Com atraso de cinco anos, o Senado aprovou na noite desta quarta (4) uma emenda que acaba com o voto secreto nas votações de perda de mandato de congressistas. A proposta seguiu para a Câmara. Numa escala de zero a dez, a chance de a novidade ser aplicada ao julgamento de Demóstenes Torres é de menos onze.
A emenda que passou no Senado é de autoria de Alvaro Dias, líder do PSDB. Foi apresentada em 2007, quando estava na grelha Renan Calheiros, absolvido em dois processos de cassação votados na sombra.
Depois de dormir nas gavetas por cinco anos, a proposta foi aprovada a uma semana do julgamento de Demóstenes, marcado para a próxima quarta-feira (11). Enviada à Câmara, vai perambular pelas comissões antes de chegar ao plenário. Deus sabe quando os deputados se dignarão a aprová-la.
Há um quê de jogo de cena no movimento desta noite. Há na Câmara outro projeto que fulmina o voto secreto no Legislativo. Apresentada em 2006, já foi aprovada em primeiro turno. Aguarda pela apreciação em segundo turno há arrastados seis anos.
Se quisesse julgar Demóstenes sob luzes, bastaria ao Congresso ter priorizado essa proposta da Câmara. Supondo-se que fosse aprovada nesta semana, iria ao Senado em tempo de ser votada até terça (10), véspera do cadafalso do amigo de Carlinhos Cachoeira.
Ao dar preferência ao texto do Senado –aprovado em dois turnos de uma tacada— o Legislativo informa à platéia que faz questão de oferecer a Demóstenes a possibilidade de ser içado do purgatório no escurinho de um placar secreto. Brasilllll!
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