Política

Bolsonaro atribui derrota do voto impresso a medo de retaliação e chantagem

Foto: Reprodução/YouTube

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje que a rejeição à proposta da PEC do voto impresso (Proposta de Emenda à Constituição 135/19) na Câmara dos Deputados foi reflexo de chantagem e medo de deputados sofrerem retaliações. Com a derrota da proposta que era defendida pelo governo, Bolsonaro reforçou seu discurso de questionamento à lisura das eleições, sem apresentar qualquer indício ou prova.

A PEC do voto impresso teve 218 votos contra, 229 votos a favor e uma abstenção. Para que a tramitação avançasse, eram necessários votos favoráveis de 308 dos 513 congressistas.

Sem apresentar provas, Bolsonaro falou em “chantagem” contra quem rejeitou a proposta e não era de “partido de esquerda” e medo de retaliações para quem se absteve. Ele ainda repetiu o discurso de que o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, teria agido dentro do Congresso para barrar a PEC.

“Quero agradecer à metade do parlamento que votou de forma favorável ao voto impresso, parte da outra metade que votou contra, que entendo que votou chantageada. Uma outra parte que absteve, não todos, mas alguns lá não votaram por medo de retaliação”, disse.

Em entrevista no começo desta semana, Bolsonaro já havia ensaiado o discurso da derrota afirmando que Barroso tinha “apavorado parlamentares” para que a PEC fosse derrotada. Hoje, ele repetiu indiretamente a sua teoria, que não tem qualquer indício, para explicar a falta de votos para a aprovação do voto impresso.

“Em números redondos, 450 deputados votaram ontem, foi dividido. Então é sinal que metade não acredita 100% da lisura dos trabalhos do TSE, não acredita que o resultado seja confiável. Dessa outra metade que votou contra, você tira PT, PCdo B, PSOL, e para eles é melhor voto eletrônico como esta aí”, disse.

“Desses outros que votaram contra, muita gente votou preocupado. Com problemas, essas pessoas resolveram votar com o ministro, presidente do TSE. Os que se abstiveram numa votação online, abstenção é muito difícil acontecer. Sinal que ficaram preocupados com retaliações”, afirmou.

“Mácula da desconfiança”

Assim como vem repetindo nos últimos discursos, Bolsonaro voltou a citar suspeitas infundadas sobre o voto eletrônico e já lançou dúvidas sobre o resultado das eleições de 2022, quando deverá tentar a reeleição.

“Sinalizamos uma eleição, não que está dividida, mas de eleições onde não vão se confiar nos resultados”, disse Bolsonaro.

“Perguntaria agora para aqueles que estão trabalhando por interesses pessoais se eles querem enfrentar eleições ano que vem com a mácula da desconfiança”, completou em outro trecho.

Apesar de questionadas por Bolsonaro, as urnas eletrônicas são auditáveis e testadas com regularidade sobre sua segurança. Já foi constatado que os dados principais são invioláveis e não podem ser infectados por vírus que roubem informações. O TSE afirma que não há indícios de fraude em eleições desde 1996, quando as urnas eletrônicas foram adotadas.

Ao afirmar que não tinha provas do que iria falar, o presidente Bolsonaro também acusou o PT de “receber dinheiro do narcotráfico” e recursos “de fora do Brasil”.

UOL

Opinião dos leitores

  1. O mentiroso acusa os outros do que ele próprio tenta fazer, mas como ninguém mais dá bola pra esse desocupado. Ele fica só alimentando sua claque e colocando sal pro gado sentir sedw e inchar de beber bobagem.

  2. O mundo desse cagão é miliciano. O seu pensamento, as suas versões, os acontecimentos, tudo está ligado a ameaça e a chantagem.

  3. Pura verdade. O STF fez. Chantagem os deputados. Todos foram visitados, Ou falta no dia da votação ou pedi para tirar. Que foi a favor do voto impresso vai ter seu processo no STF agilizado sua condenação. O mau exemplo no Rio Grande do Norte, foi o deputado federal Beto Rosado 🌹 ele foi ameaçado, por causa dos processos que o dono do partido ao qual ele pertence tem na caverta do STF. É uma tristeza ter 60% dos políticos no Brasil tá no bolso do STF. A onde 11 membros com formação duvidosa no trato da Advogacia ter um poder que está a serviço de um partido de formação guerrilheira, trasvesitido de trabalhadores terem objetivos de delapidar o herario público no intuito de forma uma ditadura como a de Cuba. Aonde não existe a liberdade nem para cobrar água mineral.

    1. É isso mesmo, Pedro. Quem tem um pouco de raciocínio consegue ler de forma correta esse episódio. A oposicão, incluindo esses ministros do STF, vai sendo desnudada lenta e constantemente. Antes, agiam nas sombras, posando de bons moços. Agora, vieram pro claro, pra debaixo do sol. E a exposição demorada ao sol queima.

  4. Ganhamos de 229 X 218, mesmo com toda a mobilização de ministros do STF contra o voto auditável, amedrontado os deputados em reuniões e encontros secretos. Na verdade, essa votação mostrou a força do presidente. E o povo está com ele.

    1. Conhecerás a verdade, mas mesmo assim continuarás a mentir. A mentira é tua profissao de fé e supera em muito sua vergonha. Acabou, agora são só palavras vazias. Não haverá voto impresso, nem que a vaca (os eleitores mentirosos e desonestos que se dizem de direita), tussa. Comemore a vitória, direita sem escrúpulos e sem honra.

    2. Quanto ódio no “coraçãozinho” esquerdopata de vcs! Pelo visto, não gostaram do resultado dessa votação. Por que terá sido? E ainda teve vários deputados que não foram votar para não afrontar os ministros do STF. Será que finalmente entenderam quem saiu vitorioso desse episódio? Posso explicar mais um pouco. Rsrsrs

  5. O voto impresso foi sepultado. Mas o discurso de Bozo, não. Afinal, ele vive disso e é disso que o gado se alimenta. Das mentiras e ataques. Se cortarem seu discurso, não sobra mais nada.

  6. Na verdade, A MAIORIA dos deputados votou a favor da PEC. Porém, não foi atingido o quórum privilegiado para aprovar uma Emenda à Constituição. Segue o jogo.

  7. Acertou de novo.
    A galera aí é mais suja que puleiro de pato.
    Tá precisando voltar tudo de novo, uma nova constituição é a melhor opção.
    Agora tem que varrer esse congresso e o STF.
    Urgente.
    Ninguém aguenta mais esses caras corruptos votando contra o Brasil.
    Faxina urgente.
    Tranca tudo.
    Esse vírus é letal.

  8. E o que o frouxo doo Bozo vai fazer????
    So resta a choradeira de sempre.
    Acabou a palhacada de voto impresso, quem não gostou pode chorar em baiixo da cama abraçado com uma foto do Genocida Miliciano.
    Na proxima micareta Militar, bote pelo menos um trio eletrico com chiclete com banana pra animar o gado, e não esqueca do tanque fumacê.

  9. Vitória do bom senso e da democracia. Se Bolsonaro sofre uma derrota o Brasil tem uma vitória.
    Se Bolsonaro ganha o Brasil perde, simples assim.

    1. Aguardemos a esquerda vai usar do mesmo discurso quando perder a eleiçao novamente

  10. Indícios de fraudes há muitos. Ele só não apresentou uma prova cabal. Qual o problema no eleitor votar e ver o seu voto realmente confirmado? É difícil acabar com a corrupção no Brasil com os políticos, quase todos, com esse vício (da corrupção). Quando aparece algum querendo exterminar com os atos corruptos, o “bando” se junta e é contrário.

    1. O seu raciocínio é o mesmo do cara que pegou a mulher saindo do motel com outro homem. Mas aí ele diz que não houve prova cabal de que eles transaram. O próprio TSE pede investigava pela PF da invasão de um hacker nas eleições de 2018 e você diz que não há prova cabal, quando foi “apagado” o rastro deixado pelo invasor pelo mesmo TSE.

    2. Ou seja, o pé-de-lã introduziu e “brincou” lá dentro. Como apagaram os “logs” (?!?!?!) que registravam os rastros do que foi feito, não dá nem prá saber se o cara “gozou”. Mas insistem na mentira de que a urna é “inviolável”. É brincadeira!

  11. Pense num homem de palavra esse tal de bolsonaro. Até entendo a raiva que sentem da esquerda, mas confiar nesse idiota é compactuar com a mentira: Bolsonaro descumpre promessa a Lira e volta a atacar: ‘Eleições não serão confiáveis’. Moro 22

    1. Né isso! O gado tem que diariamente aumentar a cloroquina no capim pra poder continuar acreditando no MINTOmaníaco das rachadinhas… O cara mente o tempo todo e ainda fala em transparência quando decreta sigilo de 100 anos do cartão corporativo dele, das visitas da família rachadinha ao Planalto, do cartão de vacinação dele…

    2. Ou vc é incapaz de entender uma mensagem simples ou age de má fé (aposto nas duas opções). Ele disse ao Lira que respeitaria a decisão da Câmara. E fará isso. Porém, há outros caminhos possíveis para evitar que o Brasil seja vítima de uma eleição fraudada. Aguardemos.

    3. Caro Direita Honesta. Vá se tratar! Comece a se preparar pois senão vc vai ter um piripaque. Teu ídolo é bandido, tanto quanto Lula. Aliás vc já admitiu que só faz escolhas erradas. Prepare-se para mais uma decepção. Quem apoia o que não presta, também não vale um centavo. É teu caso. Gosta de chafurdar na lama da mentira é da inconsequência. Felizmente gente como você é ampla minoria nesse nosso país. Arranje um balcão de botequim pra continuar fazendo teu discurso de ódio e maniqueísmo. As pessoas normais não engolem tua conversinha de safado. Procure se lembrar do exemplo dos teus pais, se é que você teve peça perdão pelos seus pecados.

    4. Um sujeito como vc cria um pseudônimo a partir do meu, faz um textão VAZIO apenas para atacar a honra de alguém que nem sequer conhece (a minha pessoa) e sou eu que faço discurso de ódio e tenho que me tratar? Comece procurando um espelho, “cumpanhero”. Depois, aplique seu discurso patético a si próprio. E procura no dicionário o que significa “maniqueismo”, talkey? Tenho certeza que vc só está repetindo o que alguém mandou. Gente como vc não pensa. Kķkkkkk

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Jornalismo

Quando começa o caos? Atenção: já começou!

DF - CUNHA/JORNALISTAS - POLÍTICA - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), concede entrevista aos jornalistas setoristas da Câmara fazendo um balanço do primeiro semestre do ano, em uma café da manhã oferecido no anexo IV na Câmara dos Deputados, em Brasília. 16/07/2015 - Foto: ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO
Foto: André Dusek / Estadão Conteúdo

 

Do Josias de Souza: Abandonado pelo PT, Eduardo Cunha detonou o processo de impeachment contra Dilma Rousseff. Fez isso num instante em que a Lava Jato exibe as entranhas da República, o PIB aponta para um derretimento de mais de 3% em 2015, a inflação roça os dois dígitos, o desemprego bate em 8% e o Planalto celebra como vitória a aprovação no Congresso de uma proposta que o autoriza a fechar as contas do ano com um rombo de R$ 119,9 bilhões no lugar do prometido superávit de R$ 55,3 bilhões. Muita gente se pergunta: quando começa o caos? A má notícia é que o caos já começou. A boa notícia é que, diante da tragédia a pino, o país tem a oportunidade de se reinventar. Caos não falta.

Dilma não precisou da oposição para chegar ao caos. Desfrutou do privilégio de escolher o seu próprio caminho para o inferno. A presidente costuma dizer: “Ninguém vai tirar a legitimidade que o voto me deu”. Engano. Há na praça uma pessoa que parece decidida a transformar em problema aquela que havia sido eleita como solução dos 54 milhões de brasileiros que lhe deram o voto em 2014. Chama-se Dilma Rousseff a responsável pelos atentados cometidos contra a legitimidade de Dilma Rousseff, hoje um outro nome para o erro.

Depois de liberar seus operadores políticos para providenciar os votos que salvariam o mandato de Eduardo Cunha no Conselho de Ética da Câmara, Dilma foi desautorizada pelo seu próprio partido. O PT concluiu que o resgate cobrado por Cunha para engavetar o impeachment era caro demais até para um partido que se tornou amoral. Diante do fato consumado, Dilma faz pose de valente. Nas suas primeiras reações, ela disse que jamais cedeu a chantagens. Fez uma aparição em público enrolada na bandeira da legalidade. Sustenta que não há razões para o impeachment. Em privado, auxiliares da presidente ruminam o receio de que a deterioração da economia devolve os brasileiros às ruas. Reconhecem que o governo bateu nas fronteiras do imponderável.

Eduardo Cunha vinha dizendo aos aliados que não cairia sozinho. Ambicioso, ele quer levar junto ninguém menos que a presidente da República. E o petismo não pode nem reclamar. Foi sob Lula que Cunha plantou bananeira dentro dos cofres da Petrobras.

Opinião dos leitores

  1. A Presidente Dilma errou quando não buscou trabalhar em conjunto com o Povo e se sustentou em propostas que levaram ao arrocho econômico. Contudo, as causas desse pedido são golpistas e oportunistas. Tem implantar o imposto sobre grandes fortunas e não tirar direito do povo trabalhador.

  2. O pecado da Dilma Rousseff foi ela não ter sido ela mesmo a guerrilheira. Tornou se marionete nas mãos do Lula e do pt. Agora aguente. O povo brasileiro não cometeu nenhum crime e também não tem conta no exterior. Mas apanha todos os dias por ter acreditado nas mentiras da Dilma.

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Diversos

App de pornografia é acusado de fotografar usuários secretamente para chantagem

1525178Uma empresa de segurança americana descobriu um aplicativo malicioso de pornografia que tira fotos secretamente e faz chantagem com os usuários.

O app Adult Player funciona em sistemas Android e aparenta oferecer pornografia, segundo a empresa de segurança Zscaler.

Ele teria capacidade para tirar fotos frontais do usuário com a câmera do celular e bloquear o aparelho.

Para desbloquear o telefone, seus operadores pedem um “resgate” de US$ 500 (R$ 2.000).

RANSOMWARE

Esse tipo de crime cibernético, conhecido como ransomware, está se tornado cada vez mais comum e lucrativo. Em sua maioria, é praticado com o uso de aplicativos que exigem dinheiro de vítimas ameaçando divulgar informações privadas ou apagar arquivos.

Em agosto, a empresa Intel Security afirmou que os casos de ransomwares aumentaram 127% desde 2014 -afetando principalmente laptops e desktops.

“Uma das razões para o aumento é que eles são fáceis de fazer”, disse Raj Samani, chefe de tecnologia da Intel Security na Europa.

“Há pessoas que são pagas para fazer o trabalho, e isso é muito bem pago. Um grupo que rastreamos ganhou US$ 75 mil em dez semanas”.

“Aplicativos como este se baseiam no fator do constrangimento. Se você não paga, sua reputação pode ser afetada”.

O Adult Player foi o segundo app do gênero descoberto pela Zscaler.

Ele não era disponibilizado em lojas virtuais conhecidas, como o Google Play, mas podia ser instalado diretamente de uma página da internet.

Segundo a Zscaler, o aplicativo mantém uma mensagem fixa na tela do aparelho atacado com o pedido de resgate. Ela continua lá mesmo se o telefone é desligado e religado.

SENSO COMUM

“Os ransomwares são mais comuns em computadores do que telefones, mas esse pode ser o início de uma tendência”, disse Samani.

“Você pode se proteger usando o senso comum básico. Alguns ransomwares ameaçam apagar suas fotos, vídeos e documentos. Por isso faça cópias de seus dados. Se você for atingido pode apagar todos os dados do sistema e reiniciá-lo”.

“Faça downloads apenas de lojas como a Google Play e, se receber um link para baixar aplicativos, não clique nele”.

A Zscaler afirmou que todos que baixaram o Adult Player devem reiniciar seus aparelhos em “modo de segurança (safe mode)”. O procedimento varia de acordo com cada fabricante.

Dessa forma o sistema operacional é operado sem que aplicativos sejam ligados – o que permite que softwares maliciosos sejam deletados.

Folha com BBC Brasil

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Diversos

EXPOSIÇÃO VIRTUAL: Revista Época e uma excelente reportagem sobre sexo, chantagem e internet

As estudantes Giana Laura, de 16 anos, e Júlia Rebeca, de 17 anos, nunca se conheceram. Separadas pela extensão geográfica do país – Giana em Veranópolis, Rio Grande do Sul, e Júlia em Parnaíba, litoral do Piauí –, suas histórias se cruzaram nas manchetes da imprensa, por causa de um desfecho trágico. Com apenas quatro dias de diferença, as duas jovens se mataram, pela mesmíssima razão. Elas haviam descoberto que imagens íntimas delas, compartilhadas com pessoas em quem confiavam, se multiplicavam pela internet. Envergonhadas e desesperadas, totalmente inexperientes, decidiram fugir de uma situação que lhes parecia intolerável. Ao escolher o suicídio, tornaram-se vítimas, mais um par de vítimas, de um perigo assustadoramente próximo da nova geração: a exposição excessiva na internet, e suas terríveis consequências.

As circunstâncias em que as imagens foram divulgadas ainda estão sob investigação. A polícia de Parnaíba apura como um vídeo de poucos segundos, em que Júlia aparece numa relação sexual com uma jovem e um rapaz, se difundiu num aplicativo de bate-papo usado em celulares, o WhatsApp. “É provável que ela mesma tenha compartilhado com alguns amigos num grupo do aplicativo”, afirma o delegado Rodrigo Moreira Rodrigues, da Delegacia Regional da Polícia Civil de Parnaíba. Em Veranópolis, a polícia suspeita que um amigo de 17 anos de Giana enviou a alguns colegas uma imagem da garota com os seios desnudos, capturada por webcam numa conversa entre eles, há seis meses.

As mortes de Giana e Júlia soam como tragédias repetidas. Casos semelhantes se sucedem em outros países. Nos Estados Unidos, Jesse Logan, de 18 anos, se suicidou, em 2008, depois que seu ex-namorado divulgou fotos nuas feitas por ela. No ano seguinte, Hope Witsell, de apenas 13 anos, tomou a mesma decisão quando fotos dela seminua foram divulgadas em sua escola, e ela virou alvo de bullying. Com o acesso quase universal a celulares e tablets, divulgar flagrantes de momentos privados é uma questão de poucos – e irresistíveis – cliques. Fotos que revelam o corpo e vídeos de momentos a dois são capturados por câmeras cada vez mais poderosas e enviados ao parceiro ou pretendente, como parte do jogo de sedução. Ou como prova de confiança. A prática, comum entre adolescentes no mundo inteiro, ganhou até nome: “sexting”, um neologismo formado pela mistura das palavras sexo e texting (o ato de mandar mensagens de texto pelo celular).

O sexting seria inofensivo não fosse por uma fatalidade estatística: muitas dessas imagens acabam divulgadas publicamente e viram motivo para linchamento moral. Algumas vítimas não suportam a humilhação e fazem o que fizeram Júlia e Giana. Quem resiste à brutal exposição e à torrente de piadas descreve a experiência como devastadora. “Ele tirou minha vida, não tenho mais vida. Não consigo sair, não consigo estudar, trabalhar”, disse ao programa Fantástico, da TV Globo, uma jovem de 19 anos de Goiânia conhecida como Fran. Ela acusa um ex-parceiro (ele nega) de ter divulgado no WhatsApp vídeos e fotos em que ela se expõe nua para ele, fazendo gestos alusivos a sexo. As imagens se espalharam pela internet e começaram a ser imitadas de forma jocosa até por pessoas famosas, sempre associadas ao nome da jovem. Fran disse que teve de deixar o emprego como vendedora de loja, afastou-se da faculdade e mudou de aparência, na tentativa de não ser mais reconhecida nas ruas.

O potencial de que novos casos se repitam é enorme. Parece quase impossível manter imagens íntimas a salvo do olhar público, uma vez que elas sejam feitas. Uma análise da Internet Watch Foundation sugere que, de todo o material feito de forma amadora e encontrado em sites, 88% fora distribuído sem o consentimento de seus autores. O vazamento pode ser até obra de hackers, que invadem arquivos digitais e espalham imagens por sites na internet. As celebridades costumam estar entre as principais vítimas. Em muitos casos, o perigo está onde menos se espera: os responsáveis pela divulgação têm a confiança da própria vítima. É o paquera cuja conquista decide exibir para amigos. Um ex-namorado ou ex-marido magoado, que torna públicas as lembranças de tempos mais felizes – e íntimos. As vítimas quase sempre são mulheres. Além de imagens, costumam ser divulgados o perfil em redes sociais, números de telefone e outras informações que permitem identificar onde a vítima mora. “É um desejo de onipotência do agressor”, diz o psicólogo José Leon Crochík, da Universidade de São Paulo. “Ao divulgar essas imagens, ele quer mostrar que domina o outro, que pode destruí-lo pela ridicularização.”

O vazamento de imagens é proporcional ao tamanho do fenômeno. Um levantamento da consultoria de tecnologia eCGlobal Solutions, com quase 2 mil brasileiros de mais de 18 anos, revela que 32% dos homens já enviaram fotos em que aparecem nus e 17% já mandaram vídeos. Entre as mulheres, 29% compartilharam imagens em que aparecem sem roupa, e 9% vídeos. Em 2012, o Portal Educacional entrevistou quase 4 mil estudantes com idades entre 14 e 17 anos. Entre eles, 6% afirmaram já ter mostrado partes íntimas do corpo para desconhecidos por meio da webcam ou ter aparecido nus ou seminus em fotos na rede. Apesar de a incidência entre jovens ser menor, ela é mais preocupante. “Eles têm mais dificuldades de medir consequências e são mais impulsivos”, afirma o psiquiatra Jairo Bouer, colunista de ÉPOCA. Por isso, há chances maiores de que o conteúdo do que fazem se torne público. Quem fez não teme divulgar, e quem recebe não mede as consequências destrutivas de distribuir. Ao mesmo tempo, as implicações de um escândalo desse tipo podem ser críticas para os jovens. O repertório emocional deles é limitado para lidar com a crueldade pública e a censura social, como as mortes de Júlia e Giana tristemente demonstram.

A popularização do sexting sugere uma mudança de comportamento. Em parte, ela é causada pela onipresença da tecnologia. Os jovens têm nas mãos, em tempo integral, um dispositivo que permite fazer registros e compartilhá-los imediatamente: o celular. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, jovens entre 10 e 17 anos lideram o aumento do uso de celulares no Brasil.  Na faixa entre 15 e 17 anos, 67,5% dos adolescentes têm um aparelho. Esses celulares têm programas (chamados de aplicativos) como o WhatsApp, que permitem transmitir imagens instantaneamente e sem custo para grupos ou pessoas determinadas. A popularidade desses aplicativos cresce entre os adolescentes. Eles fogem das redes sociais, cujo conteúdo fica explícito para centenas de amigos e para os pais. A maior rede social do mundo, o Facebook, já sentiu os efeitos dessa mudança demográfica. No começo do mês, executivos da empresa admitiram estar perdendo usuários jovens. Os aplicativos de bate-papo para onde os jovens migram, porém, dão a eles uma falsa sensação de segurança. De grupo em grupo, as imagens íntimas se espalham pela rede e se tornam dolorosamente públicas. Não é por acaso que os últimos escândalos de sexting começaram pelo WhatsApp. Quando tecnologias como o Google Glass, óculos-computador do Google, chegarem ao mercado, o impacto sobre a privacidade será ainda maior. Esse tipo de aparelho permite capturar imagens sem que quem seja filmado se dê conta da invasão. É muito mais difícil se proteger de um vídeo ou de uma foto indesejada.

Diante de um cenário tão alarmante, é de perguntar por que os jovens ainda se permitem fotografar e filmar em situações de intimidade. A resposta, terrivelmente simples, é que mostrar aspectos da vida cotidiana é parte da rotina diária deles. Em parte, isso é influenciado por celebridades como Pamela Anderson e Paris Hilton, cujos vídeos em cenas de sexo doméstico circularam na internet no início dos anos 2000. Eles glamorizaram uma situação que era, essencialmente, uma brutal exposição de intimidade. Desde então, as fronteiras entre o público e o privado se tornaram ainda mais borradas. “A nova geração entende a privacidade de uma maneira diferente”, diz a psicóloga Luciana Ruffo, do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. “Hoje você conhece o banheiro da casa deles pelas fotos que tiram no espelho. Seria uma exibição impensável décadas atrás.” Os autorretratos que dominam as redes sociais são conhecidos como “selfies”, palavra de origem inglesa que significa “próprio”. São tão populares que o termo foi incorporado em agosto à versão digital do dicionário Oxford – e, há duas semanas, escolhido pelos editores do dicionário como a palavra do ano.
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O fato de que muitos façam não significa que a sociedade seja compreensiva com quem cai na rede. A paulista G.N., de 28 anos, não pôde contar nem com o apoio da família quando o ex-namorado publicou fotos dela nua num perfil falso no Orkut, em 2006. “Eu passava o dia inteiro procurando minhas fotos e meus perfis falsos na internet”, diz G.N. As imagens haviam sido enviadas por ela durante o relacionamento à distância com um primo que morava na Itália e pedia provas de amor. Terminado o namoro, ele ainda mandou as fotos aos pais de G.N. pelo correio. Ela diz que eles não apoiaram sequer que ela denunciasse a violência e a culparam pelo vazamento das fotos. O problema nunca foi resolvido. Até hoje, G.N. esconde o rosto em redes sociais, para evitar ser identificada. Usa pseudônimo no crachá da empresa.

Vítimas de crimes, as mulheres expostas na internet não conseguem ver seus agressores punidos com rigor. “É difícil conseguir penas severas. Por isso, paira uma sensação de impunidade”, afirma Wanderson Castilho, presidente da E-NetSecurity, empresa de segurança da informação. São poucas as vítimas que aceitam passar por um processo judicial desgastante e levam a denúncia inicial adiante. Quando o fazem, esbarram na dificuldade de provar quem vazou as imagens. Foi o que aconteceu com a carioca M., hoje com 22 anos. Ela tinha 15 anos quando vídeos seus com conteúdo sexual foram parar na internet. M. foi vítima do ciúme da namorada de um ex-parceiro. A garota descobriu os vídeos íntimos que M. mandara a ele durante o relacionamento e a chantageou. M. não cedeu à pressão, e o vídeo foi parar nas mãos dos colegas de escola. Até hoje, sete anos depois, pode ser encontrado na internet, com direito à identificação, com nome e o bairro onde ela morava. M. chegou a registrar queixa na polícia. A denúncia não avançou porque ela não conseguiu provar que a garota era a responsável pelo vazamento. M. teve de se conformar em viver escondida sob um codinome. “Sinto falta de poder falar meu nome. Ele era lindo”, diz.
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Quatro projetos de lei que tramitam na Câmara dos Deputados tentam desfazer as ambiguidades das leis atuais que encobrem os agressores. Os projetos de autoria do deputado João Arruda (PMDB/PR) e da deputada Rosane Ferreira (PV/PR) pretendem alterar a Lei Maria da Penha, para incluir explicitamente como violência psicológica a divulgação não autorizada pela internet de imagens, dados, vídeos ou áudios íntimos. Os projetos de lei apresentados pelos deputados Eliene Lima (PSD/MT) e Romário (PSB/RJ) sugerem criar uma nova lei no Código Penal, para tornar crime específico a divulgação desse tipo de material. “Minha proposta prevê detenção e indenização por despesas decorrentes dos problemas causados, como a necessidade de troca de domicílio, escola, faculdade, emprego, tratamentos médicos”, diz Romário. Os projetos de lei aguardam parecer na Comissão de Seguridade Social e Família. Não há previsão de quando serão votados.
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Se, de um lado, é preciso punir com maior rigor os agressores, de outro é preciso aumentar a vigilância sobre o que cai na rede. Quem pode ajudar nessa tarefa são as empresas por trás dos grandes mecanismos de busca, das redes sociais e dos programas de bate-papo. No Brasil, não há uma lei específica sobre a responsabilidade de companhias como Facebook e Google pelos conteúdos criminosos que circulam em suas páginas. Mas elas podem responder na Justiça pelo conteúdo ilícito publicado por seus usuários – desde que sejam informadas desse conteúdo. Basta uma notificação extrajudicial ou um e-mail mandado por um canal de comunicação do site. A partir daí, o prazo para a remoção de imagens e textos é de 24 horas. Se a empresa não o fizer, pode virar ré em processo civil. Um dia, porém, é tempo mais que suficiente para causar um estrago irreversível na vida de gente normal. A velocidade com que as imagens e vídeos são compartilhados garante isso. A situação poderá piorar ainda mais para as vítimas se o Marco Civil da internet, em discussão no Congresso, submeter a retirada dos conteúdos a decisão judicial, como consta da última versão do texto. Isso transformaria a vida da vítima num inferno.

Ela teria de contratar um advogado e ir até um juiz para pedir a retirada. Demoraria ainda mais para que as imagens fossem bloqueadas. O texto também desobriga as empresas de guardar as informações de acesso dos usuários. Elas são fundamentais para localizar aqueles que, protegidos pelo anonimato, publicam fotos e imagens ilícitas. Os provedores conhecem o computador de origem, dia e hora de todas as postagens. Se as informações não forem armazenadas, a identificação dos criminosos e as provas do crime desaparecerão.

As empresas se dizem atentas aos crimes cometidos em suas redes e afirmam ter criado, nos últimos anos, campanhas e recursos técnicos para combater pornografia infantil, crimes de racismo e ameaças de morte. Afora esses casos, elas se recusam a controlar o que pode ou não pode ser publicado. “Lidar com conteúdo controverso é um dos maiores desafios que enfrentamos como empresa. Temos uma proibição clara relacionada à pornografia infantil e em outras áreas, mas determinar o que é ofensivo ou deixa de ser é mais complicado. O Google sempre tenderá a favorecer a liberdade de expressão”, afirma o Google por e-mail. O Facebook diz coisa semelhante: “Temos controles rígidos para remoção de conteúdos que violem nossas políticas, como nudez ou outro conteúdo de sugestão sexual, discurso de ódio, ameaças reais ou ataques diretos a um indivíduo ou grupo. O melhor caminho para que um conteúdo seja analisado e possivelmente removido é a denúncia pelos canais do Facebook. Toda denúncia submetida é analisada por nossa equipe”.

Para uma adolescente desesperada, pode não ser o suficiente. As redes sociais, que parecem aos jovens tão amigáveis, podem se converter, repentinamente, num ambiente hostil e insensível. Quando estranhos começam a marcar suas fotos no Facebook e a divulgá-las com insultos, os mecanismos de reprodução da internet demonstram sua enorme crueldade. Para lidar com uma situação desse tipo, pode-se ligar ou escrever para a empresa, mas provavelmente será tarde demais. Algum dano estará feito. É possível recorrer à lei para identificar e punir os agressores, mas talvez seja demorado, ou mesmo inútil. No fundo, a maneira mais segura de lidar com o risco de exposição na internet é evitar se expor em imagens potencialmente constrangedoras. No mundo ideal, não haveria problema em que um casal de namorados trocasse fotos nus ou se filmasse na intimidade. No mundo real, é possível que essas imagens sejam vistas pelos outros e acabem circulando nas redes, onde se transformarão em piada para estranhos sem escrúpulos. O lado seguro da calçada nem sempre é o mais divertido. Mas nele, com sorte, adolescentes como Giana e Júlia ainda estariam vivas.
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Revista Época (MARCELA BUSCATO E JÚLIA KORTE, COM CAMILA GUIMARÃES E ANA LUIZA CARDOSO)

Opinião dos leitores

  1. Não posso entender,muito menos aceitar ver em todas as páginas da Internet, vídeos e fotos de sexo explícito. Peço ajuda, para que isso seja retirado o mais rápido possível. Além de não querer ver isso,pois é podre,tenho crianças que usam esse computador. Tentei várias vezes excluir essa pouca vergonha,mas não consegui, Mais uma vez,solicito ajuda. Grata.

  2. As mulheres adoram exposição do corpo, querem mostrar as outras que são melhores.
    É da cabeça feminina. Adoram se expor de tudo que é jeito, depois ficam reclamando e morrendo.
    Veja bem ninguem vê fotos de homens nus na Internet, mais de mulheres tem aos milhares. E na natureza o corpo do macho é mais bonito.
    A mulher sabe que o seu grande e unico capital para consguir um parceiro e provedor é um rosto bonito e um corpo escultural que provoque desejo e atenção.

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Política

Dilma nada satisfeita com Henrique Alves: ‘Na chantagem, não me dobram’

Josias de Souza:

Estabeleceu-se entre Dilma Rousseff e os partidos que a apoiam no Congresso uma atmosfera de mesa de pôquer.

A presidente decidiu jogar o peso de sua autoridade no pano verde das incertezas legislativas. Nega-se a entegar R$ 4 bilhões “exigidos” pelos aliados.

Os líderes governistas na Câmara, à frente Henrique Eduardo Alves (PMDB), arrastaram sua fichas: sem as verbas, as votações vão desandar.

Informada da ameaça, Dilma dobrou a aposta. Disse que não prorrogará o decreto que cancela nesta quinta (30) as emendas reivindicadas pelos parlamentares.

Numa conversa privada com dois auxiliares, Dilma soou assim: “Se acham que vão me dobrar na base da chantagem, estão enganados”.

Dilma contrapõe à exigência dos congressistas o “interesse nacional”. Esgrime argumentos que, segundo imagina, encontrarão eco na opinião pública.

Alega que, cedendo aos congressistas, prejudicaria o equilíbrio fiscal num instante em que o governo corta R$ 50 bilhões do orçamento.

Sustenta, de resto, que a parcimônia no manuseio da chave do cofre é vital para manter sob controle as taxas de inflação.

A “chantagem” foi levada a Dilma pela ministra Ideli Salvatti (Coordenação Política). A presidente recebia no Alvorada senadores do PSB, PDT e PCdoB (foto no alto).

Ideli passara a manhã com a cintura encostada no balcão. Reunira-se com a bancada de deputados do PT. Almoçara picadinho e camarão providos por Henrique Alves.

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Política

Chantagem pouca é bobagem

Como se diz no Rio, esse Garotinho tem “castigoria”.

Blog Josias de Souza:

Dilma Rousseff dispõe no Congresso de um curioso grupo de aliados. Privam a presidente da solidão sem fazer-lhe companhia.

Um dos integrantes mais destacados dessa ala é o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ). Ele respira chantagem.

Na semana passada, Garotinho ameaçou assinar a CPI do Paloccigate se Dilma não vetasse o kit anti-homofobia do MEC. Prevaleceu.

Agora, Garotinho encosta na garganta da presidente uma segunda lâmina: a emenda que institui um piso salarial para bombeiros e PMs.

O governo foge da votação da proposta como Palocci da CPI. Nesta terça (31), Garotinho cuidou de misturar os dois temores:

“O momento político é esse”, discursou o deputado, numa reunião com colegas favoráveis à emenda.

“Temos uma pedra preciosa, um diamante que custa R$ 20 milhões, que se chama Antonio Palocci…”

“…A bancada evangélica pressionou e o governo retirou o kit gay. Vamos ver agora quem é da bancada da polícia. Ou vota, ou o Palocci vem aqui.”

Chantagem? “Não fiz uma ameaça, fiz uma proposta, que teve uma grande receptividade da platéia…”

“…Já os deputados mais ligados ao PT ficaram constrangidos e saíram. Agora, eu acho que o Palocci deve explicações à sociedade brasileira”.

Como se vê, o governo Dilma, bebê de cinco meses, recebe dos aliados o tratamento de um velho com o pé na cova.

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