Cerca de 500 manifestantes que participam dos protestos deste feriado de 7 de setembro em Brasília tentaram chegar ao estádio Mané Garrincha no início da tarde deste sábado e foram impedidos pela PM, que dispersou a multidão com bombas de gás e efeito moral. O confronto aconteceu a 500 metros da arena, e alguns torcedores passavam pelo local para chegar ao estádio acabaram sendo atingidos pela confusão. A seleção brasileira enfrenta a Austrália em amistoso às 16h15 no Mané Garrincha.
O grupo de manifestantes subia andando pelo Eixo Monumental quando, em frente à Torre de TV, a PM começou a atacar bombas e não deixou o protesto seguir em direção ao Mané Garrincha. Em pequenos grupos, os manifestantes desceram correndo de forma desordenada a avenida e se reagruparam nos arredores da rodoviária. A PM havia estabelecido um cordão de isolamento a um quilômetro do estádio, mas os manifestantes conseguiram contornar os policiais e só foram contidos com a chegada de mais homens da tropa de choque e da cavalaria, já próximos ao estádio.
O bancário Maurício Roberto da Silva, de 42 anos, passava pela Torre de TV com o filho de 12 anos em direção ao Mané Garrincha, quando foi surpreendido pelas bombas. “Ficamos no fogo cruzado literalmente”, diz ele. “Quando vimos, a PM estava de um lado soltando bombas e os manifestantes do outro. A nossa sorte é que estamos com a camisa da seleção, aí corremos em direção à barreira da polícia e deixaram a gente passar”.
Mais cedo, logo após o desfile do 7 de setembro na Esplanada dos Ministérios com a presença da presidente Dilma Rousseff, os manifestantes tentaram invadir o Congresso Nacional e depois a sede da Rede Globo em Brasília.De acordo com a PM, ao menos cinco manifestantes foram detidos e cerca de mil pessoas participaram da manifestação. Nas redes sociais, a expectativa era de que pelo menos 50 mil pessoas participassem do protesto hoje em Brasília.
Para evitar manifestantes próximo ao estádio Mané Garrincha, a PM destacou 1.800 policiais para a segurança nos entornos da arena. Outros 4 mil homens estavam espalhados pela Eixo Monumental. Na abertura da Copa das Confederações, em 15 de junho deste ano com a vitória do Brasil sobre o Japão por três a zero, PMs tentaram impedir uma manifestação de se aproximar do estádio, mas não conseguiram.
O protesto, com algumas centenas de manifestantes, conseguiu furar o bloqueio e foi até a grade que cerca o Mané Garrincha. Ali, em meio aos torcedores que chegavam para acompanhar a partida, houve confronto entre manifestantes e policiais. Alguns torcedores, que não tinham nada a ver com a briga, acabaram ficando feridos por balas de borracha da polícia ou intoxicados por gás usado para tentar dispersar a multidão.
Protesto solitário
Apesar da confusão, a chegada ao Mané Garrincha era sem sobressaltos para a maioria dos torcedores. Próximo ao estádio, o clima era de tranquilidade.
As estudantes Paula Matos, 30 anos, Jhennifer Olegáro, 18 anos, e Sthefane Oliveira, 24 anos, foram as únicas manifestantes que conseguiram furar o bloqueio da PM e chegar ao Mané Garrincha. Com cartazes e a Constituição Federal nas mãos, as três realizaram um protesto solitário nos portões em frente à arena.
“Na hora de subir da Esplanada dos Ministérios para cá, decidimos pegar o carro e vir pelo outro lado”, diz Sthefane explicando como conseguiram furar o cordão de isolamento da PM e protestar na porta do estádio. “Viram que eram só três meninas e deixaram a gente ficar aqui, só fizeram a gente tirar as máscaras que estávamos usando. Mas está bom, estamos representando todos os manifestantes que foram impedidos de chegar aqui”. diz a estudante.
UOL
Protestos são exteriorização de nossa democracia. O excesso cometido pelos manifestantes é abusar dela. Nessa condição, de abuso de algo tão caro, pode-se ficar sem e aí revoltas serão combatidas nos mesmos moldes com que esses falsos libertários agem, ou seja, sem regras. Aliás há quem diga que isso já deveria estar acontecendo já que o mato só cresce onde a enxada não age.