Economia

O RN foi o único estado do Nordeste que a indústria virou 2011 com saldo negativo. Cadê você Bendito?

Enquanto o Governo do Estado só fala em Aeroporto e Copa do Mundo, a indústria do RN vai encolhendo, empregos vão se perdendo e o PIB do RN virando piada Nacional. O que foi que “Bendito” Gama veio fazer aqui realmente?  Segue excelente reportagem da Tribuna do Norte:

A indústria de transformação brasileira encolheu. Os números divulgados por entidades como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Confederação Nacional da Indústria (CNI) na última semana mostram isso. Produção, exportação e empregos no setor industrial fecharam o ano em queda, reduzindo a participação da indústria de transformação no PIB nacional a níveis semelhantes aos registrados no início do processo de industrialização, na era JK. As projeções para 2012 não são muito animadoras. A produção industrial e o faturamento da indústria já iniciaram 2012 em queda. O resultado se vê em cada estado: demissões, principalmente no segmento têxtil e de confecção. No Rio Grande do Norte, não foi diferente. O estado foi o que mais sofreu com a crise na região. No Nordeste, foi o único que fechou com saldo negativo, apresentando o pior desempenho dos últimos nove anos. O governo federal, no entanto, sinalizou que tomará medidas para frear a queda e reverter o quadro.

Produção, exportação e empregos no setor industrial fecharam o ano em queda, reduzindo participação da indústria de transformação no PIB nacional a níveis semelhantes aos do início do processo de industrialização

A participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caiu de 16,2% para 14,6%, no último ano. O percentual só foi menor em 1956, no governo de Juscelino Kubitschek, quando o setor respondeu por 13,8% do PIB, segundo matéria veiculada na Folha de São Paulo. Na década de 80, a indústria representava quase 30% do PIB nacional. O dado é preocupante e as projeções não muito animadoras, mas não apenas no âmbito nacional. “O que ocorreu no Brasil, ocorre no Rio Grande do Norte”, diz o presidente da Federação das Indústrias do estado, Amaro Sales. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ainda não divulgou números para medir o desempenho da atividade em plano local, mas os efeitos da desaceleração são percebidos em áreas sensíveis como o mercado de trabalho.

Em todo o país, postos com carteira assinada foram fechados.  “A indústria encolheu em todo o país”, ressaltou Flávio Castelo Branco, economista chefe da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em entrevista à TRIBUNA DO NORTE. O Rio Grande do Norte foi, entretanto, o que mais sofreu na região Nordeste. A indústria de transformação potiguar foi a única que fechou o ano com um saldo de empregos – diferença entre contratações e demissões – negativo. O saldo de 2011 (-2.578) foi o pior em nove anos, desde que o Ministério do Trabalho passou a registrar a geração de emprego, ano a ano. No RN, a indústria de transformação demitiu 29,7 mil pessoas no último ano. Com exceção de Alagoas, onde o saldo de empregos na indústria subiu em 2011, todos os outros registraram recuo na geração de emprego. No Ceará, a retração chegou a 85,5%. Ainda assim, todos conseguiram manter alguns postos abertos. O RN não.

Federação das Indústrias do RN Fiern, Associação Brasileira de Incentivo ao Desenvolvimento Sustentável da Indústria e governo do estado se reúnem este mês para elaborar o plano de industrialização do estado e tentar reverter o quadro. Sandra Cavalcanti, gerente da unidade de Economia e Estatística da Federação das Indústrias no RN, lembra que o setor que mais vem sofrendo com a enxurrada de importações – uma das razões por trás da queda da participação da indústria no PIB nacional – é o de têxteis e vestuário. “E esta é a cadeia industrial que mais emprega no RN depois da construção civil”. O segmento demitiu quase 10 mil pessoas no ano passado, fechando 2011 com um saldo negativo de quase cinco mil postos de trabalho com carteira assinada.

O setor começou 2011 com 31.840 empregados com carteira assinada, no estado. Hoje são 26.629, 16,3% ou 5.211 a menos – sem levar em consideração os postos informais fechados. Número que deve ficar ainda maior, de acordo com José Nogueira Filho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Fiação e Tecelagem do RN.

A Coteminas vai desativar, gradualmente, a unidade de São Gonçalo do Amarante, que emprega hoje 1,6 mil funcionários. Parte da produção e dos empregados será transferida para Macaíba. A outra parte será capacitada para trabalhar em outros setores.

O Grupo, um dos maiores do país no segmento, decidiu construir um complexo imobiliário no local da antiga fábrica. Josué Gomes, presidente da Coteminas, em passagem pelo RN, preferiu não relacionar a desativação da unidade (e a construção do complexo) à crise enfrentada pelo setor. “Digamos apenas que o projeto seria viável mesmo que o segmento têxtil estivesse bem”, respondeu à TRIBUNA DO NORTE, logo após apresentação do projeto. A equipe de reportagem entrou em contato com a Coteminas para esclarecer quando a unidade começará a ser desativada, mas não obteve retorno. Segundo José Nogueira Filho, depois da crise de 2008, “a indústria têxtil e de confecções no estado só perdeu”.

Mesmo com incentivos, cenário é ruim

“O ano foi desastroso para a indústria têxtil e de confecções”. É assim que Fernando Valente Pimentel, diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), define 2011 para o segmento. No último ano, a produção da indústria têxtil despencou quase 15%. A do setor de confecções caiu 4%. Fernando relembra que alta do preço da pluma de algodão, no ano passado, reduziu  estoques e sufocou capital de giro das indústrias têxteis. Para 2012, a ABIT espera um crescimento de 1,5% a 2% indústria têxtil em 2012, mas reconhece que “não será possível recuperar a produção perdida no ano passado”.

A ABIT tem discutido junto ao governo federal estratégias para mudar o cenário. Medidas que, segundo Pimentel, se apoiarão em dois pilares: resgate da competitividade – com redução de tributos, redução da tarifa de energia, desoneração do investimento – e salvaguarda contra a entrada de produtos importados. “Usaremos todo um arsenal de medidas para defesa e ataque contra a concorrência desleal”, afirmou, à TN.

Apesar do desempenho ruim, Pimentel garante que a indústria têxtil do Brasil não vai acabar. “Estamos trabalhando, na verdade, para que ela possa voltar a crescer”. O que o Brasil não pode, afirma, é tolerar a concorrência desleal nem “entregar o mercado em tempos de crise”. Ele lembra que as importações, que podem parecer uma solução à primeira vista, podem se tornar um grave problema a longo prazo.  Para o diretor superintendente da ABIT, o país não pode continuar criando obstáculos para quem produz aqui dentro e facilidades para quem produz lá fora.

O governo federal já sinalizou que tomará medidas de caráter emergencial para estimular a produção industrial. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, por exemplo, anunciou sexta-feira, que o  governo ampliará a desoneração da folha de pagamento do setor. Desta vez, todos os setores industriais que quiserem poderão participar da rodada de desoneração.

Segundo Sandra Cavalcanti, da Fiern, o governo já indicou que reduzirá impostos de investimento, desonerará a folha de pagamento de outros setores, a exemplo do que ocorreu com têxteis, calçados e softwares, e acelerará o investimento público no segundo semestre. “Também deverá criar linhas de crédito específicas para setores que vem perdendo a competitividade”. Para Castelo Branco, economista chefe da CNI, a recente redução dos juros, de 10,5% para 9,75% ao ano, mostra a preocupação do Banco Central com o cenário e pode contribuir para melhorar o desempenho do setor.

Para Amaro Sales, as medidas tomadas até o momento – como a desoneração da folha de pagamento para setores que empregam mão de obra de forma maciça em troca de parte do faturamento – não foram suficientes para reverter o quadro. Sem competitividade, indústrias acabarão trocando homens por máquinas, num processo semelhante ao que já ocorre nos canaviais, afirma Amaro. Para Ambrósio Lins, presidente da Federação dos Trabalhadores em Agricultura do RN (Fetarn), a mecanização é “um caminho sem volta”, ao menos nos canaviais. Usinas são obrigadas, por lei, a mecanizar colheita, dispensando a queima. Mas a estratégia pode ser adotada por outros setores diante da queda de competitividade.

Para o economista e chefe da unidade potiguar do IBGE, Aldemir Freire, 2012 não será um ano fácil para a indústria.  “Espero que as medidas tomadas pelo governo federal consigam melhorar o desempenho do setor”. Depois completa: “só não sei se será um desempenho muito melhor”.

Setor começa o ano com o pé esquerdo

A indústria de transformação estagnou em 2011, segundo Flávio Castelo Branco, economista chefe da CNI. O crescimento não ultrapassou 0,1%. Essa foi uma das razões de o PIB nacional ter crescido apenas 2,7%, ante os 7,5% de crescimento no ano anterior. A indústria, considerando os quatro subsetores (extrativo; eletricidade-gás-água; construção civil e indústria de transformação), cresceu 1,6%. Em 2010, havia crescido 10,1%. “O desempenho foi bastante frustrante”, resume Castelo Branco. A CNI já projetava um crescimento de 2,6 ou 2,8% para a indústria em 2012, mas está refazendo os cálculos. “Estamos preocupados com o que vai acontecer”, confessa Amaro Sales, presidente da Fiern. E há motivos para isso.

A produção industrial caiu 2,1% em janeiro, em relação ao mês anterior. Este foi o maior recuo desde dezembro de 2008, auge da crise internacional. O faturamento da indústria caiu 1,4% em janeiro em comparação com dezembro. Os primeiros dados de 2012, segundo Castelo Branco, mostram que o quadro de baixa atividade se manterá.  “O cenário já se desenha”, complementa Amaro.

Para Sandra Cavalcanti, da unidade de Economia e Estatística da Fiern, as medidas de contenção do consumo, como restrição ao crédito e aumento da taxa de juros, tomadas pelo Banco Central no início de 2011, com o intuito de conter a inflação, se refletiram no menor ritmo de crescimento da indústria, e por extensão, da economia brasileira. “Além disso, fomos surpreendidos com o agravamento da crise europeia no segundo semestre de 2011”. A valorização do real, uma das consequências da crise, também é apontada como vilã. Em 2011, o real era a quarta moeda mais valorizada do mundo segundo a revista inglesa The Economist. Real valorizado, explica Sandra, reduz competitividade dos produtos brasileiros e facilita a entrada de produtos importados. “Estamos deixando de adquirir insumos, matérias-primas, máquinas e equipamentos produzidos internamente, porque os importados ficaram muito mais baratos”, explica.

No Rio Grande do Norte, as exportações do segmento têxtil e de confecções, o mais afetado em todo o país, por exemplo, recuaram 40%, enquanto as importações, sem incluir o algodão, cresceram 57%, no ano passado. Neste cenário, destacam-se as importações de peças de vestuário e confecções que cresceram 915% no mesmo período. Boa parte destes produtos vem da China – economia que mais cresce no mundo, mas que também já dá sinais de retração (país estima crescimento menor em 2012).  Entretanto, outros fatores contribuem para a desindustrialização precoce do Brasil.

Infraestrutura reduz competitividade

Além dos problemas ‘graves e imediatos’, Rio Grande do Norte e Brasil lidam com problemas latentes, como infraestrutura deficitária, ressalta Sandra Cavalcanti, da Fiern. O mesmo pensamento é defendido por Robson Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Estudo divulgado pela LCA Consultores, ainda em 2011, revelou que o Brasil poderia mais que dobrar o Produto Interno Bruto (PIB) por habitante e atingir níveis de países como a Coreia do Sul, se reduzisse as ineficiências que tiram a competitividade do País. “Falta de infraestrutura e complexidade do sistema tributário dividem o primeiro lugar no pódio dos principais obstáculos para ampliar a competitividade”, disse o economista responsável pelo estudo, Bráulio Borges, em entrevista ao Estado de São Paulo, durante a divulgação da pesquisa.

O Rio Grande do Norte ainda tem um longo caminho a percorrer, neste sentido. As rodovias estaduais receberam nota zero em avaliação realizada pelo grupo inglês The Economist em todo o país, no ano passado. O estado ficou abaixo da média nacional nas oito categorias avaliadas, incluindo ambientes político e econômico, política para investimentos estrangeiros, infraestrutura, recursos humanos, sustentabilidade, tributos e inovação. Segundo o estudo, o RN tem uma das dez piores redes de estradas do Brasil.

Estudo

A CNI, em parceria com a Fiern, deverá concluir até junho estudo que identifica os gargalos na infraestrutura, transporte e logística do RN e de todos os estados nordestinos. A pesquisa avalia a condição das rodovias, ferrovias, portos e aeroportos e indica que projetos deverão ser priorizados dentro e fora do estado, para tornar estados mais competitivos.

“Precisamos privatizar mais”, afirma Amaro Sales, presidente da Fiern. Ele reconhece, entretanto, que investir em infraestrutura não basta.

A indústria tem reivindicado redução nos custos trabalhistas e previdenciários, no custo industrial de energia elétrica e na carga tributária, que já alcança 36% do PIB. Assunto foi debatido na última sexta-feira, na Fiern.

Micro e pequenos buscam inovação

Enquanto o governo federal tenta proteger os grandes, micro e pequenos, que representam 97% da indústria potiguar, se movimentam, em busca de maior competitividade. Para reduzir custos de produção e colocar o produto nas prateleiras a um preço mais baixo, João Vidal de Lucena, proprietário da Polpa de Frutas Naturelle, trouxe sua fábrica para o Rio Grande do Norte. No RN, o empresário paraibano encontrou matéria-prima e água abundante. Na Paraíba, pagava R$ 40 por uma caixa de cajá. No RN, passou a pagar R$ 25. A economia se refletiu no preço do produto.

Doze anos depois Vidal dá mais um passo em busca de competitividade. Agora quer inserir a inovação na fábrica. Ele foi um dos micro e pequenos que aderiram ao programa Agentes Locais de Inovação (ALI), do Sebrae. A segunda fase do programa, que quer atingir 1,6 mil empresas em 2012, tem como objetivo tornar indústria mais competitiva. Ana Clara Melo de Negreiros Fraga, proprietária da  Sinalize Comunicação Visual, também deu o mesmo passo.

Ela pretende aumentar equipe e entrar e m novos mercados. Mas sabe que ter preço competitivo não é suficiente. “É preciso trazer a inovação para dentro da empresa, se não os concorrentes avançam e nós não”. Há 16 anos no mercado, ela pretende contratar mais quatro funcionários este ano. Tudo vai depender do mercado. “Problemas todos temos, grandes ou pequenos, o que precisamos é de soluções”.

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Geral

Defesa de Bolsonaro pede ao STF anulação da operação que apura suposto golpe de Estado

Foto: RICHARD LOURENÇO/REDE CÂMARA

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou ao STF (Supremo Tribunal Federal), na quinta-feira (18), representada pelo partido Progressistas, um pedido para anular a Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal em fevereiro após ordem do ministro Alexandre de Moraes, na qual corporação investiga a suposta organização de um golpe de Estado em 2022 em prol do candidato derrotado e ex-presidente, com a participação de ex-assessores, militares e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

A peculiar ‘decisão’ proferida pelo ministro Alexandre de Moraes verdadeiramente é um ato inquisitivo que acumula inadmissivelmente os teores de uma portaria de instauração de inquérito policial e de uma decisão judicial deferindo a realização oitivas e busca e apreensão, dentre outras medidas cautelares, incluindo a mais grave delas, a decretação de prisões preventivas, tudo isso travestido de despacho determinativo de autuação de ‘petição’”, disse.

As investigações apontam que o PL foi “instrumentalizado” para financiar e comandar a estrutura de apoio à suposta tentativa de golpe de Estado. Segundo a PF, 16 militares são investigados por pelo menos três formas de atuação. A primeira é a produção, divulgação e amplificação de notícias falsas quanto à segurança das eleições de 2022 para estimular seguidores a permanecerem na frente de quartéis e instalações das Forças Armadas. O segundo ponto de atuação dos militares investigados pela PF seria de apoio às ações golpistas, reuniões e planejamento para manter os atos em frente aos quartéis, incluindo mobilização, logística e financiamento para auxiliar os manifestantes.

Havia ainda o “Núcleo de Inteligência Paralela”, que seria formado pelos militares Augusto Heleno, Marcelo Camara e Mauro Cid. Eles fariam a coleta de dados e informações que auxiliassem a tomada de decisões do então presidente da República na consumação do golpe. Bolsonaro teria pressionado os ministros do governo, durante reunião realizada em 5 de julho de 2022 para que promovessem e replicassem “desinformações e notícias fraudulentas” quanto à confiança do sistema eleitoral brasileiro, revela o processo.

R7

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Brasil

Governo Lula põe sob sigilo lista de servidores que ocuparam 57 quartos de hotel de luxo em Londres

Lula com o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak, em Londres Foto: Ricardo Stuckert/PR

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) colocou em sigilo pelos próximos cinco anos a lista das pessoas que ocuparam 57 quartos do hotel de luxo JW Marriott Grosvenor House, em Londres. Ao todo, o governo brasileiro gastou R$ 1,47 milhão com o estabelecimento, sendo R$ 140 mil para duas salas de reuniões no hotel.

O chefe do Poder Executivo brasileiro esteve na Inglaterra em maio para a coroação do rei Charles III, que ascendeu ao trono após a morte de sua mãe, Elizabeth II. O governo foi procurado por meio da Secretaria de Comunicação da Presidência, mas ainda não se manifestou.

Além da comitiva oficial, também ficaram no hotel os integrantes do chamado Escalão Avançado (Escav) que é responsável pela preparação da viagem. O grupo permaneceu no local de 26 de abril até 9 de maio. Lula chegou à cidade em 5 de maio – o evento, na Abadia de Westminster, ocorreu no dia seguinte. O quarto em que o presidente ficou hospedado com a primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, saiu por R$ 43.986,60 a diária. Ao todo, 80 pessoas participaram da viagem.

“As Comitivas Técnica e de Apoio são constituídas por servidores que atuam em áreas meio para a viabilização dos eventos com a participação do presidente da República. Assim, a relação dos servidores que compõem estas comitivas são informações que são classificadas pelo Gabinete de Segurança Institucional no grau de sigilo reservado, com fundamento no art. 25, VIII, do Decreto nº 7.724, de 16 de maio de 2012″, disse a Casa Civil em resposta a um pedido da Lei de Acesso à Informação (LAI), em 15 de fevereiro deste ano. Durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, o GSI já adotava conduta de classificar como reservados os relatórios de viagens nacionais e internacionais dos presidentes da República. Os documentos só são liberados cindo anos depois.

Mesmo tendo negado acesso à lista das pessoas que se hospedaram no hotel, a Casa Civil marcou a resposta como “acesso concedido”, como se tivesse entregado a informação pedida. Como regra, todos os documentos do governo devem ser de acesso público – o chamado princípio da publicidade está inscrito na Constituição. No entanto, a Lei de Acesso à Informação estabelece algumas exceções em que o acesso pode ficar restrito. O grau de sigilo pode ser reservado (cinco anos); secreto (15 anos) ou ultrassecreto (25 anos).

Em alguns casos, a Lei de Acesso também permite ao governo restringir o acesso a informações por até 100 anos, sempre que se trate de “informações pessoais (…) relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem”, independentemente da classificação de sigilo. Como mostrou o Estadão, o governo Lula impôs o sigilo de 100 anos a 1.339 pedidos, que incluem desde visitas recebidas por Janja e Lula no Palácio da Alvorada até telegramas diplomáticos sobre o jogador de futebol Robinho, condenado na Itália por estupro.

A prática também era comum no governo de Jair Bolsonaro (PL), que impôs sigilo de 100 anos a informações requisitadas em 1.108 pedidos da Lei de Acesso à Informação, segundo dados levantados pela ONG Transparência Brasil. De acordo com relatório da organização, em vários casos houve mau uso do dispositivo da Lei de Acesso por parte do governo. É o caso de informações sobre entrada e saída de pessoas em prédios públicos, informações sobre a saúde de Bolsonaro durante a pandemia de covid-19; e um processo disciplinar já encerrado contra um ministro de Estado.

Durante a campanha eleitoral de 2022, Lula prometeu acabar com o mecanismo do sigilo de 100 anos, e tirar da obscuridade informações classificadas pelo então adversário. “No dia 2 de outubro, o povo vai te mandar pra casa. Farei um decreto para acabar com seu sigilo de 100 anos para saber o que esse homem esconde por 100 anos”, disse Lula a Bolsonaro num debate televisivo realizado pela TV Globo em setembro de 2022. “É uma coisa que nós vamos ter que fazer: um decreto, um revogaço desse sigilo que Bolsonaro está criando para defender os amigos”, disse Lula a uma rádio do interior de São Paulo, em junho de 2022.

GSI nega lista de passageiros em viagens oficiais

O GSI costuma recusar-se a fornecer a lista de pessoas que voam junto com o Presidente da República durante as viagens oficiais. A alegação é a de que a “exposição indiscriminada” dos nomes traria “prejuízos e vulnerabilidades para a atividade de segurança presidencial”, como disse a pasta em resposta a um pedido da Lei de Acesso de abril de 2023, sobre a comitiva de Lula à Argentina e ao Uruguai, em janeiro daquele ano.

Tudo o que fica público, nestes casos, é a lista da comitiva oficial, que geralmente é composta apenas por uns poucos ministros. Essa lista é publicada no Diário Oficial da União. Além da lista de integrantes da comitiva para Argentina e Uruguai, desde janeiro de 2023, o GSI negou acesso à lista de passageiros que foram para a China e para Abu Dhabi, em abril. Na viagem a Londres, a comitiva oficial era composta apenas pelo assessor internacional da Presidência Celso Amorim; pela primeira-dama Janja e pelo embaixador do Brasil no Reino Unido, Claudio Frederico de Matos Arruda.

Diferentemente de outras viagens oficiais de Lula, a ida a Londres não incluiu uma pauta de negócios relacionada a diferentes áreas do governo — outras viagens, que tinham escopo mais amplo, acabaram incluindo um número maior de participantes. Em dezembro de 2023, a delegação brasileira à Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP-28, tinha 1.337 pessoas, incluindo empresários e políticos. Deste contingente, cerca de 400 viajaram com recursos do governo federal. Na viagem à China, em abril passado, foram cerca de 73 autoridades, entre integrantes do governo, políticos e sindicalistas. A Buenos Aires, em janeiro passado, viajaram com Lula cerca de 20 pessoas, incluindo seis ministros, um congressista (o deputado Marco Maia, do PT-RS), assessores e o fotógrafo oficial, Ricardo Stuckert.

Estadão Conteúdo

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Política

Lula se queixa a líderes que PT não defende o governo

Foto: Hugo Barreto/Metropóles

Lula se queixou aos líderes de governo na reunião desta sexta-feira (19/4) de que o Partido dos Trabalhadores precisa se empenhar mais na defesa do governo.

Lula pediu que Jaques Wagner, José Guimarães e Randolfe Rodrigues, líderes no Senado, na Câmara e no Congresso, cobrem os petistas a se engajar mais na defesa das pautas do governo.

O presidente aprofundará o assunto numa reunião que terá na semana que vem com Gleisi Hoffmann, presidente do PT. O encontro é para tratar de eleição, mas Lula também fará a crítica a ela.

Guilherme Amado, Metrópoles

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Saúde

Anvisa forma maioria para manter a proibição ao cigarro eletrônico no Brasil

Imagem: iStock

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) formou maioria nesta sexta-feira (19) para manter a proibição ao cigarro eletrônico no país. A medida veta a produção, comercialização e divulgação do vape em território nacional. O produto é ilegal no Brasil desde 2009, mas a entidade discutia a possibilidade de revisão da norma.

Em Reunião Ordinária Pública da Dicol (Diretoria Colegiada) da agência, 3 dos 5 diretores votaram a favor da manutenção da proibição. A deliberação ainda não foi finalizada.

O diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, refutou o argumento de que outros países já debateram e regulamentaram o uso e comercialização de cigarros eletrônicos. Segundo ele, a liberação não resolveu os problemas de vício em nicotina e uso por pessoas mais jovens do dispositivo.

“Não há absolutamente no cenário internacional país em que essa discussão seja pacífica, tranquila e sedimentada, não há. As autoridades, em especial as de saúde, estão tendo que lidar com desafios de coibir danos dia após dia”, afirmou Torres.

Com informações de Poder 360

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Geral

Sicredi está entre as 5 melhores instituições financeiras brasileiras no ranking mundial da Forbes

O Sicredi, instituição financeira cooperativa, conquistou a quinta posição do ranking brasileiro do World’s Best Banks 2024, realizado pela Forbes, em parceria com a empresa de estatísticas Statista. Na pesquisa, bancos de 33 países foram avaliados por clientes com base em uma série de critérios relacionados às suas experiências no relacionamento.

Mais de 49 mil pessoas indicaram responderam a um questionário detalhado dando notas a partir das suas experiências nas instituições financeiras onde possuem ou já tiveram conta corrente ou poupança. Eles tiveram que avaliar as instituições a partir de cinco critérios: confiança, termos e condições, atendimento ao cliente, serviços digitais e aconselhamento financeiro.

Atualmente, o Sicredi conta com mais de 7,5 milhões de associados e, no último ano, registrou índice de recomendação superior a 75%, o que o coloca na zona considerada de excelência.

“O reconhecimento no ranking Forbes reflete o êxito que nossas cooperativas têm tido em aumentar o número de pessoas beneficiadas pelos diferenciais do relacionamento com uma cooperativa de crédito sem perder a nossa essência que é focar nas necessidades dos associados”, contextualiza César Bochi, diretor presidente do Banco Cooperativo Sicredi.

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Geral

Defensoria pede à Justiça Federal que condene X a pagar R$ 1 bilhão por danos morais e sociais

Foto: Reprodução

A Defensoria Pública da União pediu nesta sexta-feira (19) à Justiça Federal que condene a plataforma X, antigo Twitter, a pagar R$ 1 bilhão em indenização por dano moral coletivo e danos sociais ao Brasil.

Para a DPU, a conduta do empresário Elon Musk e do X “representa instrumentalização de plataformas digitais para fins ilícitos, apontando para grave responsabilidade das empresas e de seus gestores, indicando uma indução e participação em atividades criminosas que atentam contra o tecido democrático da nação”.

No início do mês, Musk passou a fazer ataques ao ministro Alexandre de Moraes pelas decisões que determinaram a remoção de conteúdo e o bloqueio de contas de investigados no Supremo por postagens que envolvem crimes como discurso de ódio, defesa de golpe de estado e ataques sem provas ao sistema eleitoral.

Musk ameaçou não cumprir decisões da Justiça brasileira e passou a ser investigado no Supremo.

A ação da DPU pede que a Justiça determine ao X a adoção de uma série de medidas como:

  • práticas de moderação de conteúdo em conformidade com os direitos à liberdade de expressão e informação, removendo conteúdos ilegais ou que promovam desobediência a decisões judiciais
  • sistema eficaz de cooperação com autoridades judiciais para garantir respostas rápidas a ordens judiciais e requisições legais;
  • publicação de relatórios periódicos detalhando as ações tomadas para cumprir ordens judiciais e a moderação de conteúdo
  • contratação de entidades independentes para realizar auditorias regulares nas práticas da empresa

Fonte: g1

Opinião dos leitores

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Cidades

Empresa contesta resultado e licitação para engorda de Ponta Negra é adiada

José Aldenir/AGORA RN

A empresa que ficou em segundo lugar na licitação da engorda da Praia de Ponta Negra apresentou recurso contestando o resultado da concorrência. Com isso, a homologação do resultado final da licitação será adiada por até dez dias, segundo informações da Prefeitura do Natal. O prazo para apresentar recursos encerrou às 23h59 dessa quinta-feira 17.

A empresa que conseguiu o primeiro lugar no processo licitatório, Consórcio DTA-AJM, terá cinco dias para apresentar sua defesa à contestação, e a Secretaria de Infraestrutura do Município (Seinfra) terá mais cinco dias para definir o resultado.

Com informações de Tribuna do Norte e Agora RN

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Geral

INSS realiza mutirão de perícia com uso de telemedicina em quatro unidades do RN

Foto: José Aldenir/Agora RN

O Ministério da Previdência Social e o Instituto Nacional do Seguro Social iniciam, no Rio Grande do Norte, um grande mutirão para os requerentes do Benefício de Prestação Continuada (BPC) à pessoa com deficiência, utilizando a telemedicina para realização de perícia médica. A ação inicia no dia 22 de abril e, de forma gradativa, contemplará quatro unidades do estado, são elas: Agência da Previdência Social (APS) de Macau, Pau dos Ferros, São Miguel e Parelhas que não têm esse atendimento de forma presencial.

Ainda não há data definida para finalizar as atividades que permitirão a abertura de, aproximadamente, 15 mil vagas mensais em todo o Nordeste. O mutirão faz parte do Programa de Enfrentamento à Fila da Previdência Social e acontecerá nos nove estados da região, priorizando municípios do interior, onde os segurados precisam deslocar-se vários quilômetros, até outra cidade, para realizar a perícia. O objetivo é acelerar a resposta do INSS para quem solicitou o BPC à pessoa com deficiência.

Para os requerentes, o processo é o mesmo da perícia presencial. Eles deverão comparecer à agência da Previdência Social na data e hora do seu agendamento e seguir o mesmo fluxo dentro da unidade.

Os agendamentos poderão ser realizados pelo requerente por meio dos canais de atendimento – central telefônica 135 e o Meu INSS (app ou site).

Para o superintendente regional do INSS no Nordeste, Caio Figueiredo, o uso da tecnologia só traz benefícios para a missão de combater a fila do BPC no Nordeste.

“Utilizar a telemedicina traz uma perspectiva muito boa para o trabalho que já estamos realizando, com foco em diminuir a espera de muitas famílias por uma resposta para o pedido de BPC à pessoa com deficiência. Teremos um acréscimo de, aproximadamente, 15 mil vagas por mês. Além disso, esse esforço conjunto com o Ministério e a Perícia Médica Federal ampliará o número de municípios alcançados e reforça nossa preocupação com a população que, antes, precisaria deslocar-se por vários quilômetros”, concluiu.

Fonte: Agora RN

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Mundo

VÍDEO: Homem ateia fogo em si mesmo em frente ao tribunal de julgamento de Donald Trump nos EUA

Um homem ateou fogo em si mesmo do lado de fora do tribunal onde o julgamento histórico do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump estava em andamento nesta sexta-feira (19). Identificado por um alto funcionário do Departamento de Polícia como Max Azzarello, de 37 anos, ele estava em uma área isolada para apoiadores do republicano quando, por volta das 13h35 (14h35 em Brasília), se encharcou com um líquido e deu início às chamas. Ainda não se sabe o que motivou a ação.

O caso ocorreu pouco depois de, na corte, ter sido concluída a seleção dos jurados (12 titulares e seis suplentes) que decidirão o destino de Trump no julgamento — o primeiro em que um ex-presidente dos EUA se senta no banco dos réus. O republicano, que busca voltar à Casa Branca nas eleições de novembro, é acusado de tentar ocultar pagamentos à atriz pornô Stormy Daniels para comprar seu silêncio na reta final da campanha eleitoral de 2016, na qual foi eleito.

Dentro da sala de audiências, de acordo com o Guardian, o juiz Juan Merchan estava aparentemente alheio ao ocorrido e tinha acabado de encerrar o expediente para o almoço. Ele também disse aos jurados recém-selecionados para atuar no caso que as declarações de abertura estavam marcadas para a próxima segunda-feira, às 9h30 (10h30 em Brasília). No local, conforme relatado pela CNN, uma pessoa se aproximou de Trump e falou algo em seu ouvido.

Após Azzarello atear fogo em si mesmo, pessoas chegaram a correr para tentar extinguir as chamas. A intensidade do calor, no entanto, podia ser sentida a metros de distância. Após alguns minutos, dezenas de policiais correram para tentar abafar o fogo. O homem, que parecia estar vivo, foi colocado em uma ambulância e levado para o hospital em estado crítico.

Uma testemunha que preferiu não ser identificada afirmou que o homem jogou panfletos no ar antes de se incendiar. A pessoa, que usava jeans e uma camiseta cinza escuro, caiu no chão logo em seguida. Alguns panfletos faziam referência ao ex-presidente George W. Bush, ao ex-vice-presidente Al Gore e ao advogado David Boies, que representou Gore na recontagem das eleições presidenciais de 2000.

Fonte: O Globo

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Violência

VÍDEO: Mulher é arrancada de dentro de carro e derrubada no chão durante assalto em Natal

Uma mulher foi arrancada do próprio carro e jogada no chão por criminosos durante um assalto que aconteceu na tarde desta quinta-feira (19) no bairro Lagoa Nova, em Natal. O crime foi registrado por câmeras de segurança instaladas em imóveis da região.

O caso aconteceu por volta das 14h30. As imagens mostram a mulher andando pela calçada e entrando no carro de cor prata estacionado no meio-fio da rua do Titânio. Segundos depois, três homens se aproximam pelo outro lado da rua, na calçada de uma praça, atravessam a via e a abordam rapidamente.

Na ação, os criminosos puxam a vítima violentamente do banco do motorista e a derrubam no calçamento de paralelepípedo. A mulher se levanta e corre de volta para a calçada, enquanto os bandidos fogem no veículo.

Segundo testemunhas, a vítima pediu ajuda e foi acolhida na sede do Conselho Regional de Psicologia, localizado em frente ao local em que o assalto aconteceu. Ela esperou a polícia no local. Ainda de acordo com testemunhas, a vítima passa bem e o veículo não foi recuperado até a última atualização desta matéria.

O CRP informou que a vítima não faz parte do conselho e não se posicionou sobre o caso.

Fonte: G1 RN

Opinião dos leitores

  1. Falta de governo nivel Estadual e Federal, um país governado por um descondenado sem provar inocência, todos bandidos se sentem a vontade para fazer o que querem..

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