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Nuzman inclui rei da Holanda e Pelé entre as suas testemunhas de defesa

Jose Lucena/Futura Press/Folhapress

O ex-presidente do comitê organizador dos Jogos Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, arrolou 40 testemunhas de defesa na ação penal que trata da suposta compra de voto para a escolha da cidade como sede da Olimpíada.

A lista é composta por membros da própria Rio-2016, do COI (Comitê Olímpico Internacional) e autoridades. Entre os nomes estão o príncipe Albert 2º de Mônaco, o rei da Holanda, Willem-Alexander, o presidente do COI, Thomas Bach, e seu antecessor no cargo, Jacques Rogge, além de Pelé.

O rol de testemunhas de defesa foi apresentado pelos advogados do dirigente ao juiz Marcelo Bretas, que pode deferir ou não as oitivas.

Metade dos nomes apresentados pelo cartola vivem no exterior, o que deve alongar o prosseguimento do processo, caso aceito pelo magistrado. Nesses casos, as pessoas podem ser ouvidas em seu próprio país, por meio de cartas rogatórias, cujo trâmite tende a ser demorado.

Nuzman é acusado de ter sido uma espécie de “ponte” do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) para a compra do voto do senegalês Lamine Diack, membro do COI, na escolha da cidade-sede dos Jogos de 2016. As investigações apontam que um pagamento de US$ 2 milhões foi feito pelo empresário Arthur Cézar de Menezes Soares, como parte da propina devida.

Uma das provas da participação de Nuzman no caso são e-mails enviados por Papa Massata Diack, filho de Lamine, cobrando pagamentos.

Na defesa prévia apresentada a Bretas, o cartola não rebate os indícios revelados pelas mensagens. Afirma apenas que visitou todos os membros votantes em seus países -incluindo na lista o próprio Lamine Diack.

“Na intensa campanha, houve reuniões e sessões do COI, Assembleias dos Comitês Olímpicos dos mais de 200 países filiados, em que o defendente [Nuzman] teve a oportunidade de visitar os membros votantes em seus países”, diz a defesa.

Entre os membros do COI estão o rei da Holanda e o príncipe de Mônaco, motivo pelo qual Nuzman pede a oitiva deles. Há outros membros-votantes na lista.

Os advogados afirmam ainda que o ex-dirigente tem desde 1979 o objetivo de realização da Olimpíada no país, quando se candidatou pela primeira vez à presidência do COB (Comitê Olímpico do Brasil), entidade que comandou por 22 anos.

“Quando o magistrado se detiver na história pessoal do defendente, certamente perceberá a enormidade, o absurdo, a concepção cerebrina das imputações lançadas em detrimento de Carlos Arthur Nuzman”, diz a defesa.

“Se a vida do defendente se encerrasse naquele momento [a cerimônia de abertura dos Jogos], toda honra e toda glória seriam proclamadas em seu favor. Quis o destino que um novo capítulo fosse inaugurado: a perseguição em razão do êxito”, escrevem os advogados.

Assim como já haviam tentado anteriormente, eles pedem que a ação penal seja extinta por considerar a suspeita de propina no COI um caso de corrupção privada, não previsto na lei brasileira.

‘GANHA-GANHA’

Um dos focos da defesa é rebater a acusação de que Nuzman praticou atos no comitê organizador dos Jogos para favorecer a chamada organização criminosa de Cabral. A Procuradoria listou na denúncia três contratos firmados pela entidade com firmas ligadas a empresários acusados de corrupção na gestão do peemedebista.

O objetivo dos procuradores é mostrar que a compra de votos para que o Rio sediasse os Jogos Olímpicos tinha como objetivo gerar novos contratos milionários para o grupo, tanto no Estado como no comitê organizador. A tese reforça a tipificação de organização criminosa.

A defesa cita o fato dos contratos da Rio-16 terem sido aprovados pelo conselho diretor, formado por seis pessoas, entre elas Nuzman. Numa dessas deliberações, ele sequer estava presente.

Ele também cita nominalmente o ex-diretor-geral da entidade, Sidney Levy, bem como “seus diretores executivos” como os responsáveis pelo processo de seleção de fornecedores que seriam avaliados pelo conselho diretor.

Folha de São Paulo

 

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