Saúde

Vírus da herpes pode ser a causa do Alzheimer, diz neurobiologista

VÍRUS DO HERPES PODE ESTAR RELACIONADO COM A DOENÇA DE ALZHEIMER (FOTO: GEORGE W. BERAN/WIKIMEDIA COMMONS)

Mais de 30 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com a doença de Alzheimer – a forma mais comum de demência. Infelizmente, não há cura, apenas drogas para aliviar os sintomas. No entanto, minha última pesquisa sugere uma maneira de tratamento. Eu encontrei a mais forte evidência de que o vírus da herpes causa Alzheimer, sugerindo que medicamentos antivirais eficazes e seguros podem ser capazes de tratar a doença. Podemos até ser capazes de vacinar as crianças contra isso.

O vírus implicado na doença de Alzheimer, o herpes simplex tipo 1 (HSV1), é mais conhecido por causar herpes labial. Ele infecta a maioria das pessoas na infância e, em seguida, permanece dormente no sistema nervoso periférico (a parte do sistema nervoso que não é o cérebro e a medula espinhal). Ocasionalmente, se uma pessoa está estressada, o vírus é ativado e, em algumas pessoas, causa as feridas na boca.

Foi descoberto em 1991 que, em muitos idosos, o HSV1 também está presente no cérebro. E em 1997 mostramos que isso confere um forte risco para Alzheimer, principalmente quando presente no cérebro de pessoas que têm o gene APOE4.

O vírus pode se tornar ativo no cérebro, talvez repetidamente, e isso pode causar danos cumulativos. A probabilidade de desenvolver a doença de Alzheimer é 12 vezes maior para os portadores de APOE4 que têm HSV1 no cérebro do que para aqueles que não possuem nenhum fator.

Mais tarde, foi descoberto que a infecção por HSV1 das culturas celulares faz com que as proteínas Beta-amilóide e Tau anormal se acumulem. E o acúmulo dessas proteínas no cérebro é característico do Alzheimer.

Acreditamos que o HSV1 é um dos principais fatores que contribuem para a demência, e que ele entra no cérebro de pessoas idosas à medida que seu sistema imunológico diminui com a idade. É estabelecido uma infecção latente, da qual é reativada por eventos como estresse, sistema imunológico enfraquecido e inflamação cerebral induzida por infecção de outros micróbios.

A reativação leva ao dano viral direto nas células infectadas e à inflamação induzida por vírus. Sugerimos que a ativação repetida causa danos cumulativos, levando eventualmente à doença de Alzheimer em pessoas com o gene APOE4.

Presumivelmente, em portadores de APOE4, o Alzheimer se desenvolve no cérebro devido à maior formação de produtos tóxicos induzida por HSV1, ou menor reparo de danos.

Novos tratamentos?

Dados sugerem que agentes antivirais podem ser usados ​​para tratar Alzheimer. Os principais agentes antivirais, que são seguros, impedem a formação de novos vírus, limitando assim os danos.

Em um estudo anterior, foi descoberto que a droga antiviral anti-herpes, o Aciclovir, bloqueia a replicação do DNA do HSV1 e reduz os níveis de Beta-amilóide e Tau causados ​​pela infecção por HSV1 das culturas de células.

É importante notar que todos os estudos, incluindo os que participei, mostram apenas uma associação entre o vírus do herpes e o Alzheimer – eles não provam que o vírus é uma causa real. Provavelmente, a única maneira de provar que um micróbio é uma causa de uma doença é mostrar que uma ocorrência da enfermidade reduzida, seja por atacar o micróbio com um agente antimicrobiano específico ou seja por vacinação específica.

A prevenção bem sucedida de Alzheimer pelo uso de agentes anti-herpes específicos foi demonstrada em um estudo em larga escala, realizado em Taiwan. Espero que as informações em outros países, se disponíveis, produzam resultados semelhantes.

*Ruth Itzhaki é professora de Neurobiologia Molecular da Universidade de Manchester, no Reino Unido. Este artigo foi publicado originalmente em inglês no The Conversation.

Galileu

 

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Diversos

Vírus da herpes pode curar câncer de pele, dizem cientistas

20150527115021_660_420Uma nova droga baseada em um vírus de herpes geneticamente modificado foi usada para tratar pacientes com tipos agressivos de câncer de pele. O resultado foi bastante promissor e abre esperanças para o tratamento de outros tipos de câncer.

O tratamento, chamado de T-VEC, utiliza uma modificação do vírus que não produz a proteína que permite atacar as células saudáveis. As células cancerosas, por sua vez, produzem sua própria versão da mesma proteína e, quando combinada com o vírus, infecta as células que contém a doença. A partir daí o vírus se espalha e é capaz de matar as células cancerosas.

“Eles modificam o vírus de três maneiras. Primeiro, fazem com que pare de causar herpes. Segundo, fazem com que cresça apenas nas células cancerígenas e por último o tornam atraente para o sistema imunológico. Por isso, quando injetado, ele mata o tumor e ativa o sistema imunológico, que caça outros tumores para matá-los”, explica Richard Marais, do Cancer Research UK.

Em uma fase experimental os pesquisadores injetaram T-VEC em um grupo com 400 pacientes com casos de câncer de pele considerados agressivos. 25% responderam ao tratamento e 10% não apresentaram sinais de câncer remanescente. Entre todos os participantes, a média vida do grupo tratado com o vírus modificado foi de 41% enquanto os que não receberam o tratamento viveram 21,5 ,eses em média.

A droga já foi apresentada aos órgãos de saúde dos Estados Unidos e da Europa para aprovação. Os pesquisadores acreditam que o medicamento possa estar disponível para uso em pacientes até 2017 e a ideia é começar a testar o desempenho em outros tipos de tumor. Os resultados foram publicados no Journal of Clinical Oncology.

Olhar Digital, via Gizmodo e BBC

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