O Globo
Caso a especulação em torno da venda da Alpargatas, uma das empresas controladas pela J&F que é dona de marcas como Havaianas e Osklen, se concretize, a aposta de analistas de mercado é que a companhia seja adquirida por fundos de private equity (aqueles que compram participações em empresas). A companhia é apontada como a mais sólida e a mais blindada do grupo ante o esquema de corrupção em que se envolveram os irmãos Batista, uma vez que suas marcas foram construídas de forma independente. Ontem, as ações da Alpargatas subiram 5,16%, a R$ 11,62. Os rumores de venda foram um dos motivos para a alta.
Além disso, a Alpargatas informou na quarta-feira à noite que Joesley Batista renunciou à sua cadeira no Conselho de Administração e cancelou os planos de migração para o segmento de Novo Mercado, o de maior nível de governança da Bolsa. Alguns observadores entenderam esses dois movimentos como indícios de que a J&F estaria disposta a se desfazer da dona das Havaianas.
— Se a empresa quer levantar dinheiro rápido, a Alpargatas é alvo primordial. Mesmo um bilionário, quando apertam seu fluxo de caixa, pode vender sua Ferrari a preço de banana. Mas, estrategicamente, não seria inteligente vender a Alpargatas. Primeiro porque é importante peça de diversificação do grupo. Além disso, é excelente ativo, oferecendo lucro atraente, fabricando produto que tem grande valor agregado nas vendas, inclusive no exterior — disse Alexandre Wolwacz, do Grupo L&S.
Em plena recessão, a Alpargatas registrou alta de 36% no lucro em 2016, para R$ 358 milhões. A empresa também tem grande presença no exterior. Segundo relatório do ItaúBBA, sua divisão internacional — focada sobretudo em sandálias — respondeu por 16% das vendas totais e 23% da geração de caixa no ano passado, que alcançou R$ 595 milhões. Dinheiro suficiente para cobrir sua dívida (R$ 592,7 milhões no fim de 2016).
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