A prefeita Micarla de Souza viveu em 2011 o terceiro e talvez o mais difícil ano de sua administração. Com a popularidade em baixa, alvo de protestos permanentes nas redes sociais, sem apoio político e quase nenhum apoio administrativo, Micarla pouco tem a comemorar no ano que termina.
Com uma equipe cuja competência é contestada publicamente, dificuldades financeiras e erros de gestão que comprometeram a administração e a imagem da administradora, a prefeita chegou a 2011 quase de mãos vazias. Em 2010, perdeu quase todos os apoios políticos que recebera em 2008 para sua eleição e terminou por ver a candidatura de Dilma Roussef derrotada no segundo turno das eleições presidenciais em Natal. Detalhe: sem o apoio de Micarla, Dilma ganhara no primeiro turno. Coincidência ou não, o malogro eleitoral serviu de combustível para as críticas dos opositores e ajudou a prefeita a se afastar ainda mais do DEM de José Agripino e Rosalba Ciarlini.
No primeiro semestre do ano, a prefeita enfrentou o movimento Fora Micarla que tomou conta das redes sociais, principalmente do twitter, e culminou com a ocupação da Câmara Municipal. A tibieza e a posição dúbia de muitos vereadores ajudou o movimento a crescer e o caso mobilizou manifestantes vindos dos mais diversos setores, incluindo sem-terra, sem-teto, rodoviários. A OAB tentou ser mediadora e a ocupação terminou referendada por liminar concedida por um ministro do Superior Tribunal de Justiça.
Após a desocupação, a Oposição retomou a luta pela Comissão Especial de Inquérito, dessa vez para investigar os contratos e aluguéis firmados pela Prefeitura. A frigideira, com óleo quentíssimo, continuou fumegando até o final do ano. Os danos políticos para a prefeita só poderão ser contabilizados, de vez, no primeiro semestre de 2012.
Depois de padecer durante meses com restrições no Cadastro Único de Convênios, a administração conseguiu assinar os contratos para receber os recursos necessários para a realização das obras de mobilidade urbana. Se elas saírem do papel ainda no primeiro semestre de 2012, a prefeita terá algo a comemorar. Se elas não avançarem, o desastre será completo.
Para tentar aprumar o rumo da administração, a prefeita mudou parte do secretariado e parece estar disposta a mudar novamente algumas peças no início de 2012. Parece tarde para reconquistar a opinião pública. Mais de 90 em cada 100 natalenses não aprovam a administração e o trabalho da prefeita. Rejeição demais para quem sonhava com reeleição. O desafio maior, agora, parece ser o de concluir com dignidade a administração.
Sem apoio dos grupos e lideranças políticas que a ajudaram a se eleger, a Micarla só resta a alternativa de trabalhar dia e noite para dar seguimento às obras da Copa 2014, controlar gastos, fazer a Saúde, a Educação e a limpeza urbana funcionarem pelo menos de forma razoável.
Se não fizer isso, corre o risco de sair da Prefeitura pela porta dos fundos sem deixar saudades.
Bruno,os funcionários da prefeitura que tinham férias no segundo semestre de 2010 não receberam o terço de férias nem têm perspectiva de receber.