O reflexo deste leilão Federal demonstra claramente a realidade da eólica no RN. Há muita especulação, muita vaidade, muito boato. O advento da eólica em nosso estado já é uma realidade? Não. Estão girando bilhões em nossa economia, não. Este resultado do leilão despe a realidade do RN, do quão distante estamos do que pode, e virá, acredito, a ser a exploração otimizada da energia dos ventos em nosso estado.
A importância fundamental dos recursos que podem vir a ser gerados por esta bioenergia não se minimiza na forma especulatória que a estão tratando. Não está se pensando na logística necessária para a máquina soprar de vento em popa. Estamos na contra mão da sequência natural exigida.
O nosso vento é bem mais forte que o europeu, mas não temos estradas, acessos, linhas de transmissão, fábricas de componentes, mão de obra qualificada, o que reduz muito o custo da energia. É aonde outros estados Brasileiros estão nos superando. Com esta malha viária e elétrica pronta e receptiva, o custo da energia barateia e se torna competitiva em qualquer leilão. Somos ínfimos numa terra de gigantes, precisamos semear o solo para poder colher, já estamos pensando na colheita. A exploração da energia eólica é metódica, criteriosa, detalhista. Há de haver um entendimento global da nossa classe política, empresários e sociedade. Precisamos agir, nos capacitar, descentralizar, criar atrativos, não impostos, não neste momento. É hora de criar raízes, fixar, desenvolver, tornar real.
A disputa é acirrada e quem ganha a regulamentação do projeto é quem oferece a menor tarifa de venda, participamos com 75 projetos, concretizamos dois, através da ENDESA. A largada se deu partindo de R$132,00 Megawatt/hora e aqui no RN girou em torno te R$98,50 – Queda de 21,9%. Quanto mais estrutura o RN possa desenvolver, mais barato sairá o custo da energia, onde cada detalhe é fator ponderante, combustível, frete, acesso, linhas de transmissão, distância para os pontos de vendas de material de construção civil, se a região dispõe de pedra, piçarro e outras características que minimizem os custos.
Quando criarmos estrutura, melhorias físicas e incentivos fiscais para realmente recebermos grandes projetos de energia eólica, aí sim teremos um preço competitivo e poderemos apreciar a brisa de nossos ventos movendo moinhos.
É a visão de um mero captador de áreas que percorreu toda a região promissora, sentindo na pele a falta de estrutura, tendo que percorrer muitos trechos a cavalo ou a pé, conversando com os proprietários humildes. A realidade vista de baixo para cima.
Por LUIS HENRIQUE MACHADO
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