Saúde

Mais Médicos: 820 profissionais já desistiram do programa; curiosamente, região nordeste com mais desligamentos

mmFaz mais de 45 anos que Iara Nazareno de Lima se formou em medicina. William Hastenreiter é médico há menos tempo: terminou o curso há pouco mais de dois anos, em junho de 2013. Ela é veterana na profissão, enquanto ele ainda está no começo, mas ambos têm um ponto em comum: foram alguns dos 820 profissionais que acreditaram no Mais Médicos, lançado em julho de 2013, mas que depois decidiram sair do programa. Os motivos vão desde a aprovação em residência médica até problemas de saúde e pessoais, mas não falta quem critique também as condições de trabalho.

Assim como os dois, quase 90% dos desistentes são médicos que já tinham registro profissional no Brasil. É o caso, por exemplo, de quem se forma no país ou consegue revalidar o diploma obtido no exterior. Os desligamentos ocorrem em todos os estados e na maioria das capitais, mas se concentram principalmente no Nordeste e nas cidades pequenas. Segundo o Ministério da Saúde, havia 17.790 médicos ativos no programa no começo de agosto. Ou seja, para cada desistente, outros 21,7 médicos ainda estavam trabalhando. Os dados foram obtidos pelo GLOBO por meio da Lei de Acesso à Informação.

O Ministério da Saúde informou nove razões para deixar o programa. Segundo o secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Hêider Aurélio Pinto, o médico não precisa informar o motivo na hora de solicitar o desligamento. Assim, as saídas a pedido, sem maiores detalhes, responderam por mais da metade das desistências: 470.

Há também um número significativo de médicos que foram aprovados em residência médica e, por isso, não podem mais participar do programa: 181. Ausência injustificada é o terceiro motivo mais comum, com 56 afastamentos, todos de cubanos, o que indica que eles desertaram da missão oficial de seu país. Completam a lista: motivos pessoais (46 desligamentos), mudança de cidade (22), aprovação em concurso público (16), motivos de saúde (12), dificuldade de deslocamento ao local de trabalho (9) e incompatibilidade de carga horária (8).

Iara, de 74 anos, mora no Recife e já estava aposentada quando se inscreveu no programa em 2013. Sua primeira opção era trabalhar na cidade onde mora, mas acabou sendo alocada em Olinda, que integra a região metropolitana da capital pernambucana. Em dezembro do ano passado, ela resolveu se desligar por questões de saúde. A médica diz apoiar o programa, mas não deixou de apontar alguns problemas.

– A gente fica assombrado, com medo do lugar que tem muitos pontos de droga. Os agentes de saúde também tinham medo – descreve Iara, que também conta: – A estrutura do posto foi reformada. Quando eu saí de lá, tinha que ser reformada de novo, porque essa reforma que fazem acho que não tem fiscalização. Era horrível. Estava pingando água lá quando chovia.

Problemas semelhantes são relatados por William. Formado no Rio de Janeiro, ele escolheu trabalhar em Itaboraí, na região metropolitana. Começou em setembro de 2013, mas deixou o programa quando foi chamado para fazer residência médica em otorrinolaringologia no ano seguinte em Belo Horizonte. Segundo ele, a área onde trabalhava também era controlada por traficantes, embora eles não criassem problemas com os profissionais de saúde.

William chegou a ir ao Supremo Tribunal Federal (STF), em dezembro de 2013, quando ainda estava no programa, para falar em uma audiência sobre o Mais Médicos. Na ocasião, ele defendeu um plano de carreira para os médicos se fixarem nos locais onde há carência desse tipo de profissional. Outras medidas, como o Mais Médicos, seriam apenas paliativas. Criticou também as condições trabalhistas: formalmente, os médicos do programa são bolsistas e passam por um programa de qualificação. Na prática, diz William, eles são apenas trabalhadores.

– Eu iria sair do programa porque estava passando a notar que, mesmo indo falar dos problemas do programa no Supremo Tribunal Federal, não havia esperança de mudança, tanto para melhoria dos médicos que trabalham no programa, quanto para melhorias da saúde da população que eu atendia – afirmou William, concluindo: – As condições de trabalho são precárias. Não tem material para atender.

Os médicos que já tinham registro profissional no Brasil respondem por 726 desistências, ou 88,5% do total. Os cubanos que vieram por meio de um acordo intermediado pela Organização Pan-Americana da de Saúde (Opas) somam 56. Por fim, 38 médicos desistentes são de outras nacionalidades e não tinham registro profissional no Brasil.

Hêider diz que há dois motivos para os brasileiros desistirem mais do programa do que os estrangeiros. Primeiro porque eles podem passar em residência. Segundo por já terem registro profissional no país e, assim, serem permitidos a trabalhar em outros postos de trabalho. Os cubanos e demais profissionais formados no exterior só podem atuar no Brasil por meio do Mais Médicos. O secretário destacou também que o índice de rotatividade no programa costuma ser menor do que nas vagas ofertadas fora do Mais Médicos. Além disso, sustentou que, de três em três meses, há editais para repor os profissionais desistentes.

– Quando a gente compara com (as vagas fora do Mais Médico em) São Paulo, Belo Horizonte, a rotatividade anual gira em torno de 10% a 20%. No Mais Médicos, é de aproximadamente 4%, atuando em áreas de maior vulnerabilidade – diz Hêider.

Proporcionalmente, os estados do Sul e Sudeste costumam ter menos desligamentos. O oposto ocorre no Nordeste. A Paraíba é, em termos proporcionais, o lugar onde houve mais desistências. Lá, para cada médico que deixou o programa, há apenas 8,1 trabalhando. O segundo pior desempenho é do Distrito Federal, com 10,9 médicos no programa para cada desistente, seguido de Ceará (11), Sergipe (13,7), Pernambuco (16,5) e Bahia (16,5). Na outra ponta está São Paulo: para cada desligamento, há outros 55 profissionais que continuam no programa. O Rio de Janeiro foi, proporcionalmente, o oitavo estado com menos desistências: para cada profissional que deixou o Mais Médico, 31 não se desligaram.

Em números absolutos, o estado com o maior número de médicos desistentes é o Ceará, com 128 casos, dos quais 30 apenas em Fortaleza. A capital cearense também é o município onde houve a maior saída de profissionais do programa. Em segundo lugar estão a Bahia e Salvador, com 100 e 22 desistências respectivamente. Entre os estados, destaque também para Minas Gerais, com 73 desligamentos, Pernambuco (57) e Paraíba (51). No Amapá, apenas três médicos se desligaram do programa. O Rio de Janeiro aparece em 12º lugar, com 23 desistências. Por região, 433 médicos deixaram o programa no Nordeste. Em seguida vêm Sudeste (157), Norte (88), Sul (79) e Centro-Oeste (63).

Em 479 municípios e distritos sanitários especiais indígenas (DSEIs) – um em cada oito dos 3.919 que participam do programa -, também houve desistências. A maioria das cidades perdeu apenas um médico e, no geral, é de pequeno porte. Apenas 141 registraram dois ou mais desligamentos. Ao todo, foram 168 desistências nas capitais, 165 nas cidades que fazem parte das regiões metropolitanas das capitais, 477 nos municípios do interior, e dez nos DSEIs. Mauriti, no Ceará, com 46 mil habitantes, é o município do interior com mais desistências: sete.

Hêider diz que municípios mais afastados dos grandes centros costumam ter mais dificuldades em fixar os médicos. Nos casos mais críticos, ele diz que o ministério acompanha, vê se as prefeituras estão pagando a alimentação e moradia e dialoga para tentar resolver os problemas do local. Ainda assim, ele crê que os números são melhores que o esperado.

– Por serem municípios de pequeno porte, distantes de grandes centros, esperávamos que esse número seria muito maior – diz o secretário.

Em alguns casos, os médicos que deixaram o programa nem começaram a trabalhar. É o caso de João Marcos Lopes Silva, que tem 30 anos e se formou em 2013. As condições trabalhistas pesaram na sua escolha.

– Eu me inscrevi, mas na época eu trabalhava na prefeitura de Belo Horizonte. Eles me fizeram uma proposta. Eu achei melhor trabalhar em Belo Horizonte do que pelo programa – explica João Marcos, que defende ações como concurso público para suprir com médicos regiões carentes.

O programa permite a contração por três anos, prorrogáveis por mais três, o que leva a críticas de que se trata de uma solução temporária. O Ministério da Saúde, por sua vez, alega que o programa contempla outras ações, como a ampliação de vagas de graduação e residência médica.

No Rio de Janeiro, há 714 médicos distribuídos por 74 cidades. Houve desistências em 17. Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Maricá, Niterói, Paracambi e São João de Meriti perderam dois médicos cada. Houve uma desistência em Belford Roxo, Cantagalo, Carmo, Guapimirim, Itaboraí, Mesquita, Natividade, Nova Friburgo, Rio das Ostras, São Gonçalo e São Sebastião do Alto.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. Eu conheci prefeitos que ate tva gannhado dinheiro com coitados dos cubanos no aluguel das casas superfaturva,
    Ate os cubanos. Estao decepcionado o PT Brasileiro e com programa

  2. Onde estão os defensores do desgoverno PTista? mais médicos sem medicamentos e estruturas hospitalares é mesmo que levar um engenheiro para fazer um prédio só com areia e um homem levar uma mulher para o motel e não fazer nada.

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Saúde

Prefeitura de Mossoró entrega alvarás de construção para obras do Hospital da Liga e Hospital Infantil


A Prefeitura de Mossoró entregou nesta quinta-feira (03), à direção da Liga Mossoroense de Estudos e Combate ao Câncer (LMECC), e da Associação de Proteção e Assistência à Maternidade e Infância de Mossoró (APAMIM), os alvarás de construção, que autorizam as obras do Hospital da Liga e do Hospital Infantil.

O Município, através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), realizou diversas reuniões com a equipe técnica da Liga do Câncer e da Apamim com o objetivo de sanar todas as dúvidas e pendências para prosseguimento e concessão do alvará de construção.

De acordo com a secretária Sariny Nobre, da Semurb, a partir de agora, as instituições devem providenciar os encaminhamentos para continuidade de cada obra. Com os alvarás de construção, tudo que cabe a Prefeitura de Mossoró foi feito, cabendo à Liga do Câncer prosseguir com a aprovação do projeto junto ao Corpo de Bombeiros. No caso da APAMIM, a instituição deverá regularizar a matrícula do imóvel no Cartório, obter aprovação do projeto pelo Corpo de Bombeiros e do licenciamento ambiental junto ao IDEMA.

A Prefeitura de Mossoró deixa claro que do ponto de vista urbanístico, de competência do Município, não existe nenhuma pendência das instituições relacionadas as referidas obras.

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Geral

Arena inaugura nesta sexta (4) a primeira loja em Natal do gelato italiano mais premiado do Brasil, a Davvero Gelato

A marca mais premiada de gelato italiano do Brasil acaba de desembarcar em solo potiguar, dentro da Casa de Apostas Arena das Dunas. A Davvero Gelato Tradizionale, criada em 2015, abre as portas de sua nova unidade em Natal, nesta sexta-feira, 04/07, com a missão de oferecer aos natalenses a autêntica experiência do gelato italiano.

Com um espaço total de mais de 100m² e mais de 20 sabores, a marca se destaca por sua produção 100% artesanal diária, sem aditivos ou conservantes, com sabores artesanais e ingredientes frescos de alta qualidade.

Sabores como chocolate branco com Amarena – considerado um dos carros-chefes do estabelecimento – Chocolate Belga, Stracciatella e Fior di Latte, além de opções mais ousadas como Nocciola com Gianduia, Pão de Mel e Coco, o espaço oferecerá também sobremesas famosas, como brownie, petit gâteau tradicional e pão de mel, e bebidas, com destaque para uma variedade de formatos do famoso café italiano ILLY.

Com mais de 60 lojas no Brasil, a primeira unidade da Davvero Gelato no RN irá funcionar de segunda a sexta-feira, das 09h às 19h, e aos sábados, das 10h às 17h, e estará presente também em todos os jogos e eventos da Arena.

Local: Casa de Apostas Arena das Dunas – próximo à entrada E1 Sul
Endereço: Av. Prudente de Morais, 5121 – Lagoa Nova
Funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 09h às 19h; e aos sábados, das 10h às 17h
Instagram: @davvero.natal
Site: davvero.com.br

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Política

Partidos da base de Lula vão ao STF para impor nova derrota ao governo

Foto: BRENO ESAKI/METRÓPOLES

Três partidos que integram a base de apoio do presidente Lula no Congresso Nacional assinaram Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) protocolada no Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir a validade do decreto legislativo que suspendeu o aumento na alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

A ação, apresentada nesta quinta-feira (3/7/2025), é assinada por União Brasil, PSD, PP, Solidariedade, Avante, PRD e PSDB. A mobilização acontece após recurso do governo ao STF para tentar reverter a decisão do Congresso que barrou o aumento.

As legendas argumentam que o Legislativo “agiu corretamente ao barrar medidas que aumentavam impostos sem passar pelo devido processo legislativo” e que a proposta busca assegurar “equilíbrio fiscal e respeito à Constituição”.

O PSD, um dos partidos que acionaram o STF para manter a derrota do governo no Congresso, ocupa três ministérios na atual gestão: o da Agricultura, com Carlos Fávaro; o da Pesca e Aquicultura, com André de Paula; e o de Minas e Energia, com Alexandre Silveira.

O União Brasil está representado no governo Lula por Celso Sabino, ministro do Turismo, e já teve também Juscelino Filho à frente do Ministério das Comunicações. Já o PP, partido do ex-presidente da Câmara Arthur Lira, comanda a pasta do Esporte, atualmente ocupada por André Fufuca.

Metrópoles

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Política

Herdeira de banco invadido por lulistas declarou voto em Lula

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Herdeira do Itaú, banco cuja sede foi invadida nesta quinta-feira, 3, por apoiadores de Lula (PT), Maria Alice Setubal, a Neca Setúbal (de vermelho na foto), declarou voto no petista em 2022.

“Não sou petista de carteirinha, mas, neste momento, Lula é a única liderança capaz de reconstruir esse país“, disse a filha de Olavo Setúbal ao Estadão em outubro daquele ano.

Questionada sobre como se sentia ao ver a elite declarando voto em Jair Bolsonaro (PL), ela respondeu:

“É uma tristeza profunda. É uma incapacidade de perceber o que para mim é muito óbvio, que todos ganham com uma sociedade com menos desigualdades, uma sociedade que você tenha mais segurança de sair da rua. Não precisa viver com muros altos, carros blindados, segurança. Você ter uma população educada numa escola pública, que tenha saúde gratuita, todo mundo ganha.”

Equipe de transição

Além de declarar voto em Lula no segundo turno da eleição presidencial, Neca Setubal aceitou integrar a equipe de transição do atual governo.

Apoiadora histórica de Marina Silva, ela fez parte do grupo de trabalho da Educação e chegou a participar de um encontro liderado por Fernando Haddad para fazer um raio-X do Ministério da Educação.

Invasão à sede do Itaú

Em meio à campanha do governo Lula a favor do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e a Frente Povo Sem Medo, duas velhas linhas auxiliares do PT, invadiram o saguão da sede do banco Itaú na avenida Faria Lima, coração financeiro de São Paulo.

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que já liderou o MTST e convoca para 10 de julho uma manifestação para tentar reforçar o malicioso discurso do governo Lula de polarização entre pobres e ricos, celebrou a invasão em seu perfil no X:

“Pra cima! O MTST e a Frente Povo Sem Medo ocuparam hoje a sede do Itaú na Faria Lima – o prédio mais caro do Brasil, que custou R$ 1,5 bi para ser construído. A ocupação tem como pauta a taxação dos super-ricos. O recado do povo é claro: o Brasil precisa de Justiça tributária.”

Como ja destacou O Antagonista, o discurso dos pobres contra ricos é apenas um verniz dos lulistas para disfarçar a real intenção do governo, que é colocar a mão ainda mais fundo no bolso do contribuinte brasileiro para sustentar a gastança comandada pelo presidente.

O Antagonista 

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Geral

Pesquisa revela que maridos estressam mais que três filhos juntos

Foto: reprodução

Para muitas mulheres, o esforço constante para manter tudo em ordem, sem apoio efetivo, acaba tornando o próprio casamento uma fonte de estresse.

Uma pesquisa realizada com mais de 7 mil mães nos Estados Unidos voltou a viralizar nas redes sociais nos últimos dias ao revelar um dado que tem gerado reflexões e polêmica: para muitas mulheres, os maridos são mais estressantes do que os próprios filhos. Segundo o estudo, publicado originalmente pela plataforma Today Moms, 46% das mulheres entrevistadas afirmaram que seus parceiros contribuem mais para o estresse cotidiano do que os filhos e em alguns casos, até dez vezes mais.

As conclusões vêm à tona num momento em que o debate sobre a sobrecarga feminina, especialmente no contexto da maternidade, tem ganhado força. O tema inclusive foi abordado na redação do Enem 2023, que propôs uma reflexão sobre a romantização do papel da mulher como cuidadora, função historicamente tratada como uma obrigação natural, um legado cultural e até uma “dádiva” religiosa.

“Mais trabalho que os filhos”

Entre os relatos das mães ouvidas na pesquisa, muitas afirmaram que os maridos “dão mais trabalho” do que as crianças. Algumas destacaram que, enquanto esperam comportamentos imaturos de filhos pequenos, se frustram ao encontrar atitudes semelhantes em adultos. “Podemos esperar que uma criança não entenda certas coisas, mas esperamos compreensão e paciência de nosso marido”, afirmou uma das entrevistadas.

Outros pontos levantados incluem a falta de participação nas tarefas domésticas, o peso mental da organização da casa e a falta de tempo livre. Para muitas mulheres, o esforço constante para manter tudo em ordem, sem apoio efetivo, acaba tornando o próprio casamento uma fonte de estresse.

Descompasso entre expectativas e realidade

A pesquisa revela também um descompasso entre o que mães e pais acreditam ser sua participação na criação dos filhos. Em um levantamento complementar feito com 1.500 homens, metade deles declarou que divide igualmente os cuidados com os filhos. No entanto, entre 2.700 mulheres ouvidas, 75% disseram que cuidam sozinhas de tudo.

Essa diferença de percepção evidencia um problema comum em muitos lares: falta de comunicação clara sobre responsabilidades e expectativas desalinhadas. Enquanto muitos pais dizem se sentir desvalorizados por não receberem reconhecimento, muitas mães relatam frustração por não contarem com um parceiro que contribua de fato.

O peso invisível da carga mental

Especialistas apontam que a chamada “carga mental”, ou seja, a responsabilidade de planejar, antecipar e organizar a rotina familiar, ainda recai majoritariamente sobre as mulheres. Isso reforça um padrão histórico que exige que elas desempenhem múltiplas funções simultaneamente, enquanto o envolvimento masculino, quando ocorre, ainda é muitas vezes visto como “ajuda”, e não como corresponsabilidade.

O estudo reacende uma discussão importante: como equilibrar a vida familiar de forma justa, empática e funcional. E, principalmente, como reconstruir o papel do pai como cooperador efetivo e não como figura secundária no cuidado com os filhos.

Embora cada família tenha sua dinâmica, a pesquisa, agora redescoberta nas redes, levanta um alerta sobre a necessidade de repensar papéis, expectativas e a divisão real de tarefas dentro de casa.

Roma News 

 

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Política

Porta-voz da ocupação do prédio do Itaú é assessor de deputada do Psol

Foto: reprodução

O advogado Felipe Vono, assessor parlamentar da deputada estadual Ediane Maria (Psol) de São Paulo, participou do ato da Frente Povo Sem Medo, no edifício-sede do Itaú BBA na avenida Faria Lima, na capital paulista, na manhã desta 5ª feira (3.jul.2025).

Vono é integrante do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) e estava em horário de trabalho. O salário dele na Assembleia Legislativa de São Paulo é R$ 10.267,51 por mês.

Foi uma manifestação pacífica”, disse Vono. O ato durou duas horas e meia. Manifestantes exibiram cartazes no saguão do prédio do Itaú BBA. Alguns subiram em móveis. Os manifestantes deixaram o local depois da chegada de policiais militares.

Vono disse que, na sua avaliação, não há problema em ser assessor da deputada e participar de uma manifestação como a da manhã desta 5ª feira (3.jul).

Afirmou também que o objetivo da ocupação da sede do Itáu BBA foi dar visibilidade à taxação dos super-ricos. “O prédio é o mais caro do país“, disse.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exibiu na 4ª feira (2.jul) um cartaz da campanha “Taxação BBB: Bilionários, Bancos e Bets”, do PT.

Vono reuniu-se no Palácio do Planalto em junho de 2025 com o ministro Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência da República), responsável no governo pelas relações com movimentos sociais.

O QUE DIZ A DEPUTADA

A deputada Ediane Maria disse por meio de sua assessoria que Vono foi à manifestação como advogado para que a manifestação fosse pacífica. A deputada avalia que isso é compatível com o trabalho dele como assessor parlamentar.

A biografia da deputada no site da Assembleia Legislativa de São Paulo é esta:

Nascida em Floresta, município do interior de Pernambuco, Ediane Maria soma-se aos muitos nordestinos que migraram para São Paulo para unir sua força de trabalho ao crescimento da economia do Estado. Mulher negra, mãe solo de quatro filhos, trabalhadora sem-teto e bissexual, é a primeira empregada doméstica da história eleita na Assembleia Legislativa paulista“.

Poder 360 

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Política

Presidente Eriko Jácome destaca avanços e alta produtividade da Câmara e prefeitura de Natal no primeiro semestre

O presidente da Câmara Municipal de Natal, vereador Eriko Jácome, fez um balanço do primeiro semestre de atividades legislativas da atual legislatura e destacou a forte produtividade do parlamento natalense. Segundo o presidente, a Casa cumpriu um papel fundamental ao aprovar matérias que impactam diretamente a vida da população, reforçando o compromisso da Câmara com a cidade.

“A Câmara de Natal vive um momento de protagonismo. Estamos próximos da população, atentos às suas necessidades e comprometidos com o desenvolvimento da cidade. Os números e os resultados concretos já são sentidos nas ruas e mostram que estamos no caminho certo. Cada decisão tem sido fruto de um esforço coletivo, com diálogo e responsabilidade”, disse.

Entre janeiro e junho de 2025, foram mais de 2.300 requerimentos aprovados, além de 173 Projetos de Lei Ordinária, 6 Resoluções, 23 Decretos Legislativos e 5 Projetos de Lei Complementar. No total, 207 proposições foram aprovadas neste primeiro semestre, consolidando um ritmo intenso de trabalho no plenário e nas comissões permanentes.

Entre os principais projetos aprovados, destacam-se a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a quarta revisão do Plano Plurianual (PPA) 2022-2025, que atualiza metas e programas da gestão municipal conforme as novas necessidades da cidade, e a isenção do pagamento de IPTU para imóveis e comércios localizados próximos a lagoas de captação afetadas por enchentes.

Outro ponto de destaque foi a aprovação da unificação das prescrições urbanísticas e ambientais das Zonas de Proteção Ambiental (ZPAs) da capital, modernizando o regramento urbanístico com vistas à sustentabilidade e ao desenvolvimento ordenado. Além disso, duas Comissões Especiais de Inquérito (CEIs) foram criadas para investigar e propor soluções em áreas estratégicas, reforçando a função fiscalizadora do legislativo.

Em sua fala, Eriko também fez questão de ressaltar a parceria com o Executivo Municipal: “Temos uma sintonia muito positiva com a gestão do prefeito Paulinho Freire, que tem mostrado um comprometimento real com a cidade. As praças estão sendo revitalizadas, a cidade está praticamente toda iluminada com lâmpadas de LED, o que aumenta a sensação de segurança e incentiva a população a ocupar mais os espaços públicos, algo que inclusive, já tem reflexo na redução de crimes em áreas mais iluminadas. Isso é política pública funcionando de verdade”, destacou.

O presidente da Câmara também destacou o sucesso do São João de Natal, que ganhou destaque no calendário nacional das grandes festividades. “Foi uma festa que colocou Natal no mapa das maiores festas juninas do Brasil. Um evento que mostra nossa cultura e que ainda gera renda, turismo e, além de tudo, a arrecadação de mais de 5 toneladas de alimentos para doação. Uma festa linda que também cumpre um papel social”.

Na área econômica, a capital potiguar também tem se destacado. Segundo Eriko, Natal vive um momento promissor de geração de empregos, crescimento econômico e avanços na educação municipal. “Se em apenas seis meses já conseguimos avançar tanto, imagine o que virá até o fim desta legislatura. Estamos apenas começando e Natal já está colhendo os frutos de um trabalho sério, coletivo e voltado para todos”, concluiu.

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Política

Líder do PL prevê votação da Anistia antes do recesso

Foto: reprodução CNN

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), avalia que o projeto de anistia aos condenados pelo 8 de janeiro pode ser levado para votação do plenário na última semana antes do recesso, que se inicia em 18 de julho.

A pauta da anistia é uma das principais bandeiras do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro no Legislativo. Enquanto parlamentares da oposição afirmam que as penas aplicadas aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro são “injustas”, integrantes da base do governo criticam o projeto, argumentando que ele busca beneficiar Bolsonaro, réu no inquérito que apura a existência de um plano de golpe de Estado.

O próprio ex-presidente já defendeu o projeto em entrevista.

“Quando você vê pessoas condenadas a 17 anos de cadeia porque estavam com uma camisa verde e amarela e uma Bíblia embaixo do braço, isso é tortura”, afirmou Bolsonaro, em referência aos condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes.

Em abril, o PL protocolou o pedido de urgência para a tramitação da proposta. À época, o texto recebeu o apoio de 264 deputados.

CNN

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Política

Assembleia Legislativa do RN homenageia em Sessão Solene o grupo Interfort por seus 25 anos de atividade empresarial

 

Por iniciativa do deputado estadual Tomba Farias (PL), o grupo empresarial Interfort foi homenageado pelos seus 25 anos de atividade empresarial, durante Sessão Solene realizada nesta quinta-feira (03), no Plenário da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. A solenidade contou com a presença de lideranças políticas e empresariais, além de colaboradores da empresa.

Líder de segurança bancária no Nordeste e uma das 10 maiores empregadoras no setor de facilites do Brasil, a organização é dirigida pelo empresário potiguar Edmilson Pereira, seu CEO e fundador. “O grupo Interfort simboliza o sucesso e a obstinação empreendedora de um homem dotado de uma determinação inabalável para alcançar seus objetivos”, disse Tomba Farias em seu discurso.

O parlamentar enfatizou ainda que celebrar os 25 anos do grupo interfort tem, para ele, um significado especial. “Essa empresa tem raízes na minha querida cidade de Santa Cruz, onde nasceu o empresário Edmilson Pereira, que gera emprego e renda para cerca de 16 mil colaboradores, garantindo para suas famílias bem estar e justiça social”, lembrou.

Líder da bancada do PL, Tomba destacou ainda que empreender no Brasil apresenta diversos desafios, incluindo alta carga tributária, burocracia excessiva, dificuldade de acesso ao crédito e instabilidade econômica. “Eu tiro o chapéu para os homens e mulheres, empresas e empresários que cotidianamente encaram os desafios que lhes são impostos para levar adiante a nobre missão de gerar renda e bem-estar social”, enfatizou.

Por sua vez, Edmilson Pereira, ao agradecer a homenagem, destacou que uma empresa completar 25 anos no Brasil é um desafio que exige coragem para resistir, capacidade de se reinventar e uma fé inabalável no trabalho. “É isso que move esta empresa desde sua fundação: a crença de que, mesmo em meio às adversidades econômicas, políticas e sociais, é possível construir uma trajetória sólida, responsável e comprometida com o desenvolvimento do país e, sobretudo, com o progresso da nossa terra, o Rio Grande do Norte”, assinalou.

O empresário ressaltou que 25 anos de atividade empresarial é mais do que contar o tempo; é afirmar a convicção no poder transformador do desenvolvimento, do empreendedorismo e da geração de oportunidades.

“Foi daqui, do nosso Rio Grande do Norte, que a Interfort se lançou para conquistar seu espaço no mercado e fez o caminho inverso, indo do Nordeste para o Sudeste para se consolidar com um crescimento exponencial atuando em 530 cidades de 23 estados brasileiros”, revelou.

Por indicação do próprio grupo Interfort, o deputado Tomba Farias também homenageou personalidades que, em suas áreas de atuação, contribuem para o fortalecimento da livre iniciativa, como o empresário Marcelo Queiroz, presidente da Fecomércio RN, coronel Francisco Canindé de Araújo Silva, secretário estadual de Segurança Pública e Defesa Social, Saulo Pessoa Batista dos Santos, especialista em gestão de segurança pública e privada, além de Edson Nunes Pereira e Elizama Freire Fernandes, que são colaboradores da empresa há 25 e 17 anos, respectivamente.

 

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Brasil

STF homologa acordo para devolução de descontos indevidos do INSS

Foto: Luis Nova/Especial Metrópoles

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou nesta quinta-feira (3/7) o acordo que prevê devolução integral e imediata dos valores dos descontos fraudulentos dos aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Os valores serão ressarcidos na folha de pagamento, sem a necessidade de ação judicial.

O acordo validado por Toffoli foi pactuado pela Advocacia-Geral da União (AGU), Ministério da Previdência Social, INSS, Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública da União (DPU) e Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB). Os termos do acordo firmado entre os órgãos incluem um plano detalhado de como será a dinâmica de devolução para as pessoas que foram lesadas.

Pela decisão de Toffoli, os valores para ressarcimento dos beneficiários que ficarão de fora da contabilidade fiscal do governo para fins de cumprimento da meta fiscal. A medida é um alívio para a gestão de Fernando Haddad à frente do Ministério da Fazenda. O governo federal faz um esforço para tentar cumprir a meta fiscal deste ano de déficit zero.

“Essa mesma razão justifica que os valores a serem utilizados para reposição imediata, na via administrativa, do patrimônio dos beneficiários da Previdência Social que foram vítimas das fraudes com descontos não autorizados, acordada nestes autos, sejam excepcionados do cálculo para fins do limite” do arcabouço fiscal, escreveu Toffoli.

O acordo foi realizado no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 1236, que tramitava na Corte. Os termos do acordo foram definidos durante uma reunião realizada em 24 de junho deste ano. Com a homologação do acordo, Toffoli determinou a suspensão de todas as ações que estão em andamento e abordam o tema do ressarcimento dos descontos indevidos dos aposentados e pensionistas.

Ao homologar o acordo, o ministro do STF manteve a suspensão da prescrição para a entrada com ações indenizatórias até que a ADPF seja concluída. “Com essa medida, tutelam-se os interesses dos aposentados e pensionistas e evita-se a grande onda de judicialização que já se faz presente em todo país”, ressaltou.

Metrópoles

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