Foto: Arquivo pessoal
Raíssa Ebert é uma das filosofas e psicólogas mais antigas do mundo em exercício e acreditem, o consultório dela é no mar. Raissa é criadora da marterapia, uma técnica que reúne conhecimentos que ela acumulou ao longo de muitos anos de estudo em vários países do mundo.
Mas a notícia, desta vez, não é sobre o original jeito de trabalhar, nem sobre a vitalidade desta encantadora senhora, é sobre a decisão que ela tomou recentemente de mudar o próprio nome. No auge de suas mais de 8 décadas sendo conhecida como Therezinha, a psicóloga resolveu aos 85 anos de idade, pedir para os amigos começarem a chamá-la de Raissa e não mais de Therezinha como foi batizada. Ela gostou tanto da experiência que nas suas idas e vindas entre o Brasil e a Europa resolveu acionar a justiça brasileira para fazer a mudança definitivamente em seus documentos. A audiência com o juiz será nesta terça-feira (11) às 9 horas da manhã, no Fórum Miguel Seabra Fagundes em Natal . Abaixo segue uma entrevista com a psicóloga.
Como você se sente no alto dos seus quase 90 anos de idade?
Vivemos várias fases, a partir de nossa vida embrionária até a última respiração, até a morte. Vamos mudando sempre. O corpo vai mudando.A hierarquia de valores muda também. Na fase em que me encontro,sinto-me cada vez mais leve , mais livre, tenho muito mais tempo para fazer o que escolho fazer. Sou muito rica de tempo! Minha serenidade vem aumentando, os medos e ansiedade diminuindo. Inclusive o medo da morte.
Por que resolveu mudar seu nome?
Resolvi mudar de nome por causa das mudanças que ocorreram em minha vida. Meu nome era Therezinha e me incomodava muito por vários motivos.Um dos motivos é o INHA (diminutivo). Costumam chamar pessoas idosas de senhorinha, senhorzinho. No hospital, as atendentes e enfermeiras nos dizem “ponha seu pezinho aqui… Fique sentadinha, fique quietinha”..Outro dia numa sala de espera perguntei à atendente se eu não podia ficar só sentada em vez de ficar sentadinha. Ela me olhou assustada, vacilou e me respondeu: “sim a senhora pode ficar só sentada”..(sem o detestável INHA). Sorri agradecida e me sentei. Nós, idosos somos pessoas merecedoras de respeito e reverência por tudo que já vivemos e fizemos. Não somos crianças velhas.
Hoje me sinto uma mulher forte, respeitável. O nome que escolhi é Raissa. Hebraico. RA significa FORTE. Em Egipcio significa NOBRE. ISSA em hebraico quer dizer mulher. Hoje me sinto mulher forte. Estou exercendo o direito de escolher meu nome verdadeiro: RAISSA.
Como passar dos 80 com tanta vitalidade?
Tornei-me esta pessoa forte com certa leveza,vivendo essa trajetória de 87 anos . Brincando muito em minha infância, fechando-me na adolescência, amando sempre os livros, começando a questionar crenças adquiridas.
Na vida adulta iniciei o exorcismo que pratico até hoje. Estudei Filosofia e Teologia na PUC de São Paulo, tornei-me Orientadora Educacional e Psicóloga Junguiana, Terapeuta Cognitiva Comportamental, Psicodramatista . Continuo estudando sempre e participando de Congressos. Sou a criadora de MARTERAPIA. Ser Marterapeuta me dá muito prazer e alegria profunda. Conduzo Oficinas de Jardinagem Terapia, outra paixão de minha vida.
Vivencio alguns lutos que também me fortalecem.
Não existe receita para se envelhecer vivendo intensamente. Cada pessoa encontra seu caminho. Enquanto mantivermos a paixão pela vida, a capacidade de admirar pessoas e o Universo, continuaremos nosso desenvolvimento. Até a última respiração podemos aprender e vivenciar coisas novas…Trabalhar e cuidar de pessoas e coisas nos impulsionam a viver cada vez mais serenamente. Podemos envelhecer florescendo e iluminando.
Mas você percebe que é uma exceção entre os idosos, né?
Escrevi 7 desejos para o final de minha vida porque quero morrer com dignidade. Sem doenças, sem remédios, sem hospital. Quero morrer em paz. Agradeço aos Amigos que puderem me ajudar a realizar esses desejos.
Hoje a maioria dos idosos vive uma subvida. Não se amam o quanto deveriam se amar e respeitar. Acreditam em medicamentos industrializados e usam muitos que acabam gerando doenças. Alimentam-se muito mal. São sedentários e vêm TV demais. Ficam deprimidos. No Brasil o maior índice de suicídio se encontra na faixa etária dos idosos. Este é mais um indício da baixa qualidade de vida dos idosos.
O que precisa mudar? Educação da população em geral e do próprio idoso (a). Mudar crenças e paradigmas.
A pessoa idosa não é uma pessoa doente, surda, caquética, aleijada, imprestável, inútil. Não precisa viver numa cadeira de rodas ou na cama, dependendo de cuidadores inaptos e muitas vezes cruéis e assassinos.
Políticas Públicas devem considerar e prover conforto e dignidade para o idoso. Gosto de minha vida como está acontecendo hoje. Gosto muito de atender pacientes dentro do mar, de oferecer Oficinas de Jardinagem Terapia, cultivar um Viveiro de Plantas, Plantar flores na rua, Dar Palestras sobre Envelhecimento: ENVELHEÇA SEM MEDO, ENVELHEÇA E FLORESÇA, ENVELHEÇA E ILUMINE.
Gosto de um Grupo de Pessoas que se reúnem semanalmente para refletir sobre assuntos vitais, comer e rir…
Gostaria que todos os idosos no Brasil e no Mundo tivessem uma vida confortável , leve e serena como a minha.
Que linda Raissa. Desde q lhe conheci na biodança q presenti q aquele nome ñ se compatibilizava com o seu perfil. Aos 81anos concordo plenamente q as pessoas idosas merecem viver plenamente e acima de tudo se sentirem felizes.
Um abraço afetuoso.
Sim ,me agrada trocar figurinhas com vc
Raissa ,concordo plenamente com suas ideias ,admiro a Jornada de sua Vida e seu estilo de vida atual.
Tenho sua mesma idade (85 anos )e considero esta fase da minha Vida muito boa ,
por ter a Liberdade que tanto desejei para fazer minhas escolhas.
Considero que neste ciclo de nossas Vidas ainda podemos realizar diferentes Projetos, nas diferentes áreas de nossa existência.
Podemos realiza’los dentro das nossas possibilidades
no tempo que dispomos
Estimada Raissa. Estou profundamente de acordo com o que diz e procuro, num contexto muito diferente do seu, fazer o mesmo. Já sou idosa (75 anos)e sou psicoterapeuta há 45 anos. Tenho vivido intensamente, mas numa luta que posso chamar de "contra o mal"! Neste momento estou numa mudança (sem dinheiro, quase sem reforma, e sem clientes) cujo caminho ainda não me e claro, mas que entreguei profundamente ao meu Mestre. Todos os dias oro, medito, faço trabalho de limpezas e sobretudo ajudo a minha filha, que está também ela a tentar ultrapassar uma fase bem difícil da sua vida. Escrevo e publiquei ultimamente um livro: "O Poder Oculto das Mulheres". Será possível estabelecer um diálogo continuado convosco estimada Raissa?
Será um prazer estar em contato com você Maria Margarida
Sua luz não precisa de apresentação. Chega como um vento leve e vai se transformando em sol, mar, natureza, flores, equilíbrio, força.
Vai abrindo um caminho para paz e luz.
Seu nome já está eternamente escrito em milhões de corações, em milhões de ondas. Vai, volta e continua espalhando grandeza.
Como é difícil juntar palavras para expressar a lapidação de uma pessoa tão especial.
João Marques de Sena
Facebook: Raissa Ebert
Agradeço comentários .
Meu cel 84 99954 0210
Compartilho de momentos felizes com Raíssa, admiro sua jovialidade e leveza, sua determinação em manter-se ativa e a disposição em multiplicar o conhecimento adquirido quebrando paradigmas!
Muito pertinente sua conduta! Só envelhecemos quando nossa mente envelhece ou seja quando nos entregamos a isso… se nos ocupamos com coisas legais , nunca envelhecemos.
A Raíssa é a pessoa mais leve e feliz que conheço! Recomendo todas as pessoas a conhecê-la e se inspirar.
Valeu Raissinha…
Gostaria de obter o contato da Psicóloga Raíssa
Muito obrigada por seu interessa
Sou fã dessa jovem. Te amo Raíssa
Louvável o posicionamento de Raíssa, no entanto, em nosso país, poucos tem a condição de envelhecer sem as preocupações até com a sua sobrevivência.
Infelizmente poucos têm condições para e alimentar bem, ter lazer, ter direito a um atendimento de saúde digno,
O Brasil não respeita a pessoa da 3ª idade e muitos estão morrendo em função de depressão, falta de condições dignas de sobrevivência.
Belos ensinamentos que essa jovem senhora nos passa. Seria muito bom que aparecessem multiplicadores das suas ideias para que dessa forma os nossos idosos deixassem de serem dependentes dos remédios e da solidão que os domina.