O Jornal Nacional está exibindo esta semana uma série sobre os manguezais brasileiros. Neste sábado (30), na última reportagem, Vladimir Netto e Hélio Gonçalves mostram o difícil equilíbrio entre preservação e produção de alimentos. A criação de camarões é considerada uma das maiores ameaças a esse ecossistema.
José Canuto é pescador há mais de 30 anos, e viu a paisagem mudar. “Desse viveiro para lá era tudo mangue. Hoje em dia está tudo cortado”, diz ele.
Uma área de proteção ambiental foi criada em 1999 para preservar a natureza em 422 quilômetros quadrados no litoral sul do Rio Grande do Norte. Mas, nos últimos anos, na região, as fazendas de camarão se multiplicaram, e a maior parte dos manguezais desapareceu.
Muitos produtores não têm nem licença. O gestor da área diz que não consegue fiscalizar toda a região. “É uma unidade muito grande, e são poucos funcionários para monitorar e fiscalizar esses locais. Então a gente tenta monitorar vários locais. Tem locais que ficam desguarnecidos”, explica Fábio Vasconcelos Silva, gestor da APA Bomfim-Guaraíras.
São 1,2 mil hectares de viveiros que ocuparam até o Apicum, área que fica na beira do mangue. Na água, são jogadas toneladas de ração, além de produtos químicos. Depois, tudo acaba no meio ambiente.
“Quando a maré baixa é que os viveiros secam e jogam a água ruim para fora. Aí toda essa água chega numa lagoa vazia. É um impacto imenso”, conta o criador de camarão Alexandre Wainberg.
Em alguns pontos, o manguezal está sem vida. O peixe sumiu. Agora, José Canuto pedala quilômetros para contornar as fazendas e chegar até a canoa. Depois de um dia inteiro de trabalho, ele não consegue reunir nem um quilo de peixe. “Antigamente a pessoa saía daqui com as redes todas cheias”, lembra.
Os produtores dizem que geram mais de 30 mil empregos no estado.
“São famílias que têm ali o seu sustento, a sua renda numa região com pouca oportunidade de emprego e renda”, diz Orígenes Monte Neto, presidente da Associação de Criadores de Camarão do Rio Grande do Norte.
Para Alexandre, produtor orgânico que não usa nem ração, é possível produzir e conviver bem com o manguezal. “Acho que está na hora de a gente parar um pouquinho de olhar para o passado e olhar para o futuro. Temos que definir de uma vez por todas o que pode, onde pode, onde não pode. É a falta de fazer o que já se sabe que tem que ser feito.”
O governo do Rio Grande do Norte declarou em nota que o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do estado abriu, no fim do ano passado, um processo para realização de concurso público, que prevê a contratação de 50 novos fiscais ambientais, entre outros cargos. A nota afirma também que a função é indelegável e só pode ser exercida por funcionários públicos de carreira.
Globo
A fiscalização é acima de tudo social! Os instrumentos é que são públicos e todos devem estar fiscalizando qualquer atividade econômica que cause devastação ambiental! No caso em tela existe grupo de políticos e ditos empresários que querem a todo custo pior suas decisões ridículas que atentam contra a função social da propriedade! Manipulam tudo inclusive dentro dos conselhos que regulamentam as atividades! Basta ver o Conema onde está cheio de lobistas contratados por empresários para impor seus interesses em nome de tal empreendedorismo, que explora mão de obra e recursos naturais criminosamente! Chega de hipocrisia! Campanha eleitoral ta por aí!