A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu cinco processos administrativos contra a JBS entre quinta-feira (18) e sexta-feira (19) para investigar supostas irregularidades como o uso de informações privilegiadas pelo frigorífico em negociações de dólar futuro e ações. As informações foram divulgadas em comunicado da CVM enviado à imprensa nesta sexta-feira à noite.
Além de operações feitas pela JBS, também são investigadas transações envolvendo a FB Participações, empresa que reúne os negócios da família Batista, controladora da JBS, e do Banco Original, que pertence ao mesmo grupo, de acordo com comunicado da CVM.
Há também um processo administrativo aberto para esclarecer o vazamento de informações sobre o fechamento de delação premiada dos controladores da empresa. Por se tratar de informação relevante, a notícia precisa ser divulgada em fato relevante.
A CVM já tinha instaurada outros dois processos administrativos contra a empresa nos dias 12 e 17 de maio, segundo informações disponíveis no site da CVM. Os motivos das investigações desses processos não foram revelados.
Veja o que a CVM investiga nos cinco processos administrativos contra a JBS instaurados nos dias 18 e 19 de maio:
- Pede esclarecimentos sobre “notícias e especulações envolvendo delação de acionistas controladores da JBS S.A”.
- Trata de comunicação de “eventual prática do crime de insider trading ao Ministério Público Federal, detectados em operações realizadas no mercado de dólar futuro e em negócios com ações de emissão da JBS S.A”.
- Analisa a atuação da JBS S.A. no mercado de dólar futuro.
- Analisa a atuação do Banco Original S.A., controlado pela J&F Participações, no mercado de derivativos. O mercado de derivativos inclui operações de commodities e câmbio futuro.
- Aanalisa negociações do acionista controlador da JBS S.A, a FB Participações S.A., com ações de emissão da companhia.
“Além da instauração dos Processos acima, a Assessoria de Análise Econômica e Gestão de Riscos (ASA) da CVM tem monitorado os principais indicadores de mercado e possíveis impactos sobre as atividades de nossos jurisdicionados, como a exposição da indústria de fundos a ativos afetados pelas últimas movimentações de mercado”, disse a CVM.
JBS alega ‘proteção financeira’
A JBS é investigada por operar no mercado financeiro com informação privilegiada. A empresa teria comprado dólar horas antes do vazamento da informação de que a executivos da empresa teriam fechado um acordo de delação premiada. o dia seguinte, a cotação do dólar disparou 8,15%, na maior alta diária em 18 anos.
Em comunicado enviado ao G1 nesta sexta-feira à tarde, a JBS admitiu que comprou dólar nos últimos dias e disse que movimentações “seguem alinhadas à sua política de gestão de riscos e proteção financeira”.
A empresa afirmou que “gerencia de forma minuciosa e diária a sua exposição cambial e de commodities”. A JBS explicou que utilizar instrumentos financeiros para “minimizar os seus riscos cambiais e de commodities provenientes de sua dívida, recebíveis em dólar e de suas operações”.
A empresa tem dívida em dólar e negócios no exterior, o que faz com que seus negócios tenham exposição à variação cambial.
No comunicado, a JBS citou um exemplo do impacto da oscilação do dólar no seu balanço. “Um exemplo do potencial impacto de oscilações na cotação do dólar é que, ao considerar a variação cambial na cotação do dólar de R$ 3,16 para R$ 3,40, como a ocorrida entre 31 de março (fechamento do primeiro trimestre) e 18 de maio, a companhia sofreria um prejuízo superior a R$ 1 bilhão”, disse a JBS.
“Reiteramos assim que as movimentações realizadas pela companhia nos últimos dias seguem alinhadas à sua política de gestão de riscos e proteção financeira”, concluiu a empresa.
Comente aqui