Tribuna do Norte:
Existe um táxi para cada 570 moradores de Natal e região metropolitana, cujo total de habitantes é de 1.351.004 pessoas, de acordo com o Censo 2010. A quantidade de táxis circulando hoje é dobro do previsto em lei, que seria um veículo licenciado para cada grupo de mil habitantes.
O número de veículos licenciados oficialmente em Natal, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, Macaíba, Extremoz e Maxaranguape, é de 2.662 carros. O que seria suficiente para atender o dobro da população destes municípios, além de Ceará-Mirim, Vera Cruz, Monte Alegre e Nísia Floresta, que completam a dezena que forma a região metropolitana.
Para um dos integrantes do Parlamento Comum da Região Metropolitana de Natal, o vereador George Câmara, a distribuição de placas de táxi “ocorreu como uma torneira aberta descontroladamente num passado não muito distante”. Para ele, é mais do que evidente a troca de benefícios políticos pela concessão de táxis em quase todas as cidades listadas.
Além disso, o vereador creditou o problema à falta de consciência política dos gestores passados e atuais. “Não existe um plano para se instalar os projetos de mobilidade urbana em Natal. Afora a inexistência de articulação entre os prefeitos das cidades da região metropolitana”, ressaltou. Sendo a segunda menor cidade brasileira em extensão geográfica – 170 km², dos quais 69km² são áreas de preservação – a quantidade de veículos licenciados circulando em Natal e entorno é muito acima do que é necessário.
Para George Câmara, o intuito dos prefeitos em conceder placas para, teoricamente, diminuir o índice de desemprego e aumentar a fonte de renda das famílias, acabou desencadeando um outro problema social e político. A ineficiência do transporte público, cujas tarifas sobrecarregam os gastos dos trabalhadores, além da venda indiscriminada de veículos zero quilômetro a inúmeros portadores de licenças que, nem sempre, são oficiais.
“Quanto mais se individualizar o trânsito, mais atrasada se torna uma cidade. Nosso conceito de moderno é que cada pessoa ocupe um veículo. Isto é errado”, pontuou o vereador. Para ele, a venda de carros para frotistas deveria ser mais rígida. “É preciso comprovar que a compra do veículo é para trabalho. Imagine quantas pessoas trocam de carro por ano sem nunca terem sido taxistas de verdade”. concluiu.
Brunão, esse é um problema de décadas e não é somente da Grande Natal. É do estado todo. Carros – na maioria das vezes em péssimo estado de conservação – fantasiados de taxis, fazem lotação e trafegam diariamente para Natal, sem segurança nem direitos para os usuários, como também sem pagar tributos. O governo do estado ainda pensa em legalizar esse tipo de transporte. É igual a solução do cara traido no sofá da sala: tira o sofá.