Diversos

Como o Peru conseguiu reduzir 50% da pobreza em 10 anos

Em 2005, cerca de 55% da população do Peru sofria com a pobreza. Mas, desde então, houve uma mudança significativa na estrutura social do país, que conseguiu reduzir drasticamente sua população pobre.

Atualmente, a pobreza atinge 22% dos moradores do país. Nos últimos cinco anos, 7 milhões de pessoas deixaram de ser pobres no Peru. A vida de quem está nas áreas urbanas melhorou bastante, como constatam os próprios peruanos.

Tony Palomino, por exemplo, vive na Villa El Salvador, um distrito da província de Lima, que um dia foi considerado uma região de miséria. Agora os edifícios são feitos de tijolos e os vizinhos contam com serviços com os quais antes só podiam sonhar.

“Tudo era um deserto”, conta.

Eu cheguei aqui quando tinha 13 anos. Fui o primeiro a sair do meu povoado, que ficava nas montanhas. Venho de uma família de extrema pobreza.

“Minha mãe teve 18 filhos e eu via meus irmãos e irmãs morrendo de pobreza. Saí de lá para ajudá-los a melhorar de vida.”

“Tudo era muito difícil aqui, a princípio. Não havia água, nem luz. Tínhamos que caminhar quilômetros para conseguir comida. Mas cada família tinha um terreno onde podia viver.”

Em alguns aspectos, o Peru é hoje irreconhecível, conforme descreve à BBC o presidente Pedro Pablo Kuczynski.

“Alguns dos principais empresários peruanos de hoje, há uma década, estavam manobrando caminhão. A elite comercial do Peru atualmente é completamente diferente do que era no passado e acredito que isso é um bom sinal da mudança.”

“Em 2005, cerca de 55% da população do Peru sofria com a pobreza. Mas, desde então, houve uma mudança significativa na estrutura social do país, que conseguiu reduzir drasticamente sua população pobre”, diz o presidente.

Como chegaram lá

A história começa nos anos 1990, quando o país liberou sua economia como parte do programa de ajuste estrutural do Banco Mundial.

Abrir-se a novos mercados permitiu ao Peru se beneficiar dos preços recordes da exportação de seus minerais, especialmente para a China, e atraiu investimento estrangeiro – o que fez com que o país conseguisse diminuir a dívida pública e a inflação e aumentar sua reserva nacional.

Agora, o Peru tem uma das economias de maior crescimento da América Latina.

Diego de la Torre, presidente do Pacto Mundial da ONU no Peru, ressalta que é a economia de livre comércio a responsável pelo sucesso peruano.

“No passado, tivemos enormes problemas econômicos que foram superados. O Peru está se inserindo na economia global. Fizemos acordos de livre comércio, que foi o que nos ajudou a reduzir a pobreza.”

Protestos vitais

O dinheiro certamente chegou a rodo. As exportações aumentaram de US$ 3 bilhões em 1990 para US$ 36 bilhões em 2010.

Sob o governo de Alberto Fujimori (de 1990 a 2000) – que atualmente se encontra preso condenado por crimes contra a humanidade – a economia se estabilizou e continuou crescendo.

No entanto, os níveis de pobreza continuaram subindo até 2001, quando o impacto social do programa de ajuste se fez evidente.

Políticas como a de austeridade severa levaram a cortes no orçamento e déficit de empregos. Foi aí que as pessoas decidiram sair às ruas para protestar contra o governo – Toni Palomino estava entre os manifestantes, juntamente com outras pessoas da Vila El Salvador.

“Desde o início, sabíamos que a ajuda não viria fácil… água, luz… sabíamos que teríamos que lutar por tudo. Aqui temos um ditado: ‘Por que não temos nada, faremos de tudo’. Construímos uma escola, um campo de futebol, uma comunidade.”

“A Vila se desenvolveu porque organizamos grandes protestos no Palácio do Governo para reclamar sobre esses serviços. Em seis anos, passamos a ter água e luz. Outras comunidades tiveram de esperar 10, 15 ou 20 anos.”

“Não foi o governo que veio de boa vontade nos oferecer isso. Foi exigência da população e isso nós conquistamos.”

Início da mudança

Assim, as comunidades de baixa renda desempenharam um papel vital na velocidade e no grau de mudança que aconteceu no Peru, exercendo pressão sobre os governos saindo às ruas e fazendo protestos.

Tentando recuperar o apoio, principalmente na última década do século passado, os sucessivos governos de Fujimori investiram em grandes programas para promover serviços públicos, especialmente em áreas urbanas de poucos recursos.

“Houve programas como o de extensão para assentamentos informais, outros para expandir o acesso à água, outros de títulos para aumentar a propriedade de terra nos assentamentos, além de empréstimos para melhorar as moradias”, explica a especialista em pobreza Paula Lucci, do Instituto de Desenvolvimento de Ultramar, com sede em Londres.

“Outros lugares também se beneficiaram da situação econômica positiva, que fez surgir mais empregos formais e permitiu que as pessoas tivessem mais dinheiro para sustentar seus filhos e melhorar de vida.”

Inclusão

“O crescimento econômico do Peru na última década tem sido inclusivo”, explicou à BBC a economista Carolina Trivelli, que foi a primeira Ministra de Desenvolvimento e Inclusão Social do Peru.

“Os que mais se beneficiaram do rápido crescimento econômico foram os 40% mais pobres do país”, assegura ela, que agora trabalha no Instituto de Estudos Peruanos, que se dedica a reduzir a desigualdade do país.

O crescimento econômico inclusivo é a política chave neste caso: ajudar quem está embaixo tanto quanto quem está em cima.

E, por meio de uma série de programas sociais do governo, foi possível atingir esse objetivo, de acordo com Trivelli.

“O importante é providenciar para os mais pobres recursos suficientes para sobreviver, enquanto se investe no futuro, garantindo que todos os seus filhos – e especialmente as filhas – possam ir à escola todos os dias e que possam contar com serviços básicos de saúde, vacinas, etc.”

“Assim, a próxima geração poderá aproveitar as oportunidades que cada vez mais o país irá oferecer.”

Esse programa – semelhante ao Bolsa Família brasileiro – é chamado “Juntos”, oferece US$ 30 por mês às mulheres chefes de família, e tem se espalhado pelo mundo.

Mas esse não foi o único programa implementado pelo governo com o objetivo de diminuir a pobreza. Nos últimos cinco anos, outras ações contribuíram para isso:

– “Cuna Más” – para melhorar o desenvolvimento infantil de meninos e meninas menores de 3 anos nas regiões de pobreza extrema.

– “Qali Warma”, que significa criança vigorosa em Quecha, é um dos programas de alimentação escolar.

– “Pensión 65” – visa a proteção dos adultos a partir dos 65 anos de idade que carecem das condições básicas de sobrevivência.

Mas o Peru não é o único país da região que soube aproveitar e se beneficiar de booms econômicos. Aconteceu também no Brasil, na Argentina, no Chile e no Uruguai.

Por que, então, destacar o modelo peruano?

“É um caso especial”, opina Henrietta Moore, diretora do Instituto para a Prosperidade Global da University College em Londres.

“Não se trata só de gastar dinheiro. A questão é que eles conseguiram realmente compartilhar os benefícios do auge econômico para todos. Assim, ao mesmo tempo que a riqueza do país aumentou, a desigualdade está reduzindo, e isso é algo muito importante”, explica.

“A situação de todos melhorou, não só a dos mais ricos.”

A especialista destaca a importância de “investir na subsistência das pessoas e em sua proteção social” para que o país possa avançar.

“A Europa, por exemplo, esquece que isso não é um custo, e sim um investimento”, completou Moore.

Problemas

Nem todos os problemas sociais do Peru foram resolvidos, no entanto. Apesar de ter tido considerável redução na última década, a taxa de pobreza rural segue sendo alta. Muitas pessoas ainda ficaram “de fora” das melhorias e a população ainda pede mais investimento em saúde e educação.

Grande parte da economia do Peru é informal, o que significa que muita gente não paga impostos – e os impostos são essenciais para que o governo consiga investir em saneamento básico, educação e saúde para consolidar a nova classe média peruana.

Outro problema é a corrupção, considerada endêmica no país.

“Nós temos sentido isso na pele”, disse Palomino, fazendo referência especificamente ao programa social “Pensión 65”, que oferece uma ajuda mensal aos idosos acima de 65 anos para sobrevivência.

“A corrupção tem prejudicado os benefícios que deveriam ir para esse programa”, disse. O processo burocrático necessário para aderir ao programa faz com que fique mais difícil para os necessitados terem acesso ao dinheiro.

Isso faz com que a melhora das condições de vida da população ainda seja precária. E o Peru agora está sofrendo o mesmo problema que o Brasil começou a sofrer depois dos anos de “bonança” econômica: a economia do país está desacelerando.

“O que os governos fazem quando para de entrar tanto dinheiro? Implementam políticas de austeridade, que acabam sempre resultando em desigualdade social”, analisa Moore.

Então, tudo vai abaixo agora?

“Não tem que ser assim. Tudo depende do que você faz quando já não há mais tanto dinheiro: você continua garantindo a distribuição do que existe de uma maneira sensata?”, questiona a antropóloga social.

“Não importa o nível de crescimento econômico, um melhor acesso a educação e saúde, e as políticas sociais focadas melhoram a vida dos pobres e garantem um crescimento mais sólido do país.”

Para Palomino, que se beneficiou bastante das mudanças sociais que aconteceram no Peru, também houve aspectos negativos nelas. “As famílias melhoraram de vida economicamente, é verdade, mas essa economia liberal tem feito com que as pessoas sejam mais individualistas. As pessoas costumavam pensar em suas famílias, no bairro.
Como comunidade, não somos mais ricos.”

*Essa matéria faz parte da série ‘My Perfect Country’ (Meu País Perfeito)

BBC Brasil

 

Opinião dos leitores

  1. Nos 8 anos do governo LULA, o BRASIL também esteve assim. O congresso ajudava a governar. E o País estava de vento em popa. Onda de crise aqui, era marolinha. Mas LULA vai voltar!!!

  2. E se o Brasil continuar fazendo as mesmas coisas, vai continuar tendo os mesmos resultados: PRIVATIZAÇÕES E REFORMAS JÁ.

  3. O país enriquece graças ao Liberalismo,
    Depois que fica rico pode até começar a fazer umas graças com dinheiro,
    sobretudo de impostos.

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Diversos

Em 10 anos, frota de veículos cresce 172,1% no Estado; confira números em Natal, Mossoró e Parnamirim

downloadDe 2005 a 2015, a frota de veículos do Rio Grande do Norte aumentou 172,1%, enquanto nesse mesmo período a população do Estado cresceu 14,6%. A análise é resultado de um estudo do setor de estatística do Detran/RN que mostra a evolução da frota em uma década.

O setor de Estatística do Detran/RN apontou ainda que, em 2015, a capital tinha um veículo para apenas duas pessoas, já em 2005 essa proporção era de um veículo para cada 4 pessoas. Nos demais municípios, a distribuição da proporção da frota de veículo pela população está ainda menor, hoje a média são três pessoas utilizando o mesmo veículo, ao passo que há uma década o que se observava eram 10 pessoas por automóvel.

No detalhamento por tipo de veículo, é possível observar que nesses 10 anos analisados, o registro de caminhonetes aumentou 679%, saindo de 8581, em 2005, para 58.279 em 2015. O número de carros utilitários também aumentou consubstancialmente, foi um crescimento de 2951% nessa década avaliada.

O número de veículos não para de subir, mas nos últimos anos o crescimento teve um ritmo menos acelerado. No Estado, a análise mostra que no ano 2015 a frota aumentou apenas 6,43% em relação ao ano anterior. O dado é confirmado pelo levantamento de veículos zero quilômetro que foram emplacados no Rio Grande do Norte.

A frota atual de veículos em todo o Rio Grande do Norte é de 1.154.250 veículos. A capital tem a maior frota com 377.072, o que corresponde a 32,67% dos carros do Estado, seguida por Mossoró com 145.481 (12,60%) e Parnamirim 91.944 (7,96%).

Opinião dos leitores

  1. Numa conta por cima, significa que 1/3 dos natalenses tem carro. Deve ser por essas e outras que muitos se acham… Mas é assim, em terra de cego, quem tem um olho é rei!
    E o detran cobra o IPVA em 03 parcelas onde todas são pagas até o mês 09 de cada ano, deixando a população no sufoco, já que o IPTU em boa maioria dos casos, chagam nos mesmo período.
    O detran deveria começar a cobras as taxas a partir de abril de acada ano, acredito que a inadimplência seria menor diante do sufoco em pagar tantos tributos nos 04 primeiros meses do ano.

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Diversos

Preços dos alimentos subiram 99,73% em 10 anos, diz IBGE

Por interino

Os preços dos alimentos já subiram 99,73% nos últimos dez anos, muito acima da inflação oficial no período, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma taxa de 69 34% de 2005 a 2014.

Os problemas climáticos e o aumento da demanda pressionam os preços de alimentos, segundo Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

“(Esse aumento) Vem sendo atribuído a problemas climáticos, às mudanças que vêm ocorrendo no clima e ao dólar, que sempre permeia a agricultura. A seca, tem prejudicado as lavouras não só no Brasil, mas no mundo todo. E também tem o aumento da demanda. Aqui no Brasil tem tido mais renda, mais emprego, e, consequentemente, mais procura por alimentos”, justificou Eulina.

Nos últimos dez anos, os alimentos consumidos em casa subiram 86 59%. No entanto, a alta foi de 136,14% para os alimentos consumidos fora de casa.

“É renda, é o aumento do emprego, as mulheres trabalhando mais fora de casa, a maior dificuldade de ter empregada. As pessoas estão optando muitas vezes por comerem direto na rua”, explicou Eulina. “E tem também a questão dos custos desses estabelecimentos, que é o próprio aumento dos preços dos alimentos, aumento do aluguel, os salários aumentando além da inflação, com ganhos reais. São vários custos que fazem esse grupamento ter aumento”, completou.

O item refeição fora aumentou 141,05% em dez anos, o empregado doméstico subiu 181,89%, e o aluguel aumentou 100,49%.

O IBGE calculou ainda a inflação de serviços no período, que alcançou 107,56% em dez anos, e a de monitorados, com taxa de 50 41%.

Estiagem em 2014

A estiagem prolongada que afetou sobretudo a região Sudeste do País em 2014 teve forte influência sobre a inflação oficial no ano, segundo IBGE. O IPCA passou de 5,91% em 2013 para 6,41% em 2014 com impactos relevantes provenientes dos alimentos e da tarifa de energia elétrica. “A seca prejudicou tanto o abastecimento de energia quanto as lavouras”, apontou Eulina.

As carnes, que têm as pastagens prejudicadas pela estiagem, subiram 22,21% em 2014, um impacto de 0,55 ponto porcentual para a inflação do ano. A refeição fora de casa, cujo aumento foi de 9,96%, contribuiu com 0,50 ponto porcentual. E a tarifa de energia, com alta de 17,06%, acrescentou outros 0,46 ponto porcentual ao IPCA de 2014.

“A energia elétrica em 2015 deve ficar um pouco mais diferenciada, porque a característica do reajuste está mudando. Neste ano o reajuste vai estar distribuído. Esses reajustes que normalmente são feitos por contrato, eles levam em conta os custos das termelétricas. Agora ele vai ser mais imediato”, lembrou Eulina, ressaltando que já em janeiro entra em vigor o sistema de bandeiras tarifárias.

O sistema repasse ao consumidor na conta do mês de referência o aumento do custo de geração pelo acionamento das térmicas. Em janeiro, a bandeira está vermelha, devido às dificuldades climáticas.

“Numa conta média, a cada 100kw, você acrescenta R$ 3,00 à conta. A gente tem um consumidor padrão. Vamos supor que é de 170kw, de consumo. Na bandeira vermelha, são R$ 3,00 a mais na conta, mais o proporcional pelos 70kw”, explicou a coordenadora do IBGE.

fonte: Estadão Conteúdo

Opinião dos leitores

  1. Iranildo está, como todo petista de raiz, sendo modesto. O Brasil está melhor hoje que a 100 anos e não apenas 15 ou 20.
    Só me diga uma coisa: não foi essa a promessa?
    A questão é se estaremos tão bem assim daqui a 01 ano.

  2. Tenho visto aqui alguns comentários, onde se acusa o PT de todo o mal deste país, acredito que muitos nao tem muito a dizer com fundamentos, queiram ou nao este pais eh hoje muito melhor que a 15, 20 anos atras.

  3. Dá-lhe PT.
    O partido que por três vezes aplicou os maiores estelionatos eleitorais que se tem notícia nesse país.

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Diversos

Miséria no Brasil aumenta pela primeira vez em 10 anos

Trabalho-Infantil-dia-mundial-20120608-07-size-598(Wilson Dias/ABr/VEJA)

A miséria voltou a subir no Brasil em 2013, segundo dados apurados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O instituto mostra que, entre 2012 e 2013, houve um aumento de 3,68% no número de indivíduos considerados abaixo da linha da pobreza, ou indigentes — passaram de 10.081.225 em 2012 para 10.452.383 no ano passado (veja gráfico), ou seja, mais de 371.000 pessoas entraram para o grupo de miseráveis no período. Este foi o primeiro aumento desde 2003, quando o indicador passou a cair ano a ano.

A linha de extrema pobreza levada em conta pelo Ipea é uma estimativa do valor de uma cesta de alimentos com o mínimo de calorias necessárias para suprir adequadamente uma pessoa, com base em recomendações da FAO – órgão da ONU para a agricultura e alimentação – e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os números, que constam do banco de dados Ipeadata, foram apurados pelo Ipea com base nos microdados da Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (Pnad), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em outubro. A análise social da Pnad é feita anualmente pelo Ipea. Contudo, neste ano, o Instituto optou por adiar a divulgação do levantamento alegando seu impacto no cenário eleitoral. Coincidentemente, em 2010, quando a análise mostrava melhora nos indicadores sociais, o Instituto fez a divulgação entre o 1º e o 2º turno. Os dados sobre o aumento da miséria foram publicados no Ipeadata no dia 30 de outubro.

A forma como o Ipea vem conduzindo a divulgação de dados foi alvo de críticas no mês passado, depois que um de seus diretores, Hérton Araújo, pediu exoneração por não concordar com o adiamento da divulgação da análise social da Pnad para depois das eleições. Araújo trouxe o assunto à reunião da diretoria colegiada do Ipea, realizada no dia 9 de outubro, mas não conseguiu convencer os demais membros. Segundo nota do Ipea “o Sr. Araújo procurou convencer os demais membros do colegiado a rever a decisão, restando vencido”.

Em setembro, o site de VEJA revelou que outro estudo engavetado pelo instituto, e que levava em conta a análise de dados da declaração do Imposto de Renda, mostrava que a concentração de riqueza havia aumentado no Brasil entre 2006 e 2012. A análise, ainda preliminar, apontava que os 5% mais ricos do país detinham, em 2012, 44% da renda. Em 2006, esse porcentual era de 40%. Os brasileiros que fazem parte da seleta parcela do 1% mais rico também viram sua fatia aumentar: passou de 22,5% da renda em 2006 para 25% em 2012. O mesmo ocorreu para o porcentual de 0,1% da população mais rica, que se apropriava de 9% da renda total do país em 2006 e, em 2012, de 11%. Os dados consolidados das declarações dos contribuintes não estão abertos para consulta, tendo sido avaliados apenas por pesquisadores ligados ao instituto.

Procurado pelo site de VEJA, o Ipea informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que ainda não há previsão de divulgação da análise social dos dados da Pnad, apesar de os números que embasam a pesquisa já estarem no banco de dados do instituto.

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Opinião dos leitores

  1. Sr.Bento, realmente o Sr.tem razão no Brasil falta educação, saúde , segurança. O Sr. só esqueceu que sempre foi assim. Não apenas no governo do PT, que falta o básico mim diga qual governo existiu tudo que o Sr. fala que esta faltando hoje? E qual foi a cigana que iludiu o Sr. desde quando se Aécio, tem ganhado as eleições ia melhorar alguma coisa? Hora não sejam hipócritas.

  2. NÃO ERA ISSO QUE A PRESIDENTA DILMA DIZIA NA CAMPANHA, ENGANOU A MUITA GENTE MENTINDO. NÃO FOI POR FALTA DE AVISO, AQUELE BRASIL QUE ELA MOSTRAVA NA TV, NUNCA EXISTIU. O BRASIL DO PT, É O BRASIL DA CORRUPÇÃO, DA FALTA DE SAÚDE, DA FALTA DE SEGURANÇA, DA FALTA DE EDUCAÇÃO ETC. ETC…E AGORA ESTÁ RESSUSCITANDO A INFLAÇÃO. TÁ NA CARA, BASTA VER OS NOTICIÁRIOS. NÃO SEI NÃO VIU? DO JEITO QUE VAI, COM A MAIORIA DO POVO CONTRA É CAPAZ DE NÃO TIRAR O SEGUNDO MANDATO. SE JUNTA OS VOTOS DE AÉCIO COM BRANCO E NULOS ULTRAPASSAR OS VOTOS DA DILMA. ESSA TURMA TODA NÃO ESTÁ SATISFEITA COM O PT. QUEREM MUDANÇAS.

  3. Engraçado é saber que esses dados só vieram a público depois das eleições. E eu que pensava que morava em um país sem miseráveis já que o bolsa família tornou todo o nordeste e norte um oásis também chamado de Cuba brasileira.

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Esporte

Globo alerta clubes: se audiência dos jogos não subir, futebol pode deixar a TV aberta em 10 anos

Em reuniões com os 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro, marcadas a partir da próxima quinta-feira (7), a Globo vai exigir melhor qualidade do futebol e fará um alerta: se os espetáculos não melhorarem e a audiência não subir, dentro de alguns anos o esporte deixará de ser interessante para a TV aberta.

A emissora apresentará aos dirigentes dos times um estudo que mostra que o futebol vem perdendo cerca de 10% da audiência a cada ano. Se continuar assim, em dez anos passará a ser um produto relevante apenas para a TV paga. Vai “morrer” na TV aberta, sua principal fonte de sustento atualmente.

No último domingo, Coritiba e Corinthians rendeu apenas 13 pontos à emissora, audiência considerada baixa. Cinco anos atrás, o futebol aos domingos dava mais de 20 pontos.

A Globo fará uma série de reuniões a pedido dos próprios clubes. Em encontro na semana passada na CBF (Confederação Brasileira de Futebol), as agremiações pediram a antecipação das cotas e reclamaram que a emissora paga muito a clubes como Corinthians e Flamengo e pouco a times de menor torcida.

O Notícias da TV apurou que a Globo responderá que remunera os clubes conforme o número de jogos transmitidos e a audiência. E vai exigir dos reclamantes mais investimentos em futebol. No e-mail enviado aos times convocando as reuniões, Marcelo Campos Pinto, principal executivo da Globo nas negociações de direitos de futebol, adiantou que as reuniões visam “estreitar nosso diálogo com vistas à melhoria do futebol e, em especial, da capacidade de investimento dos clubes na formação de jogadores”.

Segundo a Folha de S.Paulo, o tema causou estranhamento entre os cartolas. Eles argumentam que não é da alçada da emissora discutir a formação de jogadores. A Globo discorda. Diz que tem o direito de discutir tudo o que diz respeito à qualidade do espetáculo que transmite.

Nas reuniões, a Globo irá propor também mudanças no calendário nacional do futebol e melhorias no “processo de gestão dos clubes e das entidades de organização do desporto, equação financeira e oportunidades de novas receitas nos estádios”.

As reuniões acontecerão na sede da Globo em São Paulo. Além de Marcelo Campos Pinto, estarão Renato Ribeiro (responsável pelas transmissões e jornalismo esportivo), Anco Saraiva (diretor de marketing), Pedro Garcia (diretor dos canais Sportv) e Roberto Marinho Neto (diretor de projetos esportivos especiais).

Fonte: Notícias da TV – UOL

Opinião dos leitores

  1. O engraçado é questionarem a qualidade do futebol apresentado. Tá achando ruim? Monta um time e faz melhor. Toda essa revolta é devido a má fase do flamengo?

  2. O verdadeiro dono do futebol brasileiro, a Globo, finalmente assumi publicamente o seu Título de dona do futebol brasileiro. Apesar de todos já saberem disso, fico surpreso por ver palavras que confessem isso abertamente e ainda querendo colocar os clube contra a parede. Porem a globo tem tanta culpa no que ela reclama. Dois exemplos: reclama da audiência, mas prefere transmitir para o Brasil Botafogo x Figueirense em SC do que um Internacional x Cruzeiro caso aconteçam na mesma rodada e horário. Isso é histórico. Não importa um bom jogo que esteja passando, pois só irão trasnmitir times cariocas jogando fora de casa; Sem falar que transmitem o campeonato carioca. Eca. Outro exemplo é a concorrência amigos. Antes do tinha a globo e outro canal transmitindo o mesmo jogo. Só nos restava assistir. Agora todo mundo tem internet e TV por assinatura que barateou ao longo do tempo. Temos a GatoNet que é a "3ª operadora de TV do Brasil", atras da Net e Sky. Só a popularização da TV por assinatura nos dá outra opção de futebol do que a TV aberta. Fora as TV pirata via internet e os desbloqueadores. de TV paga. Ai querem culpar os clubes que são "centenaricamente" desorganizados em fazer futebol, em quitar dividas… e que mesmo assim ela resolve pagar uma fortuna. Assuma a culpa.

  3. Tomara que saia logo! O quanto antes. No brasil o futebol é um meio de alienação. Um esporte que se tornou mais importante que politica e questoes sociais. Um esporte onde milhoes sao gastos e roubados! quando 'for', ja vai ter ido tarde!

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Diversos

Copa afeta vendas e linha branca tem pior desempenho em 10 anos

Afetados pelo ritmo mais lento de crescimento da economia e pelo impacto negativo da Copa do Mundo, que drenou a renda do brasileiro para a compra de TVs, os fabricantes de fogões, geladeiras e lavadoras fecharam o primeiro semestre com o pior desempenho de vendas dos últimos dez anos. De janeiro a junho, o número de eletrodomésticos comercializados da indústria para o comércio caiu 12% na comparação com o mesmo período de 2013.

O resultado do semestre foi influenciado especialmente pelo forte recuo no segundo trimestre. Levantamento da Eletros, associação que reúne a indústria do setor, mostra que, somente entre abril e junho, as vendas industriais da linha branca caíram 20% na comparação anual.

O baixo astral do setor se mantém apesar da ajuda do governo para impulsionar as vendas. Os eletrodomésticos continuam com Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido, benefício que começou na crise de 2009. Os itens também fazem parte do programa Minha Casa Melhor, que dá crédito facilitado de 5 mil reais para equipar a casa a quem adquiriu imóvel no programa.

Preocupados com a queda nas vendas e o aumento dos estoques, os fabricantes fazem de tudo para adequar a produção ao menor ritmo de negócios no varejo. Deram férias coletivas, não repuseram as vagas dos trabalhadores que pediram demissão e suspenderam temporariamente o contrato de trabalho (lay-off), seguindo o exemplo da indústria automobilística. Entre abril e junho, o saldo de geração de postos formais de trabalho da indústria mecânica, que engloba a linha branca, foi negativo em 15,2 mil vagas, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. No primeiro trimestre, o saldo de vagas foi positivo, com 13,5 mil vagas.

Mesmo assim, o número de empresas com produtos encalhados não para de crescer. Em julho, por exemplo, a fatia de indústrias do setor mecânico, onde se enquadram os fabricantes de eletrodomésticos e máquinas, com estoques excessivos foi de 16,7%, segundo a sondagem industrial da Fundação Getulio Vargas. Em junho, essa parcela tinha sido de 16,2%.

“Foi o pior primeiro semestre dos últimos dez anos”, disse Armando Valle, vice-presidente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Whirlpool Latin America, maior fabricante do setor e dona das marcas Brastemp e Consul. Para o presidente da Eletros, Lourival Kiçula, a queda no trimestre foi maior do que se esperava.

Segundo Valle, na crise de 2009 a queda nas vendas não foi tão forte quanto a atual porque a redução do IPI ajudou. Agora, observa, o corte da alíquota do imposto é menor em relação ao daquela época. No caso de lavadoras, o IPI hoje está em 10%, ante 5% em 2009. O IPI normal de lavadoras é de 20%.

Lourival Kiçula, da Eletros, atribui o resultado ruim ao cenário econômico mais complicado, com o acesso ao crédito mais difícil e mais caro. Ele não arrisca fazer projeções para o ano. Já Valle, da Whirlpool, acredita  em uma recuperação a partir de agosto e em um segundo semestre estável em relação ao mesmo período de 2013. Se a projeção se confirmar, o ano fechará com queda entre 7% e 8% nas vendas industriais. “Esse resultado não seria um desastre, mas razoável”, diz Valle. A linha branca encerrou 2013 com retração de 5% nas vendas.

(Com Estadão Conteúdo)

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