Jornalismo

O medo de uma CPI da ‘tia do PAC’ e do Governo do PT

Mal mergulhara na CPI do Cachoeira, o petismo se deu conta de que colocara para andar uma iniciativa de dois gumes. Na ânsia de jantar os ossos da oposição, levara à mesa um banquete que incluía a Delta e todo o etcétera que vem junto com ela. Em seu artigo desta quarta (18), o repórter Elio Gaspari traz, mastigados, os riscos. Disponível aqui, em plataforma aberta, o texto vai reproduzido abaixo:

Materializou-se um pesadelo do comissariado petista. Foi ao ar o grampo em que o empresário Fernando Cavendish, dono da empreiteira, Delta diz que ‘se eu botar 30 milhões [de reais] na mão de um político, eu sou convidado para coisa para c….. Pode ter certeza disso, te garanto’.

A versão impressa dessa conversa surgiu em maio passado, numa reportagem da revista ‘Veja’. Ela descrevia uma briga de empresários, na qual dois deles, sócios da Sygma Engenharia, desentenderam-se com Cavendish e acusavam-no de ter contratado os serviços da JD Consultoria, do ex-ministro José Dirceu, para aproximar-se do poder petista. A conta foi de R$ 20 mil.

À época, o senador Demóstenes Torres, hoje documentadamente vinculado a Carlinhos Cachoeira, informou que proporia uma ação conjunta da oposição para ouvir os três empreiteiros. Deu em nada, como em nada deram inúmeras iniciativas semelhantes. Se houve o dedo de Cachoeira na denúncia dos empresários, não se sabe.

Diante do áudio, a Delta diz que tudo não passou de uma ‘bravata’ de Cavendish. O doutor, contudo, mostrou que sabe se relacionar com o poder. Tem 22 mil funcionários e negócios com obras e serviços públicos em 23 Estados e na capital.

No Rio de Janeiro, participa do consórcio da reforma do Maracanã. Seu diretor regional de Goiás era interlocutor frequente de Carlinhos Cachoeira. Na última eleição, Cavendish botou R$ 1,1 milhão no cofre do Comitê Nacional do PT e R$ 1,1 milhão no PMDB. Em ambos os casos as doações foram legais.

Em apenas 15 meses, durante o segundo mandato de Sérgio Cabral, de quem Cavendish é amigo pessoal, a Delta conseguiu contratos no valor de R$ 1,49 bilhão, R$ 148 milhões sem licitações. Suas contas com o PAC chegam a R$ 3,6 bilhões.

Talvez o comissariado petista pensasse que o grampo de 2009 seria sepultado. Seu erro foi, e continua sendo, acreditar que pode empurrar esse tipo de conta para mais tarde. Se o comissário Ruy Falcão acreditou que a CPI em torno das atividades de Carlinhos Cachoeira exporia a ‘farsa do mensalão’ (rótulo criado por Lula), enganou-se.

O PT tem um encontro marcado com as malfeitorias de seu comissariado. Desde 2004, quando apareceu o primeiro grampo de Cachoeira, no qual ele corrompia um servidor que se tornaria subchefe da Casa Civil, a questão é simples: corta na carne ou continua a contaminar o organismo.

O que o comissariado vem fazendo é mostrar-se poderoso o suficiente para dobrar as apostas. Tamanha é sua onipotência que há nele quem creia ser possível contaminar ministros do Supremo Tribunal Federal.

Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo e ex-ministro de Lula, condena a possibilidade de o ministro José Dias Toffoli vir a se declarar impedido de julgar o mensalão, mesmo tendo sido assessor do PT, da Casa Civil de José Dirceu e advogado-geral da União de Lula. Nas suas palavras: ‘Ele não tem esse direito’. (O ministro Ricardo Lewandowski, em cuja mesa está o processo do mensalão, pertence a uma próspera família de São Bernardo, em cuja Faculdade de Direito diplomou-se.)

Passaram-se sete anos do surgimento da palavra ‘mensalão’ e o PT continua adiando a hora da faxina. Na semana passada, os comissários flertaram com a ideia da criação de uma CPI que supunham letal para a oposição. Em poucos dias, descobriram que estavam enganados.

Fonte: Josias de Souza

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Polícia

Assaltos, tiroteio e pânico na praia de Pirangi

Há poucos instantes um homem moreno forte armado levou medo e pânico aos veranistas que aproveitam a Praia de Pirangi.

O homem ainda não identificado estava com uma arma de fogo realizando vários assaltos na praia. Em uma das ações, um casal reagiu e alertou outros veranistas sobre o assalto. Com isso, ele fugiu atirando em direção a antigo prédio da Secretaria de Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed). Vários veranistas correram desesperados para não serem atingidos pelos disparos.

Policiais que estão reforçando a segurança na praia, dentro da Operação Verão, viram a última ação e tentaram prender o rapaz, mas ele terminou reagindo e uma troca de tiros foi iniciada.

O homem fugiu, mas a polícia saiu na cola, em perseguição. Nesse momento, policiais estão dentro da área de mata da praia a procura do homem moreno.

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Jornalismo

Alunos liberados e festa cancelada devido aos problemas de segurança de ontem

Tribuna do Norte

A série de atentados mudou a rotina das pessoas que tinham de se deslocar de transporte coletivo, à noite, principalmente dos estudantes, como os da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) que liberou os alunos a partir das 20 horas. Das pessoas nas estações de embarque àqueles que seguiam viagem em algum ônibus, os relatos era de que os sucessivos ataques causaram tensão.

 

aldair dantasPor decisão dos motoristas, parte da frota de ônibus foi recolhida no início da noite. Paradas das principais vias ficaram lotadas

Alguns pediram aos professores para serem liberados justamente por causa disso”, afirmou a estudante de Engenharia de Alimentos, Renata dos Santos. Os episódios ocorridos à tarde e a continuidade à noite esvaziou o Campus central da UFRN de tal forma que, por volta das 22h, havia poucos estudantes aguardando transporte.

Tiago Galdino da Silva reside no município de Boa Saúde e faz um curso profissionalizante em Natal, na avenida Antônio Basílio, zona sul da capital. “A gente ficou com medo de ser pego numa situação constrangedora dessa e pedimos para sair mais cedo”.

(mais…)

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