Os rumos do Partido dos Trabalhadores de Mossoró poderá ser definido longe do município oestano, mais precisamente em uma das salas do diretório nacional da legenda, em Brasília. Na próxima quinta-feira (31) o reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), Josivan Barbosa, tem agenda marcada na capital federal. A pauta, a ser discutida com o presidente e o secretário de organização nacional, Rui Falcão e Paulo Frateschi, respectivamente, visa definir os rumos dos petistas, muitos deles (inclusive propensos concorrentes ao cargo de vereador) ameaçando deixar o pleito desde a intervenção do diretório nacional para retirar a candidatura majoritária. Josivan foi chamado às pressas à capital federal e após uma conversa inicial com Frateschi já admite atuar no pleito municipal, inclusive – se for o caso – ser candidato a vice na chapa peessebista
O reitor da Ufersa assinalou que somente após o encontro com a cúpula petista poderá atestar o destino dos mossoroenses. Até lá, destacou ele, permanece o mesmo cenário, sobre o qual resvala animosidade e insatisfação com relação aos dirigentes nacionais. “Eu acho particularmente que é bastante razoável eles [do diretório nacional] me chamarem porque eu fui o pivor de toda essa polêmica. A eleição de Mossoró nunca esteve com tanta cobertura da imprensa nacional”, opinou o reitor da Ufersa, pré-candidato do PT no município com o apoio da militância partidária mossoroense até a retirada definitiva do projeto pela nacional.
A decisão da Executiva de definir o apoio da legenda à candidatura da deputada Larissa Rosado foi recebida com frustração por parte dos petistas, caso do deputado Fernando Mineiro. Mas por outros, como a deputada Fátima Bezerra, a intervenção foi vista com naturalidade por outros da cúpula potiguar. O pré-candidato petista à Prefeitura de Natal considerou a resolução “equivocada”. “Não há alternativa. É uma decisão que considero equivocada porque acho importante criar uma alternativa para os eleitores da cidade. Mas como não foi possível, paciência”, lamentou o parlamentar. Já a deputada Fátima Bezerra, considerada uma articuladora de peso em favor de Larissa disse que “a hora agora é de muita serenidade, de procurar construir uma unidade dentro do partido e cumprir a orientação do PT nacional”, limitou-se a dizer a petista.
O diretório do PT de Mossoró havia decidido pela candidatura própria no dia 18 de março, durante prévia da legenda, quando a maior parte dos filiados decidiu pelo lançamento do nome de Josivan Barbosa. A decisão foi um claro aceno ao diretório nacional de que pretendia resistir às intervenções no município. O impasse gerado no PT de Mossoró foi provocado porque o PSB exigia o apoio do PT em Mossoró (RN), Duque de Caxias (RJ) e Recife (PE), para garantir a reciprocidade em São Paulo, onde os petistas disputam a Prefeitura com a candidatura do ex-ministro da Educação Fernando Haddad.
Bate-papo
Josivan Barbosa, reitor da Ufersa
O PT ainda pode indicar o vice na chapa de Larissa Rosado?
O partido em nível nacional, após a publicação da resolução, iniciou a abertura de um diálogo comigo e eu conversei hoje com Frateschi [Eduardo Frateschi, secretário nacional de articulação o partido], o homem que Lula encomendou para fazer a negociação da campanha de Mossoró. Ele quer conversar, juntamente com Rui Falcão [presidente nacional], querem conversar comigo pessoalmente. E eu vou escutar o partido, saber o que eles pensam dessa situação da indicação do vice em Mossoró. Estou sendo chamado para escutar. Então essa questão vai passar por uma conversa com o PT nacional e o PT regional e local.
Mas existe a possibilidade?
Nós queremos ouvir primeiro o partido para ouvir a posição. Porque nesse momento já houve muito imbróglio e o partido passou onze meses sendo manchete dos jornais e com esse problema e agora temos que ver o que é necessário para a união do partido.
O senhor está disposto se for dada essa missão?
Eu disse que não ia guardar mágoa e nem rancor. Continuo a serviço. Se essa for a posição do diretório em nível nacional e essa for a nossa missão estou à disposição do partido para ajudar.
Como está a situação de alguns pré-candidatos a vereador que ameaçam se retirar do pleito após a decisão de recuar a candidatura majoritária?
Essa é uma posição de alguns vereadores, que se não tivesse candidatura própria sairiam em bloco. Mas nós estamos conversando, tentando juntar esse pessoal na tentativa de mantermos o prumo e fortalecermos o partido. Esse formato não fortalece.
O senhor pensou em deixar o PT?
Não. É um partido que passei mais de oito anos, tentando trabalhar e participando do maior projeto que foi a Ufersa. Então eu participei desse partido em três microrregiões do Estado. Assumi o compromisso com as mudanças sociais e é com essa decisão que eu estou no partido. A dificuldade de a gente ajudar Mossoró, na condição de candidato, e poderia ser uma possibilidade como prefeito, é uma dificuldade normal.
Como foi a posição dos principais líderes estaduais, os deputados Fátima e Mineiro?
Mineiro declarou-se abertamente favorável à candidatura própria e a deputada Fátima mostrou-se contra.
Existe algum ressentimento de sua parte?
Não. Eu entendo que o partido tem hoje uma importância nacional, não é regionalizado e ele tem que ver as deciões tomadas em sintonia com as decisões em nível de Casa Civil. Eu não tenho mágoas, não guardei. Esses foram os primeiros passos para fortalecer o partido em Mossoró.
Fonte: Tribuna do Norte
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