O Blog do BG traz aos seus leitores um texto do jornalista político Gerson de Castro sobre os significados dos dez anos seguintes ao 11 de setembro de 2001:
Dez anos. Dez anos de temores acentuados, perplexidade justificada, intolerância e preconceito. Assim se pode definir os dez anos que se seguiram àquela manhã de terça-feira em que numa operação calculada e inimaginável uma célula terrorista comanda Osama Bin Laden desferiu contra o coração dos Estados Unidos um ataque que nem Hitler ousou promover.
O ataque às torres gêmeas de Nova York e ao Pentágono certamente será considerado para sempre o ato inaugural do século XXI.
Mas o ataque não foi causador mas o efeito de anos de temores, perplexidade, intolerância e preconceito.
O 11 de setembro foi resultado de um processo lento e absurdo que levou à ruptura entre as culturas ocidental e a muçulmana, causando enormes buracos-negros na política e na burocracia.
O mundo nunca mais foi o mesmo depois do 11 de setembro. Em nome do medo, vieram mais guerras e novos atentados. O ódio fez morada onde antes deveria ter agido a diplomacia. Direitos civis e liberdades individuais foram feridos. Tudo em nome da resposta ao 11 de setembro.
A máquina de guerra americana que já brilhara na década final do século XX na Guerra do Golfo e na década anterior no Afeganistão, voltou a ser usada para destruir aquilo que depois os mesmos americanos se dispuseram a reconstruir.
A intolerância ceifou incontáveis vidas, antes e depois daquele 11 de setembro. A lista incluiu um competente diplomata brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, e cotado para um dia ser secretário-geral da ONU.
Mas o legado de uma década após aquela terça-feira é que o mundo ainda busca restabelecer o equilíbrio e o entendimento que pareciam ser possíveis após o fim da Guerra Fria e a queda do Muro de Berlim e das ditaduras comunistas.
Passados dez anos, não há o que comemorar. O presidente americano que mandou matar a morte de Bin Laden é o mesmo que um ano antes recebera o Nobel da Paz. Nova torre, a da Liberdade, surgirá em poucos anos, ainda mais falta e supostamente mais segura (?) no lugar onde desabou o Complexo World Trade Center.
O mundo ainda espera, entretanto, que novas pontes sejam erguidas entre ocidentais e muçulmanos para que possamos conviver com a diversidade, com tolerância e respeito mútuo. E quem sabe, utopicamente, o mundo poderia dormir em paz!
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