Judiciário

Lava Jato denuncia Palocci por corrupção e lavagem de dinheiro

Palocci-former-finance-REUTERS-Rodolfo-Buhrer-609x350Foto: Rodolfo Buhrer/Reuters

O Ministério Público Federal no Paraná denunciou nesta sexta-feira, 28, o ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda/Casa Civil – Governos Lula e Dilma) por corrupção e lavagem de dinheiro. Também foram acusados Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci, o empreiteiro Marcelo Odebrecht e outros 12 investigados por corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro relacionados à obtenção, pela Odebrecht, de contratos de afretamento de sondas com a Petrobrás.

A denúncia foi entregue ao juiz federal Sérgio Moro. Palocci e outros viram réus se o juiz receber a denúncia.

Palocci foi preso na Operação Omertà, 35ª fase da Lava Jato, em 26 de setembro.

A Omertà identificou que, entre 2006 e 2015, o ex-ministro ‘estabeleceu com altos executivos da Odebrecht um amplo e permanente esquema de corrupção destinado a assegurar o atendimento aos interesses do grupo empresarial na alta cúpula do governo federal’.

Neste esquema, segundo a denúncia, ‘a interferência de Palocci se dava mediante o pagamento de propina, destinada majoritariamente ao Partido dos Trabalhadores (PT)’.

A Procuradoria sustenta ainda que Palocci atuou ’em favor dos interesses do Grupo Odebrecht no exercício dos cargos de deputado federal, ministro da Casa Civil e membro do Conselho de Administração da Petrobrás’.

“Interferiu para que o edital de licitação lançado pela estatal petrolífera e destinado à contratação de 21 sondas fosse formulado e publicado de forma a garantir que o grupo não apenas obtivesse os contratos com a Petrobrás, mas que também firmasse tais contratos com a margem de lucro pretendida”, diz a denúncia.

De acordo com a acusação, Palocci teria consultado Marcelo Odebrecht antes da publicação do edital para se certificar se a licitação efetivamente se adequaria aos interesses da empreiteira.

Para os procuradores, o codinome ‘Italiano’ em planilhas de propina da Odebrecht é Antonio Palocci.

“Durante o período em que (Palocci) interferiu nas mais altas decisões da administração federal, os valores relativos aos créditos de propina destinados a Palocci foram contabilizados pela Odebrecht em um planilha denominada “Programa Especial Italiano”, na qual eram registrados tanto os créditos de propina quanto as efetivas entregas dos recursos ilícitos relacionados à atuação do ex-ministro”, sustenta a força-tarefa da Lava Jato.

Dentre os créditos de propina contabilizados em favor de Palocci nessa planilha, segundo a a denúncia, mais de US$ 10 milhões foram repassados, por determinação do ex-ministro, aos publicitários Monica Moura e João Santana – marqueteiros das campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma (2010/2014) – para quitar dívidas do PT com os marqueteiros.

“Identificou-se que, com o intuito de dissimular e ocultar o pagamento ilícito, os valores foram repassados mediante a realização de 19 transferências entre contas não declaradas, mantidas no exterior pela Odebrecht e pelos publicitários”, aponta a denúncia.

Na mesma denúncia, foram também acusados o ex-diretor de Serviços da Petrobrás, Renato Duque, o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, João Vaccari Neto, os ex-funcionários da Sete Brasil, João Ferraz e Eduardo Musa e o executivo da Odebrecht, Rogério Araújo devido aos crimes de corrupção ativa e passiva praticados para que a Odebrecht obtivesse, por intermédio da Sete Brasil, a contratação de seis sondas com a Petrobras.

De acordo com os procuradores, ao implementarem a Sete Brasil, Renato Duque, Pedro Barusco, João Vaccari e João Ferraz, com o apoio e participação de Antônio Palocci, ‘estenderam para os contratos firmados pela empresa o mesmo esquema de corrupção que já era operado na Diretoria de Serviços da Petrobrás’.

Pedro Barusco, João Ferraz e Eduardo Musa, delatores da Lava Jato, revelaram que, para a celebração dos contratos para afretamento de sondas por intermédio da Sete Brasil, assim como ocorria no âmbito da Diretoria de Serviços, foi pactuado com os estaleiros o pagamento de propina no valor de 0,9% dos contratos.

A denúncia afirma que no esquema 2/3 do valor da propina eram direcionados ao PT, sob coordenação de Vaccari, e 1/3 era dividido entre Duque e os então funcionários da Sete Brasil – Ferraz, Musa e Pedro Barusco. A Odebrecht, uma das proprietárias do Estaleiro Enseada do Paraguaçu, fez parte do acerto de propina, tendo pactuado o pagamento dos valores ilícitos para a celebração de seis contratos de afretamento de sondas realizados por intermédio da Sete Brasil.

Foram ainda denunciados os funcionários da Odebrecht, Hilberto Silva, Fernado Migliaccio e Luiz Eduardo Soares e os operadores financeiros Marcelo Rodrigues e Olívio Rodrigues, ‘por terem contribuído para a lavagem de dinheiro nas operações financeiras destinadas a transferir, entre contas não declaradas no exterior, os valores ilícitos em favor de Mônica Moura e João Santana’. O casal de publicitários também foi denunciado por lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

Na denúncia, a fim de assegurar o ressarcimento do dano causado e ‘evitar que os acusados usufruam dos valores obtidos com a prática dos crimes’, o Ministério Publico Federal também requereu a decretação do perdimento do produto e proveito dos crimes em valor equivalente a, pelo menos, R$ 284.696.735,92 e o arbitramento do dano mínimo, a ser revertido em favor da Petrobrás, no montante de R$ 505.172.933,10.

Fausto Macedo, Estadão

 

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Finanças

Lula é denunciado na Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro

lula-EFE-sebastiao-Moreira-525x350Foto: Sebastião Moreira/EFE

A Operação Lava Jato denunciou formalmente nesta quarta-feira, 14, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ex-primeira dama Marisa Letícia, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, o empresário Léo Pinheiro, da OAS, dois funcionários da empreiteira e outros dois investigados. Todos foram denunciados no caso Tríplex no Guarujá (SP).

Lula recebeu “benesses” da empreiteira OAS – uma das líderes do cartel que pagava propinas na Petrobrás – em obras de reforma no apartamento 164-A do Edifício Solaris. O prédio foi construído pela Bancoop (cooperativa habitacional do sindicato dos bancários), que teve como presidente o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto – preso desde abril de 2015. O imóvel foi adquirido pela OAS e recebeu benfeitorias da empreiteira.

No último mês, a Polícia Federal indiciou Lula, a ex-primeira dama Marisa Letícia, o ex-presidente da OAS José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro, e um engenheiro da empreiteira que participou da reforma do imóvel. No indiciamento, o delegado Márcio Adriano Anselmo, afirmou que “(Lula) recebeu vantagem indevida por parte de José Aldemário Pinheiro e Paulo Gordilho, presidente e engenheiro da OAS, consistente na realização de reformas no apartamento 174”. O imóvel recebeu obras avaliadas em R$ 777 mil, móveis no total de R$ 320 mil e eletrodomésticos no valor de R$ 19 mil – totalizando R$ 1,1 milhão.

Fausto Macedo, Estadão

Opinião dos leitores

  1. É o único líder máximo de uma quadrilha que desviou bilhões, mas que dizem que só tem um Apartamento em uma praia popular do Brasil e um sitiozinho.
    Não parece estranho?
    O Brasil está doente.

    1. Indiciado significa que você está sendo investigado em inquérito policial, havendo sobre si suspeita de autoria acerca de determinado crime.
      Por sua vez, denunciado é quando o Ministério Público, com os elementos postos, entende que aquela pessoa praticou, de fato, um crime, ingressando com ação criminal na Justiça competente para fins de condenação nos termos da lei.
      Assim, indiciado é na fase administrativa, ao passo que denunciado já é no âmbito da justiça.

  2. Agora ele não vai poder se candidatar para 2018.
    A economia vai crescer e a corrupção vai desaparecer (pelo menos da mídia).
    Provas "robustas". A justiça brasileira de cega não tem nada.
    Como diria Millôr Fernandes: "Esse é o Brasil, onde o ano inteiro é primeiro de abril"

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Finanças

Moro condena dono da Engevix por corrupção e lavagem de dinheiro

Responsável pela Operação Lava Jato, o juiz federal Sergio Moro condenou nesta segunda-feira (14) o executivo Gerson de Mello Almada, dono da empreiteira Engevix, a 19 anos de prisão e pagamento de multa com valor a ser calculado.

De acordo com o Ministério Público Federal, a Engevix fez pagamentos a empresas do doleiro Alberto Youssef, que forjou notas fiscais para justificar serviços que não foram prestados. Youssef, por sua vez, repassou o dinheiro ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, a título de propina.

Almada foi condenado por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e pertinência à organização criminosa. Youssef e Paulo Roberto também foram condenados, por corrupção passiva, lavagem e pertinência à organização criminosa. As penas estabelecidas foram, respectivamente, de 19 anos e 2 meses e de 14 anos e 10 meses de prisão -porém, como ambos são delatores, a pena real deverá ser menor.

Em sua sentença, Moro rebateu críticas dos advogados de defesa, segundo as quais ele estaria punindo empresas mais que agentes públicos. “Não se trata aqui de aliviar a responsabilidade dos agentes públicos e concentrá-­la nas empreiteiras”, escreveu. “A corrupção envolve quem paga e quem recebe. Ambos são culpados e devem ser punidos.”

O juiz federal absolveu outros três diretores da Engevix, Newton Prado Junior, Luiz Roberto Pereira e Carlos Eduardo Strauch Albero. Ele também deixou de condenar Waldomiro de Oliveira, contador das empresas de Alberto Youssef.

Nas alegações finais, a defesa de Gerson de Mello Almada afirmou que houve vazamento seletivo de informações sigilosas, que as delações premiadas não ocorreram de acordo com a lei e que houve violação ao direito de defesa, entre outros argumentos. Todos, no entanto, foram rebatidos por Moro.

A Engevix celebrou diversos contratos com a Petrobras, principalmente ligados à diretoria comandada por Paulo Roberto Costa. Dentre as obras, estão a Repar (Refinaria Presidente Getúlio Vargas), a Replan (Refinaria de Paulínia), a Regap (Refinaria Gabriel Passos), parte da RNEST (Refinaria Abreu e Lima), a RLAM (Refinaria Landulpho Alves), a RPBC (Refinaria Presidente Bernardes) e parte do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), em Itaboraí.

Folha Press

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