Ninguém acreditou na versão apresentada pela defesa de Anderson Silva há pouco no julgamento por doping. O lutador acabou condenado a um ano de suspensão, multado em 200 mil dólares e ainda perdeu 30% da bolsa de 600 mil dólares. A vitória contra Nick Diaz foi anulada. Ao todo, ele perdeu mais de 1,3 milhões de reais com multas.
No fim da audiência de quase 3 horas promovida em Las Vegas pela Comissão Atlética de Nevada, os comissários classificaram o depoimento de Anderson como “inconsistente”, “morno” e que achavam que ele “não dizia a verdade”. Nas redes sociais, choveram críticas ao lutador que bateu recordes de defesas de cinturão no UFC. Muitas piadas no twitter foram dirigidas à tradutora do inglês para português que acompanhava Anderson. Ela precisou da ajuda de Ed Soares, empresário do lutador.
Um dos pontos mais frágeis na defesa apresentada hoje foi a tentativa de explicar como ele teria ingerido medicamentos contaminados com anabolizantes. Anderson disse que um amigo recente chamado Marcos Fernandes trouxe da Tailândia um liquido azul que seria a reprodução do cialis, um estimulante sexual.
Num primeiro momento Anderson garantiu que tinha ingerido esse líquido pela última vez no dia 8 de janeiro e depois descobriu que estaria contaminado com o anabolizante drostanolona. Os comissários então puseram um especialista no viva voz que garantiu que o anabolizante deveria ter saído do organismo dele em até uma semana, ou seja, bem antes de ser detectado pelo exame do dia 31 de janeiro. Confrontado com essa contradição, Anderson lembrou que também havia tomado cialis na semana da luta, quando estava em Las Vegas.
Os comissários pareciam incrédulos. Um deles chegou a se irritar com Anderson e a dizer que via “uma substância para performance sexual quase como um mascarante”. Outro comissário afirmou que houve a intenção de utilizar algum produto para Anderson voltar da contusão que sofreu. Ele havia fraturado a perna um ano antes em combate contra Chris Weidman.
Anderson se saiu bem na hora de explicar os ansiolíticos encontrados no exame. Ele disse que só os tomou na noite anterior ao combate, bem depois de preencher um questionário médico entregue à comissão no momento da pesagem, no qual deveriam constar os medicamentos usados por ele na fase de preparação da luta. Não é ilegal tomar ansiolítico, desde que comunique à comissão.
A equipe de Anderson apostava numa pena de 12 meses, que foi o que aconteceu. Ele se prepara para voltar no início do ano que vem. Em fevereiro de 2016 estará livre da pena que começou a contar a partir de 1 de fevereiro deste ano, um dia depois de enfrentar Diaz. Mas precisará apresentar um exame antidoping que comprove que está limpo antes de ser licenciado para lutar.
Este blog apurou que Anderson adoraria enfrentar Michael Bisping ou até mesmo a tão sonhada luta contra o canadense Georges ST Pierre, que está aposentado. De preferência no Brasil. Tanto GSP quanto Bisping são máquinas de vender ingressos, assim como Anderson. Depois de duas ou três lutas, ele tem tudo para se aposentar.
Guga Noblat – MMA – O Globo
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