Política

Paulo de Tarso: “Foram 10 meses de governo onde todas as decisões do Estado foram do marido da governadora”

O Blog reproduz uma excelente entrevista que a Blogueira Thaisa Galvão fez com o ex-deputado, advogado e até ontem, homem forte do Governo Rosalba Ciarline, Paulo de Tarso Fernandes. O que impressiona é que quem está dando esses detalhes de quem manda realmente e a desorganização no Governo é um dos maiores articuladores do Governo Rosalba e da engenharia política que elegeu ela, pense num carro sem prumo, e olhe que já estamos em Outubro. Segue reportagem de Thaisa Galvão:

Foi pelo telefone que o chefe da Casa Civil, advogado Paulo de Tarso Fernandes, comunicou à governadora Rosalba Ciarlini que estava se afastando do governo.

Por um motivo: não concordava com a forma como o governo, em especial o ex-deputado Carlos Augusto Rosado, primeiro-damo do Estado, vinha tratando o vice-governador Robinson Faria.

“Saio em solidariedade ao vice-governador Robinson Faria. Eu não sou nada. Não sou homem público. Sou um funcionário público. E a minha solidariedade é com o vice-governador Robinson Faria. Porque quem quiser que ache grave, mas eu considero o que está acontecendo, gravíssimo”.

Paulo de Tarso, que sempre manteve laços de amizade com o vice-governador, como manteve com a governadora Rosalba Ciarlini e com o marido Carlos Augusto, e ainda com o ministro Garibaldi Filho, ambos integrantes do time que governa o Rio Grande do Norte, pode ter tomado uma das decisões mais difíceis da sua vida.

Mas, para isso, contou com a fé. É católico praticante e pediu a Deus, em suas orações, que o fizesse tomar a decisão mais acertada.

As insatisfações que ele vinha acumulando nos 10 meses como chefe da Casa Civil do Estado, tiveram como gota d´água a decisão do governo de não mais nomear o vice-governador para o cargo de secretário de Recursos Hídricos, cargo que ele exercia desde a primeira hora da gestão, e do qual se afastou para assumir o governo na interinidade durante viagem da governadora aos Estados Unidos.

Segundo Paulo, foram 3 tentativas, onde ele, como chefe da Casa Civil, tentou oficializar a nomeação de Robinson.

“Primeiro fui à governadora e ela me disse que eu resolvesse com Carlos Augusto. Fui a ele e ele me falou: você não tem uma viagem a Brasília? Vá e volte porque isso não é prioridade”, contou Paulo de Tarso, que foi a Brasília num bate-volta que saiu de Natal às 3 da tarde e deixou Brasília às 9 da noite.

“Quando voltei falei de novo com o deputado Carlos Augusto e ele me disse: ‘Esse assunto não tem pressa. O vice-governador foi à minha cidade (Mossoró) e fez 3 discursos contra a minha mulher. Minha mulher foi para os Estados Unidos e ele foi pra rua humilhar a governadora”…

Segundo Paulo, o telefonema a Carlos Augusto teve 3 testemunhas, entre elas o adjunto da Casa Civil, Francisco Carvalho e o secretário da Copa e titular do DER, Demétrio Torres.

Paulo de Tarso contou que se deu um prazo: se até ontem, às 4 da tarde, a nomeação de Robinson não fosse oficializada, o vice-governador poderia até ficar, mas ele deixaria o governo.

A decisão de Paulo, se antecipando a Robinson, tem um motivo: o ex-chefe da Casa Civil foi quem deu garantias ao vice-governador para que ele deixasse o grupo da ex-governadora Wilma de Faria, declinasse de apoiar a candidatura do ex-governador Iberê Ferreira de Souza, e fosse integrar o grupo liderado pelo senador José Agripino Maia, compondo a chapa articulada pelo democrata-articulador Carlos Augusto.

Sentindo-se avalista sem prestígio, Paulo decidiu sair, afirmando repetidamente: “em solidariedade ao vice-governador Robinson Faria”.

Para a não nomeação do vice-governador Robinson Faria ao cargo de secretário de Recursos Hídricos, o ex-chefe da Casa Civil, Paulo de Tarso Fernandes, revelou outro possível motivo que fez com que o ex-deputado Carlos Augusto Rosado tivesse optado por não nomear mais o vice: a sanção da Lei do Empréstimo, assinada por Robinson no exercício do governo, durante viagem da governadora Rosalba Ciarlini aos Estados Unidos.

Aprovado pela Assembleia o pedido de empréstimo, o então governador foi à Assembleia para sancionar a Lei diante dos deputados.

Tudo devidamente combinado com a governadora titular, como revelou o ex-chefe da Casa Civil, Paulo de Tarso Fernandes.

“Falei com ela pelo telefone em Nova York e ela me disse que Robinson podia sancionar. Quando falei com o deputado (Carlos Augusto) ele me disse que eu trancasse a lei na gaveta e não entregasse. Dissesse que a lei estava em qualquer lugar. Em Tibau ou em qualquer lugar. Mas aí o governador era Robinson e a governadora Rosalba estava sabendo, não havia nada que ela não soubesse, então decidi não atender ao deputado”, disse Paulo de Tarso, lembrando que Carlos Augusto Rosado também teria ligado para o presidente da Assembleia, deputado Ricardo Motta, e pedido que ele não entregasse a Lei a Robinson para ele sancionar. Segundo Paulo, Motta também teria dito que não iria atender o pedido de Carlos, que estava em um SPA na praia de Rio do Fogo durante a viagem da esposa-governadora aos Estados Unidos.

As interferências do primeiro-damo do Estado já vinham desagradando o chefe da Casa Civil, pelo que o próprio contou ao Blog.

“Foram 10 meses de governo onde todas as decisões do Estado foram do marido da governadora”, declarou Paulo de Tarso na mesa com testemunhas, onde o discurso foi, o tempo inteiro, alinhavado por afirmações como “não estou pedindo off porque tudo o que estou dizendo eu disse tanto à governadora Rosalba quanto ao deputado Carlos Augusto. São assuntos públicos que não têm porque serem escondidos”…

Paulo reclamou que, por causa da interferência familiar, a governadora tem trocado seu gabinete na Governadoria pelos terraços de sua casa.

“Ela despacha em casa. Governa de casa. Mas o lugar do governador é no gabinete. Até porque um deputado, um prefeito ou um secretário que quiser falar com a governadora não vai para a casa dela sem ser chamado, mas na Governadoria ele chega. Eu mesmo como chefe da Casa Civil só ia quando era chamado”, revelou Paulo, afirmando que a opção pela residência oficial se dava pelo fato de, na Governadoria, não ter como o ex-deputado Carlos Augusto participar das decisões.

O ex-chefe da Casa Civil Paulo de Tarso Fernandes não escreveu uma carta de demissão. Segundo contou ao Blog, escreveu poucas linhas, muito mais um comunicado à governadora sobre sua saída.

Ficou em casa ontem durante o dia inteiro, e dentro do prazo dado a ele mesmo, das 4 da tarde, diante da não confirmação da nomeação do vice-governador como secretário de Recursos Hídricos, enviou o comunicado para a Casa Civil.

Segundo Paulo, o comunicado foi entregue ao adjunto da pasta, Francisco Carvalho, que teria informado à governadora, e dito a PTF que a governadora teria ficado surpresa.

“Aí eu tomei a decisão de telefonar para a governadora e comunicar minha decisão. Conversamos longamente”.

Pelo telefone, Paulo disse a Rosalba que não concordava com o que vinha acontecendo, e que ela deveria entender que hoje a oposição ao seu governo não está mais no círculo do vice-governador Robinson Faria como tem se comentado nos bastidores governistas.

“Eu disse a ela que a oposição ao governo não está mais na Assembleia. Está nas ruas. A oposição é o povo, é o funcionalismo, é o sindicalismo”, declarou Paulo de Tarso, que numa conversa dura com a governadora Rosalba, chegou a definir a gestão de 10 meses como sem sucesso.

“Eu disse a ela que é por essas e outras que o governo está aos frangalhos. Que a gente critica os governos de Wilma e Iberê, mas a gente não tem condições sequer de sanar as contas do governo. A gente não tem condições sequer de acertar”, revelou Paulo de Tarso Fernandes, que à minha pergunta sobre o crescimento da arrecadação, disse não entender como, apesar do registro do crescimento da arrecadação, o governo não tem como botar as contas em dia.

“Não é justo que a gente tire dos servidores, aperte daqui e dali e não consiga acertar”, afirmou Paulo.

 

Opinião dos leitores

  1. É…e o pior é que ainda vamos amargar mais 3 anos desse lamaçal…até o povo aprender a votar!

  2. Taí a governadora que tinha experiência, governar interior não é governar um estado é muito fácil ela jogar a culpa no governo Iberê sem tirar os erros dele, mas é preciso ser muito mulher para assumir que nâo tem condiçeões de governar o estado FORA ROSALBA!

  3. O discurso de Paulo de Tarso mudou radicalmente após sua saída. O ex-secretário foi extremamente intransigente com os "colegas" servidores de baixo escalação do governo. PTF chegou até mesmo dizer que os planos de cargo, carreira e salários seriam questionados na justiça (que diga-se de passagem o TJ-RN já tinha a sentença favorável ao governo). Ele saiu após seu aliado político Robinson Faria brigar com o casal governamental e externou todas as conversas de descontentamento que o mesmo tinha com os mais próximos nos gabinetes e corredores do Casa Civil.
    Aguardemos então os próximos passos de um governo que em 10 meses teve a incrível façanha de desagradar a população, servidores, oposição e até aliados.

  4. Criamos o FORA MICARLA estar na hora de criaramos o FORA ROSALBA! pois o RN vai a caminho decadencia.

  5. Sinceramente, não entendo. Toda mulher que concorre a cargo público diz que a mulher tem um outro olhar, que tem sensibilidade, que pensa como mãe, que não se corrompe, que são valentes e guerreiras, etc. Ora, qdo chegam ao poder são tuteladas por marido, ex-presidente, não demonstram a tal sensibilidade. Fico decepcionado… 

  6. Votei em Rosalba acreditando que ela era realmente uma pessoa capaz de melhorar nosso Estado. Infelizmente não é isso que tenho visto. Apesar da boa gestão à frente de Mossoró, o mesmo não tem ocorrido com o Estado. Aliás, se a coisa continuar como está eu serei o primeiro a pedir que ela se afaste do Governo, até porquê eu votei nela, não em Carlos Augusto. Já que Rosalba resolveu entregar o Estado para seu marido governar, então ela deixou claro que não quer ser governadora. Assim, é melhor que saia!

  7. Enquanto eles decidem que é que governa o estado, todos os funcionários públicos e servidores terceirizados vão sofrendo com longos atrasos de pagamentos, e tem mais saibam todos que com a saída do Sr. Paulo de tarso perdemos um homem sério e trabalhador. É, acho que esta na hora de criar o fora Rosalba

  8. PARABÉNS A TODOS POR MOSTRA A POPULAÇÃO DO RN ESSA MATÉRIA E QUE TODOS QUE VOTARAM NELA AGORA VEJA QUE SEU VOTO FOI PARA ELE E NAO PARA ELA

    1. A eleição de Rosalba é mais um estelionato eleitoral montado pelos eternos mandatários da política do RN (Maias, Rosados e Alves). Enquanto não tivermos esse discernimento na hora de votarmos a situação se perpetua.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Polícia

Olhar para a Frente!!!

Um Secretário de Estado TOP, como é Paulo de Tarso Fernandes, ocupar as páginas de Jornais para denunciar que um ex-assessor do Governo Wilma e Iberê passou do ponto e, exagerou nas ligações, causando um prejuízo de R$ 4.749,94 só me traz uma coisa à mente.

1 – Paulo de Tarso deve está com tempo por demais para se ocupar em tocar um caso pequeno de desvio de conduta desses. O normal seria a parte jurídica do Governo denunciar e mandar para o MP.

2 – Quando o Governo Rosalba vai de fato notar que já estamos em 2011 e, não mais em 2010? O tempo não volta. A equipe de transição teve 70 dias para ter noção da situação do Estado, todos sabiam que o rombo não era pequeno. O que for de errado que mande apurar e denunciem o que tem que denunciar, mas, o estado tem que caminhar, não se pode todo dia estar ocupando a imprensa para justificar isso ou aquilo do Governo passado. Vamos arregaçar as mangas e trabalhar. O tempo corre e, não volta.

Governadora vamos olhar para a marcar tão bem criada pela  ARTC, onde fala: Reconstruir e Avançar.

Opinião dos leitores

  1. Embora que vejamos os erros de nossos governantes e de nossa população votante, parece que nunca vamos aprender a desmificar o poder do voto. Veja o caso de nossa prefeitura, votamos em um nome desconhecido para somente constartarmos que fizemos uma bobagem, será que vamos repetir o mesmo erro com Rosalba? Mais ai podemos dizer: Ela administrou por mais de uma vez uma cidade grande como Mossoró, ela tem experiência, será que o RN tem o mesmo tamanho e os problemas de Mossoró? Será que ela e seus auxiliares não estão começando a justificar como Micarla a incompetencia de administração dos problemas que temos em nossa cidade e estado?
    O mais engraçado é quando um auxiliar ou secretário da prefeitura dá uma entrevista, sempre arruma uma desculpa, não plausível, sobre o porque não está fazendo. Outro dia o secretário de obras disse que a malha viária de Natal cresceu tanto que não tinha condições de tapar todos os buracos, mais se nem tapou nehum, basta olhar os corredores da tráfego da cidade para constatar que o secretário e a prefeita são incompetentes para a adminstração.
    Espero que Rosalba, a governadora que veio salvar o RN da corrupção, das injustiças sociais, das coisas que eles sempre dizem, todos que passaram pelo governo, seja Garibaldi, Vilma e agora Rosalba, o mesmo discurso e as mesmas barbáries de sempre.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Política

ICMS dos combustíveis: será preciso investigação de paternidade?

O aumento da alíquota do ICMS sobre os combustíveis vai ter que ser alvo de ação de investigação de paternidade. O atual governo diz que a culpa é do governo anterior. O ex-governador Iberê Ferreira disse hoje, em entrevista a 96 FM admitiu que, realmente, enviou mensagem à Assembleia Legislativa no primeiro semestre do ano passado. E disse também que a Assembleia somente aprovou a proposta no final do ano quando Robinson Faria, presidente da casa durante os últimos anos já havia sido eleito vice-governador.

Moral da história 1:  o governo atual bem que poderia ter evitado o aumento do ICMS sobre os combustíveis. Era só apelar a Robinson Faria que tinha e ainda tem muita influência no Legislativo.

Moral da história 2: na hora de criticar o governo anterior pela proposta de aumento do ICMS, o atual governo vai ter que pedir carta pra dois.

Ironia e pontaria cirúrgica

Na entrevista à 96 FM, o ex-governador teve uma pontaria cirúrgica quando falou sobre vários assuntos. Sobre a licitação para a compra de mochilas para alunos das escolas públicas estaduais, foi claro ao dizer que o material foi devolvido e o pagamento sustado pelo seu governo e não pelo atual.

Iberê defendeu os convênios com os municípios e parabenizou o atual governo pela manutenção dos convênios na área da Saúde. Mas foi irônico e preciso quando disse que o atual governo trocou o projeto de expansão do SAMU,  orientado pelo Ministério da Saúde, por um “Samuzinho”.

E no final da entrevista, ao ser confrontado com uma declaração atribuída ao secretário chefe do Gabinete Civil, Paulo de Tarso, de que ele, Iberê, e sua equipe haviam passado a mãos nos fundos, respondeu: “Não entendo nada de fundos. Se o chefe da Casa Civil entende de fundos, isto é problema dele!”.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *