O primeiro dia de depoimentos no Tribunal do Júri do sargento da FAB André Thies e os pais, Amilton e Mariana Thies, trouxe de volta à tona o caso da morte da dona de casa Andreia Rodrigues, ex-companheira de Andrei, assassinada em 2007. Nos depoimentos desta terça-feira (20), a acusação tentou mostrar aos jurados que os três réus são culpados e tiveram participação no homicídio e ocultação de cadáver a vítima, enquanto a defesa tentou desqualificar a versão apresentada pela Polícia Civil e pelo MP, assim como também tentou mostrar que o perfil de Andrei não é de um assassino e o crime ocorreu por impulso.
O delegado Raimundo Rolim, que foi o primeiro a depor, demonstrou firmeza ao garantir que todos os três planejaram e executaram o crime. O delegado afirmou que Amilton Thies não tinha “vontade própria” e acatou o plano de Mariana Thies, mulher do réu e apontada por Rolim como “homem da casa”, para executar o homicídio. Ela, de acordo com o delegado, também agrediu a filha do primeiro casamento de Andreia. De acordo com o delegado, Andrei Thies, a quem cumprimentou discretamente ao chegar ao júri, demonstrou frieza e, em todos os depoimentos, pensava antes de falar, chegando a inventar diversas versões para o crime.
Raimundo Rolim também foi o autor de uma frase que emocionou a irmã de Andreia Rodrigues, Priscila. Para o delegado, as duas filhas de Andreia estão sendo bem cuidadas pela tia, a quem chamou de “boa mãe” e “mulher dedicada. Além dele, também prestaram depoimentos dois policiais civis que participaram das ações, relatando como encontraram o corpo e as reações dos réus, inclusive, citando contradições os depoimentos e o teor de inteceptações telefônicas autorizadas pela Justiça em que Andrei e Amilton combinavam versão para o fato de encontrarem o corpo na casa alugada por eles. Porém, a defesa também rebateu acusações.
Pelo lado da defesa, dois peritos do Itep afirmaram que Andreia não foi morta com uma facada entre as costelas. Os médicos Manuel Marques e Francisco Sobrinho explicaram que as costelas de Andreia foram quebradas por um golpe contundente, mas não por uma faca. Devido ao estágio de decomposição do corpo, os peritos não conseguiram identificar se houve a cutilada, mas o médico Manuel Marques disse que ela não morreu vítima de uma facada.
Outro depoimento arrolado pela defesa foi o da psicóloga Tatiane Guedes, que atende Andrei Thies desde 2009. De acordo com ela, o réu não tem comportamento agressivo nem qualquer insanidade mental. O que o sargento apresenta, segundo a psicóloga, é dificuldade em se relacionar com outras pessoas.
Apesar de confirmar que Andrei Thies atribuía à própria Andreia Rodrigues a motivação para o assassinato, a psióloga disse que o militar, hoje, admite a culpa e está arrependido de ter cometido o homicídio por motivações como “paixão, raiva e vingança”.
Antes do encerramento dos depoimentos, quem também foi ouvida pelos jurados foi a irmã de Andrei Thies, Viviane Thies. Ela falou sobre o comportamento do irmão, dos pais e sobre a relação que tinha com Andreia. Ela confirmou que era contra o relacionamento de Andrei com a nora, mas que nunca se posicionou, assim como o seu pai, Amilton. Mariana, a mãe, era a única que abertamente era contra a relação, mas a resistência à presença de Andreia na família, de acordo com Viviane Thies, não era um motivo para que os pais matassem a dona de casa. Ela confia na inocência de Amilton e Mariana.
Os depoimentos do caso serão retomados amanhã (21), às 9h, com os jurados ouvindo as palavras dos réus. O primeiro a ser ouvido será Andrei Thies. Porém, ainda não está confirmado se o sargento vai utilizar o direito de permanecer em silêncio.
Fonte: Tribuna do Norte
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