Por essa ninguém esperava, nem mesmo Hollywood. Um jornalista vai ter que acompanhar a sugestão de uma atendente da Amil e inventar uma dor no peito na próxima quinta-feira (24) para poder conseguir a autorização para realizar um cateterismo pela operadora de plano de saúde.
O blog teve a informação através do próprio jornalista, que relatou o fato ocorrido e, pelo visto, vai ter que fazer um curso intensivo de teatro daqui pra depois de amanhã para não ser vítima de uma total irresponsabilidade contra as pessoas que pagam, em tese, para ter um atendimento privado de qualidade. Absurdo dos absurdos.
Confira a carta
“Prezado Bruno,
Relato em seu blog o tratamento que recebemos dos planos de saúde quando mais precisamos. Sexta-feira tive um problema cardíaco, pressão alta, diabetes alterada e fortes dores no peito. Fiz vários exames e os médicos por precaução recomendaram que eu passasse a noite na UTI. Quando cheguei na UTI, o médico de plantão preocupado com meu estado de saúde achou por bem eu fazer um cateterismo, entrei em contato com meu cardiologista, que é meu primo, que também foi da mesma opinião.
Marquei o cateterismo para próxima quinta-feira, dia 24 de maio, para minha surpresa quando fui autorizar o procedimento médico, o plano de saúde Amil exigiu que eu fizesse um exame de esteira, tentei explicar que por recomendações médicas não posso fazer esforço, já que tive uma crise de angina e o exame de cateterismo é justamente para verificar a situação das minhas coronárias.
O plano de saúde Amil então pediu que eu fizesse um ecocardiograma, era tudo que eu queria, concordo com o plano de saúde, quero fazer um eco! Mas meu cardiologista, minha endocrinologista não querem o ecocardiograma, querem o cateterismo, que segundo eles é o exame ideal para um diagnóstico preciso.
Então pedi para falar com o médico da perícia do plano de saúde, para explicar meu problema, mas a perícia médica da Amil analisa apenas o relatório feito pela equipe de atendimento. Não tem contato com o paciente. Mais um argumento frustrado.
Dessa forma tenho que esperar cinco dias úteis para saber se o procedimento vai ser autorizado, vou ter que combinar com as placas de gorduras que os médicos desconfiam que tenho nas minhas artérias pra que elas esperem.
Foi quando o atendente da Amil me deu uma solução mágica. Que na quinta-feira pela manhã eu me dirigisse ao hospital que quero fazer o precedimento, simule uma dor no peito, uma dor grande e que imediatamente meu procedimento vai ser feito. Pode isso????
Para fazer um exame sério na data combinada com meus médicos vou ter que primeiro simular uma dor cardíaca que provavelmente não vou ter, ou quero não ter, para poder assim ser atendido. O que preciso é apenas de um procedimento, não de um teatro, ou para ser mais preciso de uma palhaçada.
Se o médico passou o exame é porque tenho histórico familiar de infarto cedo, sou diabetes e tenho pressão alta. O atendimento da Amil é uma calamidade. E eu? Quinta-feira pela manhã vou ter uma dor no peito!!!
Gustavo Negreiros
Jornalista e vítima da Amil”.
Infelizmente parece ser mais um caso em que, ou o cliente do plano se submete a condições ridículas para ter um atendimento pelo qual PAGA, ou então vai ter que acionar o judiciário para obter o que é seu por direito. Infelizmente ainda existem muitas empresas e empresários sem-vergonha neste país. Não são todos, mas são muitos que se acham no direito de receber o dinheiro pelo serviço, mas na hora de prestá-lo, não querem fazê-lo.
Quando eu tinha 8 anos e estudava na Escola Doméstica, esqueci de fazer um trabalho de português, que seria cobrado na segunda aula (após o intervalo). Como não queria leva uma bronca da professor, nem uma anotação na agenda, disse à minha mãe, assim que ela foi me deixar, que fosse me buscar às 9h, pq eu iria ter dor de cabeça. E às 8h45 eu estava na sala da coordenadora, dizendo que eu estava com a bendita dor de cabeça para que ela ligasse para minha mãe. Minha mãe me buscou, mas levei uma bronca gigante, acompanhada de algumas palmadas e a promessa de que nunca mais me buscaria na escola fora do horário (promessa essa que foi cumprida até eu terminar o pré). Por que eu estou contando tudo isso?? Simplesmente pelo fato de achar que inventar doenças previamente é coisa de criança, pra fugir das obrigações. Mas pelo que eu estou vendo, é como criança que a gente tem que agir pra ser atendido pelos planos de saúde de hoje em dia. Bom, se serve de alento, pelo menos assim, fingindo a dor (ou com dor de verdade) eles ainda atendem. Ruim vai ser quando chegar o dia que a gente vai ter que provar por A+B que realmente está doendo!