A decisão do procurador-geral da República Roberto Gurgel de investigar Orlando Silva deve apressar-lhe a queda do Ministério dos Esportes.
Antes de voar para a África, no domingo (16), Dilma Rousseff determinara a Orlando que se defendesse das acusações do delator João Dias.
De volta a Brasília na noite desta quinta (20), a presidente pretende chamar o ministro para uma conversa. Deve ocorrer antes do fim de semana.
Na expressão de um auxiliar de Dilma, ela quer “retirar o Ministério dos Esportes das páginas policiais.”
Consolida-se no Planalto a avaliação de que Orlando já não reúne condições políticas para se manter na Esplanada.
Prevê-se que o quadro tende a agravar-se com o pedido de abertura de inquérito que o chefe do Ministério Público remeterá ao STF.
Sob investigação, Orlando Silva terá de depor na condição de suspeito. Seus atos administrativos serão varejados. Pode ter os sigilos bancário e fiscal quebrados.
Ainda que saia do processo com atestado de inocência, seu calvário será longo. Mantendo-o no cargo, Dilma carregará a cruz junto com ele.
Nessa teoria, dividida com Dilma em conversas telefônicas, conviria ao Planalto dividiar o problema em dois, um pedaço jurídico e outro político.
Juridicamente, Orlando é inocente até prova em contrário. Politicamente, seria melhor que ele cuidasse de sua defesa fora do ministério.
Do contrário, o governo converteria a pasta dos Esportes numa repartição monotemática. Só se falaria do programa “Segundo Tempo”, foco das denúncias.
A organização da Copa-2014 e das Olimpíadas-2016, as duas prioridades que Dilma elegeu para o setor, iriam a um plano secundário.
O caso de Orlando Silva é comparado ao do petista Antonio Palocci, apeado da Casa Civil depois que se descobriu que multiplicara o patrimônio em 20 vezes.
A consultoria que fez a fortuna de Palocci era privada. O procurador-geral Roberto Gurgel mandou ao arquivo a representação feita contra ele. Ainda assim, caiu.
No caso de Orlando, a acusação refere-se a atos administrativos praticados no ministério. E Gurgel enxergou indícios suficientes à abertura de um inquérito.
Dilma já planejava trocar Orlando na reforma ministerial que fará até o final de janeiro. Por ela, nem o teria nomeado. Manteve-o a pedido de Lula.
A julgar pelo que se ouve no Planalto, a presidente tende a apressar a providência.
Nos subterrâneos, o PCdoB, partido de Orlando Silva, já trabalha com a hipótese de perder o ministro.
Confirmando-se o infortúnio. Orlando descerá à crônica do primeiro ano da Era Dilma como sexto escalpo a ser levado à bandeja -o quinto a perder a cabeça por razões ético-morais.
Josias de Souza
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