Diversos

Incêndio na boate Kiss completa oito anos sem julgamento dos réus

Foto: © Wilson Dias/Agência Brasil/Arquivo

“Kiss, oito anos de impunidade” é a frase do novo mural grafitado sobre a fachada do que restou da boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, onde um incêndio de grandes proporções matou 242 jovens, a maioria universitários, na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013. A tragédia que comoveu o país e gerou grande repercussão internacional ainda se arrasta numa novela sem data para terminar. Quase uma década depois, os quatro réus do caso ainda aguardam o júri popular, que não tem data para acontecer. Na melhor das hipóteses, ocorrerá em algum momento no segundo semestre deste ano.

“Essa situação é muito injusta. São oito anos de sofrimento e dor e, durante esses anos, a gente perdeu muitos familiares, pais de vítimas, que tiveram outras doenças, agravadas pela dor da perda, e acabaram morrendo”, lamenta Flávio Silva, presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria.

Fundada cerca de dois meses após a tragédia, a entidade reúne pais e familiares das vítimas em busca de reparação. Flávio Silva perdeu a filha Andrielle, de 22 anos, no incêndio. Na ocasião, ela estava na discoteca com mais quatro amigas para celebrar seu aniversário. Todas morreram asfixiadas pela fumaça tóxica liberada pelo fogo que consumia a espuma de isolamento acústico do local.

“A gente não teve tempo de curtir o luto, porque nós partimos do luto para a luta. Então, é uma questão de a gente tentar transformar a dor num ato de amor, que é esse ato de prevenção, e tentar salvar vidas”, afirma Silva.

Todo dia 27 de janeiro é marcado por homenagens às vítimas do incêndio de Santa Maria. Este ano, por causa da pandemia, a homenagem será virtual. A Associação de Familiares Vítimas e Sobreviventes da Tragédia organizou uma live (transmissão online) para as 20h30 desta quarta-feira, que será mediada pelo jornalista Marcelo Canellas, com a participação dos atores Tony Ramos, Chistiane Torloni, Dira Paes, a autora de teledramaturgia Glória Perez, a mãe de uma das vítimas da tragédia, Ligiane Righi, e o jurista Jair Krischke, presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul.

Mais cedo, por volta das 2h30 da madrugada, uma sirene do Corpo de Bombeiros tocou na cidade para lembrar o exato momento em que o incêndio começou, também como forma de homenagear os mortos.

Situação do processo

No processo criminal, com mais de 85 volumes, os empresários e sócios da boate Kiss, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, além do vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, e o produtor do grupo musical, Luciano Bonilha Leão, respondem por homicídio simples (consumado 242 vezes, por causa do número de mortos) e por 636 tentativas de homicídio, de acordo com o número de feridos.

Ao longo do ano passado, enquanto o país mergulhava na crise sanitária por causa da pandemia de covid-19, três dos réus (Elissandro, Mauro e Marcelo) travaram uma batalha judicial vitoriosa para que o julgamento pelo júri popular fosse transferido da comarca de Santa Maria para um foro na capital, Porto Alegre. Em seguida, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) opinou para que Luciano Bonilha também tivesse o desaforamento concedido, embora ele não tivesse requisitado a medida. Dessa forma, todos os réus poderão ser julgados numa única data e pelo mesmo júri. Entre os argumentos para pedir o desaforamento do caso, os réus alegaram dúvida sobra a parcialidade dos jurados em Santa Maria, por causa da comoção da tragédia, e o ambiente mais distante e controlado da Justiça de Porto Alegre.

Distribuído por sorteio para a 1ª Vara do Júri do Foro Central de Porto Alegre, em dezembro do ano passado, o processo da boate Kiss agora aguarda a designação de um juiz titular para a Vara, já que a magistrada que ocupa atualmente o posto, Taís Culau de Barros, assumirá novo cargo no Tribunal de Justiça do estado (TJ-RS) a partir de fevereiro. Só depois que um novo juiz da 1ª Vara for definido é que a data e o local do julgamento serão definidos. Desde já, no entanto, a principal preocupação dos familiares das vítimas é que o júri popular não seja a portas fechadas e permita a participação deles.

“Em entrevista, a advogada de um dos réus informou que estaria peticionando um júri de portas fechadas, alegando restrições da pandemia. A gente teme que isso ocorra. Se acontecer, vamos lutar com todas as forças para reverter. São longos anos de espera. Aconteça o que acontecer, não teremos nossos filhos de volta, mas a gente espera que se faça justiça”, diz Flávio Silva.

Incêndio

A tragédia na boate Kiss ocorreu na madrugada de 27 de janeiro de 2013, na região central da cidade. Por volta das 2h30, um integrante da banda Gurizada Fandangueira, que fazia uma apresentação ao vivo, acendeu um sinalizador de uso externo dentro da casa noturna, e faíscas do artefato acabaram incendiando a espuma que fazia o isolamento acústico do local. A queima da espuma liberou gases tóxicos, como o cianeto, que é letal. Foi justamente essa fumaça tóxica que matou, por sufocamento, a maior parte das 242 vítimas. Além disso, a discoteca não contava com saídas de emergência adequadas, os extintores eram insuficientes e estavam vencidos. Parte das vítimas foi impedida por seguranças de sair da boate durante a confusão, por ordem de um dos donos, que temia que não pagassem as contas.

O incêndio na Kiss iniciou um debate no Brasil sobre a segurança e o uso de efeitos pirotécnicos em ambientes fechados com grande quantidade de pessoas. Ainda em 2013, meses após o acidente, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou uma lei complementar estadual, batizada de Lei Kiss, que aumentou o rigor de normas sobre segurança, prevenção e proteção contra incêndios em edificações e áreas de risco. Em 2017, uma lei federal, também batizada de Lei Kiss, foi aprovada pelo Congresso Nacional com o mesmo objetivo.

Apesar das iniciativas, no caso da lei estadual do Rio Grande do Sul o prazo para adequação dos edifícios às novas normas foi prorrogado, em 2019, por meio de decreto, por mais quatro anos e só deve começar a valer mesmo, na prática, a partir de 2023. “Essas prorrogações mostram quem os nossos governantes não aprenderam nada com a tragédia. A impressão que fica é que o risco de mais matança segue legalizado”, critica Flávio Silva, acrescentando que a prevenção deve ser vista como investimento por empresários e o Poder Público. “O que salva vidas mesmo é a prevenção. Ela é um investimento. Enquanto esse empresários pensarem na prevenção como despesa, o Brasil não vai pra frente em termos de garantia de segurança”.

Agência Brasil

Opinião dos leitores

  1. Nossas leis permitem inúmeros recursos, então quem pode pagar boas bancas de advogados conseguem protelar por anos o julgamento, e se tiver nomeado ministros para o STF, ai eles mudam o entendimento para cumprimento das penas.
    Juízes cumprem as leis. Se o cara cumprisse a pena em 1a instância, valorizaria os juízes.
    Acredito que só no Brasil um condenado em 2a instância não vai preso.
    O povo vendendo o voto e escolhendo um cara seguramente corrupto , dai sairão leis com brechas que beneficiarão corruptos. A tendência é piorar.

  2. Por que os nobres guerreiros dos bombeiros que liberaram os espaço sem as mínimas condições de segurança?Investiguem os bombeiros que teve bola no meio.

    1. Caro Ewerton, falei sem pesquisar e utilizando o senso comum e comentários de pessoas que conhecem esse mundo. No entanto, como vc me alertou, fui pesquisar. Resultado: cheio de bombeiros envolvidos em concessão irregular de alvará. Alguns inclusive já condenados. Acusações diversas de recebimento de propina.

  3. Justiça ágil, veloz, é só o que ouvimos dos magistrados… tem que descobrir qual a “régua” de medida deles,

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Judiciário

Ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho viram réus acusados de fraude de R$ 8 bilhões em repasses do BNDES à JBS

O juiz Marcus Vinicius Bastos, da 12ª Vara Federal em Brasília, recebeu parcialmente denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) e tornou réus, entre outros, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e o ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Luciano Coutinho.

Os dois são acusados de terem autorizado empréstimos supostamente irregulares que superam R$ 8 bilhões do BNDES para o frigorífico JBS, uma das empresas dos empresários Joesley e Wesley Batista.

Também viraram réus nesta ação mais três pessoas. A decisão é desta quinta-feira (23).

O magistrado do Distrito Federal rejeitou a denúncia em relação a sete acusados, entre eles o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e o empresário Joesley Batista.

Mantega vai responder por formação de quadrilha (a partir de 2013 o crime virou associação criminosa), corrupção passiva, gestão fraudulenta de instituição financeira e práticas contra o sistema financeiro nacional (prevaricação financeira).

Luciano Coutinho responderá por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e práticas contra o sistema financeiro.

A denúncia apresentada em março pela força-tarefa da Operação Bullish, do Ministério Público Federal, envolvia ao todo 12 pessoas por suspeita de operações irregulares, de 2007 a 2009, que ultrapassaram o valor de R$ 8,1 bilhões.

Conforme a acusação, o esquema consistia em pagamentos de serviços não prestados e emissão de notas falsas, além de investimentos simulados e doações irregulares a campanhas eleitorais.

Os empréstimos do BNDES à JBS teriam sido aprovados contrariando regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O elo da JBS seria Victor Sandri, ex-assessor de Mantega que também virou réu. Segundo a denúncia, ele era intermediário da propina e teria recebido R$ 5 bilhões sem prestar qualquer serviço e R$ 67 milhões em contas no exterior.

Sandri virou réu por quadrilha, corrupção ativa, gestão fraudulenta e prevaricação. Também responderão ao processo Gonçalo Ivens e Leonardo Vilardo Mantega. Todos serão notificados para responder à acusação em dez dias.

Quando eles foram denunciados, a defesa de Mantega não comentou a acusação, e a de Coutinho negou qualquer irregularidade.

Denúncia rejeitada

O juiz rejeitou as acusações em relação a sete acusados. Em relação a Joesley Batista, acusado de corromper os políticos, o juiz afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) assegurou imunidade quando Joesley fez acordo de delação premiada. E que é preciso aguardar uma decisão final da Suprema Corte sobre a rescisão ou não do acordo de delação.

“O próprio MPF lastreia a narrativa acusatória nas declarações prestadas pelo denunciado colaborador, utilizando os seus esclarecimentos naquilo que lhe convém e o desprezando no que entende ser contrário à sanha persecutória”, considerou ainda o magistrado na decisão.

Em relação às acusações contra Palocci de formação de quadrilha, corrupção, gestão fraudulenta, prevaricação e lavagem de dinheiro, o juiz considerou que não há provas suficientes.

“A simples afirmação de Joesley de que ‘Palocci poderia intervir em seu favor em algum momento’, à toda evidência não se presta a comprovar a prática de ilícito penal por esse último”, ponderou o juiz.

Segundo a magistrado, para o recebimento da denúncia, exige-se a demonstração “fundada em elementos probatórios mínimos”.

O juiz do DF considerou que os outros denunciados eram técnicos do BNDES e não há provas de que tenham atuado em crimes.

BLOG DA ANDRÉIA SADI – G1

Opinião dos leitores

  1. Devagar, mas assim mesmo todos os ratos estão sendo pegos. Esses ladrões de gravata, atuaram durante muitos anos dilapidando dos bens publicos. Bilhões, trilhões foram roubados, desviados fazendo com que toda a população pague uma conta astronômica que nunca tem fim, além de desemprego ou subemprego em todas as áreas, com uma enorme precarização da educação, saúde e seguranças. Por isso e muito mais espero que todos esses canalhas, quero dizer ladrões mofem na cadeia.

  2. Esses caras não se contentavam com milhões, era sempre na casa dos bilhões? Meu Deus do céu, para onde caminhávamos?

  3. Calma a CAIXA PRETA DO BNDS está sendo aberta, será dessa vez com o verme rato ladrao condenado Lula fica de vez na cadeia

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Judiciário

Réus pelo assassinato do empresário Ademar Miranda Neto em Ponta Negra, mulher e amante vão júri popular nesta quarta

O Juiz da 2ª Vara Criminal da Comarca de Natal/RN, marcou para esta quarta-feira(10), às 8:00, no Forum Miguel Seabra Fagundes, o julgamento dos réus Martha Renata Borsatto Miranda e seu amante Antônio Ribeiro, pelo assassinato do empresário Ademar Miranda Neto, ocorrido em Ponta Negra no dia 07 de junho de 2016. Os réus estão presos desde dezembro de 2016.

O empresário do ramo hoteleiro foi executado a mando da esposa Martha Renata Borsatto Miranda e seu amante Antônio Ribeiro.

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Judiciário

Procurador-geral da República pede prisão imediata de 20 réus do mensalão

18_26_50_494_fileO procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu nesta terça-feira (12), ao STF (Supremo Tribunal Federal) a prisão imediata de 20 dos 25 condenados por envolvimento no mensalão, incluindo figuras centrais do escândalo de corrupção como o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o empresário Marcos Valério, apontado como operador do esquema.

Ao menos cinco ministros já afirmaram, reservadamente, serem favoráveis a essa possibilidade. Com mais um voto nesse sentido, no julgamento que será retomado nesta quarta-feira (13), o tribunal poderia determinar a prisão imediata de 20 dos condenados e a execução das penas alternativas, como o pagamento de cestas básicas, para outros três outros condenados.

Somente dois deles — Breno Fischberg e João Cláudio Genu — aguardariam o julgamento dos infringentes, previsto para o primeiro trimestre de 2014. Os dois foram condenados por apenas um crime, mas a condenação pode ser revertida no próximo ano, quando forem julgados os recursos.

Caso não sigam o parecer de Janot, os ministros devem concluir até esta quinta-feira (14), o julgamento dos segundos recursos declaratórios de parte dos réus do mensalão. Nesse grupo estão os deputados Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP). Os dois e outros oito condenados apontam contradições, omissões e ambiguidades no julgamento dos primeiros recursos.

A tendência do tribunal é rejeitar os recursos e considerá-los uma tentativa da defesa de protelar o fim do processo. Por isso, o tribunal deve decretar a execução imediata das penas desse grupo que não tem direito aos chamados embargos infringentes.

Nessa lista de prováveis condenados nos próximos dias com execução de pena imediata estão também o ex-presidente do PTB Roberto Jefferson, os ex-deputados Bispo Rodrigues, José Borba e Pedro Corrêa, o ex-vice-presidente do Banco Rural Vinicius Samarane.

Mesmo se houver prisão de deputados, a Câmara deve aguardar um novo posicionamento do STF, definindo a quem compete cassar o mandato do parlamentar condenado. Com isso, os dois deputados se juntariam a Natan Donadon na bancada de parlamentares presidiários.

Prisão imediata

Nesta terça, após a manifestação de Janot pedindo a prisão não só dos dez réus que ingressaram com os embargos de declaração, mas também dos que optaram pelos infringentes, dois integrantes da Corte lembram que uma súmula permite a execução das penas, mesmo com embargos infringentes pendentes de julgamento. “Em caso de embargos infringentes parciais, é definitiva a parte da decisão embargada em que não houve divergência na votação”, estabelece a súmula do tribunal.

Outro ministro indica dois precedentes em que o STF permitiu a execução da pena, independentemente da existência de embargos infringentes.

No pedido feito ao STF na tarde desta terça, o procurador-geral da República argumentou serem imutáveis as penas impostas aos réus que não têm direito a novo julgamento. E para os réus que pediram novo julgamento, via infringentes, parte das penas também não pode mais ser alterada.

— É entendimento sedimentado no âmbito desse STF que não há necessidade de aguardar o julgamento de todos os recursos que as defesas interponham para a determinação de imediato cumprimento das penas, notadamente quando já apreciados (e rejeitados) os primeiros embargos de declaração ajuizados contra a decisão condenatória do plenário.

No caso de Dirceu, por exemplo, a pena imposta pelo crime de corrupção ativa não pode mais ser alterada. O placar do julgamento neste ponto específico foi de 8 votos a 2 pela condenação. Como não houve quatro votos divergentes, Dirceu não poderia pedir novo julgamento para esta acusação.

No entanto, por 6 votos a 4, o tribunal condenou Dirceu por formação de quadrilha. Em razão desse placar, a defesa de Dirceu pediu ao tribunal, por meio dos embargos infringentes, novo julgamento para esta acusação, o que deve ocorrer somente no início de 2014.

Assim, conforme o pedido de Rodrigo Janot e a defesa antecipada por parte dos ministros, Dirceu poderia começar a cumprir a pena pelo crime de corrupção, aguardando preso o novo julgamento pelo crime de quadrilha. Mas tendo sido condenado naquele crime a 7 anos e 11 meses, Dirceu iniciaria seu cumprimento de pena em regime semiaberto.

Outros nove réus estão na mesma condição, incluindo Genoino, Valério, Delúbio Soares, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), a ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabello, o publicitário Cristiano Paz, ex-sócio de Valério. Os réus Emerson Palmieri, Enivaldo Quadrado e José Borba cumpriram já suas penas alternativas.

R7

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Judiciário

Prescrição de crimes pode beneficiar réus do mensalão

A decisão do Supremo Tribunal Federal de fazer um novo julgamento do processo do mensalão abrirá a oportunidade para que 12 dos 25 réus tenham direito de cumprir penas menores ou até se livrar das punições por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Caso não consigam ser absolvidos, os condenados podem ainda se beneficiar da prescrição dos crimes.

Isso vai ocorrer, por exemplo, se as penas aplicadas pelo crime de formação de quadrilha, caso confirmadas, no novo julgamento, forem inferiores a dois anos de prisão.

Oito réus podem se beneficiar disso: o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do PT e deputado federal José Genoino (SP), o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, o empresário Marcos Valério, seus ex-sócios Ramon Rollerbach e Cristiano Paz, e os ex-dirigentes do Banco Rural José Roberto Salgado e Kátia Rabello.

Se for absolvido do crime de quadrilha, Dirceu deixaria de cumprir pena em regime inicialmente fechado.

A Corte também pode rever a decisão de cassar imediatamente os mandatos dos parlamentares condenados na ação penal. A aposta dos advogados dos condenados é que a mudança dos integrantes do Supremo desde o julgamento encerrado em dezembro do ano passado garanta resultados favoráveis.

Votos duros pela condenação, os ministros Cezar Peluso e Carlos Ayres Britto aposentaram-se, enquanto os ministros Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso — que já sinalizaram em outros processos simpatia às teses das defesas — chegaram à Corte.

No caso das punições por formação de quadrilha, as chances de reversão das condenações em um novo julgamento são consideráveis. Ao contrário da decisão no processo do mensalão, Barroso e Teori Zavascki, no julgamento do senador Ivo Cassol (PP-RO), em agosto, entenderam que para se configurar uma quadrilha é necessário estabilidade entre os réus que praticam determinado crime. Caso ocorra mudança de posição, oito réus podem se livrar do crime.

O tribunal também pode mudar a decisão do Supremo de cassação imediata dos mandatos. Ao apreciarem o caso do deputado presidiário Natan Donadon (sem partido-RO) em junho, Barroso e Teori se perfilaram à tese segundo a qual cabe à Câmara dos Deputados ou ao Senado à palavra final sobre a perda de mandato de um parlamentar condenado criminalmente.

Estadão

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Judiciário

Audiências com réus do sequestro de Popó Porcino acontece no fim de agosto

Estão marcadas para os dias 27 e 28 deste mês as audiências de instrução e julgamento dos nove acusados de participação no sequestro do empresário mossoroense Porcino Fernandes Segundo, conhecido como “Popó Porcino”, de 20 anos. Os réus são denunciados pelo crime de extorsão mediante seqüestro. As audiências serão realizadas no Fórum Desembargador Virgílio Dantas, no Centro de Ceará-Mirim.

Segundo informações do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, três acusados respondem o processo em liberdade. Orlandina Torres Carneiro permanece em prisão domiciliar em decorrência de um parto, enquanto um homem e uma mulher esperam a decisão da justiça, em caso de necessidade de esclarecimentos. Uma quarta pessoa se encontra foragida. Ela foi identificada como Antônia Berenice Damasceno Lima, que fugiu do Centro de Detenção Provisória de Parnamirim, em dezembro de 2012.

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Judiciário

Mensalão: Réus do grupo de Valério já se preparam para prisão

Agora parece não ter mais jeito. Os réus já estão se informando o sobre seus direitos quando a prisão for decretada, Simone Vasconcelos foi a primeira a se orientar acerca dos detalhes. Condenada por lavagem de dinheiro, já se adiantou e procurou saber como poderá ser feita a visita aos filhos e netos.

Confira na reportagem publicada na Folha de S. Paulo

Com as condenações anunciadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão, réus do chamado “núcleo publicitário”, ligados ao empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, já se preparam para uma possível prisão.

As 27 sessões de julgamento feitas até agora resultaram na condenação de dez réus. A definição da pena de cada um só vai ocorrer no final. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pede a prisão imediata dos condenados, mas a questão será debatida pelos ministros.

No dia 14, um dia depois de ser condenada por lavagem de dinheiro, Simone Vasconcelos, ex-gerente financeira da SMPB (empresa de Valério), se reuniu com o advogado em Belo Horizonte.

Nervosa e chorando muito, quis saber detalhes de uma eventual prisão, que poderá ser cumprida na Penitenciária Feminina Estevão Pinto, em Belo Horizonte. Simone quis saber se poderá ver os filhos e o neto, por exemplo. Se poderá trabalhar fora da cadeia, num regime semiaberto, ou dentro dela.

A tensão por parte de Simone aumentou depois do vazamento da pena sugerida pelo relator Joaquim Barbosa só para este crime: sete anos e sete meses de prisão, mais multa de pelo menos R$ 225 mil, dinheiro que ela alega não ter. Simone ainda será julgada por corrupção ativa e formação de quadrilha.

Numa conversa com a Folha, afirmou que muito do que disse em sua defesa foi “deturpado” ou ignorado no julgamento do STF.

“É triste demais o que estou passando, um transtorno enorme. Estamos no meio de um tiroteio, se dou um espirro pode ser interpretado do jeito que está lá sendo feito”, disse. Ela alega, na defesa, ter cumprido ordens de Valério, sem conhecer o esquema.

Rogério Tolentino, 62, ex-sócio e advogado de Valério, foi condenado por lavagem dinheiro e ainda será julgado por formação de quadrilha e corrupção ativa. A pena sugerida por Barbosa, no primeiro crime, é de dez anos, mais multa de R$ 625 mil.

“Vou chorar? Bater a cabeça? Vou reclamar com bispo? Você tem que centrar [na cadeia], o cara centra e pensa: isso vai acabar uma hora. Estudei em colégio interno”.

Tolentino é acusado de usar sua empresa para obter empréstimo de R$ 10 milhões para o esquema. Diz que só atendeu a pedido de Valério.

“Estamos no meio de uma guerra. A nuvem negra está aí. Enquanto tiver recurso, vou recorrer”, disse. “Se não tivesse mensalão, que crime cometi? ‘Porrica’ nenhuma.”

Toda semana, o publicitário Cristiano Paz, 60, e sua mulher se reúnem com um grupo de amigos para estudos bíblicos em BH. Ele deixou de assistir ao julgamento depois que foi condenado por corrupção ativa, peculato e lavagem. A pena sugerida pelo relator, só para o último crime, é de dez anos.

Paz era um dos três sócios da SMPB e assinou alguns dos cheques dos empréstimos do mensalão. Alega que não sabia das tratativas políticas de Valério com o PT.

Ele analisa com a família como ficarão os negócios caso vá para a cadeia. “Tento mantê-lo otimista. Confio plenamente que sua conduta será examinada com critério [na definição da pena]”, diz o advogado, Castellar Guimarães.

Paz montou com o filho a Filadélfia Propaganda, hoje uma das maiores agências de Minas Gerais, que não tem contrato público.

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Denúncia

Mensalão tem pelo menos mais 80 réus, diz jornal

O julgamento do chamado mensalão coloca no banco dos réus mais que os 38 atualmente sendo julgados na Ação Penal 470 do Supremo Tribunal Federal (STF), em curso desde o dia 2 de agosto. Segundo apuração do jornal O Globo, o episódio da suposta compra de votos durante o primeiro governo Lula acumula pelo menos mais 80 nomes cujos processos foram iniciados a partir da denúncia do procurador geral da República, Roberto Gurgel. Somados, os processos somam pelo menos 118 réus.

Segundo o jornal, a denúncia da Procuradoria Geral da República resultou, até agora, em pelo menos 45 processos nas Justiças Federais no Distrito Federal, no Espírito Santo, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo; no Tribunal Regional Federal (TRF) de SP (3ª região); e em um inquérito paralelo em curso no STF. O levantamento indica que 35 réus seriam alvo de processos tanto no STF como em outras Justiças; três somente no STF (Duda Mendonça, Zilmar Fernandes e Henrique Pizzolato); e 80 nas demais Justiças. Contrariamente ao julgamento em curso no STF, que se encontra na fase final, muitos destes outros processos ainda não foram abertos; exceções constituem, por exemplo, os casos de Marcos Valério e Rogério Tolentino, que já foram condenados em primeira instância em MG.

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Jornalismo

Advogados tentam barrar fatiamento “obscuro” do Mensalão no STF

Petição assinada pela defesa de vários réus contesta legalidade de modelo adotado pelo Supremo Tribunal Federal. O julgamento do mensalão deve sofrer mais atrasos. Hoje (20.ago.2012) os ministros do STF devem gastar algum tempo discutindo sobre a petição enviada à Corte pelos principais advogados dos 37 réus do mensalão.

Num documento educado, porém duríssimo, os advogados dizem que o rito do julgamento foi adotado sem consenso na última sexta-feira (17.ago.2012). E prosseguem: “Diante da obscura ordem estabelecida para o julgamento, e reiterando a perplexidade já registrada em Plenário quanto ao método adotado pelo Insigne Ministro Relator [Joaquim Barbosa] em que toma por princípio a versão acusatória afronta o postulado do devido processo legal”. Acesse a íntegra da petição publicada por este Blog.

O mensalão será julgado aos pedaços, com grupos de réus sendo analisados por Barbosa e depois pelos colegas. Os advogados de defesa preferiam que Joaquim lesse seu voto completo e que em seguida os outros ministros fizessem o mesmo.

No sistema proposto por Joaquim há também um outro detalhe que desagrada aos advogados: os votos são dados apenas com o veredito (se condenados ou absolve), mas não com as sentenças (no caso de condenação).

“Cumpre registrar que no processo penal brasileiro temos um único procedimento que difere da regra das decisões judiciais: o do Tribunal do Júri. Ali o julgamento é um ato complexo, que envolve a atuação de dois órgãos judicantes distintos, com atribuições diversas: o Conselho de Sentença profere o veredito e, ato contínuo, o Juiz Presidente prolata a sentença”, dizem os advogads em sua petição.

E prosseguem: “Ressalvada essa hipótese que, entre nós, só tem justificativa no fato de o jurado – ao contrário do Juiz togado – não fundamentar sua decisão, nenhum magistrado brasileiro diz “condeno” sem dizer a quê e a quanto. Nas Cortes da América do Norte – cujo sistema jurídico é o da common Law, bem distanciado do modelo romanístico da Europa continental e nosso – há casos em que, embora não decididos por um júri, mas pelo juiz singular, este anuncia numa audiência o veredito e marca data para a sessão em que tornará pública a sentença. Aqui no Brasil, não. A vingar a metodologia proposta pelo Eminente Relator, teremos mais um fato excepcional e inaudito em nossa história judiciária, em que juízes votam pela condenação, sem dizer a quê e a quanto”.

A petição assinada por mais de 20 defensores, entre eles José Luís Oliveira Lima, Luiz Fernando Pacheco , Arnaldo Malheiros Filho, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira e Marcio Thomaz Bastos. A peça será entregue hoje no gabinete do presidente da Corte, Min. Ayres Britto.

Márcio Thomaz Bastos é o autor das linhas gerais do documento.

Fonte: Blog do Fernando Rodrigues

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Social

Réus do mensalão podem recorrer a Corte internacional

De réus, José Dirceu, Delúbio Soares, Marcos Valério e outros do processo do mensalão poderão virar vítimas de perseguição política. Se o Supremo Tribunal Federal os condenar, as defesas estudam apresentar reclamação à Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), alegando que seus clientes não tiveram asseguradas as garantias básicas no processo e no julgamento.

O principal argumento será tirado do Pacto de São José da Costa Rica, que estabelece garantias, como o direito de o réu recorrer a instância superior da Justiça caso condenado. Uma eventual denúncia à CIDH não pode mudar o resultado do julgamento, mas constrangerá o País e o Supremo. Entre os motivos que poderão ser alegados está o fato de o STF ter decidido julgar criminalmente cidadãos comuns acusados pelo mensalão e não apenas os políticos. No Brasil, autoridades como deputados têm direito a foro privilegiado, mas réus comuns devem ser julgados na primeira instância.

“Preocupa-me o fato de que, se o Supremo persistir no julgamento de réus sem foro, estará negando o pacto, que lhes garante direito de recorrer à instância superior, o que pode ensejar reclamação à CIDH”, disse o ministro Ricardo Lewandowski, voto vencido quanto ao foro.

Outro fato que intrigou as defesas foi a decisão do relator, Joaquim Barbosa, de ler apenas um resumo do relatório. Os advogados também poderão argumentar que ele não interrogou pessoalmente os réus que serão julgados por ele. Mais um fato já questionado na CIDH é a decisão do STF de não ouvir os réus ao fim do processo. O advogado Antônio Sérgio Altieri de Moraes Pitombo, que defende Enivaldo Quadrado, já reclamou contra essa decisão na CIDH. Com base num artigo do Código de Processo Penal, pediu um novo interrogatório ao STF, que negou. A CIDH ainda não tomou decisão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Agência Estado

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Social

Réus do mensalão vão depender de mais de 150 advogados na defesa

Um batalhão de mais de 150 advogados dos 30 maiores escritórios de criminalistas do Brasil entra em cena a partir de segunda-feira para, numa ação coordenada, tentar livrar seus clientes da condenação no julgamento do mensalão, no Supremo Tribunal Federal. Cada um dos advogados principais de cada réu terá uma hora para sua sustentação oral perante os 11 ministros, o que significa que eles passarão oito dias, pelo menos, defendendo seus clientes e mirando no Ministério Público, que consideram o inimigo comum de todos.

A maior parte do grupo troca figurinhas e não investe em conflito entre eles. Muitos reconhecem que estão trabalhando num julgamento histórico. Dizem ser atípico, por reunir o maior número de advogados já visto num caso.

Na linha de frente estão grandes criminalistas e outros advogados mais modestos — tanto que o preço cobrado varia de R$ 6 milhões a R$ 500 mil, além de dois que trabalham de graça. Mas nenhum deles fala em cifras. É o caso de Luiz Francisco Corrêa Barbosa, advogado do ex-deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB e autor da denúncia do mensalão; e de Márcio Silva, que participou da defesa de petistas no início do processo.

Réus tem mais de um advogado

Poucos réus têm apenas um advogado fazendo sua defesa. Normalmente, são grupos de cinco a sete que se dedicam exclusivamente a um único cliente. Esses batalhões acompanharam, além dos réus, os mais de 700 testemunhos de todo o processo país afora.

O mineiro Marcelo Leonardo, responsável pela defesa de Marcos Valério, trabalha com outros sete advogados no caso. Lembrando que os bens de seu cliente estão bloqueados desde 2005, mas evitando falar quanto cobra, ele conta que viajou o Brasil inteiro, do Acre ao Paraná, para acompanhar o depoimento de testemunhas e buscar provas para isentar o réu mais encrencado na Ação Penal 470, o conhecido processo do mensalão.

Ele é um dos que confirmam que o corpo de advogados do mensalão trabalha afinado, mirando derrotar o Ministério Público.

— Nos reunimos sempre para discutir as estratégias porque nosso adversário comum chama-se Ministério Público Federal. Somos todos muito amigos e, se tem um conflito entre a gente, isso é munição para a acusação — disse Marcelo Leonardo.

Todos fazem questão de dizer que participar do caso dá muita visibilidade, por ser um processo atípico, com muita repercussão na mídia.

— Esse é o maior caso de que (o escritório) Luiz Fernando Pacheco já participou. É histórico — diz o advogado do ex-presidente do PT José Genoino, o próprio Pacheco, que também trabalha com outros sete advogados auxiliares.

Pacheco igualmente nega-se a detalhar os “cinco dígitos” que cobra de seu cliente:

— Cobrei uma quantia muito módica porque ele não pode pagar. O PT está ajudando. O Genoino é tão pobre que não tem um gato para puxar pelo rabo.

Márcio Silva, que não é criminalista, atuou na defesa dos ex-deputados petistas Professor Luizinho e Paulo Rocha de graça, no início. Mas depois sublocou os escritórios criminalistas de Piero Paulo Botini , que responde por Luizinho; e de João Gomes, que defende Paulo Rocha.

— Faço isso porque são meus amigos. Isso é relativo. Qualquer advogado criminalista tem interesse em estar neste que é chamado de o processo do século, que tem uma enorme repercussão de mídia. É um processo atípico. Não tenho notícia de um processo envolvendo tantos advogados como este — diz Márcio Silva.

Já Luiz Francisco Corrêa Barbosa, advogado de Roberto Jefferson, afirma não estar cobrando nada do seu cliente, de quem é amigo e colega.

— Ele não tem dinheiro. É meu amigo, meu colega de escritório e companheiro de partido. Ele me pediu para patrociná-lo, e eu aceitei. Quando vejo uma ovelha cercada por dez cachorros, sou advogado da ovelha.

Uma das estrelas dessa constelação de advogados, o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos trabalha apenas com duas secretárias e uma advogada. Prefere, em vez de montar uma grande estrutura, associar-se a escritórios de amigos.

Já Antonio Carlos de Almeida Castro — o Kakay — tem em seu escritório, atuando na defesa do publicitário Duda Mendonça e sua sócia Zilmar Fernandes, um grupo de cinco advogados, além de estagiários.

Em Belo Horizonte, três dos quatro advogados do escritório Hermes V. Guerrero trabalham na defesa de Ramon Hollerbach Cardoso, sócio de Marcos Valério. Guerrero não diz quanto está cobrando, mas afirma que é um valor “razoável” e dá pistas de que a conta deve ser salgada:

— Até porque advogo para o Ramon em três processos, e não um, e vou ter de ficar agora um mês em Brasília. Sou professor da Universidade Federal de Minas, tudo bem que agora está em greve, se não, teria de ficar indo e voltando.

Advogado de Simone Vasconcelos, ex-diretora financeira da SMP&B, uma das agências de Marcos Valério, Leonardo Isaac Yarochewsky ficaria em Brasília este fim de semana concentrado na sustentação oral que fará esta semana.

Os cinco advogados de seu escritório trabalham na causa. A principal linha de defesa é que Simone apenas cumpria ordens de Marcos Valério e não tinha autonomia, embora fosse diretora financeira da agência de publicidade.

— Ela cumpria ordens, e essas ordens, naquele momento, eram aparentemente legais. O dinheiro que foi distribuído a mando de Marcos Valério era de empréstimos feitos no Banco Rural. E ela fazia os pagamentos, sem saber se aquelas pessoas eram deputados, presidentes de partido. Ela agiu sem consciência da ilicitude. Ninguém faz perguntas ao chefe sobre ordens recebidas — afirmou Yarochewsky.

Alguns escritórios de advocacia estão defendendo mais de um réu do mensalão. É o caso do Dias e Carvalho Filho, que tem como clientes Kátia Rabello e Vinícius Samarane, ex-presidente e ex-diretor do Banco Rural; do Ávila de Bessa, com o deputado Valdemar Costa Neto (SP) e o ex-deputado Bispo Rodrigues (PR-RJ); e do Abreu e Silva, que defende Rogério Tolentino, advogado ligado a Marcos Valério, e Geiza Dias, gerente financeira da SMP&B.

Também é o caso de Délio Lins e Silva, que defende Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do então PL (hoje PR), e seu irmão Antônio Lamas, ex-assessor da liderança do PL na Câmara; e de Roberto Pagliuso, que tem como clientes o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto e seu ex-chefe de gabinete José Luiz Alves.

Fonte: O Globo

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Jornalismo

Lula diz que tem mais coisas a fazer do que acompanhar julgamento do mensalão

Após ser homenageado nesta quinta-feira, 02, pelos empresários do setor do biodiesel em São Paulo, horas antes do início do julgamento do maior escândalo de sua administração, o mensalão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou não ter interesse em acompanhar o início deste julgamento.

“Tenho mais coisas para fazer do que isso, quem tem de assistir são os advogados”, disse, ao ser questionado se acompanharia o julgamento do processo 470 no Supremo Tribunal Federal (STF) e que será transmitido pela TV.

Lula foi homenageado na manhã de hoje pela União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) e pela Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio). Além de Lula, algumas lideranças petistas acompanharam o evento, dentre elas, o presidente nacional do partido, Rui Falcão, o presidente estadual da sigla em São Paulo, Edinho Silva, e o governador de Sergipe, Marcelo Deda.

Fonte: Estadão

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Judiciário

Novos nomes devem surgir entre os réus da Operação Assepsia

Quem imagina que a Operação Assepsia se deu por encerrada com a apresentação da denúncia do Ministério Público à justiça e a prisão de alguns envolvidos está muito enganado. Novos e graves desdobramentos estão sendo esperados, como resultado da análise de documentos confiscados no dia 27 de junho, durante os mandados de busca e apreensão.

O BLOG do BG obteve a informação de que na casa do então secretário de Planejamento, Antônio Luna,  e do Coordenador Administrativo e Financeiro da Secretaria Municipal de Saúde, Francisco de Assis Rocha Viana, foram encontrados documentos que ligam os envolvidos a outras pessoas que não haviam sido incluídas na denúncia.

Entre os papeis comprometedores estão faturas e despesas pessoais de terceiros pagas em valores bastante altos.

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Política

Aloprados: 6 anos depois, Justiça abre ação penal e petistas vão ao banco de réus

Num instante em que o PT inquieta-se com a proximidade do julgamento do mensalão no STF, um segundo fantasma ressurge do passado para assombrar a legenda na eleição municipal de 2012. Sem estrondos, o juiz federal Paulo Cézar Alves Sodré, titular da 7Vara Criminal da Seção Judiciária de Mato Grosso, abriu há quatro dias uma ação penal contra os petistas envolvidos no caso que ficou conhecido como escândalo do Dossiê dos Aloprados.

Datado de 15 de junho, o despacho do magistrado converteu em réus nove personagens que tiveram participação na tentativa de compra de documentos forjados que vinculariam o tucano José Serra à máfia das ambulâncias superfaturadas do Ministério da Saúde. Entre os encrencados, seis são petistas. Os outros três são ligados a uma casa de câmbio usada para encobrir a origem de parte do dinheiro que seria usado na transação.

O caso escalara as manchetes às vésperas do primeiro turno das eleições gerais de 2006, quando a Polícia Federal prendeu em flagrante, no Hotel Íbis, próximo do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, dois petistas portando R$ 1,7 milhão (uma parte em dólares). Exposto no noticiário da época (veja foto lá no alto), o dinheiro seria usado na transação. Relegado ao esquecimento, o episódio parecia condenado ao arquivo. Engano. Acaba de renascer.

Deve-se a ressurreição a três procuradores da República: Douglas Santos Araújo, Ludmila Bortoleto Monteiro e Marcellus Barbosa Lima. Lotados no Ministério Público Federal de Cuiabá, eles formalizaram em 14 de junho, quinta-feira da semana passada, uma denúncia contra os acusados. Recebida pelo juiz Paulo Cézar, a peça deu origem à ação penal aberta no dia seguinte.

No seu despacho, o magistrado determinou a citação dos réus para que respondam às acusações “no prazo de dez dias”. As citações serão feitas por meio de cartas precatórias, já que a maioria dos acusados não mora em Cuiabá, sede da 7Vara Criminal de Mato Grosso. São os seguintes os ‘aloprados’ que serão intimados a prestar contas à Justiça:

1Gedimar Pereira Passos: policial federal aposentado, foi preso em flagrante pela Polícia Federal no hotel de São Paulo. Gedimar (foto à esquerda) portava R$ 700 mil em dinheiro. Integrava o comitê da campanha à reeleição de Lula, em 2006. Foi escalado pelo PT para pagar o dossiê urdido contra o tucano Serra.

2Valdebran Carlos Padilha da Silva: empresário matrogrossense, era filiado ao PT e operava como coletor informal de verbas eleitorias para o partido. Foi ele quem informou ao PT federal sobre a existência do dossiê. Estava junto com Gedimar Passos no hotel paulistano. Também foi preso. Carregava R$ 1 milhão.

3Jorge Lorenzetti: ex-diretor do Banco do Estado de Santa Catarina, é amigo de Lula, para quem assava churrascos na Granja do Torto, em Brasília. Lorenzetti (foto à direita) integrou o comitê de campanha do PT, em 2006, como chefe do Grupo de Trabalho de Informação. Chefiava uma equipe voltada a ações de espionagem e “inteligência”. Comandou a malograda tentativa de compra do dossiê.

4Expedido Afonso Veloso: ex-diretor do Banco do Brasil, também compôs a equipe do comitê reeleitoral de Lula. Reportava-se a Lorenzetti. Foi escalado para viajar a Cuiabá a fim de analisar os dados contidos no dossiê montado contra Serra.

5Oswaldo Martines Bargas: amigo de Lula dos tempos de militância sindical no ABC paulista, integrava o núcleo de “inteligência” da campanha nacional do PT. Recebeu de Lorenzetti a ordem para acompanhar Expedido Veloso na viagem a Cuiabá. Juntos, deveriam presenciar uma entrevista dos vendedores do dossiê –os empresários matogrossenses Darci e Luiz Antônio Vedoin, pai e filho— à revista IstoÉ. A entrevista, informa o Ministério Público, era parte da trama. Destinava-se a dar visibilidade às denúncias contra Serra.

6Hamilton Broglia Feitosa Lacerda: atuava em 2006 como coordenador da campanha do ex-senador Aloizio Mercadante. Então candidato ao governo de São Paulo, Mercadante media forças com Serra, que prevaleceu nas urnas. Hamilton Lacerda (foto à esquerda) foi filmado pelo circuito interno de câmeras do hotel Íbis entregando dinheiro a Gedimar Passos, o policial federal que foi preso em flagrante. Foram duas remessas. Numa, as notas estavam acondicionadas numa valise. Noutra, em sacolas.

7Fernando Manoel Ribas Soares: era sócio majoritário da Vicatur Câmbio e Turismo Ltda, empresa utilizada no esquema para lavar parte dos dólares que financiariam a compra do dossiê.

8Sirley da Silva Chaves: Também ex-proprietária da Vicatur, recrutou pessoas humildes para servir como “laranjas” na aquisição de parte dos dólares apreendidos pela PF no hotel de São Paulo.

9Levy Luiz da Silva Filho: cunhado de Sirley, foi um dos “laranjas” utilizados no esquema. Em troca de uma comissão de R$ 2 mil, emprestou o próprio nome e recolheu as assinaturas de outros sete integrantes de sua família –um laranjal que incluiu dos pais aos avós. Rubricavam boletos de venda de moeda americana em branco. Eram preenchidos na Vicatur.

Para redigir a denúncia encaminhada ao juiz Paulo Cézar, os procuradores Douglas Araújo, Ludmila Monteiro e Marcellus Lima valeram-se de informações coletas em inquérito da Polícia Federal e numa CPI do Congresso. Só o trabalho da PF, anexado ao processo de número 2006.36.00.013287-3, reúne mais de 2.000 folhas. Foram inquiridas cinco dezenas de pessoas. Realizaram-se 28 diligências. Quebram-se os sigilos fiscal, bancário e telefônico dos envolvidos.

Imaginava-se que o esforço resultara em nada. Mas os procuradores encontraram nos volumes do processo matéria prima para a denúncia. E o juiz considerou que ficou “demonstrada a existência da materialidade e de indícios de autoria” dos crimes. Daí a conversão da denúncia em ação penal e a transformação dos acusados em réus.

No miolo da denúncia do Ministério Público, obtida pelo blog, ressoa uma pergunta que monopolizou o noticiário na época do escândalo: de onde veio o dinheiro? A resposta contida nos autos, por parcial, frustra as expectativas. Mas não completamente. Os procuradores anotam que “grande parte do dinheiro” apreendido pela PF no hotel de São Paulo não teve a origem detectada. Por quê? “Apresentava-se em notas velhas, sem sequenciamento de número de ordem e sem identificação da instituição financeira.” Porém…

Foi possível rastrear uma “parte diminuta das cédulas” recolhidas pela PF na batida policial de 15 de setembro de 2006. Eram dólares. “Cédulas novas, que estavam arrumadas em maços sequenciais.” Servindo-se dos números de série das notas, a Divisão de Combate ao Crime Organizado de Brasília requisitou informações ao governo dos EUA. “Em resposta, o Departamento de Justiça Americano informou que os dólares tiveram origem em Miami”, anotam os procuradores na denúncia.

Seguindo o rastro do dinheiro, descobriu-se que parte dos dólares fez escala numa casa bancária da Alemanha, o Commerzbank. Dali, o lote foi remetido, em 16 de agosto de 2006, para o Banco Sofisa S/A, sediado em São Paulo. Para desassossego dos “aloprados”, o Federal Bureau of Investigation dos EUA farejou a origem de outro naco de dólares apreendidos pela PF. Coisa de US$ 248,8 mil. Compunham um lote de US$ 15 milhões adquirido em 14 de agosto de 2006 pelo mesmo Banco Sofisa junto à filial do alemão Commerzabak em Miami.

Munido das informações, os investigadores acionaram o Banco Central. A quebra dos sigilos bancários levou à seguinte descoberta: parte dos dólares apreendidos no hotel paulistano em poder de Gedimar Passos e Valdebran Padilha havia saída do Banco Sofisa para a corretora de câmbio Dillon S/A, sediada no Rio. Dali, as notas foram repassadas, em várias operações de compra, à Vicatur Câmbio e Turismo Ltda., também do Rio.

Na sequência, o Núcleo de Inteligência da PF varejou a clientela da casa de câmbio Vicatur. Chegou-se, então, ao ‘laranjal’ composto de pessoas humildes. Gente que, sem renda para adquirir dólares, foi usada para dificultar o rastreamento do dinheiro. Inquirido, Levy Luiz da Silva Filho, um dos réus do processo, confessou que servira de laranja. Mais: reconheceu que, em troca de uma comissão de R$ 2 mil, coletara as assinaturas de sete familiares. Juntos, “compraram” na Vicatur o equivalente a R$ 284.857 em moeda americana.

Os procuradores escreveram na denúncia: “Ocorre que, não por mera coincidência, verificou-se que a soma exata de R$ 248,8 mil vendidos a clientes finais pela empresa Vicatur (todos ‘laranjas’conforme depoimentos prestadoso) correspondia à mesma soma dos valores apreendidos” com os petistas Gedimar e Valdebran.

“Desse modo”, concluíram os procuradores, “constata-se que Gedimar Pereira Passos, Valdebran Padilha, Expedito Veloso, Hamilton Lacerda, Jorge Lorenzetti e Osvaldo Bargas se associaram subjetiva e objetivamente, de forma estável e permanente, para a prática de crimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem de dinheiro”.

Crimes que “tinham por fim a desestabilização da campanha eleitoral de 2006 ao governo do Estado de São Paulo através de criação de vínculo entre o candidato do PSDB [Serra] à máfia dos Sanguessugas [que superfaturava ambulâncias com verbas do Ministério da Saúde] e, com isso, favorecer o então candidato do PT [Mercadante].”

Em notícia veiculada em junho do ano passado, a revista Veja revelara que, em conversas com companheiros de partido, um dos ‘aloprados’, Expedito Veloso (foto ao lado), revelara que o verdadeiro mentor do plano do dossiê fora Aloizio Mercadante. Nessa época, o então senador chefiava o Ministério da Ciência e Tecnologia, sob Dilma Rousseff. As conversas foram gravadas e expostas no site da revista.

No áudio, Expedito declara a certa altura: “O plano foi tocado pelo núcleo de inteligência do PT, mas com o conhecimento e a autorização do senador. Ele, inclusive, era o encarregado de arrecadar parte do dinheiro em São Paulo”. Segundo Expedito, Mercadante associara-se ao presidente do PMDB de São Paulo, Orestes Quércia, morto no final de 2010.

“Faltavam seis pontos para haver segundo turno na eleição de São Paulo”, prosseguiu Expedito. “Os dois [Mercadante e Quércia] fizeram essa parceria, inclusive financeira. […] As fontes [do dinheiro] são mais de uma. […] Parte vinha do PT de São Paulo. A mais significativa que eu sei era do Quércia.”

Mercadante negou as acusações. Ele chegara a ser indiciado pela PF no inquérito aberto em 2006. Mas, seguindo parecer da Procuradoria-Geral da República, o STF anulou o indicamento por falta de provas. Agora, em ofício enviado ao juiz Paulo Cézar, os procuradores Douglas Araújo, Ludmila Monteiro e Marcellus Lima voltaram a excluir Mercadante da grelha.

Anotaram: “Relativamente ao crime eleitoral, a autoridade policial, em seu relatório, entendeu que a omissão de receita ou despesa em prestaçãoo de contas de campanha é crime previsto no artigo 350 do Código Eleitoral, o qual prevê que ‘constitui falsidade ideológica a ação de omitir, inserir ou fazer inserir declaraçãoo falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais’.”

“No entanto”, prosseguem os procuradores no texto, “certo é que o próprio STF já afastou a modalidade especial de falsidade ideological, por ausência de comprovação de dolo por parte do senador Aloizio Mercadante. Aliado a isso, os laudos de exame financeiro não demonstraram que os recursos provieram de campanha eleitoral.”

Mais adiante, vem a conclusão que excluiu Mercadante da nova denúncia: “Logo, de todo o conjunto probatório colhido, verifica-se a ausência de prova quanto à saída de recursos da caixa de campanha eleitoral, bem como a comprovação da existência de caixa dois para trânsito de recursos por meios ilícitos…”

Afora Mercadante, também o deputado Ricardo Berzoini foi mantido longe da denúncia. Ele presidia o PT em 2006. Coordenava o comitê reeleitoral de Lula. O núcleo de inteligência da campanha, ninho dos ‘aloprados’, reportava-se a Berzoini. Mas ficou entendido que quem comandou a ‘alopragem’ foi Lorenzetti, o churrasqueiro de Lula.

Texto de Josias de Souza

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Jornalismo

Pecado Capital: Justiça Federal marca audiências de testemunhas e réus para setembro

A Justiça Federal do Rio Grande do Norte agendou os novos depoimentos da Operação Pecado Capital. As testemunhas arroladas pelo Ministério Público Federal e pela defesa, além dos interrogatórios dos acusados, ocorrerão do dia 10 a 14 de setembro, começando sempre às 9h.

No despacho do Juiz Federal Walter Nunes da Silva Júnior, titular da 2ª Vara Federal, além de marcar as audiências ele também negou o pedido formulado pela 7ª Vara do Trabalho de Natal que pediu para ser feita uma “reserva de valores”.

“Tendo em conta que os valores apreendidos nesta Ação Criminal são objeto de apuração, entre outros, do crime de lavagem de dinheiro, não devendo qualquer valor ser reservado em favor da Reclamação Trabalhista, evitando-se o risco de, por forma transversa, haver legalização de valores cuja hipótese de ilicitude é objeto de apreciação”, destacou o magistrado no despacho.

No mesmo documento, ele também determinou que seja oficiado o banco Bradesco que ainda não prestou informações requisitadas pela Justiça.

“Esclareça-se ao representante do Banco Bradesco que a ausência de prestação de informação, já requisitada há demasiado tempo, será entendida como omissão na prestação de informações, o que pode gerar prejuízo ao regular trâmite processual e à apuração da verdade real dos fatos, ensejando encaminhamento de cópia de peças processuais ao Departamento de Polícia Federal para apuração da possível ocorrência de crime de desobediência”, ressaltou o Juiz Federal Walter Nunes.

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Jornalismo

Caso Andreia: Depoimentos dos réus estão agendados para amanhã

O primeiro dia de depoimentos no Tribunal do Júri do sargento da FAB André Thies e os pais, Amilton e Mariana Thies, trouxe de volta à tona o caso da morte da dona de casa Andreia Rodrigues, ex-companheira de Andrei, assassinada em 2007. Nos depoimentos desta terça-feira (20), a acusação tentou mostrar aos jurados que os três réus são culpados e tiveram participação no homicídio e ocultação de cadáver a vítima, enquanto a defesa tentou desqualificar a versão apresentada pela Polícia Civil e pelo MP, assim como também tentou mostrar que o perfil de Andrei não é de um assassino e o crime ocorreu por impulso.

O delegado Raimundo Rolim, que foi o primeiro a depor, demonstrou firmeza ao garantir que todos os três planejaram e executaram o crime. O delegado afirmou que Amilton Thies não tinha “vontade própria” e acatou o plano de Mariana Thies, mulher do réu e apontada por Rolim como “homem da casa”, para executar o homicídio. Ela, de acordo com o delegado, também agrediu a filha do primeiro casamento de Andreia. De acordo com o delegado, Andrei Thies, a quem cumprimentou discretamente ao chegar ao júri, demonstrou frieza e, em todos os depoimentos, pensava antes de falar, chegando a inventar diversas versões para o crime.

Raimundo Rolim também foi o autor de uma frase que emocionou a irmã de Andreia Rodrigues, Priscila. Para o delegado, as duas filhas de Andreia estão sendo bem cuidadas pela tia, a quem chamou de “boa mãe” e “mulher dedicada. Além dele, também prestaram depoimentos dois policiais civis que participaram das ações, relatando como encontraram o corpo e as reações dos réus, inclusive, citando contradições os depoimentos e o teor de inteceptações telefônicas autorizadas pela Justiça em que Andrei e Amilton combinavam versão para o fato de encontrarem o corpo na casa alugada por eles. Porém, a defesa também rebateu acusações.

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