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Fãs pagam até R$ 4.000 em balada para ver Jojo Todynho

Jojo Todynho antes do show “Combatchy”, com a cantora Anitta, em novembro de 2017, em São Paulo – Greg Salibian/Folhapress

O sucesso meteórico de Jojo Todynho desde que “Que Tiro Foi Esse?” viralizou nas redes sociais, há cerca de 15 dias, foi colocado à prova pela primeira vez em São Paulo neste fim de semana. O “tiro” do funk da carioca veio potente e acertou a mira ainda que distante de sua terra natal, onde ela está estourada há mais tempo.

Autêntica, desbocada e empoderada, a funkeira de Bangu encontrou na noite de domingo (21) um Villa Mix lotado mesmo subindo ao palco faltando apenas cinco minutos para a quarta segunda-feira do ano. Foram três shows em dois dias. Antes, ela já tinha passado por outra casa noturna, no sábado, e feito uma participação animada ao lado da amiga Anitta no ensaio dos Blocos das Poderosas, no mesmo dia.

Embalados por bebida destilada em fartura, água de coco e energético, o público na faixa dos vinte e poucos anos pouco se importou de esticar o domingão esperando o grande momento da noite. Alguns pagaram R$ 4.000 por um espaço nobre colado ao palco e, quem sabe, uma selfie perfeita ao lado de Jojo Todynho e a garantia de uma enxurrada de likes nas redes sociais.

Foi o caso de Nathalia Reis, estudante de 19 anos de São Paulo que vive atualmente em Barcelona —onde está estudando. Mesmo morando na Europa, a garota diz que ama Jojo Todynho de paixão e conhece a funkeira desde que ela tinha só 5.000 seguidores no Instagram. Hoje são 1,7 milhão. Nathalia garante que pagou R$ 4.000 no camarote só por causa de Jojo. Levou as amigas como convidadas, que chamaram outros conhecidos para o cercadinho que comportava 15 pessoas.

Afinal, qual valor tem uma foto ou um vídeo perto da sensação atual do funk? O investimento da estudante rendeu bem mais que o esperado. Após berros de “eu te amo” e “você é minha ídola”, Nathalia foi a primeira escolhida para subir ao palco e mostrar suas habilidades dançando “Vai Malandra”, música mais recente de Anitta que conta com Jojo Todynho no clipe. “Eu quero você representando São Paulo e meus Toddynho”, chamou a cantora.

Jojo Todynho ainda contou com outras quatro voluntárias para rebolar a bunda em cima do palco, já que sua rebolada estava ligeiramente afetada por uma bota ortopédica. O pé torcido foi resultado da empolgação durante uma prova de roupas no dia anterior. “Vi um vestido, fui descer a escada para pegar e foram três degraus de uma vez só”, explicou ao UOL no camarim depois da apresentação, que teve ingressos a partir de R$ 50.

Mas o repertório de Jojo, completado com hits de Ludmilla, Pabllo Vittar, G15 e outras sensações atuais do funk, ainda reservava uma surpresa. “Vocês acharam que eu não ia balançar meus peitos hoje”, provocou, adaptando o bordão de Anitta e emendando com “Movimento da Sanfoninha”. É a mesma música usada pela amiga no momento de rebolar a bunda nos shows.

As reações ao sutiã 58 de Jojo Todynho não passaram despercebidas. “Você tá me seduzindo, vou esfregar o Toddy na sua cara. Quer Todynho?”, perguntou a um garoto que tentava chamar a atenção dela na pista, fora dos camarotes. A reposta positiva fez a cantora ir além. “É rol? Se eu der uma sentada diferente aí te quebro todo. Sou grandona”, ressaltou do alto de seus 1,50 m e 90 kg. As mulheres não foram esquecidas. “Só tem mulherão da p* aqui”, fez questão de frisar. “Fechou o camarote só pra me ver. E aí, loirinha, tá emocionada?”, falou apontando para a fã que tinha dançado no palco minutos antes.

Mas nem todos os presentes terminaram a noite superando suas expectativas na festa “Back to real life”. Jihad Khatib, empresário de Praia Grande (SP), também pagou R$ 4.000 para comemorar com amigos e amigas seu aniversário de 22 anos ao som de Jojo Todynho. “Não conhecia ela antes do ‘Que Tiro Foi Esse’, mas curti muito a música. Ela é do Rio, né?”, declarou antes do show. Acabou a noite de cara fechada depois de tomar uma bronca da artista por molhar o público que estava perto do palco com uma chuva de espumante. “Respeita as pessoas”, pediu Jojo sob aplausos.

Já os outros presentes no mesmo camarote —entre eles youtubers e ex-BBBs— não parecem ter se abalado da mesma maneira que o aniversariante. A animação no primeiro dos três cercadinhos em frente ao palco rendeu até uma reprodução do meme que deslanchou a carreira de Jojo. Um dos rapazes fez questão de se jogar no chão quando ouviu o primeiro refrão de “Que Tiro Foi Esse”, o hit que foi cantado duas vezes e encerrou o show.

“Com um beijo nas pirocas e uma lambida nas pepeka”, Jojo Todynho encerrou sem censura os 35 minutos do seu terceiro show no primeiro fim de semana com agenda lotada em São Paulo. O pé? Ela garante que melhora em 15 dias. A tempo de enfrentar a maratona de Carnaval que promete abraçar e espalhar seu hit para bem além da internet.

F5 – Folha de São Paulo

 

Opinião dos leitores

  1. Acho interessante a diversidade cultural, não critico quem gosta, agora a supervalorização de uma "artista" que virou meme temporário é ridículo. Realmente a falta de educação de qualidade, a introdução de culturas estrangeiras de baixa qualidade e, ainda, a restrição de músicas de qualidade a públicos específicos, uma vez que a mídia de massa divulga cada vez mais musicas momentâneas do que o bom e velho MPB, o Rock brasileiro, o samba, a bossa nova e outros estilos musicais de qualidade existentes no Brasil, estão causando cada vez mais a decadência da boa musica em detrimento das novos "sucessos".

  2. E quem disser que essa moça não é o máximo em cultura e qualidade pode se preparar para ser chamado de reacionário, atrasado, racista, peitofóbico…

  3. Correndo o risco de parecer um daqueles velhos ranzinzas que vivem repetindo que "no meu tempo tudo era melhor", eu costumo dizer às pessoas com quem converso que "a música morreu nos Anos 80, e esqueceram de enterrar".
    A cada nova onda que surge no cenário musical, as pessoas dizem É O FUNDO DO POÇO! Mas sempre aparece um novo estilo para superar a baixa qualidade do anterior. Funk, Sertanejo, Sertanejo Universitário, Pagode, Sofrência, Forró Eletrônico, Paredão… e por ai vamos descendo ladeira.
    Mas voltando ao meu saudosismo, lembrei de quando eu era apenas um menino inocente morando no Alecrim, tinha um bêbado que vivia pelo mercado da Av. 4, sem camisa e todo suado, que tocava o Hino Nacional PEIDANDO NO SUVACO. Pum pum purupumpum purumpumpum…. Do começo ao fim, em ritmo perfeito. No rumo que vai a nossa música, acredito que ainda verei no Faustão ou no Fantástico algum artista performático realizando proeza semelhante. Ai sim, talvez tenhamos chegado ao fundo do poço musical.
    Por essas e outras que eu ainda prefiro o bom e velho BREGA… Bartô Galeno, Reginaldo Rossi, Zé Orlando, Genival Santos e outros clássicos.

  4. Culpa de quem?
    Da mídia "caça-níquel" que evidencia toda merda que aparece?
    Ou de nós meros mortais que só sabemos reclamar e não tomamos uma atitude como boicotar, não dar moral nem espaço a esse tipo de porcaria?

  5. o pior é ser notícia e ter fãs,pense num povo ridículo esse no qual me incluo mas não compactuo.

  6. Imagino que pessoas com este tipo de gosto podem contribuir para a melhoria do país. Nunca teremos um futuro descente enquanto tiverem brasileiros que apreciam desrespeito e estupidez.

    1. Vc assiste filmes, vê TV, toma uma de vez em quando?
      E que isso contribui para o futuro do Brasil?
      Não faz nada para desopilar? Vive em permanente estado de
      engajamento?

  7. E nós inocentes, achando que depois do É O Tham não podia piorar… Onde esse país vai levai sua música, a que nível rasteiro e podre vai chegar. A cada dia a situação fica pior, pior, pior…

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