O Globo
Sob fogo cruzado da guerra — até agora — retórica entre Coreia do Norte e EUA, os quase 77 milhões de habitantes da península coreana procuram manter a vida normal. Ao GLOBO, o embaixador do Brasil na Coreia do Sul, Luis Serra, e o encarregado de negócios na Coreia do Norte, Cleiton Schenkel, garantem que o nível de tensão já foi bem mais elevado na região e que, diferentemente do que se poderia imaginar, não há pessoas buscando refúgios ou sinais de pânico. Mesmo assim, reconhecem que a comunidade diplomática já desenvolveu planos de contingência para uma retirada de pessoal das áreas afetadas em uma eventual intervenção militar. Há 60 anos pairam sobre os dois países a ameaça de um novo conflito. Serra afirma que a tensão não tem linearidade e que as pessoas se acostumaram a ela.
— Dá para usar a imagem de um eletrocardiograma. Eu diria que, em abril deste ano, houve um pico. Agosto, em função dos dois testes balísticos de julho, está mais alto do que maio e junho, que foram meses mais tranquilos. Tem sido assim há muitos anos. Não há um curva de ascensão constante, nem de queda.
Existe um plano de retirada aprovado pelo embaixador, e submetido ao Ministério das Relações Exteriores no Brasil, que pode ser posto em ação, se necessário. Hoje, há na Coreia do Sul entre 350 e 400 brasileiros residentes, dos quais cerca da metade tem dupla nacionalidade, e podem não querer deixar o país, caso haja um conflito. Mas não é com este cenário que trabalha a comunidade diplomática no país, o principal alvo de uma reação norte-coreana a um ataque americano.
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