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VÍDEOS: Bruxo e ex-secretário de Curitiba teriam extorquido Ratinho do SBT, políticos e empresários

O ‘bruxo’ Chik Jeitoso e o advogado Marcelo Araújo, que já ocupou o cargo de secretário municipal de Trânsito de Curitiba na gestão de Luciano Ducci (PSB), foram presos hoje (20) em uma operação do Departamento de Inteligência do Estado do Paraná (Diep). Os dois, que foram candidatos a vereador na capital, são suspeitos de extorsão contra empresários, políticos e artistas.

O apresentador Ratinho, do SBT, teria sido extorquido em R$ 5 milhões. A polícia mantém sigilo dos nomes das vítimas. Pelo menos cinco foram identificadas. Dessas, três representaram contra os suspeitos.

De acordo com a polícia, Chik Jeitoso usava perfis em redes sociais e blogs para difamar as vítimas. Um encontro teria sido marcado para hoje (20) no escritório de Marcelo Araújo para que o empresário (que seria Ratinho) pagasse R$ 5 milhões aos criminosos.

As prisões são temporárias, com duração de cinco dias. Segundo o delegado Renan Ferreira, com as provas que já foram produzidas, inclusive com vídeos de tentativas de extorsão, a polícia acredita que será decretada a prisão preventiva, cujo prazo depende da determinação da Justiça.

Um mandado de condução coercitiva – quando a pessoa é levada para prestar depoimento – e nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos. A condução coercitiva foi de uma mulher que estaria sendo usada no esquema, mas que não tem participação, segundo a polícia, que não revelou sua identidade.

Investigação

A operação foi batizada de Lomax, em alusão a Kevin Lomax, personagem do filme ‘O Advogado do Diabo’. As investigações começaram há um mês e é sigilosa para preservar as vítimas.

Segundo ao polícia, Chik Jeitoso e advogado Marcelo Araújo teriam convencido uma mulher (que foi conduzida coercitivamente) a registrar um boletim de ocorrência de um fato supostamente ocorrido há 20 anos contra o empresário.

Em troca de não divulgar suposto o caso, a dupla teria cobrado R$ 5 milhões do empresário, segundo o delegado Renan Ferreira.

“Eles angariavam uma pessoa, para registrar um boletim de ocorrência contra as vítimas, e aí fariam um acordo para que essa pessoa sumisse, não mais revelasse nenhum fato desabonador, e aí também com isso retirariam as críticas que Chik Jeitoso, no caso, o ‘bruxo’, divulgaria nas redes sociais”, afirma.

Extorsão

A vítima em questão marcou uma reunião para esta terça-feira (20), com a desculpa de fazer o pagamento para que as prisões pudessem ser efetuadas. Segundo a polícia, há vídeos que comprovam a atuação da dupla, imagens que foram gravadas pelos advogados das vítimas.

A dupla teria ainda outras vítimas, entre empresários, políticos e até artistas de televisão. Seriam pessoas conhecidas, segundo a polícia, mas os nomes não foram revelados. Os valores pedidos, segundo a polícia, eram sempre altos.

“A participação do advogado, quando a gente analisa a relação com um cliente, nesse caso ficou clara a ideia de extorsão. Ao invés de existir uma demanda judicial o que haveria era mais delitos, mais crimes de calúnia, injúria e difamação”.

“Ouvimos hoje essa senhora que fez o primeiro boletim de ocorrência e ela confirmou que ela jamais teria pedido dinheiro. O pedido de dinheiro veio do advogado e do bruxo”, afirma o delegado.

O delegado Francisco Caricati afirma que cinco vítimas foram identificas. Todas foram extorquidas em valores milionários. A polícia não tem informação se algum valor chegou a ser pago aos suspeitos. “Só três fizeram denúncia”, afirma.

Caricati afirma que os fatos usados como ameaças eram sempre distorcidos. “Alguns fatos estavam dentro de um contexto, outros não. Por exemplo, esse empresário, houve uma relação dele com uma mulher. Mas aí tentaram inverter uma história como sendo um caso de estupro. Envolve uma situação que não há como se confirmar isso”, conta.

“Ele (o brux0) também alegava o seguinte: o empresário ficou rico frente a um trabalho de macumba dele. Aí tinha que pagar pra ele senão ia difamar ele nas redes sociais”, relata o delegado da Diep.

As publicações nas redes sociais eram feitas por Chik Jeitoso, com ajuda dos filhos, que alegava ter mais de 200 contas no Facebook e Twitter.

Marcelo Araújo estaria envolvido nas negociações dos acordos, com consciência de que estava cometendo um crime, segundo a polícia. “Ele planejava e ajudava na execução da extorsão”, afirma o delegado Francisco Caricati. “Ele sabia que era uma crime e mesmo assim participava”, diz.

Prisão

Chik e Marcelo serão interrogados no Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). O bruxo deve ser levado ao Centro de Custódia em São José dos Pinhais, e o advogado ao Complexo Médico Penal, em Pinhas, na região metropolitana de Curitiba. A prisão é válida por cinco dias. A polícia já pediu a conversão em prisão preventiva.

A reportagem tenta contato com a defesa dos suspeitos. A assessoria do empresário Ratinho informou que o apresentador não vai se pronunciar. Os advogados de Ratinho afirmam que as investigações estão em andamento e que não vão comentar o caso.

Atuação política

Conhecido por divulgar boatos e informações negativas contra políticos – em especial, nos últimos anos, contra o secretário de Estado Ratinho Junior (PSC) e o prefeito de Curitiba Gustavo Fruet (PDT) – o bruxo Chik Jeitoso faz previsões eleitorais e sobre outros temas. É figura frequente em programas locais de TV.

Marcelo Araújo é advogado, especialista em trânsito, ex-presidente da Comissão de Direito de Trânsito da OAB, e também é constantemente consultado pela imprensa, sobre assuntos relacionados ao trânsito. Sua saída da Secretaria de Trânsito do governo Ducci em 2012 foi conturbada.

Ele renunciou após uma denúncia de que acumulava infrações como motorista. Ele é colunista de um blog de política, praticamente dedicado a críticas ao prefeito Gustavo Fruet.

Chic Jeitoso e Marcelo Araújo foram candidatos a vereador em Curitiba nas eleições deste ano. O bruxo pelo PTN e o advogado pelo PTC.

Portal Paraná

 

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