Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A Polícia Federal e o MPF apreenderam na Operação SOS um equipamento de espionagem adquirido pela Polícia Civil do Pará e que seria supostamente usado pelo grupo de Helder Barbalho para monitorar os investigadores do esquema de corrupção na Saúde estadual.
O Antagonista descobriu que o dispositivo foi vendido pela Suntech, do grupo israelense Verint Systems. O contrato de R$ 5 milhões foi firmado em janeiro, sem licitação. Os pagamentos foram feitos em parcelas, sendo a primeira paga em junho no valor de R$ 1,17 milhão.
Na especificação do pagamento, consta que o equipamento foi adquirido por meio do programa de “gerenciamento das ações de informação e produção do conhecimento”.
Trata-se de “equipamento de solução de inteligência tática ativa GL2, com capacidade de captar sinais na interface aérea e monitorar comunicação de celulares”. Na prática, segundo MP, o dispositivo permitiria a interceptação ilegal de celulares, inclusive de ligações por WhatsApp, FaceTime e aplicativos criptografados.
“Confirmou-se que o dispositivo é capaz de extrair dados de aparelhos telefônicos, interceptar diálogos criptografados e fazer gravações ambientais, tudo sem autorização judicial, podendo os dados ser apagados facilmente, não deixando rastro sobre sua utilização”, diz o ministro Fracisco Falcão, relator do caso no STJ.
A Suntech, baseada em Florianópolis, é fornecedora de soluções tecnológicas de rastreamento e monitoramento legal para diversos órgãos públicos em diferentes estados. A venda para a polícia paraense de um equipamento que opera à margem da lei pode lançar dúvidas sobre vários desses contratos.
O nome da empresa também surgiu na Operação Chabu, deflagrada em julho do ano passado e que desbaratou esquema de venda de informações sigilosas de investigações estaduais e federais. Na ocasião, a PF chegou a prender o empresário José Augusto Alves, apontado pelo MPF como principal articulador e líder da organização criminosa.
Segundo os procuradores, José Alves e Luciano Teixeira, também detido, eram representantes da Suntech e atuavam em parceria com o delegado da PF Fernando Caieron, o delegado da Civil André Silveira e o agente da PRF Marcelo Winter.
Apesar da acusação do Ministério Público, o diretor comercial da Suntech, Lincoln Egydio Lopes, garante que o dispositivo não possui “capacidade técnica de realização de interceptação de comunicações de aparelhos telefônicos, móveis ou fixos, nem capacidade de gravação ambiental e que os mesmos são totalmente auditáveis”.
(Foto: Reprodução/via O Antagonista)
O Antagonista
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