Roberto Carlos fez o que sabe de melhor na madrugada desta quinta (5), no primeiro dos três shows que apresentará no teatro do navio MSC Preziosa. Ignorando os pequenos solavancos do cruzeiro, momentaneamente ancorado em alto-mar entre Ilha Bela (SP) e Angra dos Reis (RJ), o “rei” entreteu seus súditos com grandes sucessos, explorando ao máximo a fórmula “carro e amor”.
Junto de “Emoções”, “Eu Te Amo, Te Amo, Te Amo” e “Como é Grande o Meu Amor Por Você”, Roberto cantou uma longa sequência de clássicos “automotivos”, incluindo “Eu sou Terrível”, “As Curvas da Estrada de Santos”, “Por Isso Corro Demais” e “120… 150… 200 Km Por Hora” – todas com generosas pitadas de romantismo.
“Algumas pessoas me acompanham desde o primeiro cruzeiro. Tenho certeza que essa será uma linda viagem”, discursou no início da apresentação, depois de chegar ao navio dirigindo um Audi vermelho conversível, avaliado em R$ 800 mil.
Na abertura da décima primeira edição do passeio que reúne fãs de várias partes do Brasil, Roberto tocou pouco em um tema que tanto lhe é caro, a fé, adotando um repertório mais açucarado.
A estratégia surtiu efeito imediato sobre a plateia, formada basicamente por casais na casa dos 50 e 60 anos. Tanto que, ao longo do show, Roberto, aos 73 anos, recebeu inúmeros berros de “lindo”. E até maridos entraram na onda. Antes de “Proposta”, um homem chegou a gritar mais de uma vez, em tom de brincadeira, que aceitava se casar com ele.
Apesar do show em formato mais intimista, para 1.300 pessoas, Roberto Carlos realiza um espetáculo tradicional com orquestra, como se estivesse em uma grande arena, formato praticamente intocado desde a primeira metade dos anos 1970.
Conhecido pela personalidade controladora, o cantor mantém imutáveis seus arranjos da escola “Ray Conniff encontra Julio Iglesias”, sempre acompanhados de falas ensaiadas e dos protocolares discursos em prol do amor. O que deixa tudo sob uma aura extremamente protocolar, com pouco espaço para improvisos. Roberto não gosta de correr riscos.
Nessa toada, os grandes momentos da noite ficaram a cargo de “Outra Vez”, que precisou ser interrompida com o canto da plateia, de “Esse Cara Sou Eu” (“Esse cara é todo mundo que ama verdadeiramente”) e da inabalável “Detalhes”, com direito a canja no violão. “Nas poucas vezes que não a cantei recebi muitas reclamações. Decidi que vou cantá-la por toda a minha vida”.
Fechando a noite, “Champagne”, de Peppino de Capri, “Jesus Cristo” e “Comandante do Seu Coração”, momento em que Roberto surgiu de boina da marinha, para entregar as tradicionais rosas beijadas. Tumulto e empurra-empurra generalizado entre senhoras, que correram de seus lugares para se espremer na beira do palco. Nada, no entanto, que o amor não justifique.
Sósia rouba cena
Momentos antes do primeiro show de Roberto Carlos em seu cruzeiro oficial, o teatro do navio quase veio abaixo. De calça jeans e camisa social azul, o “rei” virou o centro das atenções, descendo as escadas, momento em que foi imediatamente cercado pelos fãs.
Requisitado, por quase 20 minutos, ele acenou, mandou beijinhos, tirou fotos e conversou solicitamente com quem aparecesse pela frente. Alguns pareciam até não entender que, na verdade, quem estava ali era o comerciante mato grossense Robson Carvalho, sósia do cantor.
“As pessoas chegam e me perguntam: você é irmão dele, parente dele? Mas eu sempre falo a verdade”, disse ao UOL Robson, que ganhou fama após ser convidado por Erasmo Carlos para participar de um show em 2009, “interpretando” Roberto no palco.
Com estilo bonachão, sorriso de orelha a orelha, Robson trabalha em uma confecção em Santos. Cantor de fim de semana, faz bicos imitando o “rei”. Seu lado arredio só aparece na hora de revelar o cachê das aparições, que, hoje já equivalem a metade de seus rendimentos.
“Mas não estou a trabalho aqui. Vim só como fã, com minha a família”, contou Robson, que há nove anos “bate cartão” no cruzeiro. “Minha irmã trabalha numa agência de turismo, e ela sempre me convida.”
Segundo o comerciante, que tem 65 anos, ele sempre chamou atenção por ser parecido com Roberto Carlos, mas apenas há oito anos resolveu se “assumir” sósia, após receber convites para participar de eventos.
O cabelo, fino e liso, não é natural. “Para ficar parecido, eu faço tudo o que ele quiser”, brinca o comerciante, que conheceu Roberto por intermédio de Erasmo Carlos.
“Quando o Erasmo foi gravar o DVD dele no Rio, o Roberto foi lá fazer uma homenagem. E o Roberto mandou me chamar. Chorei muito. Ele me abraçou e eu perguntei se ele ficava aborrecido. Ele falou: `Robson, você está de parabéns. Seu trabalho é maravilhoso. A gente só imita e copia quem a gente ama’. Era tudo que eu queria ouvir.”
UOL
Só faltava essa… KKKKKK mas como tudo mudou.