Finanças

Militar aposentado segue com salário que recebia na ativa

CELSO BARBOSA/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO – 23.08.2018

Enquanto há discordância em relação à idade mínima para a aposentadoria de militares, o fim do benefício integral é um dos pontos de convergência entre parte dos economistas do país especializados em Previdência. No Brasil, o militar que entra na reserva continua recebendo o salário de quando estava na ativa, já nos Estados Unidos e na Inglaterra, o salário cai para 60% e 63,8%, respectivamente, segundo relatório do TCU (Tribunal de Contas da União).

A aposentadoria dos militares brasileiros é também uma das poucas cujo reajuste acompanha o dos profissionais da ativa. Na maioria do mundo, esse aumento é dado com base na inflação. São essas disparidades brasileiras que tornam os militares responsáveis por quase 45% do déficit previdenciário total da União, explicam os economistas.

Nova previdência deve preservar especificidades de militares

“O principal problema é o militar se aposentar com vencimento integral. Em outros países, a aposentadoria varia de 25% a 85% do salário, dependendo da idade em que a pessoa sai. Aí eles (os militares) vão exercer uma atividade civil, o que não é muito fácil. Precisa de uma adaptação”, afirma o economista Paulo Tafner, da Fipe-USP.

“Nem países que entram com frequência em conflitos são tão generosos com os militares como o Brasil”, acrescenta Márcio Holland, pesquisador da FGV.

Holland e Tafner, no entanto, discordam em relação à idade mínima necessária para os militares se aposentarem. Holland afirma que é possível eles deixarem seus cargos aos 60 ou 65 anos. “A maioria dos brasileiros, felizmente, nunca conviveu com um conflito, exceto as missões de paz.

Pesquisadores sugerem maior tempo de contribuição dos soldados militares. José Cruz/Agência Brasil

Um capitão ou um coronel pode ir para uma guerra com essa idade exercendo vários papéis, como de inteligência”, diz o economista. De acordo com Tafner, porém, é preciso flexibilidade nesse ponto, pois um militar aos 60 anos já não tem mais condições físicas de combater.

Em 2016, 61% dos militares que se aposentaram no país tinham menos de 50 anos. Entre os servidores públicos civis, essa parcela era de 6,0%. Já no setor privado, ficou em 10%, ainda de acordo com dados do TCU.

Serviço civil

O economista Hélio Zylberstajn, também da Fipe-USP, propõe um caminho alternativo. Segundo sua proposta, os militares devem deixar suas carreiras aos 55 anos para, em seguida, trabalharem no setor público civil. Nesse caso, um médico do Exército, por exemplo, continuaria atuando em um hospital público até os 65 anos – idade que seria estabelecida como mínima para a aposentadoria.

O economista Marcos Lisboa, presidente da instituição de ensino superior Insper, reconhece que a carreira militar tem especificidades que precisam ser consideradas em uma reforma, mas as regras do Brasil, diz ele, deveriam se assemelhar às dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). “Hoje, tem muitas distorções em relação aos demais países.”

Para Lisboa, a aposentadoria prematura dos policiais militares é um dos fatores que têm levado os Estados a graves crises financeiras e de segurança. “Eles se aposentam muito cedo e com salário integral, mas os Estados não têm mais dinheiro para contratar novos.”

Entre as alternativas para amenizar o problema, Tafner sugere um aumento da contribuição dos próprios militares – hoje de 7,5%. “É um valor baixo. Poderia ir aumentando progressivamente”, diz o economista.

Tafner destaca, no entanto, que é preciso reconhecer que há diferenças importantes entre o regime de trabalho dos civis e dos militares e considerá-las na reforma da Previdência. “Boa parte das Forças Armadas reconhece a necessidade de um ajuste. O que não aceita é ser equiparado com uma pessoa da iniciativa privada.”

Estadão

 

Opinião dos leitores

  1. Por que essa inteligente classe de economistas e outros "paus mandados" só gostam de botar a culpa nos militares e servidores federais concursados? Decerto que estes inteligentes não obtiveram êxito em algum concurso… Mas por que não falam do prejuízo financeiro que é sustentar os políticos brasileiros, que não batem ponto, não cumprem jornada, tem altissimos salários e baixissima contribuição social???

  2. Esse alarido contra militares não representa nem 1/4 do pensamento dos brasileiros sobre nossos defensores. A minoria que não gosta das Forças Armadas não passa do que realmente é: uma minoria decadente e "intelectualóide" geralmente formada por recalcados alguns, salafrários outros, que, juntos são incapazes de enxergar o quanto é necessário, em qualquer lugar do mundo o Exército, a Marinha, a Aeronáutica.

  3. Como sempre a classe pensante Com sua mania de rotular o Militar. Em outros países tudo funciona bem : saude,educação, segurança. Não precisa gasta com esses serviços. O Brasil é único país do mundo q não gosta de militar. Mas quando precisa ,sabe acionar sem questionamento . O militares vão muitas vezes as missões sem saber o que vai encontrar . Não vai ter adicional noturno, não questiona o ambiente muita vezes insalubres. É cumprir a missão e acabou.

  4. Só fala dos militares, essas matérias esqueceu dos juízes, procuradores, pessoal dos tribunais por que só os militares.

  5. A matéria é fraca. Desconheço essa realidade de 100% de aposentadoria. Meu pai foi aposentado e não recebia seus proventos na integridade.
    É vale salientar que, para a previdência, os descontos continuam mesmo depois de aposentados.
    O brasileiro tem a síndrome do vizinho, ou seja, prefere ficar atirando pedra para prejudicar o vizinho, do que tentar melhorar o que é seu, a sua vida.

  6. Cegueira, esquizofrenia, hérnia de disco, transtorno bipolar, hanseníase, HIV, neoplasia maligna são alguns exemplos de doenças que tem acometido grande parte dos militares das Forças Armadas, e se manifestam, muitas vezes, sem a ocorrência de acidente durante o serviço.
    Essa é a diferença entre o serviço publico militar e civil que não é explicitada em nenhum edital de concurso, ai a pergunta que não quer calar, como jogar na mesma vala servidores que fazem o serviço diferenciado com dedicação exclusiva de outras classes?

    1. Verdade, existe um abismo quando comparamos aos servidores civis:
      – escalas apertadíssimas de 24h por 24h;
      – sem fim de semana, sem feriado, passar datas comemorativas como o Natal longe das famílias;
      – sem FGTS;
      – Extrema disciplina, sem direito a questionamentos;
      – etc, etc, etc…
      Se for pra equiparar ao civil, forneça aos militares as benéfices deles: 40/44 horas semanais de serviço, FGTS, feriados e fins de semana em casa, etc.

    2. KKkkkk o petista agora tem sobre nome kkkkkk e viva o sanduíche de mortadela e suco kkkkk
      BOLSONARO presidente

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Saúde

Secretaria de Segurança emite nota de pesar pela morte de militar aposentado, vítima de disparos de arma de fogo em tentativa de assalto em Parnamirim

Almir LúcioÉ com grande consternação que o Governo do Estado do Rio Grande do Norte, por meio da Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), vem a público externar seu pesar pela morte, na manhã desta segunda-feira (5), do policial militar aposentado, o sargento Almir Lúcio da Silva, de 53 anos, alvo de disparos de arma de fogo na noite da última quinta-feira (1º) durante uma tentativa de assalto em uma residência no Bairro Parque Industrial, em Parnamirim, cidade da Grande Natal.

Desde o ocorrido, o policial encontrava-se internado no Pronto Socorro Clóvis Sarinho onde chegou a ser cirurgiado mas, infelizmente, sofreu uma parada cardíaca e não resistiu aos ferimentos.

A Secretaria de Segurança Pública perde mais um defensor da ordem pública que jurou servir e proteger a sociedade mesmo com o risco da própria vida.

Enviamos nossas condolências aos familiares, aos membros da corporação e aos amigos pela perda do ente querido, e que Deus possa confortar a todos neste momento de dor.

A Sesed continuará empenhada, no sentido de elucidar o crime e identificar e prender os envolvidos. O caso está sendo tratado como latrocínio.

Opinião dos leitores

  1. Infelizmente, outros fatos como esse se repetiram, e nao se verá uma so visita dos direitos humanos ou reportagem do fantastico sensacionalista ao cidadao que passou 30 anos servindo ao Estado em atividade de risco. A sociedade é cega e seletiva. Lamentavel.

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