Venezuelanos formam fila para tentar cruzar a fronteira com a Colômbia pela ponte internacional Simón Bolívar, em Cúcuta – Carlos Eduardo Ramírez – 13.fev.2018/Reuters
Vítimas da inflação mais alta do mundo, 87% dos venezuelanos sobrevivem com uma renda abaixo da linha da pobreza e 61% estão no patamar da pobreza extrema.
As conclusões compõem um estudo divulgado nesta quarta-feira (21) pela Ucab (Universidade Católica Andrés Bello), uma das mais importantes da Venezuela, com dados aferidos no ano passado.
Em 2014, a primeira pesquisa Condições de Vida mostrou que 48,4% das pessoas não tinham renda para comprar a cesta básica no país —linha adotada pelo levantamento para delimitar a pobreza.
Naquela época, os que não tinham dinheiro nem sequer para adquirir os alimentos da cesta básica (pobreza extrema) eram 23,6%.
Quando questionados sobre alimentação, 80% dos entrevistados afirmaram ter comido menos nos três meses anteriores à pesquisa porque não havia víveres suficientes.
No Brasil, segundo o IBGE, 25,4% da população vive abaixo da linha de pobreza, ou seja, com renda familiar inferior a US$ 5,5 por dia, critério adotado pelo Banco Mundial. Desses, 6,5% estão em pobreza extrema (com até US$ 1,90 diário).
“A situação da pobreza pela renda disparou a tal ponto que praticamente toda a população está classificada como pobre”, afirma por telefone Anitza Freitez, diretora do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais da Ucab.
Para separar melhor diferentes situações dentro da população, a pesquisa mediu a pobreza por mais duas metodologias. No método integrado da Cepal (braço da ONU para a América Latina), que mistura variáveis estruturais (necessidades básicas) e conjunturais (renda), o percentual é de 32,7% e se manteve estável desde 2015 (30%).
Pelo terceiro método (pobreza multidimensional), o cálculo inclui tipo de piso da moradia, nível de escolaridade, seguro de saúde, entre outras variáveis. Caso uma moradia sofra várias privações, é considerada pobre.
Por esse cálculo, a pobreza na Venezuela alcança 51,1% da população, um aumento de praticamente dez pontos percentuais em comparação com 2015 (41,3%).
A pesquisa mostra também um recuo da proteção social oferecida pelo governo federal, principalmente pelo encolhimento das “misiones”, programas sociais antes tidos como vitrines do chavismo.
Por outro lado, aumentaram as iniciativas de distribuição de comida subsidiada.
Segundo Freitez, trata-se de um sistema marcado por práticas corruptas e sujeito a manipulação para atender interesses políticos do regime de Maduro, que aumentou a distribuição de alimentos às vésperas das eleições de 2017.
“Nesse contexto de crise, o governo tem tentado concentrar a sua política social em alguma prática que produza os melhores créditos políticos possíveis. Então priorizou a distribuição de alimentos, porque, neste momento, é a necessidade básica”, afirma a pesquisadora da Ucab.
DESABASTECIMENTO
A Venezuela vive uma séria crise de desabastecimento, com supermercados com dificuldades para repor estoques. A escassez gerou um amplo mercado ilegal, com preços regulados pelo dólar paralelo, uma taxa proibitiva para a população. Um salário mínimo equivale a US$ 1.
A pesquisa mostrou também que cerca de 8% dos lares venezuelanos têm parentes no exterior. A partir daí, estimou que cerca de 815 mil pessoas tenham deixado o país nos últimos cinco anos.
Apesar da “invasão” em Boa Vista (RR), o Brasil não é um dos principais destinos. Fica atrás de Colômbia, Peru, Chile e até de países pequenos, como Panamá. A pesquisa foi feita em 6.168 lares de todo o país. A informação foi coletada entre julho e setembro, e os resultados usaram 30 de agosto como referência.
Folha de São Paulo
Só queria que me dissessem um canto onde essa idiotice de comunismo deu certo.
A esmagadora maioria dos Venezuelanos que deixam o país são pessoas da classe médida insatisfeitos e que acreditam que podem encontrar melhores oportunidades no exterior, no caso do Brasil. Porém se esquecem que também há um grande movimento migratório saindo do Brasil principalmente para os Estados Unidos e Portugal.
Quem está vindo para o Brasil são os mais pobres. A fuga de cérebros e de empreendedores já tem mais de uma década, tendo como destino EUA, Europa e alguns países da América do Sul de mesmo idioma. Eles conseguiram expulsar a elite do país e substituir por outra (a dos boliburgueses)… que sonho, né, Mortadela com Pão?
Blogueiro faz uma matéria sobre a condição de vida da capitalista Burkina Faso. Quem sabe tb da Somália? Que tal fazer uma retrospectiva do nosso capitalista Brasil dos anos 90 quando muitos nordestinos comiam calango e/ ou saqueavam cidades do interior do NE com fome?
Tá incomodado com mais uma desgraça comuna, né?
Moradores do 'capitalista' Burkina Faso e da Somália não vão estar enchendo os cruzamentos de cidades brasileiras como vão estar em breve os venezuelanos. É uma vigarice retórica censurar que se apontem problemas, pelo fato de existirem outros. (nordestinos comendo calango certamente veríamos se deixássemos Dilma continuar a afundar o País). Brasil "capitalista"… terra baixos impostos, de pouca burocracia, de segurança jurídica, de livre inciativa, de poucas regulações…. capitalista.. é pra rir.
Não importa que os EUA sejam o país para quem a Venezuela mais venda e compre. Não importa se escassez de papel higiênico é noticiada desde o pico do barril do petróleo… a culpa pela desgraça vai ser sempre dos americanos.
Pelo andar da carruagem, nesses dias estamos empatando com os venezuelanos.
Realmente o socialismo atinge a igualdade. Todo mundo miserável.
"Todo mundo" não. Tem muita gente madura bem nutrida e com as contas bancárias no exterior abarrotada; infelizmente. 🙁
Nunca atinge. Sempre uma elite de burocratas é "mais igual do que os outros".
Lá são os boliburgueses.