Fala sério, está sendo muito bom ver essas “parcerias” no governo do PT. Quanto então tem o PMDB no meio ai o prato fica cheio. Pena que é trágico. Segue post de Josias de Souza:
Uma característica curiosa do condomínio político-monetário que desgoverna o Brasil se observa na Esplanada dos Ministérios. O corrupto está sempre nos outros prédios.
Na pasta da Agricultura, sucedeu algo diferente. Ali, o PMDB pôs-se a acusar o PMDB de malfeitos. A trinca opõe dois pesos pesados da legenda.
De um lado, o ministro Wagner Rossi, apadrinhado do vice-presidente Michel Temer.
Do outro, Oscar Jucá Neto, o Jucazinho, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá, o Jucazão.
Na última quarta (27), a cabeça de Jucazinho foi à bandeja. Rossi demitiu-o da diretoria financeira da Conab.
Em telefonema a Temer, Jucazão pediu por Jucazinho. O vice preferiu lavar as mãos. Seguiu-se uma troca de ameaças e xingamentos.
Com a cabeça já apartada do pescoço, Jucazinho enxergou em sua demissão um complô contra Jucazão. E decidiu levar os lábios ao trombone.
Falou por mais de seis horas à revista Veja. A certa altura, contou que o ministro Rossi chegou a oferecer-lhe dinheiro.
Para quê? “Era para eu ficar quieto. Ali só tem bandido.” Em essência, a bandidagem relatada por Jucazinho consiste no seguinte:
PMDB e PTB ratearam o Ministério da Agricultura com o propósito de coletar verbas ilicitamente. No português do asfalto: os partidos estão roubando a Viúva.
Segundo o irmão do líder de Dilma Rousseff no Senado, o próprio Rossi, o ministro apadrinhado pelo vice-presidente da República, comandaria o esquema.
A Conab, estatal que cuida –ou deveria cuidar— do abastecimento de grãos alimentícios, tornou-se posto avançado das malfeitorias.
Jucazinho relata pelo menos dois lances que oferecem matéria-prima para boas investigações. Isso, obviamente, se houver o interesse de investigar.
Num, a Conab estaria protelando deliberadamente o pagamento de uma dívida, para impor um pedágio ao credor.
Noutro, a estatal teria vendido, a preços companheiros, um terreno assentado em area nobre de Brasília.
Chama-se Caramuru Alimentos a credora da Conab. Gigante do Mercado agrícola, a empresa obteve decisão judicial que obriga a Conab a lhe pagar R$ 14,9 milhões.
O passivo refere-se a dívidas contratuais antigas. Coisa de 20 anos. A despeito da ordem da Justiça, a Conab demora-se em efetuar o pagamento.
Por quê? Segundo Jucazinho, para forçar a negociação de um “acerto” que eleve a dívida para R$ 20 milhões.
Os R$ 5 milhões excedentes, informa o irmão de Jucazão, seriam rateados entre autoridades do ministério.
No outro caso, o da venda do terreno, a transação foi efetivada com uma pequena empresa de Brasília.
Localizado a menos de 2 quilômetros da Praça dos Três Poderes, o imóvel foi arreamtado por R$ 8 milhões. Preço mínimo, um quarto do valor de mercado.
O dono da firma compradora ;e Hanna Massouh. Vem a ser amigo e vizinho do senador Gim Argello (DF), líder do PTB no Senado.
Gim nega ter interferido no negócio. Em nota divulgada neste sábado (30), o ministro Rossi “repudia” as acusações.
Jucazinho fala do Ministério da Agricultura –“Ali só tem bandido”— com conhecimento de causa.
Ele foi defenestrado da diretoria financeira depois de ter autorizado um pagamento irregular de R$ 8 milhões.
A grana migrou dos cofres da Conab para a caixa registradora de uma empresa de armazenagem chamada Renascença. Uma empresa fantasma.
A Renascença já foi ligada à família Jucá. Hoje, tem como “sócios” um par de laranjas: um pedreiro e um vendedor de carros.
Para piorar, o dinheiro usado por Jucazinho para abastecer a firma de fancaria saiu de um fundo que só pode ser utilizado na compra de alimentos.
Jucazinho durou pouco no cargo. Havia sido nomeado em 1o de julho. Boiam na atmosfera duas indagações incômodas:
1. Por que diabos Jucazão indicou Jucazinho para a diretoria financeira (!?) de uma estatal?
2. Por que o ministro Rossi efetivou a nomeação, com a concordância de Dilma?
As respostas encontram-se abrigagas sob a frase guarda-chuva que, pronunciada por Jucazinho, açoita os tímpanos do brasileiro em dia com seus tributos.
“Ali, só tem bandido”.
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