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Levantamento da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) revela que o número de pacientes renais dobrou ao longo da última década no país. Os casos crescem a um ritmo de 10% por ano. A incidência da doença passou de 200 a 600 pacientes por milhão de habitantes. Ao todo, 93 milhões de brasileiros apresentam este problema de saúde em algum grau. Desses, estima-se que 95 mil estão em estado grave e dependem de hemodiálise ou aguardam um transplante.
Ainda de acordo com a ABCDT, os valores pagos no Brasil correspondem a um terço do valor de reposição na Argentina, por exemplo. A entidade alega que os valores defasados foram responsáveis pelo descredenciamento de oito clínicas em 2015 e que algumas unidades menores estão solicitado auxilio dos estados e municípios para manter o serviço.
O técnico financeiro da pasta, Kleber Diniz, afirma que o estado recebe anualmente R$ 46 milhões em repasses do SUS para os serviços de hemodiálise. Isso significa que mensalmente as dez clínicas situadas no RN dividem um valor de aproximadamente R$ 4,3 milhões. Ainda de acordo com Kleber, os valores são estabelecidos nacionalmente e a secretaria efetua em dia todos os repasses.
As clínicas justificam que, além do crescente número de pacientes, houve o aumento da cotação do dólar e das taxas de energia, defasando ainda mais a taxa paga pelo governo para a prestação do serviço.
De acordo com o nefrologista José Euber, diretor de articulação política da ABCDT e dono da Clínica de Doenças Renais, na Ribeira, o Estado não oferece as contrapartidas necessárias para que as clínicas prestem o serviço.
“As máquinas que fazem a terapia são todas importadas e o valor desses equipamentos foi afetado pela alta do dólar. Também são equipamentos que consomem muita energia, pois a máquina precisa manter o sangue aquecido à temperatura do corpo. O valor pago na conta de energia mais que dobrou. Até pouco tempo eu pagava R$ 10,5 mil; agora pago R$ 25 mil”, ressalta o médico.
Como diretor de articulação política da ABCDT, José Euber declara que já participou de pelo menos oito reuniões com o Ministério da Saúde e que todas às vezes a pasta declarou não ter verba para cobrir reajustes na tabela.
“Precisamos pelo menos do reajuste relativo à inflação. O Ministério afirma que não tem dinheiro, mas hemodiálise é uma questão de urgência; se as máquinas param, as pessoas morrem”, ressalta o médico.
A próxima reunião da Sociedade Brasileira de Centros de Diálise e Transplante com o Ministério da Saúde deve acontecer até o dia 15 de julho, onde mais uma vez o assunto será debatido.
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