Finanças

URBANA: um saco sem fundo

Margareth Grilo, Tribuna do Norte:

Os prejuízos financeiros acumulados pela Companhia de Serviços Urbanos (Urbana) são superiores a R$ 113 milhões, no acumulado até 31 de dezembro de 2010. Os dados estão no relatório anual de 2010 publicado no Diário Oficial do Município, na edição do último dia 29 de abril. Para se ter ideia, somente nos últimos três exercícios, a companhia amargou prejuízos superiores a R$ 37,1 milhões.

A reportagem da TRIBUNA DO NORTE levantou dados dos  últimos três relatórios anuais da Urbana e constatou que a companhia acumulou prejuízos de R$ 15.363.627,17 em 2008; de R$ 11.420.290,08 em 2009 e de R$ 10.390.275,53 em 2010. A situação financeira da Urbana é delicada: em 2010, a receita bruta operacional foi de R$ 94.464.566,59 para um custo de serviços prestados que chegou a R$ 104.854. 842,12.

Segundo o ex-presidente da Urbana, João Bosco Afonso, os prejuízos, ano a ano, são frutos de uma empresa que vive de transferências. “Como a companhia não tem fins lucrativos e vive da TLP (Taxa de Limpeza Urbana) os prejuízos vão sempre aparecer, mas a companhia está reduzindo esse prejuízo”, disse. Houve redução de R$ 1,1 milhão no prejuízo acumulado durante exercício de 2010, em relação ao que foi registrado em 2009.

Parte do problema seria resolvido, segundo o coordenador do Núcleo de Ordenamento Urbano, da Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), Sérgio Pinheiro, se a dívida dos grandes geradores de lixo, referente a Taxa Limpeza Publica (TLP), fosse quitada. Essa dívida chega a R$ 64 milhões, segundo  informou Sérgio Pinheiro, em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, há duas semanas. “Tem um grande gerador de lixo que deve perto de R$ 4 milhões”, mencionou.

No primeiro semestre, até 14/06, a Prefeitura arrecadou mais de R$ 19,6 milhões, 95,91% do que estava previsto para o período. Para todo o exercício de 2011, a previsão é de uma arrecadação de R$ 25,6 milhões, valor que fica longe do montante que poderia ser arrecadado se todos os proprietários de imóveis da cidade, incluindo órgãos do poder público estadual, pagassem a TLP. Segundo estimativa de Bosco Afonso, esse valor seria da ordem de R$ 36 milhões.

“Ainda assim, seria um valor insuficiente e exigiria que a  prefeitura colocasse dinheiro na companhia”, afirmou Bosco Afonso. No primeiro semestre, a arrecadação da TLP só ultrapassou a casa dos R$ 10 milhões, em janeiro. Nos  meses de fevereiro e março ficou no patamar médio de R$ 2,5 milhões; e nos meses de abril e maio, na casa dos R$ 1,4 milhões.  Em junho, a previsão é de que chegue a R$ 1,2 milhões.

A Urbana tem orçamento para 2011 de R$ 110 milhões, sendo R$ 68 milhões para a limpeza pública e R$ 48 milhões para manutenção e pessoal. Ontem, em decreto publicado no Diário Oficial do Município a Prefeitura de Natal abriu crédito suplementar à Companhia de Serviços Urbanos de Natal no valor de R$ 135.200,00 para reforço na dotação orçamentária para o serviço de limpeza pública.

A verba foi transferida da rubrica “Modernização do sistema de limpeza urbana”, de acordo com remanejamento aprovado pelo Conselho de Desenvolvimento Municipal, em 20 de junho de 2011 (Decreto 9.415). Nesta quarta, 22, começa a correr o prazo de cinco dias, determinado pelo juiz da 3ª Vara, Geraldo Antônio da Mota para que a prefeitura faça a nomeação de um técnico em gestão para a Urbana.

Ontem, os três mandados expedidos pela 3ª Vara, dando ciência da decisão, já tinham sido cumpridos. Na  segunda-feira, o secretário municipal de Serviços Urbanos, Claúdio Porpino, recebeu a notificação da decisão, e ontem foi a vez da prefeita Micarla de Sousa e dos promotores do Patrimônio Público, Rodrigo Câmara Martins e Sílvio Ricardo Gonçalves de Andrade Brito, e do Meio Ambiente, João Batista Machado, autores da Ação Civil Pública, que pede a intervenção na companhia.

MP vai estudar nomeação de gestor

Qualquer pessoa que for designada para a Urbana estará sob vigilância do Ministério Público Estadual. Foi o que deixou claro o promotor do Patrimônio Público, Rodrigo Câmara Martins, ontem à tarde, em entrevista a TN. “Nós vamos observar qualquer um que seja designado. Tudo será verificado e essa pessoa estará subordinado à justiça e sob pena de responder judicialmente se não cumprir as metas estabelecidas na Ação”, afirmou.

Pela decisão do juiz da 3ª Vara da Fazenda Pública, publicada no último dia 16/06, esse técnico deve ter poderes para acompanhar e fiscalizar todos os contratos e ações do sistema de coleta de lixo e, a cada 30 dias, remeter relatório mensal detalhado à 3ª Vara. O juiz declinou da intervenção imediata, por terceiros, mas não chegou a descartá-la. É com base nesses relatórios que o juiz fará a avaliação e se não houver o cumprimento das recomendações, em caso de negligência, a matéria será reexaminada para que o juiz avalie a designação do interventor.

Prefeitura anuncia hoje nome escolhido

Na segunda-feira, uma fonte privilegiada da TRIBUNA DO NORTE, no executivo municipal, adiantou que o nome mais cotado era o de Sérgio Pinheiro, que atualmente é coordenador do Núcleo de Ordenamento Urbano, da  Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), e já responde pela Urbana, interinamente. Ontem, essa mesma fonte disse que a prefeita Micarla de Sousa já avalia outros nomes.

Segundo o secretário de Comunicação da Prefeitura de Natal, Jean Valério, a nomeação deve ser anunciada ainda hoje. Na segunda-feira, ouvido pela  reportagem da TRIBUNA DO NORTE, Sérgio Pinheiro negou qualquer convite. Limitou-se a dizer que “não tem nada definido com segurança”.

Ontem, o promotor Rodrigo Martins preferiu não fazer juízo de valor em relação ao nome do engenheiro sanitarista Sérgio Pinheiro, que inicialmente era o mais cotado para ser nomeado pela Prefeitura de Natal para assumir a função. “Não vamos nos pronunciar agora, até porque esse nome ainda não é oficial. Mas é de se avaliar”, avisou.

Ele disse que ainda não há uma posição definida quanto a um possível encaminhamento de recurso. “Fomos informado da decisão hoje (ontem) e à princípio não chegamos a deliberar sobre a possibilidade de recursos”.

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Política

Saiba qual parlamentar do RN votou para reforma tributária com possível maior imposto do mundo

Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado e Jefferso Rudy/Agência Senado

A aprovação no Senado do texto-base do primeiro projeto de lei complementar com as regras para o funcionamento da reforma tributária pode elevar a alíquota máxima do futuro Imposto sobre Valor Agregado (IVA) para 28,6%, o que tornaria, em tese, o IVA brasileiro o maior do mundo.

Isso aconteceu pelo fato de os próprios senadores terem aprovado a manutenção de alíquota máxima de 26,5% para o novo imposto único a ser criado em substituição ao modelo atual – a carga tributária média paga pelos brasileiros é estimada em 20%.

A bancada do Rio Grande do Norte no Senado votou da seguinte forma:

Rogério Marinho (PL) – não
Styvenson Valentim (Podemos) – não
Zenaide Maia (PSD) – sim

Tribuna do Norte

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Jornalismo

VÍDEO: Casal de Goiás realiza sonho de celebrar união na praia de Ponta Negra

Vídeo: Reprodução

“O momento mais especial foi meu casamento, que eu sempre sonhei casar pé na areia e realizei meu sonho. Eu, quando criança, me apaixonei por Natal e meu marido também sempre gostou, então juntamos as duas paixões. Nós só fomos para Natal casar, levamos nossas famílias e amigos juntos e todos daqui de Goiás”, disse Amanda Antunes de Sousa, de 26 anos. Ela e Luciano Victor Alves Rezende, de 30, transformaram um sonho em realidade ao oficializarem sua união na praia de Ponta Negra, em Natal.

Naturais do município de Ceres, em Goiás, a 180 km de Goiânia, o casal viajou exclusivamente para realizar o casamento, que foi o primeiro a ser celebrado na faixa de areia alargada pela recente obra de engorda da praia. O casamento, que ocorreu na última sexta-feira (6), reuniu amigos e familiares trazidos de Goiás, foi carregado de emoção e significado, unindo a paixão do casal por Natal e a realização de um desejo antigo de casar com o “pé na areia”.

“Nosso sonho sempre foi casar na praia, e quando fechamos aí, nosso maior medo sempre era como ia estar a maré, se ia dar certo ou não.”, revelou. “Foi um milhão de sentimentos, um sonho realizado e uma honra poder sermos o primeiro casal a realizar a cerimônia na praia com a faixa de areia alargada. Quem puder viver esse sonho viva, não deixe para trás porque é único, fica marcado na mente mesmo”, comentou.

Ponta Negra News

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Cidades

‘Fiquei desesperado’, diz pai de criança de 3 anos atropelada por carro que invadiu lanchonete na Grande Natal

Foto: Sérgio Henrique

O pai do menino de 3 anos de idade que teve fratura exposta do fêmur após ser atropelado dentro de uma lanchonete em Parnamirim, na Grande Natal, disse que “imaginou o pior” no momento em que percebeu o acidente (veja vídeo).

O consultor de imóveis Gilclécio Gomes estava com a esposa, os dois filhos, os sogros e uma sobrinha em uma mesa da lanchonete no bairro Boa Esperança na noite desta quarta-feira (11). O local foi invadido por um carro dirigido por motorista com sinais de embriaguez, segundo a Polícia Militar. Ele foi preso.

“Meu filho ficou preso, eu fiquei desesperado. Minha esposa ficou transtornada, em desespero, porque numa cena daquela ali a gente só imagina o pior. Deus colocou o meu filho naquele cantinho ali, e ele conseguiu escapar com vida”, contou Gilclécio.
A criança passou nesta quinta-feira (12) por uma cirurgia que durou cerca de 5 horas no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal, onde foi internada. Segundo a família, o quadro de saúde era considerado estável.

Também nesta quinta o motorista envolvido no acidente, de 55 anos, passou por audiência de custódia e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. Ele havia sido preso pela PM logo após o acidente, e a decisão o mantém detido.

G1 RN

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Polícia

Justiça decreta prisão preventiva de motorista que invadiu lanchonete em Parnamirim

Reprodução

O motorista que invadiu uma lanchonete, na noite da quarta-feira (11), no bairro Boa Esperança, em Parnamirim, na Grande Natal, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça do Rio Grande do Norte após passar por audiência de custódia na tarde desta quinta-feira (12).

O acidente deixou várias vítimas feridas, entre elas uma criança de apenas 3 anos.

De acordo com a Polícia Militar, cinco clientes que estavam da lanchonete ficaram feridos. Foram quatro adultos e uma criança que foi atingida gravemente na perna.

Todos foram socorridos para hospitais da Grande Natal. O motorista do carro foi levado pelos policiais militares da 3ª Delegacia de Plantão para os procedimentos cabíveis. A identidade dele só poderá ser revelada após o resultado do inquérito ser divulgado.

Portal Grande Ponto

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Geral

Senado deixa caducar PEC da maioridade penal aprovada na Câmara

Reprodução

Ex-presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o deputado Sanderson (PL-RS) revelou que o Senado jogou no lixo mais de 30 anos de tramitação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) reduzindo a maioridade penal para 16 anos. A PEC foi aprovada na Câmara, mas “o Senado deixou caducar”, lamentou, em entrevista ao podcast Diário do Poder. A PEC só juntou poeira na CCJ do Senado de Davi Alcolumbre (União-AP) até ser arquivada sem ir a votação.

Desde 1993

Apesar de ter chegado ao Senado em 2015, a PEC data de 19 agosto de 1993, apresentada à Câmara pelo então deputado Benedito Domingos.

Insistência

Outra PEC com o mesmo propósito foi protocolada no início do ano, outra vez na CCJ, pelo senador Cleitinho (Rep-MG). Segue na gaveta.

Filme repetido

Alcolumbre não indica relator para a PEC apesar do apelo da proposta. Enquete do Senado mostra 895 votos favoráveis e só 318 contrários.

Código octogenário

Sanderson lembra que o Código Penal é de 1940 e que precisa ser atualizado, “não fazer esta adequação é um crime contra a população”.

Diário do poder

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Judiciário

STF decide hoje sobre impedimento de Moraes em ação de Bolsonaro

Reprodução

O Supremo Tribunal Federal (STF) conclui nesta sexta-feira o julgamento de uma ação que questiona a condução do ministro Alexandre de Moraes na investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado, que resultou no indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas.

Até o momento, oito ministros já votaram contra o pedido, que foi apresentado pelo próprio Bolsonaro. Apenas os ministros Nunes Marques e André Mendonça, que foram indicados à Corte pelo ex-presidente, ainda não se manifestaram.

O relator do caso é o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, que votou para rejeitar o recurso. Ele foi acompanhado por Cármen Lúcia, Luiz Fux, Edson Fachin, Flávio Dino, Gilmar Mendes, Cristiano Zanin e Dias Toffoli. Moraes declarou-se impedido de votar.

Para Barroso, a alegação de que Moraes seria vítima dos fatos investigados não leva a um “automático impedimento”, porque os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e de tentativa de golpe de Estado, pelos quais os investigados foram indiciados, “têm como sujeito passivo toda a coletividade, e não uma vítima individualizada”.

Por isso, de acordo com o ministro, se a alegação de impedimento fosse aceita, “todos os órgãos do Poder Judiciário estariam impedidos de apurar esse tipo de criminalidade contra o Estado democrático de Direito e contra as instituições públicas”.

A solicitação original foi protocolada em fevereiro, após a primeira operação da Polícia Federal (PF) sobre o tema. Entretanto, Barroso rejeitou a ação. A defesa de Bolsonaro recorreu, e agora esse recurso será analisado pelos demais ministros.

A análise do recurso ocorre duas semanas após a PF concluir a investigação do caso e indiciar Bolsonaro, ex-ministros, militares e aliados por golpe de Estado, abolição violenta do Estado de Direito e organização criminosa. Eles negam as acusações.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. Dura lex, sed lex:
    – Independente de quem julgar, a justiça será a mesma. Portanto, a questão de ser “Moraes” dá a entender que bolsonaro está com medo ou com a conciencia pesada, pois planejou matá-lo através de um golpe de estado.
    – Bolsonaro é sim um criminoso. Intenção de matar também é crime da mesma forma. Ele só não foi homem suficiente – isso todos sabemos… – para levar a frente e botar na prática o que ele e sua quadrilha planejaram.
    – Cabe aos componentes do STF refletirem: E se fosse um de nós?
    A intenção não seria “dissolver” o tribunal?

    Portanto, podem até vetar Moraes no julgamento mas a decisão tem que ser CADEIA para aquele bandido frouxo e covarde junto com sua quadrilha, assim como os vagabundos do 08/01, que também devem seguir o mesmo caminho.
    E qualquer um apoiador se achar ruim, que vá fazer companhia a corja do bolsonaro na Papuda!
    Quanto menos lixo de gente bolsonarista nas ruas menos podridão e menos catinga!

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Política

Pacote de segurança emplacado pela bancada da bala coloca pressão no governo

Reprodução

Anteontem, a Câmara já havia aprovado uma proposta que altera o Estatuto do Desarmamento e permite a aquisição de armas por investigados em inquérito policial, o que gerou insatisfação no Executivo (leia mais na página 11). O esforço só foi possível após o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), se comprometer com o tema e concordar com a avaliação de integrantes da oposição de que o Parlamento deveria liderar a pauta da segurança pública.

O próprio texto que trata de operações policiais e do combate ao crime organizado, aprovado ontem, foi apresentado pela bancada da bala como uma resposta à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, que confere mais poder ao governo federal para definir diretrizes ao combate ao crime. Este texto, que está parado na Casa Civil, amplia as prerrogativas das Polícias Federal e Rodoviária Federal.

Já o projeto aprovado pela Câmara cria um marco legal para o enfrentamento de facções e organizações criminosas. De autoria dos deputados Alberto Fraga (PL-DF) e Alfredo Gaspar (União-AL), integrantes da frente parlamentar, a proposta prevê um dispositivo que seria uma espécie de “excludente de ilicitude”, instrumento jurídico que chegou a ser uma bandeira do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O projeto, que agora vai ao Senado, concede aos agentes uma espécie de proteção por meio da chamada Regra de Isenção da Providência Antecipada (Ripa).

“Consiste na proteção jurídica concedida às operações e aos agentes públicos que, no curso das ações de segurança pública ou de inteligência para enfrentamento ao crime organizado, dispensa-os de tomar medidas imediatas em relação a infrações penais que testemunham ou das quais tomam conhecimento e que exclui a ilicitude das certas condutas, eventualmente praticadas em função da operação”, explica o texto.

A aplicação da Ripa dependeria de autorização judicial prévia a ser solicitada pelo órgão de inteligência ou segurança do agente.

Para o Ministério da Justiça, o projeto é “inconstitucional” e viola direitos e garantias fundamentais.

— Permite que o agente possa escolher o crime que ele quer combater, o que pode fazer com que ele persiga os inimigos e proteja os amigos. E ele está isento de punição se durante a operação morrer alguma criança ou trabalhador. Isso está no conceito da Ripa e é muito grave — disse o secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira.

O secretário ainda afirmou que, se for aprovado e sancionado, o texto pode trazer insegurança jurídica às investigações em curso que miram as facções, uma vez que a medida mexe com a legislação em vigor que trata sobre organizações criminosas.

— É uma ideia muito ruim, feita de forma absolutamente açodada, absolutamente sem participação, e totalmente em colisão ao que está disposto na Constituição. Eu espero muito que o Senado debata esse texto com mais parcimônia e consiga corrigir ou reflita se esse texto traz algo de positivo. Da nossa perspectiva, o ministério vai sugerir o veto — afirmou Pereira.

A proposta cria ainda uma “associação interfederativa” entre os Poderes da União, forças de segurança dos entes federados e o Ministério Público, o que, na visão do Ministério da Justiça, só poderia ser viabilizado por meio de PEC, alterando a Constituição, e não de um projeto de lei.

O deputado Alberto Fraga, que articulou a votação, rebateu as críticas:

— O projeto não tem nada de ilegal e, se esse governo já está desesperado, buscando o veto, é pelo fato de não ter conseguido apresentar uma legislação penal eficiente. O texto não altera a Constituição em nada, para que digam que isso deveria ocorrer via PEC. O projeto só versa sobre organizações transnacionais. O governo nem deve saber do que se trata. Estão com inveja.

Os deputados também aprovaram ontem um projeto de lei que abre brecha para a castração química de pessoas condenadas por crimes sexuais contra menores de idade. Realizado com medicamentos inibidores de libido a fim de privar o paciente de impulsos sexuais, o procedimento será uma punição aplicada de forma conjunta às penas de reclusão ou detenção.

O texto original alterava o Estatuto da Criança e do Adolescente e estabelecia apenas um cadastro para impedir que autores de crimes contra menores de idade voltem a violentar vítimas. Uma emenda proposta pelo deputado Ricardo Salles (Novo-SP) incluiu o trecho sobre castração de última hora. Agora, a matéria vai ao Senado.

A votação gerou bate-boca no plenário entre governistas e deputados de oposição, que apoiaram em massa a aprovação da emenda. O placar apontou 267 a 85 pela aprovação da emenda de Salles. O deputado Kiko Celeguim (PT-SP) disse que a votação era “irresponsável”.

— Querem votar esta questão de maneira açodada, sem tempo para reflexão. É um absurdo — afirmou.

Marcel Van Hattem (Novo-RS) defendeu a proposta e disse ser “necessária” a castração química:

— A nova legislação quer coibir a pedofilia. O PSOL, a esquerda, quer ser leniente com estupradores e pedófilos.

A Câmara também aprovou ontem um projeto de lei que aumenta o prazo para internações compulsórias de inimputáveis. As internações em instituições psiquiátricas ocorrem depois do cometimento de crimes, quando laudos médicos comprovam que há risco à coletividade pela soltura dos réus ou detenção em presídios. Os prazos atuais variam de um a três anos. Pela proposta, passariam a variar entre três e 20 anos.

O Globo

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Judiciário

TSE sob Cármen omite dados e silencia sobre suspeita de fraude na eleição municipal

Pedro Ladeira – 6.out.24/Folhapress

Apesar de uma série de investigações sobre fraude generalizada em pequenos e médios municípios do país nas eleições de outubro, tanto o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) quanto a presidente da corte, ministra Cármen Lúcia, têm se esquivado de questionamentos sobre o caso.

O tribunal não respondeu perguntas ou forneceu dados solicitados. A ministra se manifestou na segunda-feira (9) e minimizou as suspeitas. Depois, não respondeu indagações sobre inconsistências nos argumentos apresentados.

Conforme mostraram reportagens da Folha, diversas investigações de Polícia Federal, Ministério Público e Justiça Eleitoral pelo país têm como foco a suspeita de que candidatos a prefeito e a vereador de pequenas e médias cidades cooptaram eleitores a transferir o título eleitoral para esses municípios em troca da promessa de dinheiro ou benefícios.

A fraude ocorreria em boa parte dos casos por meio da apresentação de comprovantes de residência falsos pelos eleitores, mostram essas investigações, o que pode ter sido decisivo em alguns dos resultados.

Dados públicos do TSE mostram que, em mais de 700 cidades, houve um acréscimo de 10% ou mais no eleitorado só com transferência vindas de outros municípios —estão excluídos dessa conta os títulos emitidos para jovens de 16 a 18 anos.

Em 82 cidades, o acréscimo de eleitores foi de 20% a 46% só com as transferências, o que levou mais da metade dessas cidades a terem no papel mais eleitores do que habitantes.

Em Fernão (SP) por exemplo, houve incremento de 17% no eleitorado por meio de transferência de títulos. A eleição foi definida por um voto de diferença, e o vencedor é alvo do Ministério Público justamente sob a acusação de ter patrocinado de forma fraudulenta a transferência de mais de 60 eleitores de outros municípios.

Divino das Laranjeiras, no leste de Minas Gerais, e Elesbão Veloso, no Piauí, foram alvos de operação da PF sob suspeita de chegada fraudulenta de centenas de eleitores.

Assim como esses três casos, muitos outros foram registrados em vários estados do país.

Reportagem do Fantástico da TV Globo, por exemplo, mostrou em novembro indícios de que também houve mercado ilegal de eleitores em Mangaratiba, balneário do Rio de Janeiro que ganhou milhares de novos votantes.

O estado com o maior número de municípios que elevaram em mais de 20% o número de pessoas aptas a votar é Goiás. Foram 19, entre eles Guarinos, a campeã em crescimento (46%), e Davinópolis, onde o eleitorado oficial (4.405) é mais do que o dobro de toda a população contada pelo IBGE.

Há semanas a Folha solicita ao TSE a identificação do domicílio eleitoral anterior dos novos eleitores dessas cidades, mas não obteve resposta.

Na segunda-feira, a reportagem enviou cinco perguntas ao TSE sobre o tema, entre elas a solicitação da lista de quantas correições e revisões de eleitorado foram feitas desde 2023 e quantas estão previstas para 2025.

Há previsão legal desse tipo de medida (exceto em ano eleitoral), desde que atendidos alguns requisitos, como o aumento em mais de 10% do total de títulos em comparação com o ano anterior e a existência de “indícios consistentes ou denúncia fundamentada de fraude ou outras irregularidades no alistamento em zona ou município”.

Os tribunais regionais do Maranhão e Pará farão revisão no ano que vem do eleitorado de alguns municípios justamente sob a suspeita de fraude.

Também na segunda, Cármen Lúcia se manifestou sobre o tema ao divulgar relatório das eleições de outubro. Misturando informações e demonstrando desconhecimento sobre outras, afirmou não ter visto vício do pleito nem falha da corte.

Nesta quarta-feira (11), foram enviadas perguntas específicas à ministra sobre os argumentos usados por ela para minimizar as suspeitas. Também não houve resposta.

Em linhas gerais, a ministra disse que suspeitas nesse sentido já ocorreram antes de 2024 e que o fato de um município ter mais eleitores do que habitantes não é um indicador, por si só, de fraude.

Ocorre que as suspeitas que motivaram as investigações da PF, Ministério Público e da própria Justiça Eleitoral não levam em conta apenas esse indicativo, mas também, entre outros, a migração em massa de eleitores às vésperas da eleição e a suspeita de apresentação de comprovantes de residência falsos.

Cármen disse ainda que a biometria já chegou a 80% do eleitorado, impedindo a possibilidade de um mesmo eleitor votar duas vezes na disputa, só que não há no caso em questão suspeita de que eleitores tenham votado duas vezes —mas sim, de que mudaram o domicílio eleitoral para votar em uma localidade em que não têm relação de domicílio, afetiva ou outra.

Por fim, a ministra afirmou que a PF não fez investigações ou operações por suspeita de transferência coletiva fraudulenta de títulos, o que é desmentido por vários informes públicos da própria PF.

A transferência fraudulenta de título de leitor é crime eleitoral, geralmente enquadrada nos artigos 289 e 290 do Código Eleitoral, com penas de até cinco anos de prisão, mais multa.

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Folha de São Paulo

Opinião dos leitores

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Brasil

Regulamentação da reforma tributária prevê de cashback a carne na cesta básica

Gabriela Biló/Estadão Conteúdo – 22.out.2019

Com a aprovação no Senado do texto do projeto de lei complementar que regulamenta a reforma tributária no Brasil, a proposta volta para análise da Câmara dos Deputados, que vai dar a palavra final sobre as mudanças feitas pelos senadores à redação da matéria. Os deputados não podem mais alterar o mérito da proposta ou incluir novidades e vão apenas confirmar ou rejeitar os pontos que foram incorporados pelo Senado.

O texto aprovado pelos senadores definiu os parâmetros de como vai funcionar o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O sistema tributário brasileiro vai substituir cinco tributos (ICMS, IPI, ISS, PIS e Cofins) pelo IVA, que será formado pela CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços, a nível federal), pelo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços, a nível estadual e municipal), e pelo Imposto Seletivo (a nível federal).

Haverá um período de transição entre os atuais impostos e os que serão criados. Isso vai começar em 2026 e terminar em 2033. No primeiro ano, será implementada uma alíquota-teste da CBS e do IBS, ainda sem a cobrança efetiva dos tributos. Depois, os novos impostos serão cobrados de forma gradual, ao passo que os tributos que existem atualmente serão extintos aos poucos.

O objetivo é que o novo sistema entre em vigor de forma definitiva em 2033 e consiga manter a arrecadação de ICMS, IPI, ISS, PIS e Cofins. Para que não haja uma alta excessiva na carga tributária, haverá um teto para as alíquotas da CBS e do IBS.

O projeto de lei em análise pelo Congresso prevê medidas como cashback de impostos pagos por famílias que vivem com renda mensal de até meio salário-mínimo por pessoa, imposto zero para alimentos que compõem a cesta básica, desconto e isenção de impostos para remédios e isenção a carros para pessoas com deficiência ou com transtorno do espectro autista.

A proposta também estabelece o Imposto Seletivo, chamado de “imposto do pecado”, que foi introduzido na reforma com o intuito de aplicar um tributo adicional ou diferenciado a produtos ou serviços considerados prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, como bebidas alcoólicas e cigarros.

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R7

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Política

Deputados se articulam para aumentar valor de emendas parlamentares

Reprodução

Em mais uma reação do Congresso na briga pelas emendas parlamentares, deputados se articulam para conseguir assinaturas suficientes para protocolar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que aumenta o valor das emendas impositivas. O líder do PL na Câmara, deputado Altineu Cortes, é o autor da PEC.

Até 2022, os parlamentares tinham direito a indicar valores correspondentes a 1,2% da receita corrente líquida do ano anterior. Naquele ano, o percentual subiu para 2%. Agora, a proposta do líder do PL quer ampliar o valor das emendas para 2,95% da receita corrente líquida do ano anterior.

A Receita Corrente Líquida é a soma de tudo que a União arrecada, descontadas contribuições previdenciárias de servidores e repasses para estados e municípios.

Em 2023, a receita corrente líquida do Brasil ficou em 1,23 trilhão de reais. Isso levou parlamentares a terem 25 bilhões de reais apenas nas emendas individuais – aquelas que cada um deles pode indicar aos estados. Se somadas as emendas de bancada e comissão, o valor chega a R$ 49 bilhões.

Se considerarmos o valor da receita corrente líquida do ano passado, a nova PEC permitiria que o valor das emendas crescesse este ano, por exemplo, R$ 11 bilhões, um aumento de 45%.

O blog apurou que pelo menos 100 deputados já tinham assinado a PEC. Para ser protocolada, são necessárias 171 assinaturas.

G1

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